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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

O SEMIDEUS

O célebre storyteller Tavares, do alto da sua arrogante prosápia, declara, preto no branco, que a sua última produção literária foi fruto de intensíssima investigação e que os factos históricos e outros dados nela referidos foram submetidos a rigorosa e científica triagem.
Quem usa folhear os livros antes de os comprar pode assegurar-se da monumental pesporrência do autor. Diz o fulano, nem mais nem menos, que “garante… aos caçadores de erros, a inutilidade dos seus esforços”.
Já devem ter percebido que o autor destas linhas não comprou a história. Não quer contribuir para aumentar o volume do ego do homem, só comparável ao do senhor Saramago em antipatia e auto-convencimento.
No entanto, um “caçador de erros” das relações do subscritor deu-lhe algumas dicas interessantes a este respeito. Lembremos duas delas, como mero exemplo: o homem diz que o generalíssimo Franco esteve exilado nas Baleares, sabendo toda a gente que a coisa se passou nas Canárias; o homem fala num toureiro que lidava por “chicuelinas”, num altura em que o autor da sorte tinha quatro anos.
Nada disto teria qualquer importância não fosse a presunção do fulano. A ficção é livre e este tipo de erros não acrescenta nem desacrescenta qualidade aos escritos. Intolerável é o declarado desprezo pelos “caçadores de erros”, como se o autor fosse um semideus a quem o comum dos mortais não chega à fímbria das vestes.
Pois que fique o contador de histórias cheio de taco a vender livros, ainda que privado da ajuda dos que, como o signatário, não tolera toleirões nem gajos com o rei na barriga e um patético desprezo pelo seu semelhante.
 
António Borges de Carvalho

ANA, A RAIVOSA

Dona Ana Lopes (quem será?) escreve no “Diário de Notícias” uma artigalhada em defesa do senhor Costa, coitadinho, que, por não ter maioria na Assembleia Municipal, vê em risco um  empréstimo de 500 milhões de euros que foi aprovado pelo eleitorado, uma vez que estava no programa eleitoral do PS. Refere depois que se chegou a um “ponto absurdo: uma decisão apoiada pelos eleitores corre agora o risco de ser chumbada pela Assembleia Municipal”. E mais diz que “nem António Costa nem ninguém pode gerir o que quer que seja com este bico de obra”. Depois, a senhora deleita-se numa diatribe contra o PSD, argumentando que o Costa deve demitir-se, a fim de que se eleja outra assembleia. Notável.
Esquece a colorida plumitiva: primeiro, que ninguém, do eleitorado, votou um empréstimo de 500 milhões e que tal verba não estava em nenhum programa, sendo que o PSD põe em causa o montante, não o empréstimo; segundo, que, no primeiro mandato do PSD, a Câmara foi sempre minoritária na Assembleia Municipal, sem que, nem a dona Ana nem ninguém se andasse para aí a lamentar, como faz o seu protegido Costa; terceiro, que o PS fez as mais inacreditáveis guerras à Câmara na Assembleia Municipal, designadamente contra o túnel do marquês, esse sim, parte integrante do programa que o eleitorado sufragou; esquece que o PS reprovou o orçamento municipal, impedindo, ele sim, que se “gerisse o que quer que fosse”; e esquece muito mais coisas, que não valerá a pena enumerar.
À primeira birra do Costa, salta a dona Ana em seu socorro.
Onde pode chegar a cegueira partidária, a duplicidade de critérios, a raivinha ordinária, é coisa que esquecer se não pode.
 
António Borges de Carvalho

COSTICES

 
 
Com ar fero, qual Adamastor a urrar aos mareantes, o senhor Costa veio ameaçar este mundo e o outro com as mais tenebrosas medidas no caso de o PSD, na Assembleia Municipal, chumbar o modesto empréstimo de 500 milhões de euros que a Câmara se propõe contrair junto da Caixa Geral dos Depósitos.
A principal catástrofe que nos podia acontecer seria, imagine-se, a demissão do senhor Costa. Assim, o homem arrisca-se a não assustar ninguém. Com o que fez em quatro meses, bem se pode ir embora, que não faz cá falta nenhuma. Que vá em paz.
 
