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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

PROMESSAS E PALHAÇADAS

 

  • Uma estratégia assente na qualificação
  • Corrigir as assimetrias da moeda única
  • Corrigir desequilíbrios entre recursos financeiros para pagar a dívida e os recursos necessários para os portugueses (pensionistas e investimentos para promover o futuro)
  • Prioridade à concertação social
  • Reposição do feriado de 1 de dezembro

Quem acha mal? Ninguém. São frases que resumem, segundo o “Observador”, as propostas de Costa. Frases. Significam, como é evidente, pouco mais que coisa nenhuma. Puro blabla.

Inócuas palavras, dir-se-á. Nem por isso. O problema é a forma de lá chegar, ou a interpretação que lhes for dada pela matilha de esquerdoides e 44istas a quem Costa dará o poder, se tivermos a desgraça de o lá ver. Se, por exemplo, ouvimos o PC a falar de democracia e das “mais amplas liberdades”, sabemos o que quer dizer: partido único, polícia política, censura, liberdade para os que alinharem e, mesmo para esses, pouca. Lícito será pois perguntar o que vão fazer os escolhidos do Costa. Não chegarão a tais exageros, conceda-se. Mas fica a dúvida quanto à “interpretação autêntica” ou ao concreto do que farão tais “intérpretes” e “concretizadores”.

A “estratégia da qualificação” é coisa com que todo o bicho careta concordará. Teme-se que a “qualificação” seja a mesma que aquela dos “qualificados” que o Costa levou consigo para o galarim do partido.

“Corrigir as assimetrias da moeda única”, ou seja, chegar à “Europa”, dar um murro na mesa, dizer umas bojardas e, dito e feito, a Merkel, o Dragui e o Junker, siderados pela luz do pensamento costista, arranjam uma data de carcanhol, tanto quanto o Costa precisar, e de borla.

“Corrigir desiquilíbrios...” Um dinheirão para os pensionistas prejudicados pelo 44 (o IRRITADO está nessa bicha) e mais umas autoestradas, mais umas PPP’s, porque não um aeroporto em Vilar de Maçada, etc.

“Prioridade à concertação”. Pois. Deve entender-se, já que tem havido muita concertação, que ele quer alargar a concertação ao Arménio, concedendo-lhe o quê? Tudo. O homem - e o comité central – não se consolam com menos.

Feriado no 1º de Dezembro? Pronto, chegámos à única proposta decente, e possível, fazível, porreira pá. Uma espécie de piscar de olho à direita?

 

Haverá quem coma disto?

 

30.11.14

 

António Borges de Carvalho

O CONGRESSO DO 44

À boa maneira soviética, a moção do Costa foi aprovada por unanimidade. Cem por cento!

Nas outras votações, houve só 90% a favor, 130 abstenções, certamente a título de raminho de salsa. Sem votos contra, como é de timbre, sobretudo na Coreia do Norte.

Primeiros sinais de unicidade, com certeza saudados efusivamente por alguns ilustres convidados, tais o Arménio e o Carvalho da Sliva.

Mas o dado mais significativo, para já, do congresso do fantasma 44, foi a subida ao palanque máximo desse verdadeiro alter ego ou factotum do Costa, o camarada César. Os dois a mesma tendência para o sacrifício: Costa sacrificou centenas de milhões dos impostos dos alfacinhas às estúpidas alhadas em que a CML se meteu, por exemplo a feira popular e o túnel do Marquês; César sacrificou os estaleiros de Viana, os trabalhadores de Viana, o país, dezenas de milhões, à sua sede de poder e de negócio. Irmana-os o desprezo pelos outros e pelo dinheiro dos outros. O socialismo vive, sempre viveu e sempre viverá, à custa do dinheiro dos outros.

Depois, emblemático e significante, o Assis foi saneado. Talvez a única voz que, era de supor, não entraria na unanimidade estalinista, foi exemplarmente posta a ferros. A “reacção” tem que ser amordaçada antes que estrague o programa das festas. A unicidade excluiu os desalinhados.

O camarada Nóvoa, obscuro figurante da política recém saído dos cinzentos meandros da universidade e trazido à luz pela aula magna, a abarrotar de ambição, veio informar os indígenas que está “disposto a tudo”, leia-se, a ser presidente da República sem olhar a meios. Não podia ter melhor expressão para explicar o que o move, e a natureza do almejado cargo. Disposto a tudo! Ele, com a cartilha comprovadamente bem metida no bestunto, acha que ”a Pátria está à beira de um rio triste”. Esta dos rios tristes é de alta qualidade poética: o névoa, perdão, o Nóvoa, põe o assunto em termos aquícolas, certamente a pensar em lagostins de água doce.

O camarada Alegre, dada a sua fina origem, adora velharias, desta vez não móveis ou quadros mas fantasmas e assombrações. Ele o disse: “o PS não está assombrado”, “nem tem medo de fantasmas”. No caso, sabe-se quem é o fantasma, a assombração: é o 44, pois então! O que o PS precisa é de “governar à esquerda”, se calhar como o fantasma. Raio de esquerda, a que, com toda a propriedade, se poderá chamar capitaleirismo primário. Ou será que o fantasma era demasiado à direita para este ínclito representante do jacobinismo radical? Em alternativa, não sabe que ele próprio é um fantasma e quer ajudar a sacudir a concorrência.

Houve mais, muito mais. Até o nóvel membro da elite costista, conhecido pela sua especialidade em dislates e arrancadas pró-bolchevistas, o tristemente célebre Pedro N. Santos, acha que “nunca foi tão importante ser socialista”. Pudera! Não fora o socialismo, sobretudo um ressuscitador da malta do 44 como o Costa, e onde iria parar o lugarzinho?

Uma palavra sobre o reputado artista Rui Tavares. Este, que de estúpido nada tem e de malandro (para usar linguagem soarista) tem tudo, faz-se, e bem, ao ressurgente poder dos amantes do 44, bem encostados por toda a parte. Para ele, declaradamente, o governo será o PS mais ele, mascarado de “Livre”, admitindo poder vir a autorizar o PS a meter mais uns.

Outra, desta feita sobre as presidenciais. O Guterres foi abolido. O tipo até vai à missa e, que se saiba, nem maçon é! A dona Ana Gomes (e outros) encarregou-se de o pôr de lado, com o aplauso e o alívio da jacobinagem.

