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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

PARALISIAS

Anteontem, naquele chatíssimo programa da dona Maria Elisa, uma menina, dita arquitecta, queixava-se de já ter sido por duas vezes corrida do emprego por estar a recibos verdes. Pois é. A rapariga tem razão. Nem subsídio de desemprego, nem segurança social, nem abono de maternidade, nem nenhuma das vantagens do Estado “social”. Não será tudo verdade, isto é, se pagava as suas contribuições como é devido pelos passadores de recibos verdes, tinha várias destas regalias asseguradas. O que não lhe tira, na base, a razão. Ficou desempregada, sem indemnização nem subsídio. Coitada.
O problema não é que ela se queixe, é que faça, dos seus males, diagnóstico tão habitual quanto burro, apesar dos aplausos da dona Elisa e da sua malta: os recibos verdes e os contratos a termo são um malefício do patronato, da “direita”, de um sistema “neo-liberal”, é indispensável acabar com a “precaridade”, (neologismo bacoco!), dar às pessoas “estabilidade de emprego”, ir para a rua gritar atrás do Silva, do Louça e do Jerónimo, etc.
Nem o diagnóstico é verdadeiro nem os alegados remédios curam seja o que for.  
 
O que se passa com o emprego é, mutatis mutandis, o mesmo que se passa com o arrendamento.
A estupidez, o obscurantismo, a ignorância acerca do mundo em que se vive e trabalha, a prepotência do Estado, a burrice pseudo social, dividem os portugueses em duas classes: a dos que pagam rendas antigas parasitando terceiros (classe A), e a dos que querem uma casa para alugar em condições suportáveis, e não encontram (classe B). Não havendo mercado de arrendamento, as pessoas são empurradas para o de compra, com fatais consequências, das quais o aperto financeiro nem sequer é a mais grave, em termos de futuro: a paralisia social é bem pior.
No emprego, as coisas são da mesma natureza: há a classe A, que tem emprego fixo para toda a vida, regalias sociais e direito a actualizações anuais de salário, quer trabalhe quer não. E há a classe B, de que faz parte a dita arquitecta. Uns, não precisam de fazer qualquer esforço de especial para ir governando a vidinha e gozar das regalias do Estado. Outros, por mais esforços que façam, andam à nora, vivem mal, e não têm acesso às prestações sociais ao alcance dos da classe A.
Ao mesmo tempo que brama com a necessidade de evitar a “precaridade”, o Estado socrélfio promove o alargamento da classe B e é o primeiro empregador a termo e a recibo verde. Os Bês saem mais baratos que os Ás. Voilá.
Na actividade privada, os paralisantes imperativos do estado “social” levam a consequências similares. A esquerda, os sindicatos, os louças, os jerónimos, os silvas, vão metendo na cabeça das pessoas, como se de um direito se tratasse, que a sociedade (o que quer que ela seja) tem a irrecusável obrigação de garantir emprego e regalias sociais a todos, como se fosse possível fazer omeletes sem ovos.
 
É nesta floresta de enganos que vive a dita arquitecta e seus semelhantes. Não percebem que a estabilidade de emprego é fruto da competência, da produtividade, da honestidade, do não oportunismo, da boa relação humana, do êxito empresarial. Não da Constituição, da lei ou dos ditames da social bem-pensância. Nem que o emprego é, por sua própria natureza, ou precário ou falso. É para obviar às consequências negativas e injustas desta substancialidade humana e social que o Estado existe. Ou seja, que o Estado devia existir.
 
O socialismo, letalmente incrustado nas veias das pessoas e agarrado à cabeça dos políticos, tem por base uma sociedade que não existe nem nunca existiu ou existirá, actua sobre dados imaginários e legisla na base de um wishful thinking completamente falso, talvez fruto racional de erróneas premissas, talvez pura fabricação da “correcção” dos tempos.
 
AntónioBorges de Carvalho

O DEBUTE

Dona Manuela debutou.
Nos salões, nos dourados corredores, pelas solenes escadarias, nos jardins, nos pátios, nas ruas, o povo amontoou-se para a ver e aplaudir.
Sorridentes, barões e foliões, tecnocratas e gerontocratas, gestores e assessores, autarcas e administradores, senhoras e senhores, até meninos, sérios e rabinos (decoração para a televisão) e, mais na sombra, meninas, atinadas e ladinas, aparatchicks todos chiques, tudo minha gente, vamos para a frente, olé, olé, olaré, olaré.
Dona Manuela mal disfarçava a emoção. Nos olhos, uma ligeira névoa traía as profundas inquietações que trazia na alma. E disse. Disse que. Nas suas palavras o vazio do momento, vazio que só a sua pessoa poderá preencher, não se sabe – ainda – com quê, mas certamente com algo que as malhas do orçamento moldaram e a inteligência a seu tempo ditará.
Esperança? Pouca. Os circunstantes, na circunstância, circunstanciavam dúvidas. Tapavam-nas com o entusiástico entusiasmo da entusiasmante e circunstancial circunstância.
 