Duro e cru, Costa afirma que o PSD é que criou o buraco, que o PSD é que não quis eleições para a AM, que o PSD isto e aquilo.
Esquece-se o senhor Costa do que o PS fez ao PSD quando tinha maioria na AM. Esquece-se da luta sem tréguas que o PS fez contra o Túnel do Marquês, esquece-se dos orçamentos que foram chumbados pelos votos do PS, esquece-se de que o PS pôs a Câmara a viver de duodécimos, dos milhões de prejuízo que o seu sócio Fernandes causou à cidade, do estado (financeiro e não só) em que o seu camarada Soares a deixou, etc. etc. etc.
Se os deputados do PSD chumbarem o empréstimo não farão mais do que vingar a sua própria honra, tão ofendida pelos camaradas do Costa durante uma data de anos. E, se a “pena”, para castigar tal “crime”, for a demissão do senhor Costa, então que venha o crime, e que venha a pena!
 
É de prever, no entanto, que os deputados municipais do PSD vão deixar, abstendo-se, passar o tal empréstimo. O contrário não aconteceria, como é evidente. O trabalho de barragem do PS, na Assembleia Municipal, sempre foi cego, odioso e obstrutivo. A abstenção será uma maneira de o PSD mostrar a diferença entre os que querem que a cidade seja governada e os que mais não fazem que ordinarices partidárias, propaganda viciada e desculpabilizações aldrabadas.
 
António Borges de Carvalho

SOARADAS

O dr. Mário Soares, honra lhe seja, consegue manter-se na ribalta. É um caso raro de longevidade política. Chapeau. O problema é que, para se tornar notado, vai dizendo coisas.
Agora, vem dizer que o governo devia governar mais à esquerda, dadas as diferenças de status económico entre os portugueses. É evidente que o dr. Mário Soares, com a sua longa experiência da vida, sabe que jamais os governos de esquerda quiseram, ou conseguiram, distribuir com justiça, por inultrapassáveis complexos políticos e por incapacidade de criar condições para que haja algo a distribuir. O que a esquerda sempre fez (e é o que se passa em Portugal), foi criar “nomenklaturas”, mais ou menos disfarçadas, e governar a partir delas e de brutalidades fiscais.
É evidente que o governo que temos é de esquerda, pela simples e evidente razão de ter o colectivo, e não a cidadania, como princípio de base. É a partir de tal princípio que se gera o ambiente opressivo em que vivemos, o marasmo económico em que não deixamos de estar mergulhados, a mentalidade que reduz a política à contabilidade pública. O dr. Soares sabe disto (não pode deixar de o saber) mas, como acha que o que o mantém na ribalta é dizer o contrário, vai-se a isso sem hesitações.
O mesmo se poderá dizer da extremosa amizade que o liga ao senhor Chávez, amizade que, mais cedo ou mais tarde, vamos pagar com língua de palmo. Que importa, se é o que está a dar?
Há já quem esteja a afiar o dente para o que o Presidente Soares, de sociedade com a pluma caprichosa/eixo do mal, vai dar ao povo: bocas de quarenta e cinco minutos por semana durante um ror de meses. A ver vamos o que vai estar a dar.
 
António Borges de Carvalho

INDIGNAÇÃO LOUCISTA

O camarada Louça propõe uma vigorosa manifestação parlamentar contra as afirmações do embaixador dos EUA. O homem deu o flanco. Mal ficaria ao grande líder da esquerda anti-americana se se deixasse ficar.
Não sei o que se virá a passar em São Bento. O que sei é que o camone tem toda a razão para não estar contente quando vê o país a sair do Afeganistão, tem toda a razão para não estar contente quando vê Portugal nos braços acolhedores do senhor Chávez, tem toda a razão quando diz que, com as leis do trabalho que temos nunca iremos a parte nenhuma. Se o devia dizer, é outra questão. Mas como não é provável que o diga sem ter o seu governo por trás, é caso para pensar se será coisa de futuro, esta de substituir, em matéria de relações privilegiadas, os EUA pela Venezuela.
 
