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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

Socialismo Constitucional

Manuel Alegre, espécie de aristocrata republicano à francesa, com pontes para inúmeras coisas, mais ou menos acéfalas, à esquerda e à direita, poeta jeitoso e prosador sem graça, tribuno tonitruante e fátuo, revoltou-se contra um fulano que veio propor que se tirasse o socialismo do preâmbulo da Constituição. Para Alegre, o socialismo é uma espécie de referência moral ou, se quisermos, um paradigma, uma “matriz da nossa democracia” a que se não deve fugir.
O assunto merece alguma reflexão.
Demos de barato o facto de a presença do socialismo em sede tão nobre, a todos obrigando, ser, incontornavelmente como à francesa se diz por aí, ou brutal e intoleravelmente, como eu digo, anti-democrático. Mais. É a negação da própria Democracia, declarada ao mais alto nível da superestrutura jurídica do Estado.
Numa altura em que os conceitos de esquerda e de direita estão em crise, talvez seja útil discernir sobre os paradigmas actuais, ou seja, sobre o que está, ideológica e socialmente, em causa nas sociedades do século XXI.
Ao contrário do que a “cultura” oficial e “correcta” não se cansa de propalar, o socialismo não é coisa de esquerda, ou só de esquerda. Bem pelo contrário, o socialismo começa em Lenine, passa por Kim Il Sung, Mao, Fidel e quejandos, mas é também, expressamente, referencial de Hitler e Mussolini e, implicitamente, de Salazar ou Franco. Assume formas mais ou menos moderadas, mais ou menos radicias, mais ou menos híbridas, à esquerda e à direita, umas vezes sob bandeira propriamente socialista, outras sob roupagem diversa, doutrina social da Igreja incluída enquanto reacção aos “desmandos” do individualismo liberal.
O que subjaz ao paradigma é o princípio da supremacia do colectivo sobre o individual. À questão “destina-se o estado a servir as pessoas ou as pessoas a servir o estado?”, o socialismo opta pela segunda, implicando que ao indivíduo (pessoa, cidadão) só será dado ser feliz, ou realizar-se, se o mesmo acontecer à sociedade em que se integra, assim consagrando o axioma do primado do colectivo sobre o individual. Para o socialismo, de esquerda e de direita, a felicidade de cada um é função da felicidade do colectivo, não o contrário, isto é, o sucesso do colectivo afere-se pelas condições de acesso à felicidade de cada um dos seus componentes individuais.
O colectivo é objecto de designações diversas, ou é invocado sob diferentes conceitos: “sociedade”, “classe”, “nação”, “massas”, o que se quiser, segundo os gostos, à esquerda e à direita. Concebendo a liberdade de cada um como coisa que o colectivo lhe outorga, o socialismo retira à liberdade a sua natureza individual, o mesmo fazendo, necessariamente, à responsabilidade.
As consequências civilizacionais desta concepção são gigantescas. O trabalho deixa de ser uma obrigação que cada um tem em relação a si próprio e aos demais, para passar a ser um direito cuja fruição compete à sociedade assegurar. Aquilo que se poderia considerar como conquista, no labor responsável pela felicidade da cada um, passa a ser exigível, e devido, em termos “sociais”. A luta pela melhoria da vida de cada um é substituída por essa coisa estranhíssima e flagrantemente injusta que se chama “estabilidade” laboral. O projecto de vida de cada um, numa sociedade moldada por conceitos socialistas, é arranjar um empregozinho para a vida, aconteça o que acontecer, com progressão automática e evolução da situação individual segundo normas pré-determinadas, sem qualquer relação com as circunstâncias, individuais ou sociais.
Em Portugal, após várias gerações guiadas pelo paradigma socialista, as transferências da responsabilidade individual para uma entidade mais ou menos abstracta, tolhem o desenvolvimento, e são a razão primeira da estagnação em que vegetamos.
A lei socialista destina-se a conferir “direitos”(quantas vezes absurdos e “ingozáveis”), isto é, a consagrar o princípio de que o direito ou as liberdades em geral são pertença da sociedade. Esta “dá-os”, ou faz o favor de os reconhecer. Não são próprios do indivíduo, que pode limitar o seu exercício apenas e tão só para o assegurar, em igualdade de condições, a terceiros e a si próprio, como postula o princípio liberal.
Sendo o socialismo quem os “dá”, também o socialismo os pode tirar. Razão pela qual, em estado puro, ou mais ou menos puro, jamais houve uma experiência socialista que não tenha abolido, pura e simplesmente, a prática totalidade do exercício dos direitos individuais.
Em sociedades como a nossa, em que, apesar da “matriz” de Manuel Alegre, o paradigma liberal está formalmente presente, os estragos e as deformações culturais de muitas décadas de primado do colectivo continuam a anquilosar as pessoas e, por via delas, a sociedade que tal primado se propõe, por caminho errado, favorecer.  
 
A escolha de fundo não é entre o que soe chamar-se esquerda e o que é tido como direita. É entre duas formas opostas de olhar o homem: uma, que o concebe como ele é, pessoa livre e responsável, outra que o vê como gostaria que ele fosse, beneficiário e servidor social.
 
António Borges de Carvalho

O passeio dos taratas

Cerca de quatrocentos taratas, alguns com as respectivas a reboque, alguns fardados -  cheguei a ver um sorja de farda nº1, com faixa e tudo – andaram a passear no Rossio, alardeando descontentamento com as socraticoides medidas que, dizem, lhes estão a cortar regalias. Como se as socraticoides medidas não estivessem a dar cabo da vida a toda a gente!
Foram bem recebidos pela polícia, perita em assobiar para o ar nestas ocasiões, como é de timbre. Foram recebidos com indifereça pelo público em geral, que olha com justa repugnância estas manifestações que negam sê-lo (analfabruto sofisma!), estas indisciplinas que como tal se não confessam, estes abusos de uma farda que devia ser coisa honrada e a honrar, estas palhaçadas que se dizem coisa séria.
“Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril”, defecava um díscolo qualquer. A acreditar no canalha, terão razão os que dizem que o golpe de 74 foi feito para lhes aumentar o ordenado e as regalias. Ou será que foi para isto que fizeram o 28 de Maio, o 5 de Outubro, que foi para isto que estenderam a passadeira vermelha ao Junot, entre tantas outras merdosíssimas trapalhadas.
Quando se perde a noção da dignidade própria, quando se confunde a condição militar com a de funcionário público tout court, quando se coloca o que é alto ao nível do rasca, que reacção querem das pessoas? Indiferença, repulsa, vómito? Ou, pelo contrário, esperam que os socraticoides se acagacem?
Esta última hipótese não deve, desgraçadamente, ser descartada. É que, pior que a manifestação, é a reacção da socraticoide superestrutura política. Vinte e quatro horas depois do sucedido, o ministro da defesa disse coisa nenhuma, o primeiro ministro disse nada, SEPIIIRPDAACS (Comandante Supremo das Forças Armadas!) guardou de Conrado o prudente silêncio. E as superestruturas militares? Segundo os jornais, parece que só a Armada fez saber que ia processar disciplinarmente os que tão baixo arrastaram a honra do ramo. Do outros estados maiores, zero. Do CEMGFA, nicles.
Será que se vão mesmo acagaçar? Têm medo de quê?
 