Todos sabem que dona Manuela fará política estatista, como fez o seu guru, depois de ser levado aos píncaros pelos que queriam o contrário. Em relação ao senhor Pinto de Sousa, trará algo de precioso: a honestidade, coisa que ao homem escasseia. De resto, tudo ficará mais ou menos na mesma. O orçamento continuará a ser o nosso guia, o nosso big brother, a nossa má sorte. Os professores continuarão a não ensinar, os juízes a não julgar, os procuradores a não procurar, os funcionários a não funcionar, a produtividade a não produtivar. Dona Manuela herdará as muitas centenas de milhões de compromissos do Estado, fruto das parcerias que a fúria desorçamentadora do socrelfismo criou e que não deixaremos de ter que pagar. Os “empresários” continuarão pendurados ao governo, o pagode ignaro continuará dominado pelo Jerónimo e pelo Louça, apesar de toda a gente já saber que um país onde doze por cento dos eleitores votam nessa gente é um país que jamais sairá da cepa torta.
 
Shortly, não é com social-democracia que se cura as feridas que o socialismo abriu, abre e continuará a abrir.
O que faz um homem como o senhor Borges no meio disto não é difícil de prever. Se houver um governo “manuélico”, acontecer-lhe-á, pelo menos, o mesmo que àquele tipo cujo nome já esqueci e que foi o ministro das finanças do socretinismo antes do senhor Santos.
 
É indiscutível que o consulado do guru da dona Manuela foi o período de “ouro” do regime. Mas, enquanto os espanhóis, até os socialistas, na mesma época, perceberam o que se estava a passar, o guru achou que o melhor era não mexer muito nas estruturas e “dominar as artes” na economia. Resultado: os espanhóis descolaram e nós, num instante, voltámos à cepa torta. Veio o senhor Guterres e, com a melhor das intenções, atirou-se de cabeça para o pântano. Antes de dar à sola, gastou o que tinha e o que não tinha. Veio a dona Manuela e concluiu que outra coisa não havia a fazer senão conter o défice. Verdade seja que o conseguiu, ainda que acossada pelos gritos histéricos do Pinto de Sousa e dessa desgraça em figura humana que se chama Sampaio. Veio o Bagão Félix e continuou, embora tendo aberto janelas por onde o ar e o sol não chegaram a ter tempo de entrar. Coroado, o Pinto de Sousa deitou galhardamente para o lixo os dados - meras “bocas”! - do Eurostat, encomendou um défice putativo ao camarada Constâncio, e passou a lavar o cérebro ao monte de idiotas que são os cidadãos, convencendo-os, depois de os massacrar com uma política fiscal que faria inveja ao Salazar dos anos trinta, de que tinha conseguido o extraordinário feito de diminuir o que começou por brutalmente aumentar.
Tudo receitas que o socialismo inventou, a inteligência desconhece, a razão abomina e o povo vai “comendo”.
 
Nestes aspectos, dona Manuela pouco fará para melhorar as coisas. Gerirá o socialismo com argúcia, autoridade, honestidade e frontalidade. Mais do que isso não lhe será dado, nem quererá fazer.
 
Ou seja, tudo ficará mais ou menos na mesma.
 
António Borges de Carvalho

UM FUTURO RISONHO

Não sei se se lembram de que o Irritado, quando o dr. Meneses ganhou as eleições ao dr. Mendes, disse que o PSD tinha substituído um suicida por um parvo.
O homem foi-se embora, e muito bem. Tinha um jeito para a política tipo elefante aos saltos em cima da manteiga, convencido que não deixava rasto.
O problema é que, como se vê agora, o fulano é muito pior que parvo. Anda para aí a fazer o que pode para arrumar com a única pessoa que, dando o litro por ele, fez alguma coisa de jeito pelo partido nos últimos meses: o dr. Santana Lopes, pois então. Supriu-lhe as insuficiências parlamentares, aguentou que nem um touro as intervenções, asnáticas ou contraditórias, que ia debitando. Agora, quando toda a gente pensava que o clínico iria, sossegada e modestamente, tratar dos seus munícipes, eis que manda o fi-fi dar apoio ao Coelho e se prepara para fazer o mesmo. Tanta estupidez e tanta deslealdade juntas é demais.
Ou acontece algum inesperado milagre, ou teremos, com a dona Manuela – estimável, inteligente, mas nhurra - via cavaquismo recauchutado, mais uma mortífera dose de social-democracia.
 
António Borges de Carvalho

SANGUE ESTRAGADO

 
Francisco de Sousa Tavares foi um homem polémico. Senhor de invejável cultura, impunha-se pela palavra, tão fluente quão profunda, e pela escrita, prosa bem informada, sempre entusiástica, quase sempre elegante.
Aprendi com ele muito do que, ainda hoje, subjaz ao que penso e digo.
Zangámo-nos e des-zangámo-nos muitas vezes. Era sempre o entusiasmo da opinião assumida com exagerado vigor o que nos afastava e voltava a juntar.
Tinha uma forma muito própria de se exprimir, com laivos ou de genialidade ou de loucura. Talvez por isso, toda a gente o conhecia por Tareco, umas vezes com desdém, outras com carinho. Assumia causas, por vezes sem razão, mas sempre com a mesma fibra, o mesmo entusiasmo , a mesma sinceridade. Defendia-as com pés e cabeça, informação, fundamento, preocupação intelectual.
Dele me ficou a herança dos princípios e a lição da vida.
 