António Borges de Carvalho

A OPINIÃO DE UM GÉNIO

 
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates), na sua qualidade de presidente do conselho europeu, fez mais uma extraordinária revelação. Na sua doutíssima opinião, se a Turquia não entrar para a EU… fica de fora.
Bom, para que não se diga que são palavras do Irritado, ponhamos a coisa entre aspas. O homem disse: “A Europa tem de cumprir o que promete. Se o país (a Turquia) cumprir os critérios, temos de o deixar juntar-se à EU. Caso contrário, continua de fora.”
Atentem, ó portugueses, na genialidade do vosso líder supremo!
Admirai, ó gentes da Europa e do mundo, a inteligência, a sagacidade, a argúcia, a capacidade de raciocino lógico e prospectivo, a postura dialéctica deste grande português, que ilumina os difíceis caminhos da Humanidade com a luz do seu pensamento!
Quem não entra, fica de fora!
Mordam-se de inveja os cadáveres de Einstein e Galileu. O que são as equações de um e as frases de pacotilha de outro, perante a luz fulgente deste pensamento?
 
António Borges de Carvalho

A OPINIÃO DE UM TÍBIO

 
O senhor Amado (alguém o amará? Espero que sim!) declarou que ficaria felicíssimo se o senhor Mugabe não viesse a Lisboa. Ou seja, convida o fulano, depois diz-lhe que não venha, ou que, se vier, é uma chatice.
Pois é. Toda a gente sabe que o senhor Mugabe é um ditador, um ladrão, um assassino, um canalha da pior espécie. Toda a gente sabe que o nosso mais importante aliado europeu não porá cá os pés se o senhor Mugabe o fizer. Então? Das duas uma: ou nós, que convidamos, deixamos de convidar, ou, se convidamos, convidamos mesmo. Esta de dar uma no cravo, outra na ferradura, mesmo em diplomacia, parece um bocadinho fora de propósito. Não agrada a ninguém, antes pelo contrário. O que é, pelo menos, impróprio de um diplomata.
 
António Borges de Carvalho

OS NEGÓCIOS DO SENHOR PINTO DE SOUSA (SÓCRATES)

 
Com o costumeiro foguetório, anuncia o governo como mais um gigantesco triunfo da capacidade negocial das suas gentes, que vai receber um cheque de 700 milhões de dólares, preço de acções que detinha na sociedade de Cabora Bassa, onde Portugal era maioritário, ficando agora com 15% da dita, e obrigando-se a vender mais 5%, não se sabe a que preço.
Retirado o triunfalismo à coisa, teremos que os moçambicanos esperaram calmamente que a barragem atingisse o break even, isto é, que a coisa estivesse paga, a fim de “herdar”, por um preço ridículo, um empreendimento já limpinho dos encargos financeiros que o tenebroso colonialista pagou durante os esforçados 32 anos que se seguiram à independência.
Agora, que a coisa começa a render, o melhor é entregá-la. Pelo menos, deve ser o que pensa o esclarecido governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
Acresce, em abono da genialidade negocial da ilustre gerência socrélfia, que a mesma se esqueceu de incluir no espantoso acordo uma coisa de somenos, quer dizer, uma cláusula que cobrisse as flutuações cambiais. Isto, numa altura em que o dólar começava a andar pelas ruas da amargura. Feitas as contas, o erário público vai receber menos 40 milhões de euros.
Mas não faz mal. O governo continua a anunciar os seus feitos, como se não fosse nada com ele. Os prejuízos nem sequer entram para o orçamento, who cares!
 
Diz o DN que os 700 milhões vão à conta da dívida pública, a qual conhecerá, assim, uma descida de 0,3%. Conclui-se que a dívida pública se cifra em 13.333 milhões de dólares, cerca de 10.000 milhões de euros. Sabem o que isto quer dizer?
 

