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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

DES-SOCRATIZAR

 

Quando Passos Coelho, aqui há uns meses, disse que não iria falar do passado, entendendo-se por passado o consulado do senhor Pinto de Sousa, é de presumir que estava a ser sincero.

Mas afirmava o impossível: não se pode justificar o que se passa hoje sem recorrer ao que ontem se passou. Não se pode apertar o cinto da malta como se aperta sem dizer porquê.

O porquê está em Paris Está também, estrebuchante e indignado, na tropa fandanga que o estudante rico e emigrado deixou nas bancadas do Parlamento: figuras tão ilustres como o inacreditável Lelo, como o do beiço à banda, como o ladrão dos gravadores e tantos, tantos outros.

 

Por ter dito que faria o impossível, Passos Coelho é agora atacado com a alegação de estar a perseguir o Pinto de Sousa.

Na estranha óptica da tropa fandanga, o senhor Pinto de Sousa, por definição, não pode ser objecto de ataques. E, se tais ataques tiverem boa base – a verdade – então ainda menos!

A verdade, como é evidente, não faz, como nunca fez, parte da deontologia política da tropa fandanga. Para a tropa fandanga, a verdade é uma chatice, um mau hábito que põe em causa a democracia, pelo menos no esclarecido entendimento do pintodesousismo, alta expressão do socialismo democrático.

 

Há muitas décadas, os soviéticos, sob a douta direcção do camarada Brejnev, decidiram des-stalinazar a União. Era insustentável, mesmo para uma sociedade privada de qualquer sombra de direitos, continuar a honrar, como se de um semi-deus se tratasse, um ditador carniceiro, talvez, com Hitler, o mais sinistro, o mais horrível de todos os monstros que a história e a ideologia geraram. Na Rússia e adjacentes, as coisas continuariam mais ou menos na mesma. Mas até aquela gente do PCUS foi capaz de pôr de lado o culto de Estaline.

 

Por cá, é o contrário. Mutatis mutandis, o nosso impensável partido socialista não consegue libertar-se da sombra do horrível demagogo que o dominou e que arruinou a Nação e o seu povo. Menos humildes que o camarada Brejnev e seus sequazes, os socialistas nacionais insistem em não querer reconhecer os males que o seu ex-líder causou. O Seguro, coitado do Seguro, não consegue, por muito que lá no fundo queira, reconhecer publicamente a desgraça que o seu partido, sob o comando do Pinto de Sousa, espalhou aos sete ventos.

 

É pena. A humildade, a contrição, a des-socratização do PS e do país seriam um sinal de dignidade democrática. Mas esta gente parece não saber, nem o que é dignidade, nem o que é democracia.

 

31.3.12

 

António Borges de Carvalho

DIÁRIO DE NOTÍCIAS

 

Vista de olhos ao jornal do amigo Oliveira, edição de ontem.

Desporto, manchete: “penálti aos 90’ assombra vitória dos leões”. Calcule-se o assombro da dona Vitória, eventual leoa dos leões.

 

Política: “Código laboral e revisão estatutária incendiam bancada”. Não se sabe o que acontece à bancada, já que a palavra que o descreve não existe.

 

Forças Armadas: “Governo aprovou norma que permite a contagem do tempo de serviço congelado”. Percebeu? Não? Se o tempo está congelado, como é que se conta? O jornal explica: a frase quer dizer que não há efeitos retroactivos a Janeiro. Percebeu?

 

E há mais, muito mais. Mas não vale a pena.

Pelos vistos o Acordo Ortográfico, tão amado pelo amigo Oliveira e pela sua rapaziada, afinal fica bem ao jornal: mais analfabetismo, mais iliteracia, é difícil. Mas consegue-se!

 

31.3.12

 

António Borges de Carvalho

PROTESTOS DESPORTIVOS


O IRRITADO protesta energicamente contra a publicação dos dados pessoais dos árbitros da bola. Persiga-se os culpados! Prenda-se essa gente! Meta-se na cadeia! Já!


*


O IRRITADO protesta com o mesmo vigor contra os árbitros, bando de “juízes” contra os quais qualquer recurso é improcedente.

Ganha-se e perde-se jogos porque uma destas excelências se engana ou se “engana”. Milhões de pessoas vêm penaltis que não se marcam porque os “juízes” foram os únicos a não ver o que os milhões viram, milhões vêm golos metidos em fora de jogo que só os árbitros “não viram”, etc., um nunca acabar de tropelias, erros ou “erros” sem desculpa.

Nenhum destes destruidores do futebol reconhece os seus melefícios, nunhum destes artistas da desgraça pede desculpa. Pelo contrário, chegam ao ponto de apresentar queixa contra quem se queixa. É como nas arábias, onde as mulheres violadas são apedrejadas e os violadores elogiados. As “autoridades” da bola são uma espécie de aiatolas que condenam quem lhes apetece, e só lhes apetece condenar quem se queixa, quantas vezes com carradas de razão. Contra estes semi-deuses da asneira a que chamam juízes, queixar-se é proibido! Estão acima e para lá de qualquer crítica.


*


Se a bola tivesse pernas, estava de pernas para o ar.  

 

29.3.12

 

António Borges de Carvalho

O OCO


O camarada Seguro, seguro da sua alta inteligência, produz brilhantes ideias.


Algumas, dos útimos dias:


Só agora o governo mandou o contrato do TGV para o Tribunal de Contas!, disse ele com seu ar de crítica inocência. Quer dizer, na sua alta imaginação oposicionista, o governo manda o contrato “agora” e o TC pronuncia-se no dia seguinte! O pobre homem nem sequer sabe que o TC se pronuncia sobre o que lhe apetece ou lhe compete, independentemente do governo.