Quando um pobre jovem de 16 anos, que me era querido, acabadinho de entrar para a faculdade, se enredou nas malhas da extrema esquerda e foi encarcerado pela PIDE, dos advogados “especializados” que, aflito, contactei (não me esqueço de nenhum – toda a gente os conhece, mas não refiro os seus nomes para não sujar este texto), foi o Tareco o único que indagou, requereu, barafustou, e até se pôs à porta de Caxias, aos gritos, que estava lá um menor, que era uma vergonha, arriscando-se por ele muito mais do que lhe poderia ser pedido. O jovem acabou por se suicidar, vinte anos depois. Votava CDS, era professor universitário, mas jamais recuperou dos traumas que três meses em Caxias lhe causaram. Saiu de lá com perturbações de que jamais se libertou. Saiu, diga-se, porque alguém meteu uma cunha a um grandalhão da PIDE, o qual toda a vida afirmou que a polícia política jamais prendera um miúdo de 16 anos. Nem a “honra” de uma “boa” ficha lhe outorgaram!
De pouco terá servido o trabalho do Francisco de Sousa Tavares, mas o gesto ficou para sempre na minha memória, como sinal de nobreza e de coragem.
 
Era o Francisco casado com uma das mais distintas artistas do nosso tempo. Tudo o que possa dizer de Sofia de Mello Breyner será demenos, ou demais.
 
Da junção do sangue destes dois ilustres portugueses nasceram muitos filhos. Mas a Natureza tem rebuscadas maneiras de se manifestar. Um desses filhos, talvez a querer imitar o Pai, o que, mesmo sem que com ele haja comparação, só lhe fica bem, é o story teller Miguel, do mesmo nome. Um homem mais de prosápia que de prosa. Um monumento de petulância, de convencimento, de sobranceria. Um fulano que se vê ao espelho e se acha o melhor do mundo. Um tipo que comete os mais incríveis erros – o que, em ficção até pode não ser mau – e que desafia quem sabe a demonstrar que errou, isto para que as almas simples o considerem. E consideram.
 
O motivo próximo destas linhas é o artigo do tal Miguel que o “Expresso” desta semana publica com as habituais parangonas. “Factos” completamente falsos, ignomínias inqualificáveis, zarolhismo militante, tudo sem outra justificação que não seja o ódio puro, rebuscado, a malvadez, a demolição pela demolição. Abaixo do mais baixo dos cães.
 
A Natureza tem destas coisas. Do cruzamento de dois sangues tão insignes sai uma coisa destas!
 
António Borges de Carvalho

REFORMAS O CARAÇAS!

 
Com a habitual propaganda, foi apresentado pelo governo aos chamados parceiros sociais o seu ingente trabalho sobre as leis do dito.
 
A luta socialista contra o povo e a contra a economia continua.
 
Em vez de reconhecer os problemas que existem – desemprego, salários baixos, falta de produtividade, etc. –, em vez de perceber que a chamada precaridade, ou seja, a mobilidade, a responsabilidade, a liberdade, a competência, o trabalho, a carreira, a vida, é indispensável ao funcionamento da economia e base dos mercados de trabalho mais dinâmicos, justos e progressivos (sistemas social-democratas incluídos), em vez de perceber que a proliferação dos contratos a prazo e dos recibos verdes “falsos” – “mercado” em que o próprio Estado é o principal patrão! – outra coisa não é senão o resultado de uma realidade social e económica (a precaridade) que existe quer o Estado e o senhor (Doutor!) Silva a reconheçam ou não, a queiram ou não, e que, em si, não é um mal (até pode ser um bem), vai o governo, dizia, gloriosamente, “simplificar” os “modelos processuais – leia-se a burocracia – dos despedimentos com justa causa, que continuam a ser determinados judicialmente, sem mexer uma palha, nem no conceito nem no paralisante congelamento do mercado, causa primeira do desemprego, dos salários baixos e da falta de produtividade.
Em vez de legislar acerca das compensações mínimas em caso de despedimento por “inadaptação” – o que quer que isso queira dizer – quando não haja acordo, não senhor, o governo legisla no sentido de o empregador ter que “provar que há quebras de produtividade” e que “oferecer alternativas de formação e ocupação”. Tudo a ser provado em tribunal. E se o tribunal levar mais de um ano a decidir, o que acontecerá em 99% dos casos, então o povo (o Estado) paga os salários, ficando o desempregado “empregado”, a ganhar um salário a que trabalho algum corresponde.
Tudo isto, e muito mais do que é público quanto à “reforma” das leis do trabalho, significa que tudo vai ficar na mesma, se não pior. A “luta” pela estabilidade de emprego vai, como toda a gente sabe, criar mais desemprego e mais precaridade. E mais contratos a termo certo, mais recibos verdes, mais impostos – desta vez, nada de contas, que o estado vai “presumir” o que cada um ganha, o que cada um gasta para poder ganhar e o que cada um arrecada através do trabalho!
 