António Borges de Carvalho

EXTORCIONISMO

Ao abrigo do diploma xis, a Caixa Geral de Aposentações anda a cobrar aos pensionistas, para a ADSE, o seguinte:
 
1% sobre a pensão de Novembro;
1% sobre o subsídio de Natal;
1% retroactivo referente à pensão de Fevereiro;
1% retroactivo referente ao 14º mês;
1% retroactivo referente à pensão de Janeiro.
 
Não, minhas senhoras e meus senhores, não venho aqui para aldrabar ninguém. O que acima está em itálico, é, ipsis verbis, a informação que o governo presta aos pensionistas que estranham os novos descontos.
Trata-se, nem mais nem menos que do cumprimento das “condições técnicas” da execução do diploma, as quais “só se verificaram em Março”.
Notável.
O governo, primeiro, determina que os pensionistas descontem para a ADSE, o que, em si, já é estranho. Os pensionistas descontaram uma vida inteira para que a ADSE lhes prestasse serviços. Porquê, depois de reformados, continuar a pagar o que já pagaram? A pensão não é só de oitenta por cento (máximo)? Os outros vinte para que servem? Se não servem para o IRS (que é exemplarmente descontado à cabeça), ao menos podiam servir para a saúde.
O governo, depois, na sanha cobradora que o anima, determina que se pague também sobre o 13º e o 14º meses. Isto é, a ADSE presta serviços durante 12 meses e cobra sobre 14.
Exemplar!
E, como “as condições técnicas” só estavam prontas em Março, vai de ferrar com retroactivos. Possível? Tanto é, que se verifica. Constitucional? Já ninguém sabe para que serve a Constituição.
 
Grandes são as preocupações sociais do socialismo! Hossana!
 
Abtónio Borges de Carvalho

DA ESTUPIDEZ DO RESPEITÁVEL PÚBLICO

 
Isto de ser pouco inteligente é uma maçada. Sobretudo quando uma pessoa tem, como elementos de comparação, figuras tão gradas como os ilustres membros do governo, os juízes ou os senhores do ministério público. É tal o brilho destas privilegiadas mentes, que o cidadão fica ofuscado, cego, incapaz de as entender.
 
Senão, veja-se o que se tem passado nos últimos tempos.
 
Primeiro:
- Com o habitual parangonismo, o governo da Nação fez passar um diploma no qual, alegadamente, põe os magistrados em situação “laboral” paralela, ou igual, à dos funcionários públicos;
- As doutas classes atingidas pela medida desdobraram-se, como o Irritado já referiu, em indignadíssimos protestos, gritando que lhes estavam a dar cabo da “independência”;
- Sua Excelência o Procurador Geral da República deu uma entrevista a uma revista qualquer, dizendo cobras e lagartos da iniciativa governamental.
 
Segundo:
- O governo parece que meteu no orçamento uma norma qualquer destinada a derrogar o que tinha legislado;
- O procurador Geral da República disse à rádio e à televisão que, afinal, as cobras eram taínhas e os lagartos lagartixas;
- O ilustre presidente de um sindicato de magistrados vem dizer que a sua organização vai aderir à greve da função pública, já que “tudo o que se passa com eles nos afecta”;
- Um ex-juiz do Tribunal Constitucional vai vai dar uma conferência de imprensa lado a lado com os tipos da Intersindical.
 
Afinal, pergunta o estúpido cidadão:
- Os magistrados são funcionários públicos ou não são funcionários públicos? Ou é à la carte, isto é, quando lhes convém, são (caso da greve), quando não lhes convém, não são (caso da carreira)?
- Qual é a posição do senhor PGR? A que a revista publicou ou a que disse à rádio e à televisão? São lagartos ou lagartixas?
- O que é isso da independência dos magistrados? É a que lhes é conferida pela irresponsabilidade do acto de julgar, ou pela auto-gestão?
- Quem cumpre a Constituição? O governo (quando diz que é preto), o governo (quando diz que é branco), a CGTP, o PGR? Quem? O que diz, afinal, a Constituição? Quer dizer o que diz, ou quer dizer outra coisa? O quê?
 
