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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

Coerências

CODIGO CIVIL (CC)
 
Artigo 1106º
Transmissão por morte
 
1-     O arrendamento para habitação não caduca por morte do arrendatário quando lhe sobreviva:
a)      Conjuge com residência no locado ou pessoa com quem o arrendatário vivesse no locado em união de facto e há mais de um ano;
b)      Pessoa que com ele residisse em economia comum há mais de um ano.
 
Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU)
 
Artigo 57º
Transmissão por morte no arrendamento para habitação
 
1-      O arrendamento para habitação não caduca por morte do primitivo arrendatário quando lhe sobreviva:
a)      Cônjuge com residência no locado;
b)      Pessoa que com ele vivesse em união de facto, com residência no locado;
c)      Ascendente que com ele convivesse há mais de um ano;
d)      Filho ou enteado com menos de um ano de idade ou que com ele convivesse há mais de um ano e seja de menor idade ou, tendo idade inferior a vinte seis anos, frequente o 11º ou 12º ano de escolaridade ou estabelecimento de ensino médio ou superior;
e)      Filho ou enteado de maior idade, que com ele convivesse há mais de um ano, portador de deficiência com grau comprovado de incapacidade superior a 60%.
 
Aqui temos, preto no branco, um magnífico exemplo da exemplar técnica jurídica do PS. Os distintos governantes que as eleições nos deram começam por alterar o CC. O artigo 1106º reza, ou passa a rezar, que sucede no arrendamento qualquer pessoa que viva com o inquilino em economia comum há mais de um ano. Qualquer pessoa.
O NRAU, por seu lado, reza mais ou menos o contrário: não é qualquer pessoa, não senhor. São só os que o NRAU quer.
 
Pergunta o idiota do cidadão: quem manda? O CC ou o NRAU? À primeira vista, será o Código, uma vez que é hierraquicamente superior. Ou não? Com o socialismo socraticóide tudo é possível.
 
Acrescentemos mais dois mimos:
1-     No citado artigo do CC, a alínea a) do número 1 reza, para as pessoas a que se refere, que têm que viver com o arrendatário há mais de um ano. Para as restantes (as da alínea b))… também! Então para que serve haver duas alíneas? Perguntem aos socraticóides.
2-     O NRAU vem contradizer as liberalidades do CC. Mas, atenção! Se o arrendatário lá tiver em casa um menino, que até pode ser um matulão de 26 anos que, adiantadíssimo, está no 11º ano, têm o menino e o matulão direito à casinha do falecido papá. E, se tiver por lá deficientes, a mesma coisa, ou seja, compete ao senhorio desempenhar, e pagar, as funções sociais que o Estado socraticóide se recusa a desempenhar.
 
Só estes dois artiguitos, mera amostra, dariam pano para mangas, se quiséssemos continuar a analisá-los. Para quê? Como se vê pelos exemplos supra, o SIMPLEX é muito mais COMPLICADEX do que a mais rebuscada e ínvia das cabecinhas poderia imaginar.
 
António Borges de Carvalho
 

Operação Da Vinci

O senhor Dan Brown é um exímio contador de histórias. Os seus livros obedecem a um modelo fixo, que se resume num minuto: um crime envolto em mistério, um senhor professor perito em certas matérias, uma pequena giríssima que também sabe muito, uma paixão óbvia, uma investigação pejada de peripécias, uns tipos péssimos e sem escrúpulos que, nas malhas da intriga, acabam por não ser assim tão péssimos - às vezes até são uns fulanos pacholas - e uns gajos pacholas que, lá para o fim, afinal são péssimos. O tema é sempre mais ou menos esotérico, sociedades secretas, serviços de espionagem, hackers da pior espécie, políticos sem escrúpulos, intrigas no Vaticano, mensagens crípticas, monumentos alquímicos, e por aí fora. Com estes ingredientes, aliados a uma escrita torrencial, o senhor Brown é o escritor ideal para quem não consegue dormir em voos de longo curso ou quer passar um fim de semana fora das preocupações da segunda-feira.
 