O socretinismo já fingiu que reformava o arrendamento, já fingiu que reformava a educação, já fingiu que reformava a justiça, já criou pelo menos uma dúzia de “autoridades” e “entidades” para tomar conta disto. Ocupa agora páginas e páginas de jornais e horas e horas de televisão e rádio a dizer que vai “reformar” as leis do trabalho.
 
Reformas, o caraças!
 
A mais necessária de todas as reformas seria a que mandasse para o desemprego a aldrabice e a propaganda, ou seja, o senhor Pinto de Sousa e os seus amigos.
 
António Borges de Carvalho

CARTA ABERTA AO PRSIDENTE CAPUCHO

 
Senhor Presidente
 
É Vossa Excelência um autarca exemplar, probo, sério, interessado, experiente, capaz. É, além disto, o Presidente da melhor autarquia do país, em termos de qualidade de vida.
Razões pelas quais me atrevo a expor-lhe o meu descontentamento, melhor dizendo, a minha indignação e a minha revolta pelo que passo a expor:
 
Desde há uns anos, havia, dentro de Cascais, no começo da estrada que leva à Malveira da Serra, junto à primeira rotunda, a estrutura de um hediondo mamarracho, cujas obras estavam paradas. Pensou a minha inocência, como é lógico e se impõe a qualquer pessoa minimamente atenta, que tais obras tinham sido paradas por intervenção camarária, dada a violência do atentado que as mesmeas representavam em termos estéticos, ambientais, de mobilidade e de mero bom gosto.
Neste Sábado, dou com tais obras em re-andamento. Estão identificadas por um cartaz do ministério do senhor Pereira, em que se declara tratar-se de “acabamentos” de um edifício destinado à PSP de Cascais, com acordo e o aval da respectiva Câmara.
 
Senhor Presidente
 
A inenarrável porcaria a que me refiro, de monstruosa arquitectura, intolerável chaga urbanística, encontra-se a cinquenta centímetros da via pública, mais não permitindo para circulação de peões, e obstando a estacionamento de qualquer ordem. Horrível poliedro rectangular, sem qualquer sombra de sentido ou sentimento estético, em contradição e agressão a tudo o que a cerca. Ofende Cascais, ofende a sua obra, senhor Presidente, ofende os mais elementares princípios do urbanismo, ofende a própria essência do que Cascais é e representa.
 
Por isso lhe peço, senhor Presidente, que exerça os poderes que tem para parar, com a maior urgência, o atentado que o governo do senhor Pinto de Sousa está a fazer à sua autarquia. Mais que não seja para que não fique, na história de Cascais, que foi sob a presidência de António Capucho que se cometeu tal crtime.
 
Já basta, ou já sobra, para vergonha de todos nós, o que se está a fazer no lote do Estoril Sol.
 
Com os melhores cumprimentos
 
António Borges de Carvalho
 
 

MEDIDAS PARA PROTEGER O POVO

A fim de não seguir o exemplo dos Estados Unidos, e possuído de extremosos sentimentos em relação aos portugueses mais tesos, o senhor Santos resolveu prolongar o prazo de pagamentos dos empréstimos devidos por compra de casa por mais uns vinte anitos. Cinquenta, ao todo. Se coisa correr mal, não tarda passe para os cem.
Grande medida!
Se você comprar um andarzeco aos trinta anos, acabará de o pagar aos oitenta! O mais provável é que venham a ser os seus herdeiros a ficar com um andar todo podre, que não lhes interessa nada, cheio de prestações para pagar. Os seus herdeiros, como você, sua besta, vão ficar ali, amarradinhos à casota, a pagar e a não bufar, estrangulados pela tesura a que a estabilidade de emprego os condenou. Viva o Pinto de Sousa!
 
Consta que o senhor Salgueiro, mui sábio presidente da associação de bancos, vai dar um banquete comemorativo, precedido de um Te Deum de acção de graças. Vai ser um fartar vilanagem, em juros e alcavalas.
 
Resumindo: o senhor Santos, em vez de pegar no NRAU que os seus camaradas inventaram e de o deitar para o lixo, em vez de relançar, mediante actualizações rápidas e automáticas, o mercado de arrendamento, em vez de criar linhas de crédito para a recuperação dos prédios com cujas rendas o Estado se abotoou durante um século, resolve agravar a vida das pessoas, manter os yields abusivos – por defeito e por excesso - do mercado de aluguer, continuar no inacreditável absurdo em que vegetamos e que nem no quinto mundo, nem nos manicómios, nem na mais primitiva sanzala existe.
 
Alternativas para as pessoas, nem pensar, que isto do socialismo tem que se lhe diga.
Depois, venham cá dizer que o senhor Pinto de Sousa governa à direita. O tanas. Governa à esquerda, e à mais estúpida das esquerdas.
 