António Borges de Carvalho

Da pesporrência da batOTA, ou do aeroporto dos OTÁrios

 
O inacreditável aeroporto da Ota, obra faraónica sem outra justificação que não seja a propaganda socraticóide, começa a mostrar a sua verdadeira face. O (ex?)bolchevista Lino confessou, com o ar mais normal deste mundo, que a coisa, mesmo antes de começar, já leva um atrazo de cinco anos, isto é, não é obra para 2012, mas para 2017. Alguns mal intencionados apressaram-se a acrescentar que os milhares de milhões previstos para o seu custo já estão largamente ultrapassados. O (ex?)bolchevista diz que não, sem cuidar de explicar ao povo como é que uma obra que leva mais cinco anos do que o previsto custa o mesmo. O brilhante raciocínio deve provir da lógica (ex?)bolchevista do fulano, uma vez que não se enquadra nos parâmetros de raciocínio do comum dos mortais.
Por outro lado, veio a lume que o monstro está a ser projectado em leito de cheia e que a famosa pista (uma só, sem hipóteses, nem de alargamento nem de duplicação no futuro) vai ser construída entre montanhas, nada menos que vinte e cinco metros acima do actual nível do terreno. O que, como é normal, implicará monstruosas obras de drenagem e mega movimentações de terras. A obra passa de faraónica a estupidónica, que até os faraós, há cinco mil anos, sabiam mais destas matérias que o (ex?)bolchevista.
Tudo se explica, porém. Quanto mais difícil, mais estudos, mais projectos, mais obras, mais dinheiro. Quanto mais ilógico, mais estudos, mais projectos, mais alterações aos projectos, mais obras mais dinheiro. Quanto mais inalterável, mais depressa é preciso outro, mais estudos, mais projectos, mais obras, mais expropriações, mais dinheiro. Quanto mais longe de Lisboa, mais estradas, mais combóios, mais gasolina, mais energia e, portanto, mais estudos, mais projectos, mais dinheiro.
 
Lembro-me de uma vez, em África, me ter interessado por uma empreitada de construção de estradas, financiada por altas instâncias internacionais, no valor de dez milhões de dólares. Quando comecei a trocar a coisa por miúdos, cheguei à conclusão que, dos dez milhões, grosso modo, um era para estudos, três para projectos, um para a elaboração do regulamento, outro para a o estudo da sinalização, outro para a sinalização própriamente dita, um para fiscalização, um para custos administrativos, restando um milhãozito para a obra propriamente dita. Era uma pena que a terra, no país objecto desta benesse da comunidade internacional, fosse nacionalizada, senão teria que haver mais uns cobres para expropriações, e outro financiamento para a obra.
 
Mutatis mutandis, estamos na mesma. Caminhamos, a passos largos, para o terceiro mundo, se é que ainda lá não estamos.
Para já, gastam-se uns milhares (talvez só centenas…) de milhões em estudos. Mais uns tantos para projectos. Começarão as expropriações…
Um dia, virá um artista qualquer dizer, cheio de razão, que é tudo um monumental disparate. Vai tudo para a gaveta. Se já houver obra feita, deita-se fora, como em Foz-Côa, lembram-se? 
Entretando:
a)      o (ex?)bolchevista estará a bom recato a tomar conta dos netos;
b)      houve uns tipos que compraram uns Maseratis;
c)      o governo que comandará os destinos dos netos do (ex?)bolchevista estará a braços com milhares de milhões de dívidas, mais juros (olhem as SCUTs!);
d)      um Pinto de Sousa(Sócrates) qualquer explicará aos portugueses a indispensabilidade de aumentar os impostos para pagar os erros do passado;
e)      não haverá nenhum aeroporto, porque a Portela rebentou.
 
Uma pequena nota política, para rematar o bouquet. O (ex?)bolchevista afirmou (e eu, com os ouvidos em bico, ouvi) que a “culpa dos cinco anos de atrazo é dos governos anteriores”. Como é possível que uma besta destas não vá, já!, pentear macacos, é coisa que só pode caber na cabecita tonta do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).  
 
António Borges de Carvalho

Ninguém percebe?

Quando falamos do Líbano, país em cuja “reconstrução” Portugal coopera com uma companhia de engenharia, não nos damos conta das particularidades do regime político que o governa. Estamos habituados a alguns standards que, nossa ingenuidade, julgamos aplicáveis onde houver eleições, parlamentos, etc.
 
Aceitamos, por exemplo (é o meu caso), a legitimidade de um homem como Pinto de Sousa (Sócrates), mau grado tratar-se de um mentiroso compulsivo, de não cumprir uma única das suas promessas, de fazer o que criticava que os outros fizessem, de se entreter a endireitar o défice e a destruir o que resta da economia, de aumentar brutalmente os impostos sem qualquer contrapartida, de estar a levar o país para o mais grave beco que a III República já conheceu. Aceitamos que deve governar, pela simples e cristalina razão de que dispõe de uma maioria parlamentar. Sabemos que o dr. Sampaio não pensava assim, restando-nos esperar que o actual PR não faça parte da categoria dos golpistas.
 
No Líbano, as coisas passam-se de outra maneira. Um partido minoritário, cuja força se deve, não aos votos dos libaneses mas ao facto de integrar e comandar milícias armadas que aterrorizam as populações e que em nada dependem da autoridade do Estado, acompanhado por pequenas formações que são o seu alter ego, participa do governo(!), exige – e pode consegui-lo(!) - que a sua minoria tenha poderes de bloqueio político, e opõe-se, sob ameaça, ao julgamento de criminosos que lhe são afectos. O dito agrupamento terrorista acusa a maioria de não querer partilhar o poder(!) e os seus ministros demitem-se, sob o extraordinário pretexto de que a maioria “insiste em querer exercê-lo sozinha”. Entretanto vão assassinando mais uns fulanos, acusados de lhes não ser afectos, o que, para muita gente, não passa de descartável fait divers .
Tudo isto é dificilmente entendível para nós. Mas, havendo na região os problemas que há, poderá dizer-se, como é típico de quem não tem grande apreço pelos valores democráticos ou os torce segundo alegadas conveniências, que os nossos standards políticos não são aplicáveis na região e que é um erro crasso tentar “vendê-los” sem cuidar das “nobres tradições”, ou da “cultura”, de certos povos.
Quem assim pensa comanda a chamada comunidade internacional, à revelia dos seus próprios valores e, muitas vezes, dos sistemas de legitimidade em que acredita.
É por isso que essa comunidade, e Portugal com ela, gasta triliões de Euros a reconstruir as bases terroristas do Ezebolá, na estulta ilusão de que está a contribuir para a Paz na região. Dir-se-á que o que se reconstrói são aldeias e infraestruturas. Mas o que são tais aldeias e tais infraestruturas senão as bases militares do Ezebolá e os seus sistemas de comunicações estratégicas, de mobilidade táctica e de suporte logístico? Julgará a chamada comunidade internacional que “conquista” a boa vontade e leva à pacificação do Ezebolá com esta atitude? Que está a fomentar a Paz? Que está a fazer humanitarismo? Tudo isto enquanto o Ezebolá continua, olimpicamente, a assassinar os que não são da sua cor, e se prepara, sem que "ninguém dê por isso" para voltar às hostilidades logo que lhe tenham reconstruído as "infraestruturas civis"?
 