E é assim que o cidadão, estupidamente, acha que há altas classes, neste país, que perderam definitivamente o bom senso, que se não dão ao respeito, que são iguais aos demais e que, com isso, defraudam as pessoas que ainda insistem em ter nelas alguma réstea de confiança.
 
António Borges de Carvalho

LIMOSA LIMOSA LIMOSA

Ontem, a SIC dedicou largos tempos de antena a uns senhores que vieram pôr em causa a construção do aeroporto em Alcochete por causa de uma avezinha, de seu nome Limosa Limosa Limosa. Não, ao contrário do que se possa pensar, os ilustres ornitólogos não dizem que os aviões fazem mal às ditas, mas que as ditas podem fazer mal aos aviões. Portanto, embora confessem nem sequer ter a certeza de que os bichos por lá passam, opinam que não se deverá construir o aeroporto em tal sítio, por estar perto do estuário do Tejo.
Esquecem-se, é claro, de dizer que o aeroporto da Portela está muito mais perto do estuário e, portanto, da Limosa Limosa Limosa, do que Alcochete, sem que jamais a Limosa Limosa Limosa tenha perturbado a navegação aérea, ou esta incomodado a Limosa Limosa Limosa.
Qual o interesse da SIC em prestar este serviço ao senhor Lino? É a pergunta que se pode pôr e que o Irritado recomenda.
 
António Borges de Carvalho
Em tempo:
Afinal, há mais jornais a falar deste ingente problema, pelo que o Irritado retira quaisquer sugeridas suspeições que tenha levantado sobre os interesses da SIC. Verifica, outrossim, que a Limosa Limosa Limosa é um problema nacional da maior importância.  

PARA QUE SERVE A CPLP

O senhor Bush, por certo vítima de algum assessor castelhano, veio provocar os falantes de português com a súbita quão estúpida afirmação da inutilidade da aprendizagem da nossa língua nas escolas americanas.
É conhecida a ignorância crassa dos americanos em geral sobre questões linguísticas, geográficas e históricas. É, pois, natural que um texano mais ou menos primário como o senhor Bush afine por esse diapasão.
O que não tem nada de natural é que os atingidos não reajam. O nosso belo governo, com certeza entretido a preparar a visita do camarada Chávez, não deu por nada. Se houvesse alguma dignidade nesta terra era caso para chamar o embaixador às Necessidades. Ou não?
E a CPLP? Para que serve, afinal, a CPLP? Não há um secretário geral dessa coisa que devesse reagir? Se calhar, há. Se calhar, até é bem pago. Pago para se repoltrear nalgum palácio, não para reagir.
 
António Borges de Carvalho

NUMEROLOGIA SOCRÉLFIA

Sua excelência o primeiro-ministro manifestou o seu contentamento pelos números, há dias divulgados, do desemprego. Foi tal a trapalhada que arranjou para justificar o seu regozijo, que o Irritado não é capaz de a reproduzir sem pôr em risco a própria saúde mental.
Já toda a gente sabe que a promessa dos cento e cinquenta mil novos empregos era pura fantasia, eufemismo que, caridosamente, se pode usar para encobrir a demagogia e o populismo. Só não se percebe porque é que o Dr. Santana Lopes, que não prometeu nada disso, há-de ser populista, e o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), que tal e tão aldrabófona promessa andou a fazer, para além de muitas outras do mesmo jaez, continua, nas bocas da “informação”, a não o ser. Mas isto é um detalhe sem importância. Sabe-se do que a casa gasta.
Vem agora a lume que, desde a tomada de posse deste governo, só em empregos qualificados, já se perdeu 167.000, e que a percentagem de empregos não qualificados, em relação ao total, subiu, no mesmo período, 3%.
Para o senhor Pinto de Sousa, estes números constituirão mais um motivo de alegria e de orgulho do dever cumprido. Vai ser vê-lo, a dar a volta ao texto, a pôr tudo de pernas para o ar, e a gabar-se do feito.
Nós perguntamo-nos para que serve o choque tecnológico, os contratos com o Gates, as parangonas do MIT, os computadores para o povo, etc. Convenhamos que, em si, não são coisas más. O que é mau em si é que o senhor Pinto de Sousa ainda não tenha percebido que não é a aumentar impostos que se relança a economia, que o aumento do desemprego pode não ser tão gravoso como isso se significar, como significou em Espanha, uma mudança qualitativa dos meios de produção, e que não há, no mundo, sociedade ou economia que reaja positivamente quando a causticam com impostos, ameaças e constrangimentos.
Mais grave do que isto, meus caros, é que o senhor Pinto de Sousa (na ilustre companhia do Dr. Sampaio) tenha defendido estas ideias quando se tratava de pôr em causa as políticas de contenção orçamental dos governos anteriores, defendendo agora exactamente o contrário.
Vale tudo, neste pobre país de cegos e de parolos.
 