 

Como alta questão que preocupa todos os portugueses, muito mais que a falta de dinheiro, o desemprego ou a saída da crise, a criatura elege, como tema de alta importância, saber se os limites do défice devem ficar na Constituição ou ser objecto de lei, não se sabe se orgânica se ordinária. Como o governo acha que a coisa (um disparate) deve ficar na Constituição, o homem acha que não. Ficamos com a certeza do contrário, isto é, se o governo quisesse pôr a coisa na lei, ele querê-la-ia na Constituição. Tem que mostrar que existe, que diabo!

 

Mais uma demonstração da inteligentíssima opinião do inseguro paspalhão: dando expressão, julga-se, à opinião  socialista, opõe-se ferozmente aos exames da 4ª classe, hoje dita 4º ano: nada de exames, que o socialismo é pela liberdade de aprender, a qual implica, como é óbvio, o direto a ninguém saber se se aprendeu ou não.


Oco, vazio, vão, para além de cretino, este rapaz.


Sejamos sérios, porém. Antes este que os corifeus do socraldrabismo.

 

 

27.3.12

 

António Borges de Carvalho

CALÇADAS, PEDRADAS E PATACOADAS


Há longos anos, o IRRITADO apresentou, na Assembleia Municipal de Lisboa, uma “recomendação” à Câmara acerca da chamada calçada portuguesa.

Recomendava que fosse conservada tal calçada em locais emblemáticos e construída de novo noutros sítios de natureza semelhante ou afim. No resto da cidade, a calçada portuguesa devia, na opinião do proponente, ser simplesmente abolida e substituída pelos materiais em uso por toda a Europa.

Esta opinião justificava-se por diversas ordens de razões: não é possivel fazer a manutenção da calçada existente, não há artífices que o façam, não há dinheiro nem organização para a manter em condições, todos os dias se torcem pés pela cidade fora, todos os dias há senhoras e cavalheiros que se estampam nos passeios à pala de pedras soltas e de buracos na calçada, todos os dias há quem atire pedras a isto e àquilo, o aspecto de quase todos os passeios é deplorável, etc.

 

É claro que a recomendação do IRRITADO deve ter ido para o caixote do lixo da CML, e nunca mais se falou no assunto. A vergonha continuou a imperar, aliás apoiada “doutrinariamente” pelos defensores da permeabilidade dos solos urbanos, como se o problema fosse a impermeabilização e não a drenagem. Como se as demais capitais da Europa estivessem alagadas por ter os passeios impermeáveis!

 

Uma reportagem sobre este assunto apareceu, outro dia, num jornal qualquer, onde se descrevia, com pormenor, a situação que tanto irrita e prejudica Lisboa e os lisboetas.

Bem haja o repórter, ainda que tenha produzido um trabalho destinado à lixeira onde está, carcomida, a recomendação do IRRITADO.  

 

27.3.12

 

António Borges de Carvalho

DO PRESTÍGIO DA JUSTIÇA E DOS SEUS AGENTES

 

Os nossos juízes – pobres de nós! – elegeram uma nova direcção para o seu sindicato. O novo condotieri da classe declarou as suas melhores intenções para recuperar o prestígio da mesma, bem como o da Justiça em Portugal.

Os procuradores parece que fizeram, ou vão fazer, a mesma coisa.

 

O IRRITADO permite-se dar um conselho a estas doutas corporações: se se querem prestigiar, comecem por acabar com os sindicatos.


*


Por falar em juízes, mal ficaria ao IRRITADO se não os condenasse pelo crime de queixa, isto sem saber se tal crime existe. Acusar não é com eles. Com eles é julgar. Para julgar, são independentes e irresponsáveis. Ora ninguém é independente ou irresponsável, muito menos os juízes, se se dedicar a julgar aqueles que acusou!

Se isto não é crime, é, pelo menos, o mais desbragado e pernicioso pontapé na deontologia profissional, na independência, na própria e elementar natureza do poder de que dispõem.

Pior ainda é que nem um só juíz venha a público demarcar-se da atitude do sindicato, o que nos garante que os juízes estão de rastos, que a Justiça está de rastos, que nós estamos de rastos.

Que faltará espezinhar?    

 

27.3.12

 

António Borges de Carvalho

CAUSAS SEM EFEITO


O nosso douto Parlamento decidiu debruçar-se sobre o caso BPN.

A maralha socialista, como é evidente, queria inquirir sobre a privatização – ainda não consumada - e os milhões que, na sua opinião, ficarão por pagar, ou seja, tinha esperança no que fosse pior para o PSD.

Os tipos da coligação queriam inquirir sobre a nacionalização e os milhões que, a rodos, foram gastos com ela, já que tal seria o pior para o PS.

Os fulanos dos dois e meio partidos comunistas não interessam para o caso, já que querem sempre o que for pior para nós todos.

Resultado, andou tudo à trolha.

Acabaram por chegar a um acordo mais ou menos coxo que ainda vai dar muito que falar. Foi preciso a Presidente ameaçar que lhes batia com a porta na cara se continuassem a portar-se mal.

É de admitir que não chegarão a qualquer conclusão, ou que encanem a perna à rã, como aconteceu no inquérito ao caso TVI, cujo relator chegou à brilhantíssima conclusão que o senhor Pinto de Sousa mentiu com todos os dentes, mas não é mentiroso nenhum, antes pelo contrário.

*

Já não há quem não tenha percebido que a nacionalização do BPN, deixando de fora a SLN, não passou de um erro de dimensões colossais, coisa que não cabia fosse em que cabeça fosse que estivesse no seu pertfeito juízo. Coube noutras, como a do senhor Pinto de Sousa, coadjuvado pelo inacreditável Teixeira, o qual levou uma data de anos ao serviço do destrambelhamento mental do patrão e só se zangou com ele quando já estávamos todos a pão e laranjas.