Foi este tipo de atitude contemporizadora e estupidamente pacifista que levou a Europa à mais violenta hecatombe da sua história.
 
Não aprendemos nada? Não haverá outra maneira de lidar com o problema?
 
António Borges de Carvalho

Quatro verdades, à v. consideração

1. 20 por cento do concelho de Mértola já foram vendidos aos espanhóis.Em Ferreira do Alentejo a mesma coisa, em Cuba 30, na Vidigueira 23, no Redondo 30, em Borba 20, em Portalegre 17, em Elvas 12…
Não sei se é mau se é bom. Chato é, de certeza. O iberista (ex)marxista-leninista-estalinista Lino deve estar felicíssimo. Do lado positivo, já é alguma coisa.
 
2. O Tribunal de Contas diz que o governo anda para aí a desorçamentar. O ministro Dos Santos começa por não saber de nada. Depois manda dizer que aquilo era só opinião de um juiz qualquer. Mas não era. Ganda transparência! Ganda nóia!
Ai, que saudades, meu Deus, dos doces tempos das receitas extraordinárias. Podiam ser extraordinárias, mas eram sérias. Não havia nada mais transparente.
 
3. Tenho muita pena, mas tenho que dar o dito por não dito. Afirmei que  SEPIIIRPPDAACS tinha dado uma entrevista a um canal com pouca audiência. Era falso. A entrevista foi dada à SIC, eu é que a vi em diferido na SIC Notícias. Foi tal o pânico, em Belém, com a entrevista de Santana Lopes, que a coisa foi à mesma hora! Só que, calcule-se, Santana bateu por larga margem as audiências de SEPIIIRPPDAACS. É  bem feita, digo eu satisfeitíssimo. SEPIIIRPPDAACS e a impagável tontice das suas loas a Pinto de Sousa(Sócrates) acabaram por não suscitar a atenção da maioria das pessoas. Não se percebe porque há-de SEPIIIRPPDAACS cair nestas esparrelas. E o próprio, perceberá?
4. À pergunta "ofereceu-se para primeiro ministro quando Barrosso se foi embora"?, Marcelo não respondeu. Não foi capaz de responder. Omissão de uma eloquência verdadeiramente notável. Afinal, aos poucos, dá para perceber que as "verdades" de Santana Lopes são verdade! Só não dá por isso quem não quiser dar.
 
António Borges de Carvalho

Para que conste

Dos jornais:
 
  1. …os números apresentados pelo governo confirmam que as despezas públicas continuam a crescer em termos reais… e as reduções nas despezas públicas não são mais que pura ficção.  Manuel Leite Monteiro
  2. escrevi que os crescimentos dos nossos produtos efectivo e potencial (iam) degradar-se demoradamente. É nisso que vamos estando. …o que se conhece são palpites sobre o cabo da boa esperança.  Miguel Cadilhe
  3.  … a competitividade dos produtos portugueses está em queda. … a despeza continua a crescer… Não conseguimos deixar o registo do medíocre. … opta-se pelas aparências para disfarçar a desgraça. Faz-se de conta que as contas públicas estão mesmo em consolidação, que a reforma da administração pública está em marcha e, espante-se, que a economia está cheia de pujança. Faz-se de conta que há menos desemprego… faz-se de conta que Portugal é um oásis para o investimento estrangeiro… por muito que os alertas surjam, faz-se orelhas moucas. Afinal, continuamos de tanga e faz-se de conta que trajamos de “smoking.  João Vieira Pereira
  4. Portugal atrás da Estónia e de Malta em 2008. A economia portuguesa vai recuar mais duas posições no rendimento per capita até 2008, entre os países da UE. O banco central alerta ainda o governo para o facto da consolidação das contas estar a ser feita essencialmente pelo lado da receita fiscal e não pela redução da despeza.  João Silvestre
 
Alguns sinais das verdades que doem e que por aí vão escapando nas entrelinhas de uma informação atenta veneradora e obrigada.
Como há ainda quem tenha a estupidez de admirar Pinto de Sousa (Sócrates) e vá acreditando no que o homem diz, é coisa que deixo para os exegetas de serviço.
 
António Borges de Carvalho

O medo da verdade

SEPIIIRPPDAACS (Sua Excelência o Presidente da III República Portuguesa Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva) apresentou-se ontem na televisão – já veremos porquê – para tecer loas ao governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), à tão badalada “consolidação orçamental”, e à excelência da forma como vêm a ser conduzidos os destinos da Nação.
Para quem ainda tivesse dúvidas, julgo que as coisas ficaram claras. Claríssimas. O atoleiro em que nos encontramos fica a dever-se a uma emérita trindade de excelências, a saber: Sampaio, Pinto de Sousa (Sócrates) e Cavaco, ainda antes de ser SEPIIIRPPDAACS.
Em 2005, era preciso pôr as coisas a jeito. Não se podia actuar sem que o PS e o PC resolvessem as suas crises internas. Pinto de Sousa (Sócrates) encarregou-se da tarefa no PS – e saíu-se bem. O PC organizou-se. A esquerda ficou pronta para o futuro.
Faltava acabar com o governo de então. Não era muito fácil, dado o sistema político em que vivemos, ou vivíamos. Daí que fosse necessário pôr os camartelos em acção. Várias personalidades se ofereceram para a nobre tarefa. Entre elas, ressalta o actual PIIIRP. Umas conferências, umas entrevistas, umas acções, umas omissões, e aí está a coisa atada. Sampaio tinha tudo para pôr o chouriço no fumeiro. E Zás!
Logo a seguir entrou em cena o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) que, perante o olhar embevecido dos outros dois senhores, e mercê, entre outras coisas, da “campanha eleitoral” do professor, tomou o poder.
Restava a girândola final, cujo êxito dependia, mais uma vez, de Pinto de Sousa (Sócrates). O homem portou-se à altura. Deixou dividir o partido, abandonou o candidato oficial à sua sorte, virou costas ao candidato oficioso (Manuel Alegre prestou-lhe o inestimável serviço de dispersar os votos do PS), e aí está, SEPIIIRPPDAACS é eleito à primeira volta. Sem espinhas.
A trindade ganhou em toda a linha. A gratidão de SEPIIIRPPDAACS é manifesta: o que criticou a outros elogia a este. Sabido que é que SEPIIIRPPDAACS não é dado a gratidões, o futuro dirá o que disser. Para já, porém, a obra da trindade é um sucesso Para os próprios, entenda-se. Para nós é outra coisa.
 