 

Enfim, o esquerdismo primitivo ao ataque na Feira das Indústrias. O PS vira a favor do vento. O 44 entra por mãos tão invejáveis quanto o Galamba, estrídulo e odiento aparatchique, o Pinto, destribuidor de preservativos, e mais uma série de recuperados das hostes do fantasma. O Costa tirou eminentes 44istas do mais evidente poleiro, mas deu-lhes outras responsabilidades (Edite Estrela, por exemplo), menos visíveis mas igualmente influentes.

O Soares fez a sua habitual entrada triunfal, freneticamente aplaudido pela maralha. O 44 voltou ao poder pendurado no Costa. Amanhem-se com esta.

Amanhã há mais, se o IRRITADO estiver de maré.

 

30.11.14

 

António Borges de Carvalho

A LATA AO PODER OU O PODER DA LATA

A generalidade da opinião escrita e falada defende que, para que o Costa se safe da enrascada em que o seu amigo, companheiro, “irmão” e bem amado ex-chefe político o meteu, deverá ver-se livre de todos aqueles que andaram (e andam!), discreta ou indiscretamente, a achar e dizer o mesmo que, das alfurjas do seu esterco mental, foi dito por Mário Soares.

Como poderá Costa pôr esta malta no arquivo, se ele mesmo é, como mostrou à saciedade antes da bronca, o mais importante membro dela? Como poderá Costa apagar, não a fotografia do Pinto de Sousa, mas a sua própria como adepto e supporter de tudo o que o outro disse e fez? Como poderá Costa renegar um passado de colaboração, apoio e branqueamento de todos as públicas e notórias trafulhices que nunca deixou de louvar? Como poderá negar que foi eleito “candidato a primeiro-ministro” – mentira, não há candidatos a tal coisa - com o apoio desta sua malta? Como poderá negar que é o verdadeiro e único chefe “vivo” da gente de quem, agora, há quem diga que tem que se livrar?

Talvez a mais importante “qualidade” de Costa seja a lata. O homem tem lata para tudo.

Tem lata para dizer que “não há nada a fazer” quanto às cheias em Lisboa e, sem contrição pública, afirmar que vai gastar setenta milhões para as evitar.

Tem lata para defender os mega prejuízos que causou à cidade com seu apoio ao díscolo Fernandes.

Tem lata para nomear o Ferro chefe parlamentar, fulano mais que queimado e de uma evidentíssima falta de jeito e de imagem para o cargo, sem outra “justificação” que não seja a socretina camaradagem que os aproxima.

Tem lata para dizer que vai pagar mundos fundos ao povo se for primeiro-ministro, evidentemente sem dizer como e sabendo o que os outros não sabiam antes de chegar ao poder, ou seja, as monumentais quantidades de dívida desorçamentada que os esperavam debaixo do tapete.

Tem lata para ficar no poleiro quando a polícia vai à câmara, para ficar no poleiro quando o seu santo protector vai de cana e, ao mesmo tempo que elogiar o ministro que se demitiu porque os seus funcionários meteram o pé na argola.

Como o Pinto de Sousa, Costa é capaz de tudo dizer, negar ou afirmar, segundo as suas conveniências, momentâneas ou permanentes. Tem lata para tudo.

Se quiser livrar-se da herança do prisioneiro 44 terá que se negar a si próprio. Não há dúvida que tem lata para tal. Quem o apoiará? Há, no PS, o hábito ancestral de disfarçar, de desacreditar os que protestam, de manter uma intricada rede de “amizades” e de conluios, fora de toda a decência e de toda a moral. Vamos ver isso mesmo no congresso que se avizinha.

E cá fora? Ainda haverá um só eleitor que não tenha, com todo o fundamento, pelo menos dúvidas quanto à verdadeira natureza desta malta e do seu novo chefe? Talvez haja, há de tudo em toda a parte.

Imaginemos que o Costa consegue pôr no poleiro os não socrapífios. Quem? Os seguristas? Se estes tiverem alguma dignidade não aceitarão tal prato de lentilhas. O problema é que, no PS, a dignidade é um bem escasso. O congresso o mostrá-lo-á a quem disto duvidar.

 

28.11.14

 

António Borges de Carvalho

UM PARZINHO DE TRUZ

Sobre o Pinto se Sousa e o Mário Soares já se disse tudo. Nada de novo, de um e outro lado.

Ambas as personalidades estão desde há muito classificadas na cabeça da maior parte das pessoas. Há, no entanto (há sempre), aquela faixa de gente que não sabe lá muito bem o que pensar. Está no seu direito.

Estava. A partir de há uns dias, deixou de haver tal direito, ou deixou de haver desculpa para o seu exercício. Quem ainda não percebeu quem são, na verdade, tais criaturas, ou é completamente burro ou tem alguma coisa a esconder.

Pinto de Sousa foi-se safando de uma boa dúzia de alhadas, umas patentemente provadas, como os exames ao Domingo e demais série de conexas trapalhices, outras “esquecidas” com os favores de uma justiça “favorável”, como o caso das escutas, outras ainda que, embora patentes, evidentes, incontornáveis (a TVI, a PT, o Figo, o BCP...), não foram julgadas suficientes para procedimentos de maior, eventualmente por “influência” da política socialista. Agora, por muitos sousas tavares e muitas claras ferreira alves que por aí asneirem e asneiem, não é mais possível tapar o Sol com a peneira. Qualquer que seja o resultado final – calcula-se a artilharia que por aí vai surgir - da história do preso 44, ou Inocêncio Pureza como dizem ser conhecido em certos meios, já não haverá nada que o possa ressuscitar.

Mário Soares já nem da desculpa da idade se pode valer. Ter alguma consideração por tal e tão rasca parlapatão é, de há muito para muitos, desde ontem para todos, uma impossibilidade humana e técnica.

Será preciso que o país desista de si próprio para que algum destes dois indivíduos possa voltar a ser admirado por alguém que não seja, ou completamente parvo, ou igual a eles.

 

27.11.14

 

António Borges de Carvalho

O MURO DE BERLIM DO PS

É muito interessante que os zelotas do PS, entre os quais avulta esse estranho ser (o IRRITADO, hoje, está muito simpático) que dá pelo nome de Ferro, ainda se dediquem a esgrimir com o PEC 4, como se tal e tão asnática “solução” alguma vez tivesse servido para alguma coisa que não para nos enterrar ainda mais fundo do que já estávamos.