António Borges de Carvalho

UMA PROFISSIONAL EMBLEMÁTICA

Ontem, caso raro, passei pelo concurso da RTP. Com tanto azar que bati logo, sabem em quê? Numa professora. Sabem de quê? De português. A fulana, toda pespineta, rebolava-se em piadas e dichotes.
O pior foi quando lhe perguntaram o que queria dizer “tartamudear”. A rapariga entupiu. A pergunta era por demais difícil, rebuscada, traiçoeira. Ajeitou os intelectualíssimos e profissionalíssimos óculos, pensou, pensou, e não foi lá. Decidiu eliminar duas das respostas que lhe eram propostas. Depois, ficou perante este terrível dilema: tartamudear quererá dizer gaguejar, ou fazer bifes tártaros? A mulher estrebuchou. Como boa professora de português, fez alguns brilhantes raciocínios sobre a etimologia das palavras, tendo chegado à conclusão que, segundo os seus profundos conhecimentos filológicos, fazer bifes tártaros deveria ser tartarizar, e não tartamudear. Mesmo assim, continuou hesitante. Só depois de o não-sei-quantos a aconselhar várias vezes a não gaguejar é que chegou à conclusão de que gaguejar seria a resposta certa. A medo, lá a escolheu. Toda a gente viu o alívio da “docente” quando lhe disseram que a resposta estava certa. Até ao último segundo, coitada, teve as suas fundadas dúvidas.
 
Ou muito me engano, ou a distinta criatura andou a protestar contra a “avaliação”. Deve ser daquelas que andam todas contentinhas por, depois do acordo entre o xarroco dos bigodes e a ministra que tínhamos, a coisa ter ficado em águas de bacalhau. Fez-se Justiça!
Por mim, apaguei a televisão, não fora ficar ainda mais esclarecido sobre a qualidade da classe “docente”.
 
António Borges de Carvalho

ADEUS Ó VAI-TE EMBORA! (POR FAVOR!)

O Meneses, finalmente, chegou à conclusão que não tinha estaleca para o cargo. O homem disse que queria novas eleições e que não ia entrar na corrida.
Logo a seguir, a menina da SIC (santa inocência!) repetiu o que o homem tinha dito: que queria novas eleições e que não ia entrar na corrida.
O senhor Crespo ficou à rasca e, para evitar equívocos, luminosamente, disse aos seus amigos, camarada Octávio Teixeira e companheiro Ângelo Correia, que a sua colega se tinha enganado e que o Meneses estava na corrida. Os tipos, que já não percebiam nada do que se estava a passar, caíram na esparrela e começaram a titubear alarvidades sobre a entrada do Meneses na corrida.
O Crespo desatou então a dizer que o problema do Meneses era o grupo parlamentar. Ao que o Correia respondeu com a verdade (alguém havia de dizer uma verdade, que diabo!): o Meseses não teve qualquer espécie de problema com o grupo parlamentar, o Santana portou-se sempre como um Senhor. Para o Crespo, porém, aculpa “tem que ser” do Santana. Até o camarada Teixeira ficou banzo com a insistência do homem.
 
Hoje, a distinta imprensa que temos perde mais espaço a congeminar se o Meneses quer sair para sair ou quer sair para voltar do que com outra coisa qualquer. Parece que, para a distinta imprensa, importante é que não haja solução, ou seja, que o Meneses, cheio de falta de jeito, volte o mais depressa possível. Até já andam a fabricar uma “vaga de fundo”.
 
Para os Crespos & Companhia, o mais importante é proteger o senhor Pinto de Sousa. Tudo o que possa perturbar a sua gloriosa caminhada para as eleições de 2009 é mal vindo. Se o PSD passar a ter um líder de jeito, é uma desgraça!
 
António Borges de Carvalho

PARA TRÁS É QUE É O CAMINHO!

Há dias, perante as bocas do FMI e do BP, dizia o governo que mantinha as suas autorizadíssimas previsões de crescimento económico.
É evidente que ninguém acreditou no que o governo disse. A economia é como a meteorologia: o melhor é perguntar aos americanos.
No caso, torna-se interessante verificar que, dos montes de fanfarronadas do governo, esta terá sido a de mais curta duração. Nem uma semana aguentou.
Lá veio o senhor Santos às arrecuas, com o rabinho entre as pernas (nova especialidade do governo) dizer que, afinal, não é… pois, isto está mau, não é, pois, enfim, talvez tirar mais um pontinho ao IVA para estimular o consumo… aaaannn… não é, pois, pá, porreiro, eu, pois… enfim… as eleições…
Vamos longe.
 
António Borges de Carvalho

UM BOM PRETEXTO

No Sábado, o semanário SOLcrates recebe nas suas páginas (várias), com rasgadas honras e monumentais parangonas, as bocas do mais antipático de todos os portugueses, ou seja, do semi-castelhano Saramiago. Das areias de Lanzarote, o homem despejará sobre nós os seus pesporrentíssimos ódios.
Um belo pretexto para poupar 2,5 euros.
 