Resta o porquê da entrevista.
Era sabido que Santana Lopes dava, na mesma noite, uma entrevista à RTP.
Parece evidente que SEPIIIRPPDAACS, a dar, nessa qualidade, uma entrevista, ainda por cima a primeira do mandato, o deveria fazer (mais que não fosse por respeito pelos cidadãos) a um canal generalista, com audiência nacional. Não. SEPIIIRPPDAACS vai dá-la à SIC Notícias, e até fora do horário nobre.
Como explicar a estranha atitude? Não é difícil. Havia que ocupar as primeiras páginas do dia seguinte e do fim de semana, a fim de não deixar que Santana Lopes tomasse conta delas. Tratou-se, pois, de numa mera manobra de (des)informação. SEPIIIRPPDAACS não tinha rigorosamente nadíssima de novo a dizer às pessoas. Que apoiava Pinto de Sousa (Sócrates) já toda a gente sabia. Não havia nenhuma circunstância particular que justificasse a intervenção. A não ser, claro, a entrevista de Santana, a que era preciso tirar impacto.
A acções, boas e más, são de quem as pratica.
 
Como lado positivo de tudo isto, registe-se o medo que a trindade em geral e SEPIIIRPPDAACS em particular têm de Santana Lopes. É que, tão bem como ele, a trindade sabe a verdade. E tem medo dela. Pudera. Para a obnubilar, vale tudo. Nem que seja preciso dar uma entrevista às onze da noite a um canal com 2% de audiência. Os jornais tratam do resto, não é?
 
António Borges de Carvalho

Santana fez bem?

Não sei se o dr. Santana Lopes fez bem em vir, por escrito, dizer a verdade sobre o que se passou com o seu governo.
 
Num país politicamente acéfalo, ignorante e acrítico, a verdade é sempre o que “está a dar”, ou o que interessa, jamais o respeito pelos factos.
 
Por mais que Santana Lopes esgrima com a verdade, não sei se vale a pena. Talvez (o optimismo é um vício terrível) daqui a uns anos, passado o veneno que a teia de interesses políticos em vigor destila, haja quem, por respeito pela História, por distância intelectual, por amor à Verdade, venha repô-la na sua cristalina pureza. Para já, é capaz de ser inútil.
 
Por mim, sem ler o livro, não tenho sombra de dúvida sobre alguns pontos, tão importantes quão verdadeiros. Cito apenas três:
 
1. O doutor Cavaco Silva foi um dos principais obreiros da destruição da maioria e do poder do seu partido:
1.1. Através do célebre artigo sobre a moeda má, que substitui a boa[1].
1.2. Por via do episódio do cartaz de campanha, quando, por “razões académicas” não autorizou que o seu retrato figurasse nele. Por razões académicas! Para quê comentar? Pinto de Sousa (Sócrates), em matéria de mentira, teve um bom mestre;
1.3. Servindo-se de intervenções “académicas”, sempre insistindo na crítica demolidora, subliminar ou não, ao governo que lhe competia apoiar;
1.4. Na permanente atitude de imperial distanciamento em relação ao próprio partido, ele que ao partido em geral e a Santana Lopes em particular, é devedor de ter chegado onde chegou. Em matéria de gratidão e reconhecimento, estamos conversados.
 
2. A dissolução do Parlamento foi um golpe de Estado constitucional.
O sistema constitucional português, fundado em 1982[2], foi enganado, ou abusado, pelo dr. Sampaio. Se é verdade que a letra da Constituição permite a dissolução do parlamento pelo PR, não menos verdade é, para quem consultar o “espírito do legislador” – primeiríssima fonte de interpretação das suas normas, que a destruição de uma maioria em funcionamento contraria brutalmente a Constituição. Um golpe de estado constitucional, em ciência política, é exactamente isso: utilizar a forma para contrariar o conteúdo. Isto, dando de barato o perigosíssimo precedente aberto pela irresponsabilidade do dr. Sampaio. Para ele não há desculpa possível, uma vez que conhece bem o que a Constituição diz e o que ela quer dizer.
 
3. A frustração e a inveja comandaram muita gente.
Os Machetes[3], os Marcelos[4], os Veigas[5] & Companhia, possuídos da mais baixos sentimentos, atacaram em força, inundando a sempre sequiosa comunicação social, fosse a que pretexto fosse, das mais descabeladas diatribes.
 
Não sei se Santana Lopes fez bem em lançar o livro neste momento. Não é chegado o tempo da verdade. À esquerda, naturalmente, ao centro, estranhamente, e à direita, normalmente, mantém-se o ambiente moral, e mental, que fabricou Pinto de Sousa (Sócrates).
O sono da razão engendra monstros.
 
António Borges de Carvalho
 
 

[1] Tinha razão. Pinto de Sousa (Sócrates), moeda má, substituiu a boa.
[2] O general Eanes ainda não engoliu o que os constituintes de 82 fizeram aos seus poderes. Ao ponto de dedicar a vida à sua crítica. Rezam as crónicas, aliás, que fará a grande girândola do seu ódio ao sistema através de uma tese que preparou e que defenderá em Espanha. À época, o senhor, coitado, imaginava-se uma espécie de De Gaulle.  
[3] Rui Machete, inimigo feroz de Cavaco Silva – o homem tinha destruído o seu querido Bloco Central – transfigurou-se em emérito cavaquista e num presidencialista serôdio.
[4] Marcelo, não refeito da sua infeliz gestão do PSD, e possuído, como sempre, de fervores maquiavélicos, achou por bem colaborar na demolição do governo do seu próprio partido. Não cuidou, sequer, de chegar aos maiores dislates, como o de acusar, por via de bem urdida maquinação, o seu governo de “manipular” a informação.
[5] Miguel Veiga, homem que jamais deu a cara fosse pelo que fosse que o pudesse incomodar ou pôr à prova, alçapremou-se, por razões que não enxergo, à posição de reserva da comunicação social, para quando são necessárias “bocas” destinadas a demolir alguém.

Eu não dizia?

O Diário de Notícias de ontem titula, a cinco colunas na primeira página: PJ faz buscas nas empresas que ganharam concurso SIRESP – Investigação… deve-se a suspeitas de corrupção – negócio de 485 milhões foi viabilizado por governo de gestão de Santana Lopes.
Depois insere, a quatro colunas, uma fotografia de Santana Lopes e a referência ao lançamento do livro, que remete para as páginas 2 e 3.
Ou seja, no mesmo momento, na mesma página, a notícia do livro e o lançamento de suspeitas sobre o seu autor. “Informação” com letra grande. Manipulação tão evidente que até faz vómitos.
Meu caro Pedro, a saga continua. Talvez o tempo resolva o problema.
 