O PS funciona em relação ao problema exactamente como o PC em relação ao muro de Berlim. Para o partido bolchevista (os outros partidinhos de seita meteram a viola no saco), aquilo na RDA era uma maravilha, os tipos que de lá fugiam eram uns traidores e, muitos deles, foram muito bem abatidos a tiro, o muro era a defesa do “povo” contra o capitalismo e o imperialismo, e mais uma série de patacoadas e aldrabices.

Para o PS, o PEC 4 era a salvação da Pátria, um golpe de génio, um documento que, ao contrário dos três anteriores, não se destinava a um rotundo fracasso, chumbá-lo foi uma traição à democracia, o país estava em boas mãos – as do Pinto de Sousa e camarilha -, não há desculpa para se ter cedido ao capitalismo de casino e aos malefícios do neoliberalismo, e mais uma série de patacoadas e aldrabices.

Toda a gente tem os seus gurus, os seus tótemes, as suas crenças, as suas simpatias. Mas, quando tais simpatias são informadas por uma cegueira desmedida, deixam de ser fraquezas para passar a estúpidas superstições.

Ainda estaremos a tempo de erradicar tais superstições de uma vez por todas? Duvido.

 

27.11.14

 

António Borges de Carvalho

UM APELO ANGUSTIADO

 

Exmº Senhor António Costa

Venho, humildemente, apelar à sua indesmentível coerência, ao seu acendrado respeito pela moral republicana, ao seu profundo sentido de Estado, à sua conhecida clarividência.

Quando uns funcionários fizeram asneira da grossa e o respectivo ministro se demitiu, Vossa Excelência, no uso das excelsas qualidades que acima refiro, veio a público elogiar, e muito bem, a atitude do tal ministro. Depois, e permita-me que me surpreenda, quando um seu funcionário da CML foi descoberto nas mesmas manigâncias, Vossa Excelência pareceu não deu por isso, certamente dados os seus ingentes afazeres.

Agora, que é o seu chefe - aquele a quem, lealmente, seguiu, apoiou, secundou, etc. - a ser apanhado, pensa o povo que deveria ser consequente com as suas mui esclarecidas opiniões e palavras. Como? Demitindo-se, é claro. Não quer Vossa Excelência ser acusado de, desta vez, faltar à coerência, esquecer a moral republicana, obnubilar o seu sentido de Estado, obscurecer a clarividência que todos lhe reconhecemos, pois não?

De que é que está à espera?

Se tiver alguma dúvida, talvez, para o esclarecer, o possa convidar para um almocinho no Aviz, onde se come bem e não é caro, ainda que os jornais digam que, às vezes, a frequência não é das melhores.

Com os melhores cumprimentos deste seu atento admirador

 

IRRITADO

O FIM DO REGIME

O regime acabou quando o PR Sampaio lhe ferrou um golpe de Estado. Em boa verdade, começou aí a IV República (uma opinião do IRRITADO que ninguém aceitará como boa).

A IV República, ou, se quiserem, a segunda parte da III, de há muito andava doente. Seis anos de governo maluco, de justiça totalmente inoperante e ao serviço do poder, mais da burocracia a galope, foram a lepra que atacou o regime. Seguiu-se a bancarrota.

Três anos depois, com enormes sacrifícios - que vão continuar por muitos e maus anos - vislumbram-se algumas luzinhas ao fundo do túnel. Por outro lado, a Justiça parece querer tomar as rédeas do que lhe compete. Resta a burocracia.

Exactamente quando o regime dá alguns sinais de vitalidade, o socialismo grita por aí que é o seu fim. Porquê? Porque a Justiça resolveu, primeiro, “tomar conta” do banqueiro do socialismo, depois, do seu máximo representante político. Quando o regime dá alguns sinais de melhoras, eis que as hostes socialistas concluem que está doente, à beira do fim.

São ou não são malucos? Ou será pior?

 

25.11.14

 

António Borges de Carvalho

A MATILHA AO ATAQUE

 

A monumental máquina do socialismo entrou em acção. Em menos de uma semana, o excesso de informação sobre os malefícios do Pinto de Sousa passou a excesso de trombones sobre os malefícios da Justiça. Não há cão nem gato que não se sinta “indignado”, não com o que o tipo fez – fez tantas que não há descrição possível – mas com a forma como foi engavetado, com o “circo mediático”, com a catadupa de notícias, com as ofensas ao segredo de justiça, com a “falta de garantias de defesa”, etc. e tal. Do Mário Soares ao MRPP, não há quem não condene quem engavetou, não o engavetado. Por uma questão de decência, ou de coerência, ou de dignidade, podiam calar-se. Mas não calam: no caso, o importante é criar uma cortina de fumo tão espessa que tape as labaredas.

Os mesmos que passam a vida a incensar as investigações dos jornais, acham que, desta vez, tudo o que aparece nos media é fruto de inside information, de violação da lei, de mau comportamento da justiça. É preciso, segundo a escala de valores do socialismo, começar desde já a desacreditar os polícias, os juízes, os funcionários, os media, tudo o que mexe, a fim de, se a novela acabar mal, quem julgar seja julgado e condenado na rua. Se a novela acabar bem, então a inocência do acusado era de tal maneira gritante que a justiça, apesar de manipulada, acabou por se fazer. Uma técnica de desinformação a fazer inveja aos melhores tempos do bolchevismo.

Foi indecente a prisão do arguido no aeroporto! O homem até vinha entregar-se! Pois vinha. E com tanta vontade que foi buscar três cartões de embarque e faltou a dois! Pois. Para os adeptos, três voos seguidos significam a ânsia de voltar à Pátria. As más línguas "da direita" são capazes de pensar que a história dos cartões de embarque não passou de um estratagema para confundir os que tipos o esperavam. Canalhas! A rapaziada do socialismo chega ao ponto de não hesitar em defender o Ricardo Salgado, amigo do peito do Pinto de Sousa como é público e notório, a quem foram buscar quando se queria entregar! Tal e qual como o Pinto de Sousa! Vale tudo para engromilar a opinião pública.

A desinformação chega ao ponto de se gritar que o TIC escondeu do respeitável público os motivos da prisão do senhor Pinto de Sousa, quando o mesmo TIC começou por fazer um comunicado a dizer os porquês da coisa.