ABC

PROBLEMAS DO MARXISMO-LENINISMO

O camarada Jerónimo anda desvairado. Então não é que o rapaz dos bigodes fez um acordo com a ministra sem ter sob controlo a generalidade das massas? Desde quando é que o proletariado faz acordos com a burguesia sem ter sob controlo a generalidade das massas? Desde quando é que as vanguardas cometem erros na avaliação das condições objectivas da luta de classes em cada momento histórico?
O camarada Jerónimo está a ler a “Doença infantil do comunismo” pela octogésima quinta vez. Ainda não conseguiu perceber nada. Se os sindicatos, sob a sua superior direcção, se deixaram ultrapassar por organizações lumpen, não será isso um grande passo atrás na marcha para os amanhãs que cantam?
A teoria, explicou-lhe em tempos o camarada Cunhal, está certa, sempre certa. Não é preciso perceber. Sendo assim, pensa o camarada Jerónimo, se alguma coisa falhou foi porque a direcção das massas não esteve à altura dos desafios do devir histórico! Como foi possível que a linha justa dos professores se tenha deixado ultrapassar por reaccionários que não aceitaram a vitória esmagadora dos sindicatos e se atrevem a pôr em causa o discurso de vitória que o comité central redigiu e o camarada Jerónimo ensaiou ao espelho e tão bem soletrou perante o povo?
É verdade que a ministra e o Pinto de Sousa ficaram completamente esbandalhados, deram o dito por não dito, meteram os pés pelas mãos, deram mais um ano de margem de manobra às massas, etc. É verdade que a esmagadora maioria das escolas aceitou o acordo do xarroco com a ministra. Mas também é verdade que isso de maiorias é uma fabricação da burguesia para enganar o proletariado. A maioria é o mais perigoso escolho na marcha triunfal para a vitória!
 
Andará nisto a mão do Meneses?
 
O Irritado solidariza-se com as inquietações e as hesitações teóricas e práticas do camarada Jerónimo. Que o São Carlos Mar(x)ques lhe acuda!
 
ABC

INCURSÃO FUTEBOLÍSTICA

O jogo SCP/SLB foi um espectáculo interessante. O Benfica jogou melhor na primeira parte, o Sporting dominou na segunda.
O problema é que o que vi com estes que a terra há-de comer, várias vezes repetido na televisão, faz pensar que o resultado foi algo estranho.
 
Vejamos:
- O Benfica meteu um golo em fora de jogo;
- O Sporting meteu dois;
- O golo do Benfica foi anulado;
- Os do Sporting foram validados;
- O guarda-redes do Sporting derrubou, com três toques “científicos” no pé, um jogador do Benfica que ia meter um golo;
- O prémio, ou o castigo, desta brilhante jogada foi um cartão amarelo para o avançado do Benfica;
- Em matéria de cartões amarelos, estamos conversados; a duplicidade, ou triplicidade de critérios foi mais que evidente.
 
Nesta ordem de ideias, se as regras do jogo tivessem sido respeitadas, ou os critérios malucos tivessem sido utilizados de igual forma, o resultado mais provável seria, ou um empate, ou a vitória do Benfica por 4-3.
 
Não sei se os árbitros são corruptos. Mas, se o não são, sofrem de visceral incompetência.
 
Sugestão do Irritado: já que se importa tanta coisa, porque não importar uns árbitros ingleses da terceira divisão, a fim de pôr alguma ordem nesta porcaria?
 
António Borges de Carvalho

JUSTIÇA CANINA

Aqui há uns tempos, o Irritado, que é burro, atreveu-se a reclamar contra os simpáticos cãezinhos, de raças bem identificadas, que se dedicam à nobre tarefa de morder o respeitável público.
À altura, um bichinho destes tinha comido uma velhota. Quando a GNR o caçou, já o pobre animal estava a palitar os dentinhos, junto ao cadáver da senhora. Nunca mais se ouviu falar no assunto. Não faço ideia do que se terá passado, mas presumo que a besta esteja a bom recato, junto à lareira, a roçagar nas pernas do dono que, comovidamente, lhe afaga o toutiço.
Esta presunção tem razão de ser. Ora vejam:
Há dois ou três dias, um inocente pittbul, quando o patrão abriu, por telecomando, o portão do jardim, atirou-se de rompante pela rua fora a fim de morder, diz-se, a bola com que uns rapazes jogavam. Com tanto azar, coitadinho, que, ao passar por um deles, lhe deu uma suave patada, o que, segundo os jornais, causou uns arranhões na pilinha e nos tomatinhos do estúpido indivíduo, que não tinha nada que andar para ali a jogar à bola.
Pois bem, o caso teve seguimento judicial. Que diabo, estamos num Estado de direito! E sabem qual foi o resultado? O animalzinho, coitadinho, está em prisão domiciliária! Quando, daqui a uns dias, o seu extremoso proprietário abrir o portão, quem sabe se o luluzinho não come outra velhota, tão estúpida como o rapaz, ou como a outra que, por passar a uma porta qualquer, se encontra muito sossegadinha a fazer tijolo com uns bocados a menos.
António Borges de Carvalho

OS MAIORES!