António Borges de Carvalho

Da honestidade intelectual

O escritor Mário de Carvalho (não é meu primo, felizmente) diz que “ser de direita é viver e pensar entre zinabres, bolores e cotões”.
Como ando muito chateado com a direita (um bando de socraticóides!), tratei de tirar a coisa por miúdos. A exegese da frase, para um ignorante como eu, teria de começar, naturalmente, por tratar de saber o que quer dizer zinabre. Lá fui ao dicionário. A coisa não foi fácil. Zinabre – o mesmo que azinhavre. Que maçada! Azinhavre – o mesmo que azebre. Ainda pior. Azebre – aloés, mistura de hidrato e de carbono de cobre que se forma na superfície dos objectos de cobre por efeito da humidade do ar ou dos líquidos; verdete; pop. finura, malícia, gaiatice.
Imagine-se, então, o que é um tipo de direita: uma espécie de sem-abrigo, aquecido por cotões, com bolores nas virilhas e nos sovacos, porco, verdadeiramente porco, de tal maneira que lhe crescem verdetes nos dentes e no rabo. Sim, não estou a ver que seja outro o significado de zinabre o que está no espírito do ilustre intelectual. Não creio que à direita queira atribuir finura, malícia ou gaiatice, ou que a queira comparar com um cacto.
A leitura das restantes observações do tal escritor milita a favor desta tese. Diz ele: “A direita não tem, nem nunca teve, princípios: tem preconceitos. A direita não tem, nem nunca teve, propostas: tem slogans. A direita não defende, nem nunca defendeu causas: mas interesses. A direita não cria ideias: inventa pretextos. A direita não expressa razões: faz propaganda. A direita é a imagem do nosso atrazo, responsável e produtora do que há de mais boçal, retrógrado e deprimente na sociedade portuguesa. Quando alguém se proclama de direita (…) assume um lastro de opressão, violência, ignomínia, mentira, obscurantismo, que pesa através dos séculos e que nos vem diminuindo e amesquinhando até aos nossos dias”
Para avaliar da qualidade, da profundidade e da qualidade intelectual desta diatribe, façamos um exercício simples: substituamos a palavra direita por esquerda. O texto fica na mesma, escorreito, verdadeiro, “feliz”. Tão eficaz de uma forma como da outra. Tão vazio e pobre quanto rebuscado e pretencioso.
O tal Carvalho (não é meu primo!) mostra-nos à saciedade o que é um demagogo fundamentalista e acéfalo, de esquerda ou de direita, tanto faz. Não analisa, anatemisa; não fundamenta, excrementa. Mostra-nos o que há de mais rasca na cabeça das pessoas, a intolerância acrítica, o facciosismo visceral, o irremediável horror à diversidade e à convivência, a anti-humanidade dos iluminados, dos proprietários da verdade, dos aiatolas, dos canalhas da política. É desta massa que se fazem os hitleres, os estalines, os amadinejás, os inimigos da Liberdade.
Será isto, a esquerda? Espero que não. Mas não tenho a certeza.
 
António Borges de Carvalho

Democracias

A Exmª Senhora Dona Helena Roseta zangou-se com o camarada Pinto de Sousa (Sócrates) porque este teve o absurdo desplante de dizer que, se o não ao aborto ganhasse, meteria a respectiva viola no respectivo saco.
Para a extraordinária quão coerente viajante (viajou da AD até à esquerda do PS!) o veredicto popular é uma coisa respeitabilíssima, isto, como é óbvio, se se manifestar no sentido que ela quer. Caso contrário, deve ser mandado às urtigas. Se os eleitores disserem sim, há que respeitar a vontade popular. Se disserem não, enganaram-se. Competirá ao governo emendar a mão e transformar o não em sim. Querem mais democraticidade? Vão à dona Helena, que ela ensina.
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) diz querer respeitar o resultado do referendo, seja ele qual for. Mas, atenção!, o que o homem diz hoje é, as mais das vezes, exactamente o contrário do que vai fazer amanhã.
Tem toda a razão, a dona Helena. Há que insistir, que isto de referendos, quando funciona contra nós, não passa de treta. Se o Campos taxar os abortos, o outro percebe que haverá mais uma receitas, e justificará a coisa com argumentos orçamentais. É como cavacas.  
Por isso, força, dona Helena! Há muitos embriões à sua espera!
 
António Borges de Carvalho

Est modus in rebus

Parece que o ilustre (ex) marxista-leninista-estalinista Lino, indivíduo que desempenha o cargo de Ministro das Obras Públicas do governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), declarou, algures na Galiza, que era “um iberista convicto”.
Tem a sua lógica. A um homem que, como medidas positivas, só tem para nos servir as inacreditáveis ideias do aeroporto da Ota e do TGV para o Porto, ficam bem estas sábias palavras. Uma vez arruinada pelas suas iniciativas, a solução será entregar esta coisa aos espanhóis. Talvez eles queiram pagar as facturas.
Parabéns, portanto, ao homem e à sua sinceridade.
Não admira que, nem o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), nem a inenarrável “informação” que nos serve, tenham feito qualquer eco das palavras do senhor. Uma boca, por bojarda que seja, vinda de um tipo de esquerda, merece sempre, ou elogios ou silêncio. Por mim, acho muitíssimo bem: é coisa que está na massa do sangue de muita gente, incluindo aquela muita gente de direita que admira o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) como já não admirava ninguém desde os saudosos tempos do doutor Oliveira Salazar.
O que me trás é a medida das coisas. O velho brocardo, ou ditado, que reza est modus in rebus, não se aplica à era socraticóide.
Se não, vejamos:
Um tipo da Madeira (salvo erro com o brilhante nome de Coito Pita – xiça!) andou para aí aos gritos a dizer que o brutal ataque político do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) às finanças da Região era susceptível de reavivar tendências separatistas. Note-se: o Coito disse que, nas condições criadas, era possível que voltasse a haver quem pleiteasse a favor da independência das ilhas. Não defendeu o separatismo. Pôs uma hipótese.
Pois bem. Caíu o Carmo e a Trindade. Não houve político ou plumitivo que se não indignasse. Malandro! Bandido! A esgrimir com o separatismo! Uma vergonha! Um crime de lesa Pátria!
E, no entanto, o senhor Lino pode, quando muito bem lhe vem à moleirinha, não sugerir que alguém haja que defenda, mas defender ele mesmo o fim da independência nacional sem que tal seja objecto da mais pequena sombra de reacção por parte dos mesmíssimos que ficaram super-excitados com as bocas do Coito.
 
Nem há moralidade nem comem todos. O modus deixou de estar no rebus. Isto de lógica, quando se trata do Pinto de Sousa e da sua mesnada, afinal é chão que deu uvas.
 
António Borges de Carvalho
 

Francesices

No que interessa à nossa área geo-estratégica, as eleições presidenciais da V República francesa têm o péssimo hábito de mudar coisa nenhuma.
Desde de Gaule, seu fundador, a Chirac, seu (quase) coveiro, nada de substancial mudou no que à política europeia e global diz respeito. A França mantem intacta a política de sempre: proclamada solidariedade europeia e atlântica quando parece convir, um solipsismo arrogante quando assim não é. Alianças naturais “amortecidas “ por compromissos históricos ou por conveniências de momento, e iniciativas próprias, tudo para mostrar ao mundo, ou lhe atirar à cara, la grandeur de la France.
Internamente, no essencial dos hábitos republicanos, à esquerda e à direita a mesma receita: a governação, aprentemente pulverizada por mairies, départements e préfectures, é ferozmente centralizada por aristocracias ferozes e envolventes, senhoras de privilégios imensos, de origens comuns (enarques e politechniciens) e de interesses semelhantes.
 