Uma anedota no meio disto tudo: o tenebroso Pinto Monteiro (será primo do outro pelo lado do Pinto?) que, segundo diz, mal o conhecia, nunca tinha almoçado com ele, jamais lhe telefonou ou recebeu dele telefonemas, foi almoçar com o homem para falar de livros e trocar inocente impressões, como se faz com velhos amigos. E avança: foi uma secretária do Pinto de Sousa que lhe telefonou a convidá-lo para o repasto. Pelos vistos, o ora atrás das grades, apesar de não ter um tostão até ter tido que pedir um empréstimo à CGD para viver, tem secretária, motorista, femme de ménage, e sabe-se lá que mais empregados. todos pro bono, com certeza.

O IRRITADO que, como é sabido, não nutre, nem pelos juízes nem pelos media, simpatia de maior, que acha a barulheira acerca do assunto já é demais, não deixa de se regozijar quando verifica que, ao invés do que aconteceu nos ominosos tempos do Pinto de Sousa, a Justiça deixou de andar encolhida ou de “ouvir”  pressões do executivo. Aliás, o actual executivo já demonstrou à saciedade que, ao contrário do anterior, não se mete onde não é chamado.

 

25.11.14

 

António Borges de Carvalho

JUSTIÇA POPULAR

 

Os portugueses de um modo geral têm visto os seus rendimentos diminuídos.

Os pensionistas, reformados e funcionáreios públicos levaram um porradão dos diabos nas prestações ou vencimentos a que achavam ter direito. A generalidade dos demais, levou-o nos parcos ordenadinhos.

A maralha, de um modo geral, reage mal a estas coisas. Compreende-se: ninguém gosta. O problema é que, depois de o Estado ter sido levado à bancarrota, não há outro remédio. Por isso, não apreceu um único truta a descobrir a salvífica pólvora. É verdade que há os parlapatões da extrema esquerda a dizer o contrário: como é seu primitivo quão desonesto hábito, vendem o “homem novo” e patacoadas do estilo, e destilam inveja a fim de pôr as pessoas a pensar que a ideologia se come. Depois, há o Costa a prometer o que promete sem fazer a mais leve ideia de como será possível cumpri-lo. Diz ele que “outra política” sanará o problema, isto é, chegados ao poder, os socialistas encontrarão a árvore das patacas com a maior das facilidades. Não foi o que fez o Pinto de Sousa, ainda que para uso próprio, não dos demais? A árvore das patacas, para ele, está aí, mesmo falida ainda tem muito por onde sacar.

Quem ler até aqui, acha que o IRRITADO vai entrar na universal gritaria contra as subvenções vitalícias dos ex-titulares de cargos políticos.

Não vai não senhor. Justa ou injusta na origem, tal subvenção foi criada pelo Estado no uso de poderes legítimos. É verdade que, a partir de cerca de há dez anos, a subvenção foi abolida. Primeira consequência: os “novos”, ou actuais, titulares de tais cargos receberão coisa nenhuma, ao contrário do que a gritaria afirma. Primeira conclusão: os titulares que propuseram a reposição das subvenções vitalícias não estão abrangidos por tal reposição, uma vez que não se lhes aplica uma lei que já não existe e que, a existir, só os beneficiaria no fim de uma carreira que, para eles, ainda não acabou. Não estavam a julgar em causa própria.

Diz-se que as reformas, pensões e outras “prestações socias” eram fruto de um “contrato” com o Estado, e que o Estado está a faltar ao contratado. Mentira: desde que essas prestações deixaram de ter a ver com as contribuições pagas pelos seus beneficiários, isto é, desde que foram “socializadas”, ou nacionalizadas, o Estado passou a usá-las segundo a moral do Estado “social”, sem os "vícios" da capitalização. Distribuição, sim, nada de contratos ou outras martingalas capitalistas. É o socialismo, estúpido, queixas-te porquê?

Neste ambiente se insere a questão das subvenções vitalícias, que nada têm a ver com contribuições dos interessados, mas tão só com a vontade do Estado de premiar os que o povo escolheu como seus representantes, como fez, e faz, com os ex-presidentes da III República, todos socialistas de gema ou equivalente, à execepção do actual, que só o é um bocadinho.

O resultado de tal decisão (não contrato) foi que uma data de gente orientou a sua vida com base, entre outras, numa garantia estatal vitalíciamente válida. É evidente que, no primarismo bacoco que “passa” com facilidade na opinião pública, na imprensa e nos opinadores engagés ao politicamente correcto ou ao que “está a dar”, os ex-políticos são, sem excepção, uns penduras, uns tipos cheios de massa, que “mamam” no orçamento sem qualquer justificação. Falso. Muita gente passou pelo parlamento sem lucrar nada com isso, antes pelo contrário. Não é justo, porque “fica bem”, metê-los no saco sujo da imaginação de cada um que se deixa excitar e possuir por parangonas mais ou menos generalizadoras do que há de pior. Sobretudo, não é justo, nem curial, nem moral, privar de cem por cento da prestação um grupo social quando os restantes são privados de uma percentagem muito inferior. Cortar as subvenções, por exemplo, pelo dobro do que é imposto aos demais, corresponderia a uma solidarização acrescida em relação a eles, o que talvez fosse um bom exemplo. Mas cortar cem por cento nada tem a ver com justiça, com moral ou com curialidade. Não se priva um cidadão da totalidade de uma prestação vitalícia garantida pelo Estado sem grave atentado ao direito. O que não tem a ver com a desculpa que é dizer que os beneficiários “não precisam dela”. Há os que bem se governam sem ela, mas muitos há que precisam, ou que orientaram a sua vida em função das garantias que tinham de um Estado de Direito.

Há mais. O país tem sido governado, bem ou mal segundo a opinião de cada um, pelos poderes eleitos. Tais poderes, como é do conhecimento público, têm sido, bem ou mal, limitados pelo Tribunal Constitucional, que não se tem coibido de entrar em áreas que se julgaria reservadas ao executivo e ao legislativo. Nenhuma das decisões desse tribunal com impacto na governação foi tomada com base em disposições positivas da Constituição. Todas, sem excepção, se fundamentaram em “princípios”. É de perguntar, no caso das subvenções vitalícias, onde vão parar os pricípios da confiança, da certeza jurídica e tantos outros que que estão na base das suas decisões. Parece que a jurisprudência do TC só serve para o que, em termos de primitivismo político, agrada à opinião pública.

Nem sempre o que é popular é justo.