A senhora e o senhor McCann não formam um casal que suscite qualquer sombra de simpatia.
Se são, ou não, culpados da morte da filha, não faço a mais pequena ideia. Certo é que são especialistas em comunicação e em manipulação da opinião pública, que dispõem de importantíssimos meios financeiros, que utilizam profissionais de várias especialidades para comunicar as suas ideias, que dispõem de protecções a altíssimo nível, sabe-se lá porquê, que viajam em grande por toda a parte, que se permitem mandar os seus bitates a propósito ou a despropósito de tudo, etc.
Nada disto infunde sombra de confiança, antes implica o contrário. Qualquer observador desinteressado é levado a crer que se trata de oportunistas sem escrúpulos, sedentos de fama, de propaganda, de visibilidade, tudo à custa do desaparecimento da pobre criança sua filha e de financiadores que transformam o drama numa forma de enriquecimento não só indevido, mas imoral.
Por muito inocentes que estejam, é evidente o seu feroz empenho em desacreditar a Judiciária e o sistema de investigação português, os quais tiveram a “lata” de pôr as suas excelsas pessoas na lista dos principais suspeitos.
Agora, a senhora meteu água, e meteu água a sério. Veio confessar que a filhinha se queixava do abandono a que era votada pelos pais. No propósito de, à trouxe-mouxe, meter escolhos na investigação, vem acusar a Judiciária de revelar o que terá confessado no inquérito – o tal abandono.
A mulher afirma que disse isso no inquérito, e mais, que depois das queixas da filha “decidiu ficar mais atenta às crianças”. De tal maneira mais atenta ficou que, no dia da morte ou do rapto, as abandonou em casa para ir a uma jantarada com os amigos e recusou os serviços de baby sitting. É de presumir que, antes de ficar “mais atenta”, as abandonava todo o dia a chorar em casa, materializando-se as boas intenções através de um abandono mais suave: só à hora do jantar. Não restam dúvidas de que o famoso casal é culpado, mais que não seja de negligência parental. Não sei se é crime, mas, se não é, devia ser.
É evidente que os McCann e o seu staff  usam e usarão todos os pretextos, por mais idiotas e rocambolescos, para cá não voltar. E têm razão, coitadinhos. Nunca se sabe o que a investigação pode dar. Nem se acabam no banco dos réus. Nem se vão parar ao xilindró. Mais vale prevenir que remediar. Se esses selvagens do Sul nos quiserem julgar, que o façam à revelia. Por cá (no UK), somos os maiores!
 
António Borges de Carvalho

CITAÇÃO

"Qualquer calceteiro iletrado percebe... que Marcelo, Pacheco Pereira e outros que tais fazem hoje mais pelo PS do que dez Vitorinos juntos."

João Miguel Tavares, DN, 15.04.08

UM BANDIDO À SOLTA

 
Vale a pena reproduzir, de um artigo de António Barreto sobre o livro “Holocausto em Angola”, de Américo Cardoso Botelho, a seguinte passagem de uma carta dirigida pelo Almirante Rosa Coutinho ao seu amigo Agostinho Neto, em Dezembro de 1974:
 
Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis, sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos, para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela.
 
Esta inenarrável porcaria, este crime hediondo, não merece comentários. Vale por si. Não é nada que não se soubesse, mas vê-lo escrito pode reavivar a memória ou despertar o sentido crítico dos que ainda têm alguma consideração pelos descolonizadores e pelos seus “ideais”, ou dos que ainda acreditam que, no PCP e no socialismo em geral há alguma réstia de humanidade.
 
António Borges de Carvalho

MUCH ADO ABOUT NOTHING

 
O ME chegou a acordo com o tipo dos bigodes à Sadam. Exulta o primeiro ministro, os áulicos cantam loas pelas arcadas, os cortesãos dançam nas barbacãs do Largo do Rato, o senhor Alegre faz uma ode comemorativa. Há quem diga que até o buraco do ozono se encolheu perante tal feito. Grande vitória do governo e do “diálogo social” que, à rasquinha, promoveu.
Do outro lado, o tipo dos bigodes diz que o governo foi exemplarmente vencido pela rua, o senhor Jerónimo esganiça que a vitória é dele antes que o Meneses se adiante. O senhor Portas (Paulo) e o senhor Louça também dizem que ganharam. Ganharam todos.
Perdemos nós.
Perdemos meses a ver este filme, perdemos a vaga chance de ver os professores a ensinar e os meninos a aprender. Dá mais (euros, entenda-se) fazer barulho que ensinar. Q.E.D.
 
A famosa avaliação passa a ser só a “auto-avaliação” (senhor director, sou o melhor do mundo!), a assiduidade (só faltei porque a minha sogra estava constipada, que diabo!), o “cumprimento do serviço distribuído” (se não fiz serviço foi porque não mo distribuiram!) e a participação em “acções de formação contínua quando obrigatórias” (se só fui a uma foi porque as outras não eram obrigatórias!).
Veja-se o primor do acordo: dos critérios a utilizar na “avaliação”, nem um só se refere à qualidade do ensino, à preparação académica, à disciplina nas aulas, à prestação dos alunos. Ensinar para quê?
 