Uma perguntinha final: como é possível que o líder da oposição, o qual, pela ordem natural das coisas, era suposto opor-se, vem dar uma ajudinha dizendo que baixar impostos, nem pensar?
 
António Borges de Carvalho
Notinha de rodapé
Então não é que o ilustrérrimo ministro das finanças que temos foi classificado pelo Finantial Times com o segundo pior da zona euro? Injustíssima coisa! Estes tipos devem andar a dormir. Hi, hi, hi!

AMIGALHAÇOS

 
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates), com a indispensável pompa, receberá o camarada Chávez no seu palácio. Os amigos são para as ocasiões. Em notável manifestação de solidariedade ibérica, Pinto de Sousa (Sócrates) aproveita a oportunidade da baixa nas relações da Espanha, entalada entre a dignidade nacional e os interesses do socialismo, para mais uma manifestação de solidariedade e apoio ao ditador comunista da Venezuela.
A imprensa socrélfia vai dizendo que se trata de um líder democraticamente eleito e referendado, por conseguinte merecedor dos mais altos encómios. Não se lembra a imprensa socrélfia, nem o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), nem o senhor Soares (Mário), nem o secretário Braga (emérito chavista) de que o caridoso Adolfo Hitler também foi eleito democraticamente, também andou a distribuir dinheiros pelos seus súbditos, também tinha, do seu país, a ideia de liderar o continente, também, também, também. Não se lembra a imprensa socrélfia de que a essência do poder democrático jaz nos limites desse poder.
É evidente, para quem tenha recebido algumas lições da História, que a história é sempre a mesma. Demagogia, populismo, distribuição de benesses, até à inviabilidade final, seguida da mais horrível ditadura, da invenção do inimigo externo para justificar o falhanço interno, às vezes com a acrescida desgraça do indefinido prolongamento do poder tirânico.
Haverá sempre quem apoie esta gente, por interesse, por cobardia, por estupidez. Desta vez, a desculpa são os portugueses que por lá vivem, carne para canhão a disfarçar os negócios que o senhor Soares (Mário) vem apadrinhando, como se não fosse evidente que, na hora da verdade, quando se acabar o dinheiro para deitar à rua, o senhor Chávez mandará os parceiros às urtigas e se vingará nos tais portugueses, infelizes vítimas das amizades do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) e dos seus amigos.
Bem faz o Doutor Cavaco em manter-se à distância.
Lado a lado com o senhor Pinto de Sousa, o PC prepara-se para enviar as suas tropas para a rua, para, em demonstração do mais pletórico entusiasmo, receber o fulano com honras populares. Admita-se o entusiasmo pêcêpista. Poucos, como o Chávez, andam para aí a prometer o socialismo. E, de quem até gosta do doce patrão da Coreia do Norte, que outra coisa seria de esperar? Está bem acompanhado o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) e os seus amigos.
Só não se percebe como é que ainda há por aí quem diga que o homem faz política ao centro, e ainda viva na doce ilusão de pensar que o socrapifiosismo não é um merdosíssimo ramo do socialismo esquerdóide.
 