Depois, foi a loucura, a paranóia, a mania das grandezas, a mais brutal irresponsabilidade, para as quais nem explicação psiquiátrica é possível encontrar. A coisa custou, pelo menos, uns seis mil milhões. É obra!

Entretanto, à excepção do senhor Oliveira Costa, que será julgado quando for - se calhar quando os nossos netos já tiverem pago os seus desmandos – o resto da rapaziada continua por aí na maior. Tudo obra do socialismo institucional.

Agora, parece qe há umas almas caridosas que se propõem ficar com o cadáver do BPN, desde que nós tapemos o resto dos buracos e oferecendo ao governo uma gorgeta de quarenta milhões. Os rapazes do Durão Barroso parece que não gostam da solução. O IRRITADO também não gosta. Mas, no estado miserável em que o Pinto de Sousa e o Teixeira deixaram a coisa, qual a outra solução?

 

Uma sugestão, aliás já proposta pelo IRRITADO, sem que ninguém, como é natural, lhe tenha ligado bóia:

a)    Liquidar o BPN, pagar as indemnizações ao pessoal e cumprir a lei da segurança dos depósitos, coisa de cuja existência ninguém parece lembrar-se;

b)    Pôr o Pinto de Sousa e o Teixeira a fazer companhia ao Oliveira Costa e solicitar ao Putin que lhes arranje um lugar vitalício a partir pedra na Sibéria.


À atenção do governo, já que dos juízes & Cª outra coisa se não espera para além de trapalhadas e reivindicações.

*

Uma nota final, que muito ajuda à esperança que a comissão de inquérito infunde nos nossos corações. Diz ela respeito à nomeação do camarada Isaltino, perdão, Vitalino, para a presidência dos trabalhos.

Um homem capaz de tudo e do seu contrário, de ser contra o trabalho temporário ao mesmo tempo que dirige, ou lá o que é, o respectivo lobby, ou lá o que é, capaz de justificar por a-b toda e qualquer asneira do seu bem amado chefe Pinto de Sousa, vai presidir à comissão que tem por fim desmontar os vandalismos financeiros do dito, na sua mais abortiva manifestação.

Temos ou não razão para esperar maravilhas de mais este inquérito parlamentar?

 

22.3.12

 

António Borges de Carvalho

NOTÍCIAS DO MANICÓMIO


O IRRITADO é capaz de já ter contado esta história. Mas, já que volta a vir a propósito, repita-se, pelo menos em parte.

Há uns doze ou treze anos, o IRRITADO foi ver o que se estava a passar em Foz-Coa. Para além de outras manifestações da indignação popular contra a decisão do PM Guterres de abandonar a barragem a favor dos bonecos ditos pré-históricos, num restaurante da vila, a respectiva proprietária, perguntada sobre o assunto, respondeu:

- Olhe, meu amigo, só lhe digo que, se aqui entrar a gorda que é a “chefa” dessa gente, ponho-lhe veneno dos ratos na sopa!

 

Pois a tal senhora, dita gorda para melhor identificação, veio agora lamentar-se no jornal sobre os brilhantes resultados da sua acção. Passo a citar:

(agora) a coisa “talvez não (fosse possível), porque as pessoas estão mais cépticas”;

“aquilo que era a visão de transformar a zona, não (foi um sucesso)”;

“O museu... não atingiu os efeitos esperados”;

“O museu (tem) cada vez mais dificuldades do ponto de vista logístico e as estrututuras ficaram um pouco aquém”;

“Não se conseguiu dinamizar o comércio local”;

“Quinze anos depois, estamos na mesma”;

“Não sei o que se passa, do ponto de vista arqueológico no Coa”;

“faltam relatórios, participação em colóquios, etc.”.

 

Cumprimentos à senhora.

Nunca é tarde para confessar as nossas asneiras. O Guterres, muito mais culpado que ela, devia fazer o mesmo, entregando-se de seguida à GNR com o objectivo de expiar o seu crime.

Facto é que, quinze anos passados, segundo a própria promotora da coisa, às gravuras ninguém liga. Lá estão, como sempre estiveram. Para os colóquios científicos, não há inscrições. O museu foi um “flop”. Está arruinado. A zona não ganhou um cêntimo com a coisa. O comércio local continua como estava.

Em resumo, a senhora diz que “estamos na mesma”. Neste particular, erra, como errou em tudo no passado. É que não estamos na mesma. Gastámos uns quinze milhões só nas obras do museu, pagamos outros milhões em salários, manutenção, etc. Tudo para que ninguém, nem mesmo os arqueólogos, ligue às tais gravuras, para que se tenha erguido um elefante branco com que ninguém se preocupa, para que os habitantes da região, para além de ter perdido centenas de empregos, não vejam um tostão do que lá se enterra todos os dias.


Se o socialismo guterrista tivesse dois dedos de testa, em vez de ter fabricado a desgraça que fabricou à nossa custa, podia perfeitamente ter chegado a um acordo com a promotora da barragem no sentido de custear a obtenção de um acervo de exemplares ditos pré-históricos e de os guardar numa instalação adequada e não luxuosa. Quantos milhões se pouparia? Pelo menos as centenas deles que já estavam gastos na construção da barragem, mais os que o elefante branco consumiu, mais o que ganha a maralha que por lá anda a esfregar o rabo nas cadeiras, isto para além da ausência da electricidade que lá se geraria e que contribuiria muito mais parao bem estar da região, daria emprego aos locais e não aos tipos que vêm da cidade mamar na teta do elefante.

Muito devemos ao socialismo. O Pinto de Sousa, em matéria de doidices paranóicas – para dizer o menos – teve um bom e eficaz mestre.