Umberto Eco, que, sobre muitas das matérias que servem de mote ao senhor Brown  sabe mais que qualquer outro ser vivo, diz que o homem “é um farsante”. Compreeende-se a indignação do medievalista. Mas, francamente, acho demais gastar adjectivos deste tipo com o senhor Brown. É que duvido que pela cabeça do homem alguma vez tenha passado defender alguma tese, ou demonstrar seja o que for. O que ele quer, e fá-lo como ninguém, é entreter as pessoas e ganhar dinheiro com isso. Não sendo aquilo a que chamo um Escritor, não tenho dúvidas de que, lado a lado com J.K.Rowling, se trata do mais eficiente e bem sucedido contador de histórias do nosso tempo. Não tem nada a ver com um Philip Roth, com um John Irving, com uma Margareth Atwood, mas dá “bigodes” aos Grishams, aos Crichtons, aos Follets e quejandos. Sabe daquilo a potes. Por muito que doa às nossas pretensões, ou às nossas legítimas exigências intelectuais ou emocionais, lê-lo é um prazer, um prazer simples, simplista, se se quiser, mas um prazer na mesma.
 
Posto isto, devo confessar o espanto que senti, aqui há tempos, quando um amigo me fez parte da sua indignação pelos ataques do homem ao Opus Dei, bem como pela sua “negação” de verdades bíblicas que são sagradas para os católicos. Não discuti o assunto com o meu amigo, porque percebi que, sem o saber, exagerava, isto é, sem ter lido o “Código Da Vinci” , teria sido por alguém induzido a condená-lo, como se de coisa digna de condenação se tratasse. Para além de ser, como acima digo, uma simples história (ou “estória”, como dizem os analfabetos pretenciosos), se espremido, o “Código” não é, nem é uma catilinária contra o Opus Dei, nem convence, ou, na minha óptica, pretende convencer as pessoas de que Jesus Cristo teve filhos de Maria Madalena. Isto é, os dois “crimes” que lhe são assacados nunca foram praticados. Servindo-se, com os exageros a que, como escritor, tem direito, de certas características do Opus, lança um assassino impiedoso, fundamentalista da organização, numa senda de crimes inomináveis, alegadamente a mando do respectivo prelado. Porém, lá para os últimos capítulos, o leitor fica ciente de que o assassino era um doido varrido e o prelado um tipo porreiríssimo, apenas preocupado em defender a sua verdade sem recorrer a nada de menos lícito. Quanto ao “casamento” de Jesus com Maria Madalena, a coisa é de tal e tão propositada forma inverosímil, para não dizer ridícula (a menina da história, agente dos serviços secretos franceses, é, nem mais nem menos que descendente directa do casal) que ninguém poderá dizer, ou que Brown quis demonstrar a realidade histórica do enlace, ou que, seja quem for, ficará convencido, disso ou do contrário, depois de ler o livro.
A sincera indignação do meu amigo não tinha, por tudo isto, qualquer espécie de razão de ser.
 
Mas as coisas não ficaram por aqui. Com o anúncio do lançamento de um filme com o mesmo título, o “Código Da Vinci” voltou a ser objecto de um sururu dos diabos. Multiplicaram-se as sessões em que “especialistas” autorizados, académicos, prestigiados “schollars”, se debruçavam sobre a infâmia, a fim de demonstrar, não sei se por A+B, a sem razão da blasfémia.
Estes tipos fazem uma tempestade num copo de água, pensei. Que parvoíce! Então não percebem que é um filme de aventuras, como os do “enrola a fita” do meu tempo?
Não tinha, à altura, percebido o que se estava a passar. Até que li, na “Time”, um dossier sobre o assunto. Era uma peça mais ou menos inócua, isto é, não defendia nenhum dos lados da estranha, quão mirífica, barricada. O que saltava à vista era que, pela priemira vez, dignitários do Opus Dei se mostravam, abertos, afáveis, pessoas como nós, que tinham uma forma muito própria de viver a sua crença, sem que tal representasse qualquer pecado social ou se envolvesse de um secretismo pouco simpático. O dossier da “Time” repetiu-se por todo o mundo. Em Portugal, o veículo foi, se não me engano, a “Visão”. Coisas estranhas, diria inaceitáveis, ou inacreditáveis, como o silício e a “disciplina”, aparecem como as mais normais das práticas. Os “tenebrosos” chefes da organização são, afinal, simpaticíssimos sacerdotes, bem postos, que vivem numas casas óptimas, cheias de bibliotecas e de quadros. As mulheres da organização não são as sopeiras dos numerários, mas senhoras de alta posição social ou cultural que oferecem à obra os seus serviços. E assim por diante. Como a “Time” sugeria nas entrelinhas da peça, o Opus Dei, em universal e concertada operação  “virou” a seu favor aquilo que, a fim de excitar a indignação dos crentes, tinha considerado como um vil ataque.
 