 
António Borges de Carvalho

PROGNÓSTICOS

Sempre, sempre ao lado do senhor Pinto de Sousa, o jornal Sol(crates), em magnífico editorial, vem prognosticar a vitória do dito em 2009. Desta vez, não se trata de elevar sua excelência aos píncaros da glória, mas de doutamente considerar que, por determinismo histórico, sua excelência será eleito, com reforçada maioria absoluta.
Isto é, o excelso director do socrífio semanário vem dizer aos portugueses que não vale a pena pensar mais no assunto. Não vale a pena criticar, protestar, discordar. O homem será reeleito e reforçado, quer se queira quer não. O melhor, pois, é estar quietinho, deixar o homem trabalhar, em vez de andar para aí a dizer coisas.
É difícil, para uma mente sadia, imaginar o que se passará na cabeça do director do Sol(crates). Se calhar, chegou à conclusão de que já é tão difícil defender o homem, que o melhor é dizer às pessoas que deixem cair os braços, já que é a história quem irá comandar a cruzinha de cada um no boletim de voto.
Onde pode chegar a cegueira, é coisa que só vista.
 
António Borges de Carvalho

PONHA-SE A PAU!

 
Segundo fotocópia de uma cartinha registada das finanças que me mandaram de Estarreja, trinta dias depois de findar o prazo para pagamento do IRS, exactamente trinta dias depois, o Estado manda ao contribuinte um aviso.
Engana-se, se pensa que se trata de uma insistência para que pague o que foi determinado que pagasse. Erra, se pensa que se trata de informar do valor dos juros vencidos (12% ao ano!!!), ou de quanto pagará se pagar até ao dia tal.
Nada disso. As finanças escrevem a dizer que foi, ao horrível prevaricador, instaurado um processo de execução fiscal, e que tem trinta dias para pagar. Passado este prazo, ou presta garantias ou ser-lhe-ão penhorados bens ou direitos existentes no seu património. Além disso, o mais provável é que o nome do repugnante destinatário do registo venha a ser incluído na lista pública de devedores.
O abominável díscolo terá ainda que pagar as custas do processo, coisa que, no caso do papel que tenho à minha frente, ronda os cinquenta euros. É quanto vale, para o estado socrélfio, a emissão automática de uma carta por um computador!
Portanto, se V.Exª estava à espera do subsídio de Natal para poder pagar o que lhe é exigido, como acontece com milhares e milhares de desgraçados, desiluda-se. Quando o receber, já lhe devem ter saltado em cima do serviço de chá, das arrecadas da cara-metade, ou da serigrafia do Cargaleiro.
 
Agora, pense no que sucederia se o estado socrélfio lhe devesse alguma coisa, e veja o que é a Justiça nas mãos deste gente.
 
António Borges de Carvalho

"SELF RESPECT"

 
 
Não sei que raio de catraca terá o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) arranjado para pôr os magistrados em polvorosa. O que sei é que apanhei com uma data de representantes sindicais da ilustre e douta classe a chatear o teleespectador com as suas queixas: que vão incluí-los na função pública, que vão pagar-lhes pela mesma caixa que paga aos funcionários, que está em causa a independência das magistraturas, que os julgamentos passarão a ser feitos em função dos interesses do patrão, e patati e patatá.
 
Pergunta o infeliz, ignaro e burro cidadão:
- Então, se não for o Estado a pagar aos magistrados, quem há-de ser?
- Se é, que diferença faz que pague por aqui ou por ali?
- Então a independência dos magistrados não se consubstancia na irresponsabilidade do acto de julgar?
- Se sim, ter-se-ão os magistrados em tão fraca consideração que se consideram, fatalmente, capazes de julgar em função dos interesse de quem lhes paga?
- Então, para ser independentes, acham os magistrados que deviam ser os próprios a pagar-se, ou a determinar quanto, como, e quando são pagos?
- Se sim, o dono do dinheiro (o infeliz, ignaro e burro cidadão) não tem nada a ver com o assunto, através dos seus legítimos representantes?
 
O drama, neste tipo de histórias, é que os magistrados, quando toca aos seus interesses, são exactamente iguais aos metalúrgicos, aos ferroviários e às empregadas da limpeza.
Terá o infeliz, ignaro e burro cidadão perdido (também) o direito de se achar com direito a esperar da nobre e poderosa classe mais um bocadinho de self respect?
Tudo indica que não.
 