 

22.3.12

 

António Borges de Carvalho

HOMENS E RATOS


O dr. Augusto Ferreira do Amaral, pessoa que terá, como todos nós, os seus defeitos, não conta entre eles com o de ser mentiroso ou aldrabão. Se, ainda por cima sob juramento, garantiu ao Tribunal o que garantiu sobre a controversa personalidade do senhor Pinto de Sousa, o que ele disse corresponde à verdade que conhece.

Ficou assim ainda mais evidente que os bodes expiatórios que estão a ser julgados por extorsão outra coisa não devem ser senão isso mesmo: bodes expiatórios. Foram destinados a esconder o que devia estar am causa, servindo para estender sobre a praça pública a cortina de fumo indispensável a manter a ilusão: o julgamento de um assunto que é um não assunto, ou não é o verdadeiro assunto.

 

O dr. Ferreira do Amaral para nada precisava de dizer o que disse. Bem pelo contrário, arrisca-se a, por ter dito a verdade, levantar diversas fúrias, senão alguma vingança das gentes socretinas que por aí andam e que são capazes das mais rebuscadas tropelias a fim de manter bem no fundo este iceberg, um dos muitos que o tempo em que andavam na mó de cima nos deixou.


O IRRITADO tira o chapéu ao ilustre advogado.

*

O dr. Daniel Proença de Carvalho foi uma figura interessante dos tempos da luta contra o comunismo. Chegou a ser director do “Jornal Novo”, grande instrumento de dignificação de uma imprensa à altura maioritariamente serventuária do processo anti-liberdade que estava em curso. Foi adepto da AD, foi presidente da RTP, era tido por apoiante de Sá Carneiro e das reformas que propunha. Depois... depois fez-se com outros poderes, apoiou o PS e o BE, o Costa e o Fernandes, para além de outras inimagináveis atitudes de “pluralismo intelectual”. Não se sabe se estas reformas da personalidade têm a ver com a idade se com a moralidade do senhor. Acabou a estranha viagem, como não podia deixar de ser, como advogado do seu amigo Pinto de Sousa, não se sabendo em que estação se apeará a seguir.


O IRRITADO não tira o chapéu ao ilustre advogado.

 

22.3.12


António Borges de Carvalho

GREVE GERAL


No momento em que o IRRITADO dá largas a esta irritação, reina o caos nos transportes públicos e, por consequência, também nos privados. Os apaniguados do comunismo sindical, os privilegiados das empresas públicas e quejandos, sempre os mesmos, estão a dar cabo da vida aos seus concidadãos, tarefa em que são especialistas diplomados.

Os camaradas Louça e Arménio já se encontraram na rua. Caíram nos braços um do outro em doce contemplação da sua obra. Seja qual for a quantidade de grevistas, nas bocas deles a greve será sempre um formidável sucesso.

Entretanto, uma sondagem com umas cinco mil respostas, dava, há meia hora, o seguinte resultado: adeptos da greve, 19%, inimigos da greve, 75%, pessoas que desistiram de irtrabalhar por falta de transporte, 6%.

É certo que estas coisas não merecem uma confiança total. Mas ainda é mais certo que a esmagadora maioria dos portugueses abomina a coisa.

No entanto, os tais 19% são o que o Louça, o Jerónimo e o Arménio precisam.

Não são, nunca foram, adeptos de maiorias. O que conta são as “vanguardas”, as “vanguadas organizadas” que lideram. Isso de maiorias é coisa para “perpetuar a dominação”. Uma vez criadas as “condições objectivas”, uma vez vencidos  o “imperialismo”, o “capitalismo”, a “democracia burguesa” e outras manobras da “classe dominante”, então o “povo” ganhará em definitivo a luta de classes e o socialismo triunfará. maiorias não são precisas para nada.

Não foi isso que o Arménio proclamou assim que tomou posse da chefia da organização, em nome do Jerónimo? A luta é de tal ordem que ele até tolera a presença do Louça ao mesmo tempo que pensa em cortar-lhe a cabeça logo que se ponha a jeito.

Mais ou menos números, mais ou menos percentagens, mais ou menos adesões, que importa? O triunfo está sempre garantido, porque o que interessa é o que nós dissermos.

As maiorias que se lixem.

 

22.3.12

 

António Borges de Carvalho

SOCIAL-FILOSOFIA PORTUGUESA

 

Os empregados dessa coisa abominável que dá pelo nome de RTP fizeram, através de um porta-voz cujo nome não escreverei, uma declaração verdadeiramente paradigmática.

Ficámos a saber que os tais empregados, por unanimidade dos respectivos sindicatos, deliberaram entrar em peso na greve dita geral, convocada pela central comunista CGTP.

Isto, a não ser que, como segue:

Dentro de 48 horas, lhes seja garantido que:

a)   Nunca jamais em tempo algum seja quem for será despedido;

b)   Nunca jamais em tempo algum seja quem for será mandado mudar de local de trabalho, a não ser que lhe apeteça;

c)   Nunca jamais em tempo algum seja quem for perderá o seu glorioso vínculo à empresa;

d)   Nunca jamais em tempo algum seja quem for será objecto de quaisquer toques no respectivo salário, designadamente os que foram aplicados aos empregados públicos e pensionistas.

 

O tal porta-voz, em meia dúzia de frases, sumarizou o virtuoso pensamento que anima a generalidade das classes privilegiadas. A sociedade deve-lhes emprego, inamovibilidade, irreversibilidade e pagamento garantido seja em que circunstância for. Uma receita infalível para a ruína, a paralisia do país e da economia e a glória dos “trabalhadores”.

 

Uns fulanos que vivem à custa dos impostos dos outros, que custam aos outros enormes fortunas em “compensações” por um serviço público que não prestam ou prestam mal aos outros, que têm salários muito superiores aos dos outros, acham-se no “direito” de ser mais que eles! Senão… greve geral. Pois.