Não faço ideia de quem tem razão, se alguém a tem, nem, para ser franco, estou muito preocupado com o assunto. Mas acho interessante verificar três verdades que me parecem evidentes:
  1. O senhor Brown não demonstra nada, nem, propriamente, ataca seja quem for. Vende livros.
  2. O Opus Dei montou uma operação, primeiro para condenar, depois para negar as “verdades” do senhor Brown.
  3. Finalmente, o Opus Dei, aproveita a polémica que alimentou para lançar, urbi et orbe, uma operação de “limpeza”, de clarificação e de prestígio do seu nome.
 
E pronto. Há, neste mundo, tipos inteligentes. Para quem goste, para quem não goste, e para quem nem uma coisa nem outra.
 
 
António Borges de Carvalho
 

Protocolos

Andei de férias, por sítios onde não há carrilhos, nem sócrates, nem rangéis. Um alívio.

Mal chego, dou de caras com a importantíssima polémica do protocolo de Estado.

Em mais uma notável erupção da inteligência que o caracteriza, decidiu o PS dar honras de Lei do Parlamento ao protocolo de Estado. Com certeza cansados de não fazer nada, frustrados por passar a vida em São Bento a cohonestar as asneiras do governo, os ilustres deputados socialistas resolveram... legislar. Sobre quê? A coisa não foi fácil. Pensaram, pensaram e, brilhantemente, resolveram dar ao protocolo honras de Lei.

Desde há imemoriais tempos que o protocolo era mister de sabedores, dedicados e delicados funcionários, ao que julgo do MNE, os quais, segundo as conveniências do momento e a disposição de quem manda, lá iam ajeitando as coisas. A senhora B à esquerda do senhor A, o secretário C na fila 2, o autarca D no corredor, enfim, questões da maior importância para o futuro da Pátria iam-se resolvendo a contento.

É natural que a reacção dos portugueses ao relevantíssimo projecto de Lei do PS tenha sido nenhuma. Mandaram a coisa às urtigas. Que lhes interessa a senhora B, o senhor A, e mais todos os que se acotovelam para a parecer na fotografia? Nada.

Minto. A polémica surgiu, mas só no que respeita ao saneamento dos dignitários da Igreja Católica. Não se percebe por que carga de água os génios do socialismo à portuguesa se haviam de lembrar de tal coisa. Há quase mil anos que se procedia, com as variantes do tempo, de certa maneira. Porquê mudar?

Porquê esta manifestação de jacobinismo serôdio? Porquê não compreender que há tradições que não fazem mal a ninguém, antes pelo contrário? Porquê querer pôr no mesmo prato da sociedade portuguesa a Igreja Católica e a IURD ou o professor Karamba?

O sono da razão engendra monstros.

De positivo, nisto tudo, só a reacção dos bispos:

- Ai é? Vão chatear o Camões!

Calculo, como se compreende, a frustração dos promotores da ideia. Queriam fazer uma provocaçãozinha. Para tal, deram-se ao trabalho (ao trabalhão!) de fazer um projecto de Lei. No fim, a montanha pariu um rato. Em vez de polémica, levaram com os pés. Coitadinhos.

 

António Borges de Carvalho

Selvajarias

O jardim do Marquês de Marialva, no Campo Pequeno (antigo Largo Dr. Afonso Pena) está, há anos e anos, votado ao mais repugnante abandono. Passam vereações e Presidentes, Juntas de esquerda e de direita, e as árvores sem ser podadas, a relva comida por ervas daninhas, os caminhos cheios de buracos, caca de cão por todos os lados, “homelesses” nas paragens dos autocarros, o parque infantil um horror, o parque de jogos esburacado… etc. etc.
Acresce a esta brilhante situação a selvajaria terceiro-mundista do estacionamento, a Polícia que não faz nada porque é teritório da EMEL, a Emel que não faz nada porque é teritório da Polícia, os passeios com as pedras soltas, onde ainda as há, as valetas entupidas, as monumentais poças de água quando chove, o ecoponto que é um ecoporco, e por aí fora.
Vai daí, o excelentíssimo vereador Prôa, rapa da prôa e informa que vai tudo ser arranjado a expensas da sociedade que reconstruiu a Praça de Touros, como compensação dos estragos motivados pelas obras.
À primeira vista, tudo bem.
Só que os tais estragos são orçados em 738 mil euros (150 mil contos) e as obras em 824 mil (165 mil contos).
 