A França actua, em face do exterior, como um bloco, esquerda e direita servindo mais do mesmo, mudando o que for preciso para que tudo fique na mesma.
Desde o dia em que de Gaule se pôs à cabeça da manada para receber os louros do fim da guerra, o que, em boa justiça, só em pequeníssima parte lhe caberia, que a França se assumiu como a potência que já não era.
Daí para cá, está na OTAN mas não participa na estrutura militar, está na UE desde que esta lhe sustente a gigantesca quão inviável economia agrícola, funda o eixo Paris-Moscovo sem dar satisfações a ninguém, provoca a guerra que lhe interessa (Jugoslávia) servindo-se dos aliados mas sem dar cavaco à ONU, condena de forma completamente desproporcionada os aliados por se meterem noutra guerra (Iraque), acusando-os de não disporem das “autorizações” que, no seu caso, nem sequer procurou, quer impor-se como dirigente máximo das forças internacionais no Líbano sem que o seu esforço militar corresponda à pretensão, e por aí fora.
 
Será preciso ser quase patologicamente optimista para pensar que as presidenciais de 2007 podem acender alguma luzinha no fundo do túnel.
Isto, se se confirmar, à esquerda, a candidatura da senhora Royal e, à direita, a do senhor Sarkozy.
O último debate confirmou que, na confrontação socialista, os candidatos do aparelho não passam de dinossauros gastos e em crise de credibilidade e carisma. A senhora Royal parece perfilar-se como a única com capacidade para trazer alguma coisa de novo. Só que o novo não é necessariamente bom. Veja-se, por exemplo, a proposta de um referendo em relação à adesão da Turquia. A senhora propõe, nada mais nada menos, que sejam os franceses a decidir sobre tal matéria. Na boa linha de todos os presidentes da V República, não há solidariedades nem interesses comuns que não dependam do aval francês. “Os franceses terão a última palavra”, afirma a ilustre senhora. Ou seja, os franceses mandarão na Europa inteira. Mais do mesmo.
À direita, o senhor Sarkozy, irrequieto mas carismático, se for o escolhido, talvez possa trazer uma lufada de ar fresco. Não porque se lhe conheçam posições de base dissonantes com a a prática da V República, mas porque, por mor do confronto de personalidades, pode vir a ser obrigado a inventá-las. E, para invenções, consta que tem jeito.
 
Um ou outro, terá uma tarefa dura de roer: manter a senhora Merkel nos “eixos”. Os tempos de Miterrand e Kohl já lá vão, a estratégia “oriental” do senhor Schroeder e do seu parceiro Chirac está a caminho do caixote do lixo, e a França, sem a Alemanha ao lado, ou a reboque, terá que fazer alguns realinhamentos, sob pena de se deixar isolar.
Esgotados os trunfos que, há anos, podia usar, o que se pode esperar – no sentido de ter esperança - é que a velha Gália perceba, finalmente, que o seu lugar é europeu e atlântico, não mais o de líder de coisas várias, prenhes de obsoleta petulância e pouco inteligente egoísmo estratégico.
 
Quem me dera ser optimista.
 
 
António Borges de Carvalho
 
 

Censuras

Toda a gente sabe o que era a censura durante a segunda República. Os tipos cortavam tudo o que não conviesse ao governo, é o que se pensa. Mas iam mais longe, ou por mor de critérios oficiais, do que duvido, ou segundo a sensibilidade própria e os conceitos morais de cada censor, aquilo que cada um deles achava “conveniente” para a sociedade portuguesa. Cortavam notícias sobre crimes, para não dar maus exemplos ao povo, censuravam as manifestações sociais que considerassem susceptíveis de causar alguma tentação, uma senhora com as pernas cruzadas, a mostrar a coxa, era coisa que, à boa moda dos aitolas e quejandos, podia corromper a juventude, um cena de pancada no futebol podia dar uma imagem errada da paz social em que a Nação vivia, etc.
Toda a gente sabe isto. Não viria a propósito não fora a indignação manifestada, por escrito, por um senhor que se chama Ruben de Carvalho e que foi candidato do PC à Câmara de Lisboa. Como é que um membro de um partido estalinista, um admirador de Fidel e de Kim Jong Il, tem a distinta lata de se considerar ofendido, ou de se indignar com a pretérita existência de uma instituição que é um dos principais sustentáculos dos regimes que admira e que almeja trazer para cá?
Deve tratar-se de uma questão de raison d’être. É que, enquanto a censura da segunda República actuava em nome de uma nação hediondamente fascista, a censura estalinista destina-se a proteger a ditadura do proletariado e o doce poder do partido comunista.
O mal, para o senhor Carvalho, não é a censura, mas a natureza do poder que está por trás dela.
 
Quando vemos por aí o camarada Jerónimo e a sua mesnada armados em campeões de democracia, podemos – sobretudo as novas gerações – pensar que estamos perante alguém que, vindo de uma ideologia que não partilhamos, está empenhado em defender a nossa liberdade e partilha de algumas ideias-chave da democracia liberal. Não partilha, não senhor. Sabe que não partilha. Sabe que mente com quantos dentes tem na boca. Mas mente na mesma. Não tem escrúpulos. Nem hesitações. Os fins justificam os meios, sejam eles quais forem. Nem que sejam os de auto-censurar as ideias próprias para fazer crer aos demais que merece a sua confiança. Quando parece defender coisas estimáveis, o PC está, consciente e determinadamente, a mentir.
É evidente que o PC tem votos. Tem direito de cidade. Acho bem. Só não percebo porque é que, enquanto tal gente actua dentro da legalidade, os defensores da segunda República estão constitucionalmente impedidos de existir. Porque é que a Lei (como diria o camarada Pinto de Sousa – Sócrates) não há-de ser igual para todos?
 
António Borges de Carvalho
 

Uma vergonha e uma desvergonha

Alguns esclarecimentos, não por parte do governo, têm vindo a público sobre o extraordinário negócio de Cabora Bassa.
É altura de assinalar, com a serena violência da razão e a devida repugnância, não só a verdadeira natureza do acontecimento como a inenarrável indignidade do comportamento, nele, do Estado português, representado pelo não menos inenarrável Pinto de Sousa (Sócrates).
O governo moçambicano, via Cabora Bassa, devia-nos, a preços dos anos 70, a módica quantia de 1.900 milhões de dólares. Por defeito, tal soma, acrescida de trinta anos de juros, é coisa para se cifrar nuns 5.000.000.000 de dólares (uns míseros 900 milhões de contos).
O acordo celebrado pelo governo que temos implica a cedência da esmagadora maioria do capital da empresa e o perdão da dívida, a troco de 950 milhões (há quem diga que são 750), a pagar a perder de vista em condições que não foram reveladas, parecendo que nem sequer foram contratualizadas.
Ou seja: a troco do improvável pagamento dos tais 950 (ou 750) milhões, o Estado português “abdica” de cinco mil milhões, e dá de barato a sua propriedade e os enormes investimentos nela realizados, muitos dos quais já depois da independência do território, investimentos que, durante anos e anos, ficaram impedidos de encontrar amortização por virtude de conflitos internos com os quais Portugal nada tem a ver.
Em nome de quê? Ninguém saberá dizer. Não há, nem a distâncias cósmicas, interesses portugueses na zona que impliquem cedências de tal monta. Não há sombra de interesse político, em termos de perspectivas de futuro, que as possa justificar. Bem pelo contrário, Portugal abandona, encaixando prejuízos brutais, a única fonte importante de influência política e económica que detinha no país e naquela zona do continente africano.
Não pode haver pior negócio.
 