 

É claro que se trata de política, e da mais reles.

Mas também é claro que o governo tem culpas no cartório. Ao isentar da crise uma série de nababos, directa ou indirectamente seus assalariados, meteu a pata numa poça bem suja e abriu uma caixinha de surpresas do caneco.

Ou há moralidade ou comem todos. Já que não comem todos, os tipos da RTP chegaram à conclusão que fazem parte dos que não comem. A coisa, como se compreende, tem a sua lógica. E a culpa é do governo.

Não se passa o mesmo com uma série de ilustres corporações, juízes, militares e quejandos, cuja “solidariedade” para com os outros e o país se expressa na obrigação do Estado de os isentar de sacrifícios?    

  

Aqui temos a Nação e a gente que trinta e tal anos de socialismo constitucional construíram. “Direitos” e mais “direitos”. Obrigações, nem uma. Solidariedade obrigatória, sim, mas desde que não toque na fímbria das vestes de cada um. Pertença cívica, claro, mas sem chatices. Uma sociedade “estável”, isto é, que não se mova, isto é, paralítica.

 

Mais difícil que sair do imbróglio financeiro em que nos meteram e que, a cada cavadela, dá mais minhoca, é alterar a filosofia social que foi instilada nas pessoas e que impede a saída da verdadeira crise, que é a crise da “moral” com que fomos educados.

Deve tratar-se da moral republicana, na douta opinião dos sampaios desta vida.

 

18.3.12

 

António Borges de Carvalho

CRITÉRIOS

 

O IRRITADO referiu-se aqui há tempos ao caso de um tipo que cessou a sua “colaboração” com uma empresa pública, por alegada “censura” de um chefe às ordens do Relvas.

Sabe-se o que foi a indignação geral. Os jornais, as televisões, até o Parlamento, mostraram a revolta que lhes ia na alma. A esquerda entrou num frenesim, a direita fechou-se em copas, o que quer dizer que concordou com a esquerda. O “censurado” tornou-se de um dia para o outro um herói, num profissional de excepção, um escritor célebre, etc.

 

Pois bem, acontece com o Crespo – aquele da SIC Notícias – exactamente o mesmo. O homem escreveu um artigo qualquer, de que o sinistro Ricardo Costa, irmão do não menos sinistro António e manda chuva do “Expresso”, não gostou.

Para que o não acusassem de censura, publicou o dito artigo, mas fê-lo seguindo-o de uma insuportável arenga, julgo que “da redacção”, a qual, bem espremida, outra coisa não conseguiu a não ser confirmar o que no estava na base do artigo do Crespo. Destinava-se a arenga a “justificar” o “despedimento” do articulista.

Veja-se agora o que sucedeu a seguir. Nada. Nem indignação, nem acusações de censura, nem artigos nos jornais, nem notícias nas televisões, nem um só deputado interessado no assunto, nem a esquerda em transe, nem a direita a sair de copas, nem o Crespo passou a herói. Nada.

 

Será porque, num caso, a coisa dava pretexto para dizer mal do governo e noutro não?

Será porque, num caso, se tratava de um tipo da esquerda, o qual, segundo a natureza das coisas, não pode ser “censurado”, e que, no outro, o objecto da “censura” não é conhecido por esquerdófilo nem era admirador do senhor Pinto de Sousa?

 

À consideração de quem ler.

 

18.3.12

 

António Borges de Carvalho

MEMÓRIA HISTÓRICA

 

Aqui há dias, a propósito da condenação do celebérrimo juiz Gazon, o IRRITADO escreveu um post em que, resumindo, dizia:


  a) É um crime ressuscitar as tropelias da guerra civil espanhola, passando por cima da lei da           amnistia;

  b)  É crime remexer num passado de que restam poucos responsáveis;

  c)  É crime pôr, nesta altura, a coberto da “justiça”, os espanhóis uns contra os outros, sem razão outra que não seja uma estúpida vingança:

  d) É crime ainda maior “processar” um lado da História e não o outro, sendo certo que, de ambos os lados, houve crimes horrendos;

  e) A História é para os historiadores, não para os juízes;

  f)  O juiz Garzon é vesgo e mal intencionado.


Posto isto, julgo interessante publicar uma carta de que acabo de ter conhecimento, escrita em 2007, A JULGAR SEM PRECONCEITOS.

 

*
Carta escrita por un superviviente del 36.
Realmente impactante.
Lean y juzguen sin prejuicios:

Sr. Don Santiago Carrillo Solares
Madrid.- 06/06/07

Creo que me conocerás. Yo sí te recuerdo mucho. Hoy soy vecino de Aranjuez, tengo 85 años. En el año 1.936 fui enterrador del cementerio de Paracuellos de Jarama.. También estuve en la checa de la ESCUADRILLA DEL AMANECER, de la calle del Marqués de Cubas nº 17 de Madrid, donde presencié los más horribles martirios y crímenes..

También estuve en el Cuartel de la Guardia de Asalto de la calle Pontones, en la Puerta del Sol, donde tú, Santiago Carrillo, mandabas realizar toda clase de martirios y ejecuciones en las checas de tu mando. Yo soy Pionero, al que llamaban 'EL ESTUDIANTE', que llevaba la correspondencia a las diferentes checas a cambio de la comida que me dabas.

¿Me conoces ahora, Santiago Carrillo?