Ora bem:
a)      as obras só destruiram uma pequena parte do jardim, o resto era um caos, mesmo sem as obras;
b)      165 mil contos dão para… em matéria de jardins… nem queiram saber.
 
Nestas coisas, como em muitas outras, honny soit qui mal y pense. Não deixa de parecer estranho:
  1. Que o promotor da Praça de Touros aceita responsabilidades que, evidentemente, lhe não cabem;
  2. Que tire do bolso uma tão importante verba (sete contos e quinhentos por metro quadrado! – irão plantar relva de ouro?), só para reconstruir uma coisa que não estragou e cuja ausência de manutenção não é da sua responsabilidade.
 
Mas… tudo bem. Se o jardim ficar bonito, tudo bem. Se a Polícia, e a EMEL, passarem a ter um mínimo de critério para regular o estacionamento, óptimo. Se, a partir da reconstrução, alguém fizer manutenção, encantado. Se as senhoras, meninas e demais selvagens, proprietários de canídeos, forem multados pelos xixis e cócós dos ditos e se virem obrigados a mandá-los para a quinta ou para o matadouro, maravilha.
 
Só que, ou me engano muito ou nada disto vai acontecer. Com a abertura das novas facilities vai dar-se a total “selvagização” de toda a área. Os polícias vão sumir-se da zona ao fim de três dias, os jardineiros da Câmara vão aparecer como sempre, de seis em seis meses. A malta vai pôr os carros, como aconteceu no Colombo e acontece no Carte Inglês, em tudo quanto é sítio menos no parque de estacionamento. Uma coisa que podia ser um valor acrescentado para a cidade, vai ser uma bagunça digna de um bazar turco.
 
E lá se foram os milhões. Continuaremos, selvagens e felizes. Como sempre.
Muito gostava de me enganar!
 
 
António Borges de Carvalho

A asneira é livre

Após o anúncio da CML de que iria nivelar por cima as cérceas da Avenida da república, apareceu a correr o excelentíssimo vereador Fernandes, clamando para os jornais que se tratava de péssima proposta uma vez que as novas cérceas, "vão impedir a circulação do ar".

Faltou-lhe acrescentar que é por causa das cérceas que têm morrido, e morrem diariamente, milhões de novaiorquinos, asfixidos pela falta de ar que os prédios de mais de doze andares provocam. O mesmo se passa em Singapura, Dubai, São Paulo e tantas outras metrópoles onde os turistas costumam ir no intuito de observar as convulsões finais dos asfixiados. Consta que o senhor Bush, conhecido eco-bandido, se prepara para lançar uma taxa especial sobre o turismo asfixial, destinando-se as respectivas receitas a prover aos enterros dos sacrificados pelas cérceas.

O "Irritado" propõe ao senhor Fernandes que trate de lançar, imediatamente, em colaboração com a Quercus e com o paisagista Teles, um concurso público para a aquisição de garrafas de oxigénio a fornecer gratuitamente a quem quiser circular na Avenida da república, ou mesmo só atravessá-la, depois de acertadas as cérceas. Um grupo de gentis meninas do BE e dos Verdes (por fora) poderia oferecer-se para a tarefa, dando a cada transeunte, com a respectiva garrafinha, uma brochura explicativa das benesses do trotskismo e do marxismo-leninismo no que à falta de ar diz respeito.

Aqui ficam estas modestas, gratuitas e despretenciosas sugestões.

 

António Borges de Carvalho

Bater no fundo

Em várias intervenções públicas, o ministro da agricultura do governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), vituperou, em liguagem digna dos doces tempos do PREC, os malandros dos capitalistas, grandes agrários e quejandos que, em manifestação de reprovável ganância, querem receber umas massas que o Estado, calcule-se, em momento de desvario, prometeu pagar-lhes. Não queriam mais nada!? O senhor é peremptório: não se paga muito aos grandes e pouco aos pequenos. Por isso, o melhor é não pagar a ninguém. Este brilhante raciocínio, através do qual se poderia concluir que um tipo com meio hectare e duas vacas deveria receber tanto, ou mais, para haver justiça, que outro com mil hectares e quinhentas vacas, é de tal maneira estrambólico que até o camarada Jerónimo percebeu a coisa e veio, quiçá pela primeira vez na sua vida (e na nossa) defender publicamente que o Estado tem que pagar o que deve, a grandes e a pequenos. Porquê? Porque até o camarada Jerónimo consegue ser menos estalinista, mais honesto e menos estúpido que o ministro da agricultura do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).