Os contribuintes portugueses, massacrados com medidas totalmente ineficazes de aperto de cinto, sugados até ao tutano pelo continuado, ainda que disfarçado, despesismo socialista, em vez de ver os seus sacrifícios ganhar algum sentido, são presenteados com o descarado esbanjamento que estes súbitos ataques de idiotia terceiro-mundista provocam, em nome de coisa nenhuma.
 
Pior, porém, do que o negócio, pelo menos em termos de dignidade e de verdade, é a forma como foi “apresentado” às pessoas. O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) desloca-se a Maputo a fim de subscrever a vergonhosa porcaria. E vem, triunfalmente, apresentá-la aos portugueses como se de grande feito se tratasse. O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) ouve, sem pestanejar, as arrogantíssimas declarações do senhor Guebuza (desde sempre conhecido como confesso inimigo de Portugal). Tratou-se, na pesporrente opinião do fulano, tão só de “completar” a descolonização. Ou seja, perante o embevecido aplauso do primeiro ministro que temos, o senhor Guebuza vem proclamar que os contribuintes portugueses, ao presentearem o seu regime com mais esta benesse, mais não fazem que a sua obrigação, e até deviam ficar agradecidos.
Onde se pode chegar em termos de indignidade do Estado, que é assim enxovalhado, e em falta de respeito pelas pessoas, que são miseravelmente aldrabadas quanto à essência, ao custo e ao significado do acto, é coisa que ainda não se sabe onde irá parar, se é que parará nalgum sítio.
  
O que se sabe é que os portugueses pagam Cabora Bassa, pagam as SCUTS, pagam os TGV’s e as Otas de um governo saloio, provinciano e incapaz, pagam os hospitais, pagam tudo. O governo, por seu lado, continua a aumentar as despezas.
 
Tudo isto perante o olhar embevecido e estúpido de tantos “intelectuais” da não esquerda.
 
Ora bolas!
 
 
António Borges de Carvalho

Que Fazer?

Assistimos ontem a uma desbragada manipulação “informativa”, generosamente oferecida ao povo pelo “serviço público” de televisão.
Em defesa do Orçamento, Sua Excelência o Ministro das Finanças, acompanhado por um velho compagnon de route do PS, “enfrentava” os “contras”. Destes, um é um refinado pitecantropus estalinista, mesmo a calhar num momento em que a organização a que pertence se encontra a comemorar a revolução de Outubro (acontecida em Novembro) e a tecer oficiais loas ao camarada Kim Jong Il. Outro, um independente conhecido pela moderação das suas críticas ao PS. Um, não interessa senão aos fiéis de uma pré-história assassina e falhada. Outro, não faz oposição, nem lhe cabe fazê-la.
 
Cheio de gozo, o compagnon de route chegou ao ponto de dizer “o PSD gostava de estar aqui, mas não está”. Só faltou uma gargalhadinha final. Ao que a jararaca de serviço retorquiu que aquilo não era um debate político… mas de “personalidades” e de “representantes” da “sociedade civil”.
De facto, parece evidente que um debate sobre o orçamento de Estado, com a participação do ministro das finanças, não é um debate político. Pois não. Quem sabe se não será um espectáculo de ballet, um concerto metal ou uma novena a São Pancrácio.
 
É assim, foi sempre assim, sempre será assim. O PS é uma máquina de manipulação como não há outra neste país. Os profissionais da “informação” são o que sempre foram e sempre serão: subservientes. Desde que saibam que quem está no poder os protegerá ou deixará de proteger segundo a sua performance.
 
Não há muito, houve um governo que começou a cair quando um dos seus ministros teve a ousadia de referir que a um determinado programa faltava o contraditório. Foi acusado de tudo. Manipulação, desonestidade, censura, sei lá.
É assim, foi sempre assim, será sempre assim. O que, vindo da não esquerda, mesmo que só por palavras, é um crime, vindo da esquerda, e por actos, é “serviço público”.
O poder participa na trafulhice com satisfação e orgulho. Estatuto da oposição? Patacoada!
 
Quanto à substância da coisa, verifique-se, para ter uma noção da democraticidade desta gente e do seu respeito pela verdade que, por dizer muito menos do que diz agora o ministro, se crucificou sem dó nem piedade a dona Manuela Ferreira Leite e o senhor Bagão Félix.
É ou não verdade? Quem foi o primeiro de todos os carrascos? Pinto de Sousa (Sócrates), hoje campeão do “reequilíbrio” orçamental.
 
Mais não vale a pena dizer.
 
Um novo apontamento, porém, é de justiça deixar escrito. Hoje, estive com um senhor, de cuja boa fé não tenho razões para duvidar, que conhece, por razões que não vêm ao caso, os meandros da RTP. Ao ouvir-me, de viva voz, condenar o que acima condeno, disse-me o tal senhor: “Quer saber porque é que lá não estava ninguém do PSD? Pergunte ao Marques Mendes!”
Fiquei passado. Procurei saber mais, mas tal não me foi dado. “Trata-se de assunto da mais profunda confidencialidade!”  
“Que fazer?”, diria o camarada Vladimir Ilitch.
Ao contrário do que disseram os “protestantes” do PSD, parece que a culpa é do Marques Mendes. Mas não se pode falar disso. Será que o Marques Mendes queria mandar lá alguém que não agradava à jararaca de serviço? Será que se opunha à presença do estalinista? Teria medo do debate? Exigiria um trono para o seu representante? Ou é tudo aldrabice e, enquanto tal, objecto da mais profunda confidencialidade?
 
Mais uma vez, parece que o mais importante é que ao respeitável público não seja dado conhecer a verdade.
 
Ou eles são todos, afinal, estalinistas, ou nós fazemos todos parte de um bando de parvalhões.
 
António Borges de Carvalho

Plágios

Estou deveras impressionado com o terrível drama do story teller/opinion maker Tavares, o qual foi acusado de plágio por um tenebroso bloguista. A coberto do ciber-anonimato, o dito lançou as mais infames acusações. Que o Tavares copiou frases inteiras de um romance qualquer, que a história do “Equador”, pouco verosímil saga santomense, é uma cópia, mutatis mutandis, de uma outra, de marajás e divas hindus, etc.
 
Não sou simpatizante, nem do Tavares, nem de bloguistas anónimos.
Aquele, com invejáveis costados literários, entretem-se a imitar o pai - a cujas solas jamais chegará - em diatribes várias, e tem um pendorzinho muito bem sucedido para contar histórias, o que o põe a anos-luz da senhora sua mãe. Reconheça-se que a mais não é obrigado. Isto dos genes não é coisa que se domine.
Os bloguistas anónimos são como todos os anónimos: ordinários e cobardes.
 
Postas as coisas nestes termos, perguntará quem me ler ao que venho, afinal?
Respondo que à desmesura da proclamada impotência do Tavares para se defender. Diz ele que foi miseravelmente caluniado, o que pode ser verdade, que nem ao poder judicial pode recorrer porque não sabe de quem se queixar, que foi difamado e que a culpa da difamação vai morrer solteira, que jamais terá meios para recuperar as feridas que a calúnia abriu.
Isto, de um fulano que tem à disposição meia página do “Expresso”, inteirinha, todas as semanas, e que a usa, inteirinha, para se defender das acusações. Mais. O homem á pago para isso. Não só tem um espaço público privilegiado para se defender, como ganha dinheiro com isso. Não sei quanto, mas não será pouco, de certeza.
 