¿Te acuerdas cuando tú, Santiago Carrillo, acompañado de la Miliciana SAGRARIO RAMÍREZ y de SANTIAGO ESCALONA y RAMIRO ROIG alias 'EL PANCHO', en la era de Fuencarral, kilómetro 5, el día 24 de agosto de 1.936 a las 7 de la mañana, asesinasteis al Duque de Veragua y tú, Santiago Carrillo, mandaste que le quitaran el anillo de oro y piedras preciosas que llevaba? ¿Recuerdas que no se lo podías quitar y tú, Santiago Carrillo, ordenaste que le cortaran el dedo?
¿Te acuerdas, Santiago Carrillo, la noche que llegaste a la checa del Fomento, en el coche Ford, matrícula de Madrid 984, conducido por el
comunista JUAN IZACU y los chequistas MANUEL DOMÍNGUEZ alias 'EL VALIENTE' y el Guardia de Asalto JOSÉ BARTOLOMÉS y en el sótano mandaste quemar los pechos de la monja Sor Felisa del Convento de las Maravillas de la calle Bravo Murillo, y así lo hizo 'EL VALIENTE' con un cigarro puro? Esto sucedió el 29 de agosto de 1.936 a las 3 de la madrugada.

¿Me recuerdas ahora, Santiago Carrillo?
Con 24 años que tenías, ¡cuántos asesinatos cometiste!¡Cuánta sangre tienes derramada en España! No quiero molestarte más, Santiago Carrillo,CRIMINAL.
Se despide de ti el enterrador de Paracuellos del Jarama, alias 'EL ESTUDIANTE', que presenció los martirios y asesinatos que tú, Santiago Carrillo, mandaste que se realizaran en España.
¡¡¡¡ VIVA ESPAÑA, MI PATRIA !!!!
A este asesino criminal lo homenajean con todos los honores mientras el infame y asqueroso Peces-Barba dice que no han asistido 'los malos', en alusión a los miembros del Partido Popular.
A este asesino criminal le cantan el Cumpleaños Felíz en vivo y en directo en el 'programa radiofónico' 'La Ventana' en la Cadena Ser.
A este asesino criminal le aplaude toda la progresía Española de pleno:grupo PRISA, el 'gobierno', los comunistas, los nazis de ERC, PNV..., Maria Antonia Iglesias y demás fauna animalística.
Y lo peor de todo: este ASESINO CRIMINAL no ha sido juzgado por sus crímenes y pasea libremente por la calle.


¿NO QUERÉIS MEMORIA HISTÓRICA?
¡¡¡ PUES TOMAD MEMORIA HISTÓRICA !!!

 

15.3.12

 

ABC

TRETAS

 

 

A humanidade, sobretudo a parte dela dita ocidental, vive mergulhada em medos. O medo é um dos ingredientes mais preciosos do pensamento hodierno, para além de um negócio, de lucros chorudos para uns, de bem pagos postos de “trabalho” para outros, de colossal exploração “mediática” para tantos.

Ora nos borramos de medo com a história das vacas loucas, ora estremecemos de pavor com a da gripe das aves, ora nos culpamos pela morte anunciada do planeta, ora achamos que vamos morrer cancerizados pelas centrais nucleares... e por aí fora.


O cagaço é o mais precioso dos ingredientes para o domínio das pessoas.

Tão condicionada está a humanidade pelo medo, que ninguém se lembra já que as vacas loucas pouco ou nenhum mal nos fizeram, que a gripe das aves foi um “flop” mais ou menos idiota, que o planeta tem outros planos e outros “timings” e se está nas tintas para o CO2 ou outras balelas, coisas incompatíveis com a nossa pretenciosíssima “influência letal”, que o problema de Fucoxima foi o de uma hecatombe natural de dimensões desconhecidas e pouco ou nada teve a ver com a segurança da central nuclear... e por aí fora.


No entanto, basta que uns tipos, umas vezes sérios outras não, lancem hipóteses mais ou menos histéricas, para que milhões de infelizes deixem de comer iscas de vaca, outros milhões gastem fortunas na compra de “Tamiflu” e de desinfectantes para as mãos muito mais caros que o sabão azul e branco, para se criar o comércio de “emissões” que os europeus pagam com língua de palmo enquanto outros, e muito bem, borrifam no assunto, para tremebundar a bempensância instituída e pôr mutidões nas ruas gemendo e ululando de medo por causa dos “desastres nucleares”... e por aí fora.


Quanta gente vive à custa dos lucros do medo, a começar pela ONU e seus assalariados déspotas do clima e outros exploradores da crendice humana, com os seus alertas de pandemia e de desgraça, a continuar nas inacreditáveis balelas de Quioto ou nos “avisos” de Fucoxima, tudo com repercussões financeiras de astronómico valor, como a venda de medicamentos inúteis ou de “direitos” de carbono?

Quanta gente, afanosamente, a ganhar o dinheiro sujo do terror, quantos governos a embarcar nos mais variados embustes, a arruinar os seus povos em nome da “humanidade”, do planeta, da saúde?

É neste mundo que vivemos. Estas são algumas das questões de fundo que impedem as sociedades, sobretudo as ocidentais, as nossas, de olhar o futuro, mergulhadas que as levam a estar em anquilosantes medos, tão caros quanto estúpidos.


Que fazer? Sei lá!


15.3.12


António Borges de Carvalho

BACORADAS


O hediondo Basílio, do alto da pesporrência balofa que o caracteriza, declarou há momentos que o Secretário de Estado que ontem se demitiu o fez por não se ter aguentado com “interesses instalados”.

Não se sabe se a nojenta criatura, excepcionalmente, diz a verdade. Pode ser que sim, pode ser que não.

Não é isso o que, para o caso, interessa. Interessa sim perguntar quem instalou os tais interesses (Mexias, Pimentas & Cª), quem lhes deu o poder de que dispõem, quem se comprometeu a pagar-lhes mundos e fundos arruinando a Nação, quem celebrou contratos leoninos com tais interesses, quem sobrecarregou uma Nação inteira com uma chusma de taxas, taxinhas, taxetas e taxonas, destinadas a sustentar os tais interesses. Quem?