Batemos no fundo. Quando o próprio Estado se recusa a pagar o que reconhece dever, batemos no fundo. Não menos. O Estado não pede uma moratória, por questões de tesouraria. O Estado, não faseia os pagamentos, alegando conveniências orçamentais. O Estado não revê, ou propõe que se reveja certos critérios, por razões técnicas. O Estado, nas palavras do ministro da agricultura, diz que não paga porque não sustenta malandros cheios de dinheiro, repugnantes latifundiários que se locupletam com as mais valias do suor do povo. Sim senhor, prometi pagar. Sim senhor, devo. Mas, a esta gente, não pago. Não pago, não pago, não pago!!!

Com exemplos destes, como querem que o zé pagode seja sério?

 

António Borges de Carvalho

  

Linguarejar

Muitas loas se tecem à língua portuguesa. Ele são os ministros, os intelectuais, agentes da administração pública das mais variadas funções e origens, diplomatas, catedráticos, sei lá. Toda a gente cita o poeta, “ a minha Pátria é a língua portuguesa”, toda a gente clama que o português é a terceira língua mais falada no mundo, fora das suas fronteiras de origem… que é preciso defendê-la como o mais precioso dos patrimónios, e por aí fora, blá, blá, blá. E, no entanto, ninguém mexe uma palha contra os atentados diários à dita.
Os macacões do Corte Inglês são mestres na castelhanização da pobre senhora. Quem lá for – quem lá não vai? – dá com umas baiúcas tituladas “provador”. Já perguntei à menina se morava ali algum provador de vinhos, ou de outra coisa qualquer. É evidente que a menina fez um sorriso estúpido, como se eu viesse de Marte. Mais adiante, umas parangonas rezam: “Carta do Cliente”. Perguntei se tinham lá alguma carta para mim, mas não tinham. Não têm cartas para marcianos. No balcão das comidas, vendem “salpicão de marisco”. Perguntei se era carne de porco com camarões, e a menina mandou-me dar uma curva. Marte não era ali. Três pequenos exemplos num mar deles. Escrevi ao Instituto do Consumidor, a contar esta história. Responderam-me, por carta, preto no branco, que não tinham nada com isso. Era um problema da Inspecção das Actividades Económicas, ou coisa do género.
Um senhor de Campo Maior lança um café que se chama “Bellissimo café”. Fiz um discurso ao senhor Victor, da pastelaria, dizendo que não percebia porque é que Bellissimo estava em italiano, e café em português. Coitado do senhor Victor.
Em Cascais há um armazém de lojas chamado Cascais Villa. Assim, com dois LLs. Porquê? Vá-se lá imaginar. Villa, em português, não existe. Mesmo noutras línguas latinas, não se enxerga onde querem chegar com a coisa. Talvez o dono daquilo seja parente do Pancho Villa, não sei.
O que sei é que há disto pelo país inteiro, aos pontapés, aos milhões. Sei que é fruto de ignorância, de iliteracia, de analfabetismo, ou, como no caso do Corte Inglês, chefiado por tipos que de ignorantes nada têm, de castelhanismo puro, de ilegítima invasão cultural, de tomada de posições. Não é?
Os ilustres propagandistas da língua, blá, blá, blá, assobiam para o ar. Ninguém liga nenhuma, muito menos os institutos criados, e principescamente pagos, para o efeito.
 
Que fazer? Nada. Protestar para quê? A malta até gosta!
 