Mesmo assim, o homem dos bigodes não ficou satisfeito. Na mais que improvável hipótese de algum “docente” ter más notas (quem as poderá ter, com estes critérios?), o remédio é simples: a avaliação não conta. Fica para o ano que vem! No ano que vem, logo se vê. Talvez mais uma manifestaçãozinha acabe com a “ameaça”.
Para já, quem tiver a nota de “regular” (entenda-se, um tipo que disse mal de si próprio, que foi pouco assíduo, que não foi lá muito prestativo no serviço distribuído nem participou nalgumas acções de formação obrigatórias), verá o seu notável contributo para o ensino castigado com… a renovação do contrato! Os que obtiverem a classificação de “insuficiente”, pior que “regular”, não perdem o tempo de serviço, a não ser que, no ano que vem, continuem insuficientes, isto é, que os alunos sejam, durante pelo menos mais um ano, ensinados por um tipo “insuficiente”.
A coisa atinge os píncaros da loucura com a criação de uma “comissão paritária”, onde estará o governo e o tipo dos bigodes e seus amigos, os mais deles, diz-se, nomeados plo senhor Jerónimo. Tudo, mas, tudo, todos os documentos, estará à disposição dos comissários, aos quais é dado preparar as futuras negociações, prometidos para 2009. Tais negociações, como é óbvio, terão que resultar em mais umas abébias, sob pena de haver mais umas manifestações de desagravo por “ofensas à dignidade dos docentes”.
Não vem nos jornais qual é o horário de trabalho de tais personalidades. Mas, para que não se ofendam outra vez, é-lhes dado retirar dele “oito a dez horas semanais(!!!) “para preparação das aulas”(!!!).
Se acrescentarmos a isto que a espantosa “avaliação” incidirá, para já, sobre sete mil professores, ficando para depois – com certeza para depois dos trabalhos dos comissários – a que respeita aos outros cento e trinta mil, teremos o quadro, mais ou menos completo, da vera substância do grande triunfo de tanta gente.
A montanha pariu um rato. A “valente” ministra meteu o rabinho entre as pernas. As parangonas “reformistas” foram por água abaixo. O senhor Pinto de Sousa ganhou uns eleitores.
 
Vêm como toda a gente ganhou, menos o Zé?
 
António Borges de Carvalho

PROFISSIONAL IGNORÂNCIA

 
O SOLcrates publica uma interessante reportagem sobre uma próspera nova indústria que se dedica ao fabrico de trabalhos, estudos e relatórios, com o nobre fim de os vender a estudantes que não têm tempo, ou competência, para os fazer.
É o novo “ensino” no seu melhor. Quando se passava as cadeiras através de uma prova escrita e de uma prova oral no fim do ano, e havia avaliações intercalares através de pontos e de discussões, os relatórios e os trabalhos eram motivo de valorização, mas não se passava ou chumbava em função deles.
Agora é diferente. Uns trabalhinhos, que se compra em lojas especializadas ou que, para quem tiver pachorra, se arranja na Internet, são o core da avaliação. A existência destas facilidades deveria levar a que, mais do que antigamente, a avaliação fosse feita pessoalmente, professor e aluno cara a cara, sem hipóteses de aldrabices para além de umas cabulazitas ou de umas cunhas. Cais quê! Trabalhinhos, relatórios é que é bom.
Diria que esta vai à atenção do poder, se o poder tivesse atenção a alguma coisa outra que não fosse a propaganda.
 
Ainda a este respeito, é interessante ler o anúncio de uma das tais fábricas de produtos intelectuais. Reza assim:
  • Investigam-se Temas
  • Elaboram-se Trabalhos
  • Orientam-se Apresentações de Trabalhos
  • Elaboram-se Curriculum Vitae
Nas quatro entradas, quatro vezes o predicado concorda com o complemento directo, não com o sujeito. Numa delas, dá-se um pontapé no cu do Latim.
A isto chamam “Apoio ao ensino superior”.
 
Imagine-se a qualidade dos produtos que a coisa comercializa.
 
António Borges de Carvalho

NA ALMA, O DESPEITO

 
O senhor V.J.Silva, autor de floreados comentários, comunica ao povo as suas opiniões sobre o ingente problema do noivado do senhor Coelho com o senhor Mota. A tal respeito, nada diz que qualquer burro não seja capaz de pensar. Até aqui, nada de novo. Mas, às caves do despeito, vai V.J.Silva buscar motivo de uma diatribe contra o “Público”. Aproveita para lançar, sobre o seu sucessor no jornal o terrível anátema de não ter tratado o assunto como ele, Silva, o teria feito, “noutros tempos”, os dele, em que se “contextualizava o acontecimento”.
Ou seja, naqueles dourados tempos, em que ele, o maior, o Silva, mandava no “Publico”, as coisas teriam sido muito mais bem feitas. Après moi le déluge, pensa o Silva. A humanidade é composta por canalhas, à excepção de um Homem: o Silva.
 
António Borges de Carvalho

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