Uma última palavra para exprimir a maior pena pela atitude cobarde dos que desistiram de repor alguma justiça e alguma credibilidade do Estado nesta matéria.

 

24.11.14

 

António Borges de Carvalho

 

OPINIÕES DOURADAS

A propósito dos vistos ditos gold tem-se assistido a um surto de exemplar proselitismo moral, veiculado por tudo o que é opinante, escrevinhante, vigilante dos bons costumes e da “moral republicana”.

A crítica intelectual e “ética” chega ao ponto de menorizar os pecados da mafia que deles se serviu (funcionários públicos, teoricamente santos) transformando-os, coitadinhos, em meros intérpretes de uma bandeja cheia de dinheiro que lhes foi estendida pelo sistema.

Os tais vistos, num país que, a troco de coisa nenhuma, os tem dado (o IRRITADO não critica o facto) a uma multidão de fulanos que não trazem nada para além de si próprios – o que não é pouco -, passam a ser um crime se comprados nos termos de uma lei celerada que fornece à depauperada grei uma pipa de massa. O dinheiro que já entrou, mais de mil milhões, não é reprodutivo, não gera emprego, não serve para nada que não seja encher os bolsos a uns oportunistas.

Todas as teorias sobre o emprego, a necessidade de dinheiro, a falta de crédito bancário, etc., caem subitamente no saco dos mais hediondos crimes. Os tais mil milhões que entram nos bancos não significam nada para um país onde o dinheiro é a mais rara das matérias-primas!

Os altos polícias da moralidade pública chegam ao ponto de dizer, por exemplo, que só países de terceira (os do Báltico, Malta, Chipre, etc.) têm sistemas parecidos. E, confrontados com a realidade - países de primeira que fazem o mesmo (EUA, Canadá, França, Reino Unido… ) - desatam a dizer que é diferente, que não é a mesma coisa, e outras desculpas de mau pagador.

Há até os que ribombam que o governo está a “vender a nacionalidade”, o que é uma mentira absoluta e descarada. Vale tudo. Facto é que os tipos que compram casas não compram nacionalidade nenhuma. São como os demais, os que têm vistos à borla, isto é, os que, se quiserem a nacionalidade, têm, por exemplo, de aprender português e de andar por aí pelo menos dez anos com irrepreensível comportamento. Neste aspecto, todos iguaizinhos.

E os que falam nos direitos humanos ofendidos, por descriminação dos mais pobres? Porque não condenam os demais, as centenas de milhar de pessoas que entraram no país com uma mão atrás outra à frente e que têm vistos, licenças de trabalho e de residência, sem pagar mais que o tempo que perdem no SEF, nas repartições, na floresta da nacional-burocracia? O IRRITADO, repito, não é contra esta gente, muitas vezes boa gente, que nos faz falta e trabalha honestamente. Então porque é que uns, que não pagam, são bem-vindos, e os que pagam são, por definição, indesejáveis mafiosos?

Será racismo contra os chineses? Talvez não. É que os chineses, se forem uns tesos a vender porcarias nas lojas, são uns gajos porreiros. Se forem os importadores que dominam tais lojas sem ser objecto de vigilância, nem se preocupar com pormenores como o IVA, a Segurança Social, etc., são porreiríssimos. Mas, se trazem quinhentos mil ou mais, são bandidos.

É a mentalidade discriminatória típica das sociedades atrasadas, do socialismo “real” que entrou, via inveja, nas nossas cabeças, e tem alimentado gerações de enganados, a partir dos bancos da escola.

Que fazer quanto a estes “iranianos”? Dar-lhes crédito e criar o ministério da moralidade pública? Não. O IRRITADO recomenda: a dar-lhes alguma coisa, que seja ouvidos de mercador. Vão-se lixar, mais à sua “moral republicana”!

 

23.11.14

 

António Borges de Carvalho

COISAS ESPANTOSAS

Afinal, qual é o espanto? Que o Pinto de Sousa fosse preso? Não. Foi a coisa mais normal deste mundo. Um tipo com as histórias em que se envolveu, com os escândalos que provocou, com as aldrabices que vomitou, com as suspeitas que causou, foi, finalmente, metido na cadeia para interrogatório. Qual é o espanto? Nada de mais natural, mais normal, menos espantoso.


Espantoso é que tenha deixado de haver influências políticas na gestão dos casos, que tenha deixado de haver pressões sobre investigadores e procuradores, que tenha deixado de haver um PGR que, depois de ameaçar pôr escutas nos jornais, como ameaçou, as tenha mandado queimar, como mandou, aliás de sociedade com um tal Nascimento, que desautorizou os seus pares para proteger o poder político. Espantoso é que já não haja as manigâncias a que assistimos, por exemplo no caso Casa Pia, onde se chegou ao ponto de legislar para punir os juízes em vez dos suspeitos. Espantoso, mas pela positiva.


Pela negativa, espantoso é que, no universo do comentário e não só, tenha aparecido uma data de gente a dizer que o problema é a forma como o fulano foi preso, sabendo as televisões do assunto antecipadamente. Quer dizer, os mesmos artistas que se dedicam a criticar a falta de “transparência” de tudo e mais alguma coisa, de repente achem que ninguém devia saber deste assunto! Espantoso é que até tenha aparecido um opinionista, o sinistro fundamentaleiro do PS Adão da Silva, aos gritos que a justiça não tem escrúpulos e trata o Pinto de Sousa sem o devido respeito!
Espantoso é que o número dois do Pinto de Sousa, no governo e no PS, e chefe dos seus reabilitadores, o notório Costa, tenha sacudido a água do capote, tenha dito que a justiça é a justiça e a política é a política. Isto, no dia seguinte a ter afirmado que o Macedo é um gajo porreiro porque se demitiu, assumindo a “responsabilidade política” na questão dos vistos. Então, ele, Costa, que tem funcionários da CML a ser investigados pelo mesmo assunto não se demite da CML? Não tem “responsabilidade política”? Ele, que era o menino querido do Pinto de Sousa, que fechou os olhos a todas as malfeitorias do homem, que anda há semanas a tratar de o fazer regressar ao altar dos santinhos da política acompanhado de toda a sua trupe, em vez de se demitir do partido toma gloriosamente posse do cargo de secretário-geral e aceita ser “candidato a primeiro-ministro”. Então no seu caso, não há a mesmíssima “responsabilidade política”, ou mais?