Que moral tem o horrendo Basílio e quejandos para vir acusar o governo de ceder aos poderes fundados e alimentados pelo líder e pai espiritual dos basílios desta terra, o homem que ele admirou e serviu como um cão de fila - e ainda serve - sem jamais ter tido uma palavra sobre os interesses que o chefe protegia à custa do contribuinte, antes acompanhando com o maior dos desvelos e dos aplausos os desmandos, as aldrabices, as trafulhices do fabricante de desgraças actualmente a viver dos rendimentos em Paris?


Nenhuma moral, nenhuma razão, nada de humanamente compreeensível. Bacoradas.

 

13.3.12

 

António Borges de Carvalho

PRESIDÊNCIA E PRESIDENTE

 

 

Durante a I República nunca houve sufrágio universal para a eleição do Presidente.

Durante a II República passou a haver, mas, depois do cagaço que o Delgado pregou ao Estado Novo, voltou-se ao “Colégio Eleitoral”, desta vez cuidadosamente escolhido.

Veio a III República. Apesar de maioritariamente admiradores da Primeira, os da Terceira decidiram que, para se distinguir da Segunda, os Presidentes passariam a ser eleitos por sufrágio popular.

Para justificar a decisão, empurrados pela vertente castrense do poder da época, os constituintes de 76 puseram o governo a depender do Presidente. A coisa correu mal. Pessimamente. Daí que os constituintes de 82 tivessem parlamentarizado o semi-presidencialismo nacional e pusessem o governo a depender o parlamento. Esqueceram-se de fazer o mais importante, que seria, já que o Presidente perdia o mais importante dos seus poderes, alterar o sistema eleitoral e fazer como fazem todas as democracias ocidentais – eleger o Presidente no Parlamento, criar uma câmara alta, etc. A França é excepção, mas o sistema francês é um semi-presidencialismo presidencialista, quase à americana.

 

Assim nasceu o sistema político em que vivemos. O Presidente não tem poder, mas tem poder, o Presidente não pode, mas pode. Não é por acaso que, em todas as campanhas presidenciais se discute quais são os tais não-poderes ou poderes. Daí, uma série de disparates e de invenções: dupla legitimidade, cooperação estratégica, magistratura de influência, presidências “abertas”, presidências “fechadas”… cada um inventa o que lhe dá na gana, à procura de “espaço” que ninguém sabe se tem ou se deixa de ter.

Da oposição presidencial (Soares) ao golpe de Estado (Sampaio) e aos olhos fechados (Cavaco), tem valido tudo. Tudo, menos lógica política, menos funcionamento do sistema, menos estabilidade, menos prestígio das instituições, menos banal inteligência, mais egoísmo protagonista dos titulares, mais sacrifício dos interesses das pessoas a favor das conveniências eleitorais das “personalidades”.

 

A Presidência, numa palavra, não passa de uma infeliz palhaçada política. Há alturas, muitas, em que o Presidente, na sua ânsia de afirmação, parece, ou mais que parece, outra coisa não representar que não seja a si mesmo.

 

Não se sabe onde é que o Doutor Cavaco Silva foi buscar a obrigação do governo de informação prévia ao Presidente sobre tudo e mais alguma coisa. A que artigo da Constituição terá ido buscar este “poder”?

Não, não estou a defender o senhor Pinto de Sousa, que tem todos os defeitos que o Doutor Cavaco Silva lhe imputa e muitos, muitos mais e mais graves. Estou a dizer que a tal informação prévia pode ser uma atitude de cortesia, mas não é um imperativo constitucional.

Por outro lado, bem pode o Presidente clamar que o seu entendimento da Constituição lhe não permite dissolver a Assembleia quando não gosta do governo, ao contrário do que entendia o golpista Sampaio. Cavaco terá razão, mas tal não justifica que tenha deixado, sem um queixume, sem uma crítica, sem um alerta nacional, o tal Sousa e a sua horrenda camarilha governar o país num mar de asneiras, de escândalos, de rabos-de-palha, de inexorável caminho para a ruína. Vir agora assacar ao tenebroso Pinto de Sousa os defeitos que toda a gente conhece, é o mesmo que condenar-se a si próprio por tê-los aguentado durante seis anos, caladinho como um rato. Tarde piou, e mal.

Bem pode o Presidente Cavaco Silva queixar-se de quem o acusa de ter sacrificado os interesses de Portugal e dos portugueses à sua reeleição. Ninguém acredita, porque é essa a verdade objectiva.

 

O regime não funciona a contento, porque não pode funcionar a contento. O auto-culto da personalidade, as legitimidades híbridas e as confusões quanto ao que a cada um compete jamais deram bom resultado.

 

10.3.12

 

António Borges de Carvalho

URGÊNCIAS

 

Há menos frequência nas urgências dos hospitais. Não há órgão de informação que não fale nisso, que não diga que a culpa é do governo, das taxas moderadoras, do caneco a quatro.

Tenho à frente uma “infografia” sobre o assunto. Segundo ela, de 2005 a 2010, havia, em média, uns seis milhões e quatrocentos mil recursos às urgências. Em 2011, tal número desceu para cinco milhões cento e tal.

Eis demonstrado o ataque feito pelo governo aos cidadãos, via taxas e outros malefícios!

Vista a coisa com um bocadinho mais de detalhe, verifica-se na tal infografia que o número relativo a 2011 não inclui as urgências dos hospitais de São João, da Universidade de Coimbra, do Baixo Vouga, de Tondela Viseu e de Leiria Pombal. Tratar-se-á de pequenas casas de saúde sem influência nas estatísticas? Parece que não. O que, evidentemente, invalida toda a argumentação sobre os malefícios do governo.