António Borges de Carvalho

Refinados

Rezam os jornais que a inefável Quercus se revoltou contra a hipótese de vir ser construída, em Sines, uma refinaria monstra. A distinta quão bem intecionada organização adianta uma série de números, demonstrando que, compulsadas as previstas emissões com as exigências do protocolo de Quioto, o país ficará impedido de fazer novos investimentos, bloqueado nas suas perpectivas de desenvolvimento, etc.
Notável, esta preocupação súbita com o desenvolvimento de Portugal. A Quercus é, por definição, contra tudo: o nuclear, as auto-estradas, as barragens, a co-incineração, Sines com ou sem refinaria, e por aí fora. Nada lhe serve. Nada preenche os especiosíssimos critérios destes “cientistas” tão preocupados que estão com o futuro da humanidade em geral e deste cantinho em particular.
Só quando, mais uma vez, se querem afirmar contra qualquer coisa é que se lembram do desenvolvimento, como se alguma vez se tivessem preocupado com tal coisa.
Quando se cometeu o monstruoso crime de acabar com a barragem de Foz-Côa, a Quercus aplaudiu. Quando o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) diz que o nuclear está fora da agenda, a Quercus aplaude. Quando o mesmo senhor se prepara para nos cobrar os vinte cinco mil milhões de euros das SCUTS, a Quercus fica feliz. Agora, para travar mais um investimento, a Quercus serve-se da urgência e da necessidade daquilo contra que se bate, manifesta e repetidamente: o desenvolvimento. É claro, dirão os senhores da Quercus, que, quando se referem ao desenvolvimento, querem dizer desenvolvimento “equilibrado”, “sustentável”, e outros doces epítetos, conceito que nem eles sabem o que é, nem são capazes de preencher com quaisquer alternativas. Isto é, são contra “este” desenvolvimento, mas não oferecem outro. Haverá outro?, perguntam os néscios e os ignorantes.
 
Em matéria de incongruência e de demagogia, porém, os senhores da Quercus são largamente ultrapassados pela plêide de heróis que o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) comanda. Senão, vejamos. Há dias, brilhante sessão pública: ministros, directores gerais, cavalheiros da indústria, banqueiros, meninas e adjuntos. Os rapazes brindavam a Nação com mais uma extraordinária benesse: mediante acordo com o senhor Barros, os heróis iam construir a maior refinaria da história (a tal que os senhores da Quercus diziam garrotar o desenvolvimento da Pátria). Tudo um mar de rosas. O senhor Barros tinha reunido uma série de boas e ricas vontades, a obra ia fazer-se, íamos todos ficar mais ricos. Lindo! A Quercus que se lixe. Passados quinze dias, os mesmos heróis, ainda que já sem brilhante sessão pública, comunicavam ao povo que, afinal, o senhor Barros é uma besta e que não querem nada com ele. Em compensação, ó maravilha, os heróis anunciam que a Galp, ela sim, vai construir – mil milhões de Euros! – uma refinaria magnífica, extraordinária, fabulosa. Daqui a uns anos, claro, que isto de promessas tem que se lhe diga. No país, entrarão rios de dinheiro, agora sim, vamos todos ser mais felizes. Vamos a ver o que diz a Quercus, lá dos píncaros da sua autoridade moral (quem lhes paga?).
 
Qual Barros, qual carapuça! Aldrabões! Capitalistas! Exploradores do povo! O governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), afinal, não vai em conversas de gente dessa. A brilhante sessão foi um lapso. Daqui a uns anos (já a Santa Engrácia dizia o mesmo) a Galp resolve o problema, e pronto. O governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), acusado de fazer política de direita (???), tem um ódio visceral a essa coisa a que, num alarde de ignorância e de má fé, chama “neoliberalismo”. Não é por acaso que o ministro da agricultura é leninista, e o das obras públicas também. Fora o que escorre.
António Borges de Carvalho

Declaração

Aqui há uns anos, um comunicado da Assembleia da República convidava as associações tais e tais (Misericórdias, “parceiros sociais” , universidades, associações de tias…) para, no prazo xis, se pronunciar sobre um qualquer projecto de lei.
Na altura, escrevi a Sua Excelência o dr. Almeida Santos, presidente do Parlamneto, a protestar contra o facto de tal convite não ser dirigido aos cidadãos, ou também aos cidadãos. Quem é, afinal, o “sujeito” da Democracia? A CIP? A CGTP? A Santa Casa? A associação dos moradores da Lapa? Ou os cidadãos?
É claro que a minha humilde cartinha caíu no mais roto dos sacos. O senhor presidente Almeida Santos nem sequer se dignou acusar a recepção.
Os cidadãos são chamados a votar nas alturas próprias. Tudo bem. A seguir, tudo mal. Os cidadãos deixam de existir enquanto sujeitos da democracia. São substituídos, ou por associações privilegiadas, escolhidas a dedo, ou por grupos mais ou menos informais, desde que façam barulho que se ouça. Não sei se é a isto que se chama “democracia” participativa, se quê. Mas sei que são esses grupos quem, por apoio ou oposição, acaba por nos governar. Os cidadãos foram óptimos para pôr os senhores no poder, mas foram esquecidos após as eleições.
Admito, até aceito, que os governos legítimos tomam as decisões que melhor entendam, por muito que delas discorde. O que já não posso aceitar é que, para me representar, o Governo, ou o Parlamento, ou seja que poder democrático fôr, dê a organizações a que não pertenço o direito de me representar, ou de opinar em meu nome. A mim, não perguntam nada. Mas são capazes de ir consultar o sindicato dos calceteiros sobre matérias qie me interessam.
É o que, por exemplo, se está a passar com a reforma da segurança social. Há uns senhores, que não me representam, nunca me representaram, nem jamais me representarão, que se vão sentar à mesa com o governo para discutir o assunto. E eu?
 