António Borges de Carvalho

PERSEGUIÇÕES

 
Em Portugal, o dictat americano “no smoking” tem a tradução “não fumadores”.
 
Transforma-se uma norma que proíbe a prática de um acto num local determinado na proibição da entrada de certas pessoas em tal sítio. Lapidar! Quando um fumador entra no metropolitano, é informado por escrito que não lhe é permitido entrar: pois se o metropolitano é para “não fumadores”, o que está lá a fazer um membro de tal e tão horrível classe? O que lhe é proibido não é fumar, mas entrar, estar, existir.
Não, não se trata de uma questão semântica, trata-se de um tipo de mentalidade, da mesma que publica nos jornais os rendimentos das pessoas, da mesma que põe a quebra do sigilo bancário nas mãos dos escriturários das finanças. A mentalidade “moderna”, “ocidental”, “democrática”, que resolveu apoderar-se do céu e do inferno, e impor a cada um os mandamentos de um putativo caminho para a “saúde”, o “fitness”, a “magreza” e quejandas coisas, sem o cumprimento dos quais o cidadão, “legitimamente”, é privado das suas pequenas liberdades e se transforma num ser repugnante, indigno e anti-social.
Pulido Valente lembrava, aqui há dias, que Hitler não fumava, nem bebia. Cunhal também não, registe-se.
Churchil, esse, fumava e bebia, e muito.
Quem quiser, escolha.
 
António Borges de Carvalho

SARKÔ

Antes das presidenciais francesas, o Irritado pensou, e escreveu, que, do ponto de vista do que mais nos interessa (a política externa), “Sêgô” ou “Sarkô” eram uma e a mesma coisa. A política externa francesa, com a esquerda ou com a direita, não mudaria um milímetro.
Há muitos anos que o nariz arrebitado do general De Gaulle fazia escola e chateava meio mundo, apesar das mudanças internas que se iam sucedendo.
Parece, porém, que o Irritado se enganou. Dá a mão à palmatória.
Sakozy, goste-se ou não do que anda a fazer, tem a desfaçatez da juventude e a coragem das convicções. A França parece ter percebido, com ele, onde estão os seus interesses, os seus objectivos, as suas convicções de base, quem são os amigos e quem são os inimigos de todos nós.
O futuro dirá se Sarkozy é sincero. De momento, parece que as coisas estão no bom caminho. E que, eleito um novo Presidente nos EUA, poderemos voltar a ter esperança num Ocidente que se reconheça de novo e que saiba “empurrar” o mundo para melhores dias.
 
António Borges de Carvalho

FIDELIDADES

 
Pacheco Pereira é um intelectual digno de respeito.
Mas é, também, um político. Um político filiado num partido. Não tem aspirações à liderança. Não chefia uma “tendência”. Não faz parte de nenhma estrutura partidária. Não se candidatou, nem diz querer candidatar-se seja ao que for. Estará no seu direito.
Daí a fazer, desde há vários anos, sistematicamente, oposição ao seu próprio partido, vai uma enorme distância. Se a filiação partidária não significa, nem deve significar, castração intelectual ou puro seguidismo, não deve, outrossim, consubstanciar-se em permanente quão virulenta crítica àqueles de quem se diz ser companheiro. A devastação causada no PSD por vários dos seus próprios membros – à cabeça de todos, politicamente, Cavaco Silva, e, intelectualmente, Pacheco Pereira – é, de um ponto de vista ético e democrático, pelo menos condenável.
Cavaco já teve o almejado prémio. Quase fez o pleno do bloco central: é Presidente da República.
Não se sabe o que Pacheco Pereira pretende como prémio, se Raquel, se Lia, se só servir Labão, seja ele quem for. O que se sabe é que quem quer ser tão independentemente crítico não deve ser parceiro de quem passa a vida a demolir. Se quer ser parceiro, então devia ter a prudência necessária para utilizar a força dos seus argumentos em sede outra que não a praça pública. Pelo menos por sistema.
Um problema de consciência que deixo à consciência do visado.
 
António Borges de Carvalho

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