Ponha você o caso em si próprio. É difamado por um anónimo, a coisa vem nos jornais, uma bronca do caneco. Restar-lhe-á apresentar queixa contra desconhecidos, e ficar em casa à espera que a Judiciária lhe mande a habitual notificação a dizer que os autos foram arquivados. Se você fosse o Tavares, dizia, urbi et orbe, o que lhe apetecesse sobre o assunto e ainda ganhava umas massas com isso. Veja a diferença.
 
Aliás, a coisa não é tão grave como o Tavares quer fazer crer. Ainda há pouco, a dona Clara Pinto Correia, professora doutora de cátedras várias, foi apanhada a copiar e a vender artigos inteirinhos de uma revista americana. Era verdade! O que aconteceu? As águas mexeram um pouco, depois amainaram, e lá está ela, como uma leoa, na maior.
 
O bom do nosso storyteller que, segundo parece, nada copiou, tão só se “inspirou”, nada tem a temer. Fica, também, na maior, e gere com mestria uma campanha publicitária dos diabos à custa do canalha do bloguista, ónus da conta invertido. Coitado!
 
António Borges de Carvalho

Jornalismos

Ontem, na RTP, duas importantes entrevistas: com o dr. Jardim e com a ministra da educação.
Não comentarei o conteudo das afirmações dos dois entrevistados. Julgo que toda a gente os percebeu, e percebeu de sobra o que cada um quer e o que cada um põe em causa. O minstro da finanças que se avenha com o peso dos argumentos do dr. Jardim contra a inegável perseguição política que lhe é movida, os medonhos sindicatos dos professores que se lixem com as ideias, e a determinação, da ministra.
O que me trás é o estilo das entrevistadoras, tão idiota uma como a outra. Não terão estas senhoras uma televisão lá em casa? Não verão entrevistas na CNN, ou na BBC? Não serão capazes de aprender seja o que for?
Você, que viu as entrevistas, não pensou “Se fosse comigo virava as costas a estas incompetentíssimas jararacas, ou perdia a cabeça e desatava à bofetada”?
Nem a um nem a outro dos entrevistados foi dado responder até ao fim fosse a que pergunta fosse. Nem a um nem a outro foi dado explicar as suas razões de fio a pavio, de maneira a que ao espectador pudesse ser dado julgá-los.
As senhoras entrevistadoras têm do seu métier a ideia de um debate. Estão ali para debater os assuntos com o outro, como se fossem altas figuras da política. Julgam que se afirmam na luta com o outro, não no esclarecimento do respeitável público sobre as ideias do outro. Não compreendem que, para nós, é indiferente o que elas pensam, ou que elas se façam porta vozes de terceiros, ou que queiram fabricar factos políticos à custa do nosso interesse nas ideias dos entrevistados.
Não sei se há, em Portugal, escolas de jornalismo. Não sei se as senhoras em causa as frequentaram. Se sim, ou não aprenderam nada, ou as escolas não prestam. Se não, ou vão alfabetizar-se a algum país decente, ou o melhor é ir fazer outra coisa, a fim de não dar cabo dos nervos, mais que aos entrevistados, aos espectadores.
 
António Borges de Carvalho

Anedotário I

Anuncia o Diário de Notícias que a despeza com o complemento solidário a pagar às pessoas com mais de oitenta anos é muito menor do que se esperava, dada a contabilização dos “rendimentos dos ascendentes” de tais cidadãos.
De facto, e ao contrário do que seria de supor, os paizinhos e as mãezinhas dos cidadãos com mais de oitenta anos têm rendimentos de sobra, o que “limita o acesso dos potenciais beneficiários”.
Como é óbvio, quem ganha com isto são os cidadãos que, além de ter mais de oitenta anos, são órfãos. Parece-me de inteira justiça.
Para o Estado, dada a escassez do número de órfãos com mais de oitenta anos, trata-se de uma inesperada quão benvinda poupança.

Anedotário II

Há dias, foi anunciado na RTP, com a pompa do costume, que ia haver um PAE (Portuga de Alta Estilha) de Lisboa a Vigo, com paragens numa data de sítios, Porto incluído.
A Excelentíssima Senhora Dona não sei quantas, Secretária de Estado dos Transportes, aparece nos jornais, dois dias depois, a dizer que ligação entre Porto e Vigo nem pensar, não é rentável.
Quer dizer: ou o anúncio do governo era mais uma aldrabice e a senhora secretária de estado é que tem razão, ou a dita senhora anda a nadar e não percebe nada do assunto. Ou nem uma coisa nem outra. As aldrabices são tantas, que tanto faz. Até podem anunciar o PAE Lisboa-Vladivostoque, ou a ponte ferroviária para Nova Iorque. Como é tudo mentira, isto é, como, ao contrário do que pensa o (ex) marxista-leninista-estalinista Lino, ministro das obras públicas, neste caso as mentiras repetidas não se tornam verdades, é igual ao litro.
Quem quiser pensar um bocadinho, poderá olhar à volta: o Thallys vai de Paris a Bruxelas sem parar, e de Bruxelas a Franfurt a mesma coisa; o Eurostar, para ir de Paris a Londres, abranda à entrada do chunel e pára uns dois minutos à saída; o TGV do Midi não faz menos de 400 quilómetros de cada vez. Então como é que se pode conceber o PAE a parar na impagável OTA, no Entrocamento, em Coimbra, em Aveiro…e parece que não é tudo? Quem será capaz, para além do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) y sus muchachos, de defender que vale a pena gastar aqueles milhares de milhões para poupar menos de uma hora de Lisboa ao Porto?
Segundo tudo indica, o PAE para Madrid vai ter destino semelhante. Não sei se parará em Vendas Novas e Montemor, mas pouco faltará. Quando entrar em Espanha, deixa-se de paragens. Talvez valha a pena. Para o governo, que vive de anúncios grotescos e megalómanos, já vai valendo.
 
Do Algarve, chega a justa indignação do povo, representado pelo PPD José Vitorino, um rapaz cheio de qualidades. Vai queixar-se a Bruxelas por não estar previsto o PAE para a Ponta de Sagres. Além de tudo mais, é uma ofensa ao Senhor Infante, que se verá privado do interface do PAE na sua Via e das paragens nas marinas e nos campos de golf. Compreende-se.
Se eu fosse ao Vitorino, não me preocupava com o assunto. Trata-se de fogo de vista.
 
Entretanto, o (ex) marxista-leninista-estalinista Lino, anunciou que vai lançar um concurso de ideias para a designação da coisa. Humildemente, aqui vão algumas:
- CSA – Combóio do Socialismo Acelerado
- CAB – Combóio da Aceleração do Buraco
- DVD –Depressa se Vai Devagar
- SFR – Sócrates com Fogo no Rabo
- HPJ – Hás-de Pagá-lo com Juros
- RLM – Rápida Ligação à Miséria
- OCRAVF – Ota mais Combóio De Alta Velocidade é o Fim
 
Sua Excelência espera a colaboração dos portugueses para encontrar o nome e, sobretudo, para pagar as tropelias

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