Assinale-se, a título de anedota, que o guru do nacional-trotskismo, o camarada Louçã, veio sublinhar a “diferença” entre a detenção do Pinto de Sousa e a do Ricardo Salgado, protestando contra as diferenças de tratamento que as autoridades deram a um e a outro. Devia querer chamar a atenção para o que separa um pobre político de um abominável banqueiro. A verdade é que um foi preso em casa, outro no aeroporto. Ambas as detenções tiveram a devida publicidade. Qual é a diferença? Explico: é que as altas e retorcidas meninges do Louçã são capazes de imaginar?

Pinto de Sousa bem pode estar contente com este tipo de solidariedade, com certeza a somar à da maçonaria, do Mário Soares e de mais umas centenas de taradinhos que por aí vegetam e que não deixarão de se manifestar.

 

23.11.14

 

António Borges de Carvalho

MORAL REPUBLICANA

Tem passado mais ou menos despercebida uma “denúncia”, feita por um jornal electrónico, que diz que o Presidente Cavaco, quando deixar de o ser, terá o seu “gabinete de trabalho” num convento surripiado pelo Estado à Igreja no século XIX. Para o efeito, as instalações sofrerão obras de requalificação no valor de 475.000 euros. Ainda que a notícia não seja clara, é possível que tal verba seja também de 700.000. Aceitemos os 475.

A mesma notícia informa que a despesa relativa ao “sustento” dos três ex-presidentes vivos (Eanes, Soares e Sampaio) se cifra em cerca de um milhão por ano/cabeça.

O General Eanes, homem austero, alugou um andar na Av. Miguel Bombarda.

Mário Soares, imperial, senta-se num palacete da CML em condições que merecem referência. A CML “emprestou” o edifício a uma coisa chamada “Fundação Mário Soares”, cujo financiamento não é do domínio público mas que há quem diga ser, maioritariamente, do Estado. Como o gabinete do presidente da fundação Mário Soares (Mário Soares) não é do ex-Presidente da República (Mário Soares) a fundação aluga ao Estado as instalações de sua excelência seu presidente (Mário Soares) para alojar o ex-presidente da República (Mário Soares).

Mais importante ainda, o ex-presidente Sampaio – aquele do golpe de Estado, lembram-se? – fez, pela módica quantia de 750 mil euros, umas obrinhas no atelier de pintura da Rainha Senhora Dona Amélia, no remanso sombrio e fresco da Tapada das Necessidades, onde hoje dá largas às suas actividades por conta da ONU, actividades cujos resultados estão, infelizmente, à vista.

Ficamos assim com uma vaga noção do que custa a presidência da III República. Somemos o orçamento de Belém (o dobro ou mais dos custos públicos da Casa Real de Espanhola, por exemplo), os custos das campanhas eleitorais, das obras, da manutenção e, post-mortem, dos motoristas, dos adjuntos, do pessoal menor, etc., e teremos uma noção do que custa a chefia do Estado. Para quê? Para exercer, por excesso ou por defeito dependendo das opiniões, uns poderes que ninguém sabe exactamente o que sejam, nem se servem para alguma coisa.

 

Dá que pensar, não dá?

 

20.11.14

 

António Borges de Carvalho

GENTILEZAS

 

Declarações prévias:

- O IRRITADO acha muito bem que, a haver corrupção nesta história dos vistos dourados, os respectivos protagonistas sejam sujeitos aos rigores da lei.

- O IRRITADO acha que a corrupção, sobretudo a de “alto nível” ofende os interesses do país e o desprestigia.

 

Posto isto, olhemo-nos um bocadinho ao espelho.

Quantos, de entre nós, nunca deram uma gorgeta “propiciatória”? Quantos, de entre nós, jamais se viram obrigados a dar umas massas a um tipo para resolver um problema burocrático que, de outra forma, não se resolveria, por mais legítimo que fosse? Quantos nunca “pediram” ao contínuo (hoje “técnico operacional auxiliar” ou coisa que o valha) para ir buscar um papel ao 4º andar e trazê-lo para o 3º, ciente de que, de outra forma, o papel ficaria lá em cima até vir a mulher da fava rica? Quantos “pediram” ao funcionário das finanças para atrasar uma liquidação? Quantos “conseguiram”, com alguma rapidez, um resgisto que, de outra forma, nem no século XXII? Quantos, quando os notários eram públicos, não precisaram de ter relações especiais com ajudantes e mangas de alpaca de toda a espécie? Quantos não pediram à prima funcionária que despachasse ou resolvesse um assunto qualquer?

Falemos claro. Esta coisas de “serviços empurrados” é prática que faz o seu rumo de alto a baixo na nossa sociedade. Quase sempre, direi, para fins legítimos. Não se trata, na esmagadora maioria dos casos, de pagar crimes ou exigir ilegalidades mas, simplesmente, de conseguir, melhor ou mais depressa, a satisfação de necessidades que, como toda a gente sabe, por mais simples que sejam são entravados por uma burocracia avassaladora e anquilosante. Excessos de regulamentos, decretos e despachos? Com certeza. Mas os regulamentos, os despachos, os decretos, são utilizados para isso mesmo: servir de desculpa para o “zeloso” exercício do chamado “poder de função”, fundado em interpretações maximalistas, as quais, para passar a minimalistas, quantas vezes precisam de adequada lubrificação.

Vivemos nisto, sempre vivemos nisto, e venha o mais pintado ter moral para atirar a primeira pedra.

Como se acaba com isto? O IRRITADO, ao longo da sua prègação, tem sugerido algumas pistas. Por exemplo, deitar fora dois terços dos regulamentos que fabricam o “complicadex” em que vivemos.

Porque será que isto não é feito? Desde o 25 de Abril já houve para aí uns trinta ministros e secretários de Estado, oitenta comissões, duzentos grupos de trabalho, sei lá, encarregados da “reforma administrativa”. E se essa gente tivesse actuado como devia? Eu digo: se essa gente tivesse actuado como devia, quantas (mais) dezenas de milhar de funcionários não estariam no desemprego, na “mobilidade” ou em qualquer coisa do género?

Algumas coisas têm sido feitas. Por exemplo: o “simplex”, que funcionou pouco e já está mais que esquecido. Por exemplo, os deferimentos tácitos, que os haveria aos pontapés se as autarquias cumprissem a lei. Mas nunca cumpriram, ou seja, “interpretaram” os deferimentos à sua maneira – à maneira do funcionalismo que ficou aflito por ficar de fora da tramóia. Assim, jamais uma câmara passou uma licença de obra ou de outra coisa qualquer por deferimento tácito, tudo voltando à estaca zero.