Se acrescentarmos a isto que, a vir a confirmar-se haver menos frequência nas urgências, tal descida se pode dever a um vasto número de razões que pouco têm a ver com taxas, e ficaremos, mais uma vez, convencidos que em nada do que nos dizem podemos acreditar sem contra prova.

 

10.3.12

 

António Borges de Carvalho

LIXEM-SE!

 

O governo anda para aí a isentar de sacrifícios uma chusma de privilegiados: a canalha da TAP, especialista em greves malucas, os burocratas da CGD, os trutas do BdP…

O IRRITADO protesta veementemente contra este tipo de medidas, que privilegia uns, que já eram ultra-privilegiados, em detrimento dos outros.

 

Muito se fala por aí na “solidariedade” dos “trabalhadores”.

Porém, quando se trata de ser solidário, a coisa só funciona se não mexer no bolso dos "solidários". Se mexer, que se lixe a “solidariedade”! Que se lixem os outros! Que se lixe o país!

 

Não se percebe o que passou pela cabeça do governo para dar a si próprio um pontapé deste calibre. Seja o que tenha sido, que passe depressa.

 

10.3.12

 

António Borges de Carvalho

CUIDADO COM O TECLADO

 

Farto de pagar fortunas a um dentista “clássico”, o IRRITADO, ao ver num centro comercial uma loja de dentistas, achou que era uma possibilidade de se livrar das gigantescas facturas do seu fornecedor habitual.

Ora vamos lé experimentar. Entrou, e disse à menina que queria fazer uma limpeza aos dentes de baixo. A menina procedeu à identificação do paciente, nome, morada, email, telefone, uma data de coisas.

Passados uns dez minutos, foi o IRRITADO metido num gabinete onde estava uma jovem baixota, mais ou menos feia - a “doutora” - e uma louraça, estilo alterne – a “enfermeira”.

Após a colocação do habitual guardanapinho, a “doutora”, munida do instrumental da ordem, debruçou-se sobre o IRRITADO. Tinha a coisa que serve para tapar a boca (dela) descaída. Pôs-se ao trabalho. A boca (dela), que respirava direitinha ao nariz do paciente – devia ter o nariz entupido - cheirava a cano que tresandava. O IRRITADO passou a “senhor António”, você para aqui, você para ali.

         Ao contrário do que é seu hábito, conteve-se. A miúda é uma desgraçada qualquer, está a ver se ganha uns cobres, deixa-a ser primitiva.

Finda a sessão, dirigiu-se ao balcão e pagou cinquenta euros pela coisa. Cheio de vómitos provocados pelo bafo, quis sair dali o mais depressa possível.

Eis senão quando, surge um matulão de bata branca, algum “doutor”, pensou o IRRITADO. O homem convidou-o a sentar-se num cubículo e, do alto de uma secretária de executivo, disse de sua justiça. Você precisa de uns dentes novos, coisa que faremos da melhor vontade. Acrescentou a descrição técnico-científica das obras a realizar, tipo reabilitação urbana, cirurgia, parafusos, colas, moldes, o diacho. O IRRITADO, humildemente, perguntou quanto custava tal e tão alta aplicação da mais moderna cirurgia.

Uns quinze mil euros, disse o calmeirão.

Conteve-se mais uma vez. Nem pense!, balbuciou.

A personagem, imperturbável, começou então a explicar que, para obviar às dificuldades financeiras do IRRITADO, tinha à disposição um programa, patrocinado por uma sociedade da especialidade, a qual, mediante a assinatura de um empréstimo, providenciaria o dinheiro, sendo este pago em 48 meses, com 17% de juros. Uma pechincha!

O IRRITADO conteve-se outra vez. Disse que ia pensar, e saiu pela porta fora a todo o galope.

Quando chegou a casa foi ver-se ao espelho. Pela módica quantia de cinquenta euros mais uns “vocês” e uns “senhor António”, mais uns bafos no nariz, os dentes estavam tão castanhos como antes do “tratamento”.

Conclusão: tratava-se de um negócio financeiro, tipo conto do vigário.

 

Parece que anda para aí uma “entidade” qualquer a fiscalizar, multar e fechar tascas deste tipo. Ainda bem. Quanto ao IRRITADO, continua com os seus preciosos dentinhos, naturais e postiços, e vai juntar umas massas para uma limpeza no “clássico.

 

10.3.12

 

António Borges de Carvalho

ADENDA


No seu post de ontem o IRRITADO induziu os leitores em erro.  Há que aditar algumas considerações.

É que, afinal, o processo Freepot não trata de corrupção. Ninguém corrompeu, ninguém foi corrompido. Nada disso. O que se passa é que parece que uns fulanos pediram uns milhões a outros fulanos para dar a outros fulanos, tendo os últimos o poder de despachar favoravelmente um projecto mais ou menos esquisito.

Dá-se o caso de os fulanos a quem os fulanos pediram o dinheirinho não se queixam de nada e, ao que parece – o processo foi arquivado no Reino Unido – não mandaram dinheiro nenhum.

Ou mandaram e, nesse caso, seria preciso saber a quem foi entregue, o que daria azo a algo de interessante. Mas, na ausência de queixoso, na ausência de prova, restam suspeitas improvadas, pelo que o processo não faz sentido.

Uma vez que o projecto mais ou menos esquisito foi aprovado, o processo faria sentido se os destinatários finais fossem identificados. Como não há destinatários, nem dinheiro, nem nada, resta um mijarete policial e judicial que não interessa a ninguém, para além dos dois infelizes que estão a ser julgados sem se saber bem porquê.

Verdade é que uma coisa altamente suspeita é esvaziada de sentido e convertida num fait divers.


Vejam lá se descbrem quem fica a rir às gargalhadas com isto tudo.


9.3.12


António Borges de Carvalho

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