Eu aqui deixo a seguinte
 
 
DECLARAÇÃO
 
Eu, abaixo assinado, solenemente declaro que não dou procuração seja a quem for não por mim eleito para me representar seja em que discussão ou decisão for. Mais declaro não aceitar, e considerar orgânica, anti-democrática, piramidal, fascista, bolchevique, atrabiliária e ilegítima qualquer decisão na tomada da qual seja dado poder representativo a organizações de qualquer natureza, não legitimadas por sufrágio universal, directo e secreto, para, em meu nome, tomar decisões que me dizem respeito.
Lisboa, 3 de Maio de 2006
 
António Borges de Carvalho

Inteligência!

Mais filhos, pagas menos.
Menos filhos, pagas mais.
Como a esmagadora maioria tem menos filhos, o que acontece é que a esmagodora maioria vai pagar mais.
António Borges de Carvalho

Assim se faz a História

Está na moda “comemorar” Chernobil. O desastre e as suas consequências fazem as delícias da chamada comunicação social. Jornalistas e comentadores desdobram-se em diligências, investigações e reportagens. Os antinuclearistas abanam as bandeiras da desgraça e do atrazo obrigatório da nação.
Seja-me permitido (está na moda dizer “se me permite”, coisa idiota e sem sentido) contar, ou relembrar, um episódio posto na arca dos intocáveis pelo politicamente correcto.
Quando se deu o desastre, o ilustre democrata e anti-fascista Álvaro Cunhal – que a tumba guarde bem guardado – estava em Kiev, ou por lá passava no regresso de veligiatura em casa do patrão. Chegou a Lisboa poucos dias após os acontecimentos. Entretanto, o cônsul de Portugal tinha feito um comunicado aos portugueses residentes na Ucrânia, aconselhando um prudente regresso a casa.
Ao desembarcar na Portela, Álvaro Cunhal é recebido pela habitual plêide de jornalistas. O assunto do dia, como é natural, era o acontecido em Chernobil.
- Senhor doutor, então o que é que Vossa Excelência acha do desastre?
- Desastre? Isso são manobras da reacção! Não houve desastre nenhum. O que se passa é que uma pequena fuga num reactor nuclear soviético está a ser aproveitada pelas centrais de desinformação do mundo capitalista para pôr em causa o Sol da Terra!
- Mas, senhor doutor, o próprio Cônsul de Portugal avisou…
- Alarmismo! O cônsul está a prestar serviços à reacção! Os estudantes e outros portugueses que lá estão, estão muito bem, podem ficar descansados que tudo se encontra devidamente controlado!
As sábias palavras do ilustre senhor não terão sido exactamente estas, mas lembrarei para todo o sempre o que os meus ouvidos ouviram e os meus olhos viram em mais um regresso glorioso de Cunhal a esta pátria, coitadinha, onde que o tenebroso polvo liberal-capitalista ensaiava a retoma das posições perdidas por acção das massas que, actuando sob a direcção das vanguardas do socialismo real, tinham levado por diante uma gloriosa caminhada para a sociedade sem classes.
Pena é que, hoje, no meio de tanta reportagem, tanto estudo, tanto comentário, ninguém se tenha lembrado desse episódio grotesco que foi o  das declarações do homem à chegada a Lisboa.
Assim se faz a história.
António Borges de Carvalho
 