Neste ambiente administrativo, como é possível acabar com as “ajudas”? As “ajudas”, seja sob que forma for, das mais inocentes às mais exigentes, são, em muitíssimos casos, indispensáveis, sob pena de paralizia ou de anos a rumar a um incontável número de repartições, autoridades, entidades, fiscais e outros que tais, rodas da máquina da tirania.

Depois, venham cá falar de corrupção.

Repito, provada a culpa dos tipos dos vistos dourados, que sejam castigados nos termos da Lei. Mas têm uma atenuante: mais não são que rodas da máquina infernal que vive de “gentilezas”.

 

20.11.14

 

António Borges de Carvalho

NAS MÃOS DESTA GENTE

 

Uma notícia ontem vinda nos jornais pode resumir-se assim:

- O artista de Braga pôs mais uma acção contra a CML, exigindo a módica quantia de 350 milhões de euros de indemnização pelos lucros que deixou de ter em consequência das tropelias camarárias no caso Parque Mayer/Feira popular;

- Em Janeiro, a Câmara aceitou pagar ao homem 102 milhões a título de reposição de despesas;

- Estes 102 milhões serão pagos pela Câmara a prazo, acrescendo 29,5 milhões de juros;

- A CML aceitou o uso de um tribunal arbitral para resolução de uns trocos que ficaram fora do acordo dos 102 milhões mais juros, ou seja dos 131.5 já acordados;

- É nesse tribunal que o artista bracarense põe a tal acção de 350 milhões;

- O ilustre presidente da CML que temos já aceitou pagar, a este título, 50 milhões.

 

A notícia que refere estes factos é escrita, e muito bem, sem comentários. Interessante é que, nem no jornal em causa nem noutro qualquer houve comentarista ou opinista, dos milhares em acção, que tecesse quaisquer considerações sobre o assunto. As televisões et alia calaram-no.

Feitas umas continhas, temos que a CML vai pagar ao senhor Névoa uma quantia que se situará entre os 181,5 e os 531,5 milhões – o primeiro número já está garantido - mais os juros da última tranche, ou seja, seguindo o mesmo critério, entre 14,5 e 153,2 milhões, elevando-se o cálculo para qualquer coisinha entre 292 e 684 milhões. Se o tribunal arbitral for simpático, talvez se possa fixar o pagamento total médio nuns 488 milhõezitos.

Porquê? Porque a Câmara PS, em linda iniciativa do Fernandes, tomada sob os olhares desvelados do Costa e da Roseta, pôs em causa os acordos a que o próprio PS chegara na Assembleia Municipal, armadilhou o Névoa de forma cobarde e pidesca, acusou o Presidente Carmona Rodrigues e a vereadora Eduarda Napoleão de corrupção, gestão danosa e outras aldrabices, tratou de deixar ao mais miserável abandono - há mais de dez anos! - dois dos mais importantes locais da cidade, e tem, estupidamente, deixado progredir tal abandono sem tomar uma única decisão que lhe ponha fim ou melhore a situação.

O Névoa safou-se dos pides. Carmona e Napoleão foram, como não podia deixar de ser, absolvidos - por duas vezes! -, a CML já se comprometeu a esportular pelo menos 181,5 milhões, e vai, de certeza, ver tal verba acrescida. A única coisa em que a CML “triunfou” foi na miserável estagnação dos terrenos, ora pasto de ratazanas, de gangues, de lama e de ruínas.

Perante estes crimes contra a cidade, que sofre, e os munícipes, que vão pagar, que contrição houve por parte dos culpados, que indignação invadiu os jornais, que comentador acusou, que jornal pegou no assunto, que jornalista investigou? Nada nem ninguém.

Será que alguma alma caridosa, das muitas que têm bem pago assento na “comunicação social” quer pegar no assunto? Não. O IRRITADO não se cansa. Mas está sozinho.

A pergunta, a mais angustiante pergunta, é: será que o país merece vir a ficar nas mãos desta gente?

 

16.11.14

 

António Borges de Carvalho

SITES E VISTOS

 

A matilha tem feito os habituais esforços para meter na cabeça de cada um que a ministra da justiça é a grande culpada dos trinta dias em que o site esteve com asma. A política, em Portugal, é, sempre foi, assim. O adversário é para destruir, não para criticar. Portanto, demissão, e já!

O IRRITADO foi dos que, muito antes da ministra, falou em sabotagem. A ministra queixou-se, os especialistas informáticos da PGR (haverá lá disso?) acharam que não era sabotagem. Os dois técnicos que estariam na coisa foram ilibados. São, todos os dias, incensados na “informação”: a culpa não era deles, é da ministra, ao que parece egenheira informática especialista em sabotagens. Devia ser despedida na hora, como é evidente.

Aceitemos então, por conveniência de estilo, que não houve sabotagem. Mas o site não funcionou. Então, o que houve? Resposta: engano, incompetência, ou... o quê? Segundo o politicamente correcto, nada disso: a culpa é da ministra, e acabou-se. Assim se faz justiça popular, ou se mete a tal “justiça” na cabeça das pessoas: uma das mais nobres missões da oposição e da “informação”, segundo a deontologia em voga.

Enfim, parece que o pior já passou.

*

Temos agora o ingente problema dos vistos. Há muito se desconfiava (o IRRITADO desconfiava) que havia uma data de “comissões extraordinárias”, ou de “gentilezas propiciatórias”, pelo menos no caso dos chineses. As agências, aliás, tinham por hábito informar os vendedores que, no caso dos chinocas, os habituais cinco por cento eram para esquecer. Vindo o dinheirinho de Pequim, havia que contar com vastas redes de comissionistas, intermediários chineses, advogados chineses, advogados portugueses, enfim, uma cadeia que, lá para os orientes, é habitual e inatacável e que, por cá... foi andando.

Não se esperava era que a cadeia subisse tão alto, ou fosse tão vasta e tão “eficaz”.

A polícia atacou, investigou, escarafunchou, e engavetou uma data de gente. O governo, como lhe compete, não mexeu uma palha. Imaginem isto no tempo do Pinto de Sousa, meus amigos, e vejam a diferença! Alguma coisa, não pouca, mudou nesta terra, para (muito) melhor.