Regresso ao passado

Uma das diferenças mais importantes entre o governo actual e os anteriores (leia-se os Governos PSD/CDS) é a que diz respeito à forma como, um e os outros, enfrentam ou enfrentaram os problemas orçamentais legados pelo guterrismo. No tempo de Ferreira Leite/Bagão Félix, procurava-se soluções que fizessem o Estado pagar as facturas da desgraça socialista. Agora, procura-se pagar as mesmas facturas por recurso directo ao bolso dos cidadãos.
Às tão criticadas receitas extraordinárias, às execrandas transferências de fundos, às "manobras contabilísticas", tão violenta, tão virulentamente criticadas, contrapõe o executivo Pinto de Sousa (Sócrates) os aumentos de impostos, por vezes da mais imoral das formas (caso dos combustíveis), os cortes nas pensões (não se diga que é só para o futuro porque há muito boa gente que já os sofre no presente, mais que não seja por subreptícia via fiscal), os congelamentos salariais, ainda por cima ao mesmo tempo que não contem, nem diminui - como fizeram os anteriores - a despeza pública, ou o aumento do número de funcionários.
Nem uma das promessas eleitorais viu, nem se pode presumir que venha a ver, qualquer sombra de cumprimento. Talvez isto não seja verdade. Por exemplo, no que respeita à promessa do "entra um, saem dois", não há dúvida de que o governo se ocupa afanosamente da primeira parte da promessa (entra um) deixando para melhores dias, a segunda (saem dois). Em relação às promessas, para já, é o que temos.
A Drª Ferreira Leite - coitada, relegada pelo situacionista "Expresso" para um cantinho do segundo caderno enquanto o sotryteller Tavares tem a metade de honra da página dois para tecer "isentas" loas ao governo - diz, com alguma razão, que este governo recorre, como o anterior, a receitas extraordinárias, através dos aumentos de impostos, como tal adjectivados pelo homem da pasta das finanças. Como se engana a pobre senhora! Como é possível que ela acredite que os aumentos de impostos são feitos a título extraordinário! Uma receita extraordinária define-se como não repetível, como não fruto da gestão "do exercício", exactamente o contrário do que o governo está a fazer! Não há nada mais ordinário, em todos os sentidos, do que aumentar os impostos. Compreende-se que a senhora queira manter um certo nível no debate, e evite críticas mais acerbas. Mas podia não ir tão longe.
Como é possível acreditar neste governo, em termos de finanças públicas, com a despeza a aumentar como aumenta?
No tempo de Guterres, as contas públicas apresentaram um défice que punha o país fora das normas do Pacto de Estabilidade. Pelo contrário, os governos que lhe sucederam puseram-nas dentro dos limites estabelecidos, e as suas contas foram acreditadas por Bruxelas. Esta tão simples verdade não é reconhecida, nem pelo poder, nem pelo coro de panegiristas que integra a generalidade dos media. Pelo contrário. O governo que temos tratou de arranjar um relatório em que se diz que, se não forem tomadas medidas, o défice será de 6,83% (!). Esta teórica previsão, por mais fiável que seja, não deixa de ser teórica nem deixa de ser previsão. Mas a mentira institucionalizada transforma-a em verdade verificada e vende às pessoas, entre parangonas de feito histórico, que vai reduzir o défice para... 6%! Por outras palavras, o governo propõe-se aumentar o défice para mais do dobro e diz ao povo que o vai reduzir! Como é possível que não haja, neste pobre país, uma revolta de opinião, como é possível que os comentadores, os jornais, as televisões, alinhem neste monumental embuste e colaborem na trafulhice como se de coisa séria se tratasse?
No Sábado, o storyteller protesta energicamente contra aqueles que exigem do governo resultados ao fim de (só) um ano de gestão. Ele, que não deu um segundo, e achou muito bem que outros fizessem o mesmo, a Santana Lopes e a Bagão Félix, acha pouco um ano, no caso do senhor Pinto de Sousa (Sócrates)! Onde vamos parar, com fazedores de opinião deste calibre?
Com mestria circense, o governo atira à cara das pessoas com miríficos projectos. Ele é um impossível aeroporto, ele é um TGV que ninguém sabe bem para onde vai, nem como, nem porquê, ele é investimentos para 2012(!), num nunca acabar de um futuro imaginário que, se se realizasse, jamais teríamos dinheiro para pagar.
Todos os relatórios, de todas as agências da especialidade, apontam no mesmo sentido: descalabro, desgraça, perda de terreno em relação à Europa (seja o que for que "Europa" queira dizer). Só Pinto de Sousa (Sócrates) acha que não, que todas as instâncias internacionais estão erradas. Só Portugal (o governo) sabe o que vai acontecer.
Orgulhosamente sós.
António Borges de Carvalho

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