Mas a matilha lá anda outra vez. A culpa é do ministro, como é evidente, não é? O principal suspeito foi lá posto pelo Pinto de Sousa, mas a culpa é do ministro e, já agora, do Passos Coelho. E não falta quem branda com as “ligações” do ministro, mesmo tendo saído de uma firma que se tornou suspeita – não o era quando ele lá estava – assim que tomou posse, e tendo renomeado o nomeado do Pinto de Sousa. Para a “informação”, porém, o que conta, o que é preciso, é dar cabo do homem.

*

Esta gente habituou-se – já estava habituada - a dar cavadelas a a ver sair minhocas quando o PS andava para aí a trafulhar. Agora, dá cavadelas e, como não saem minhocas, fica desesperada. Há que fabricá-las. “Sem minhocas não há informação”, deve ser, ou é, o primeiro mandamento do código do nacional jornalismo.

Vai correr muita água neste assunto dos vistos. A ver vamos no que dá ou deixa de dar.

Facto é que, na política, há coisas que muito melhoraram. O que, para a matilha, é insuportável.

 

14.11.14

 

António Borges de Carvalho

VERDADES SOCIALISTAS

Uma tal Catarina, não a Martins, a Mendes, especialista em furibundices e dislates vários, veio declarar, a partir do alto cadeirão de que dispõe no caucus do socialismo parlamentar, que, sendo o PS governo, “a reposição dos salários da função pública é mesmo em 2016”.

A correr, um certo Costa, chefe máximo da Catarina, veio dizer (rasparta a miúda!) que “se for possível”, sim senhor, se não for... logo se vê. O que quer dizer que, como é evidente, não vai ser possível. O homem – não é de confiança mas não é parvo - já percebeu, coisa para a qual os neurónios da Catarina não chegam, que não há nem vai haver dinheiro que sustente tanta demagogia. E, fugindo-lhe a língua para a verdade, tratou de tirar os burrinhos da chuva.

 

14.11.14

 

António Borges de Carvalho

A TAXA COSTA

Como uns patinhos, os críticos do CDS e Cª, os das confederaçõe patronais, os comunistas do bloco e do PC, desataram aos gritos por causa da taxa de 1 euro/dormida a impor aos turistas pela CML.

Não perceberam esta coisa tão simples: trata-se de uma cortina de fumo. O Costa vai cair como um torpedo, com desculpas de mau pagador, em cima do IMI e em mais uma série de coisas que não valerá a pena descrever. Espertalhão, atirou à cara dos “inteligentes” com o imposto turístico. E a malta, os inteligentes, pisou a casca de banana: aqui d’el Rei que se vai acabar com o turismo, que vamos todos para o buraco, os hotéis, os restaurantes, os tuquetuques, os táxis, o raio. Como se houvesse algum turista que deixasse de vir até cá por pagar um euro por noite nos hotéis de Lisboa, cidade onde uma estadia no Ritz custa tanto como numa pensão ordinária de Londres. O Costa, vão ver, vai deixar cair a taxa das entradas no aeroporto e outros pinduricalhos sem importância de maior.

O que interessa é o sono dos turistas. Li não sei onde que Lisboa vendia 500.000 dormidas por ano. Aí temos 500.000 euros para o Costa. Se quiser um lilhão, é só passar a dois euros.

O que interessa é o sono de um CDS aos tiros no pé, dos primitivos das associações, dos profissionais de clamores. Andam todos a enfiar o barrete, e não dão por nada!

As taxas que deviam ser comentadas são as que nos vão cair em cima, não em cima dos turistas em somas que os não aquecem nem arrefecem. É bom que o Costa comece a perceber que precisa de dinheiro e que tal precisão comece a mostrar aos eleitores que, em matéria de “insensibilidade social”, o Costa se, desgraçadamente para nós, chegar ao poder, vai deixar a coligação a milhas...

Se percebermos isto, talvez ainda vamos a tempo de evitar a desgraça.

 

12.11.14

 

António Borges de Carvalho

BARÕES E ESPECIALISTAS

O PSD é fértil em barões e baronesas. Tudo gente do melhor, a desdobrar-se em bitaites que fazem a felicidade do Costa. Ele é o Marcelo e as sua loas à “empresária” angolana. Ele é o Pacheco e o esplendor da frustração. Ele á a dona Manuela e o seu verrinoso mau perder. Ele á o pequenote a debitar “novidades”. Ele é o grande, na opinião do próprio (não me lembro do nome), que preside a um órgão dito “social”. E muitos mais. Já há quem lhes chame, com carradas de razão, a brigada do reumático. Todos velhos, todos rezingões, todos convencidos da excelência de si.

Há um que se distingue nesta malta. Um homem que, dizem, foi fundador do PSD. Um homem que nunca mexeu uma palha na política, que nunca arriscou uma candidatura, que nunca foi dirigente de nada nem responsável por fosse pelo que fosse, no partido ou na política. Mas, o mores!, com assento em todas as ocasiões para “corrigir” os que dão a cara. Sempre que é preciso maldizer, aí desce ele das plagas durienses, para determinar como as coisas devem ser: um Miguel Veiga, gajo porreiro segundo testemunhos dos amigos, certamente com altas preocupações, membro proeminente da tal brigada. Desta feita veio dizer ao Passos “sai daí, que eu quero lá pôr o Rio”. O IRRITADO até acha que o Rio podia ser útil ao partido e ao país não fora as relações e o conluio que tem mostrado ter com o Costa. Ora o Veiga, sendo fundador da coisa, não devia contribuir para a desestabilizar, a não ser que fizesse outra coisa que não fosse mandar bocas a despropósito. Há anos e anos, desde 74 pelo menos, que só faz disto. Um verdadeiro especialista.

 

12.11.14

 

António Borges de Carvalho

FUTEBOL E LÍNGUAS

 

Como é evidente, há coisas que nos irritam mais que outras. Às vezes não serão, em si, muito irritantes mas, quando passam a vida a repetir-se, fazem fervilhar os genes da fúria.

Tem havido, ao longo dos anos, uma quantidade gigantesca de imigrantes futebolísticos, de um modo geral bem pagos e felizes: suecos, alemães, húngaros, búlgaros, sérvios, e assim por diante. De um modo geral, meses depois, arranham o portugês, havendo muitos que o falam correntemente ao fim de um ano e que aparecem na TV sem precisar de legendas. Não acredito que seja só de ouvido. Esta malta, ou para enriquecer os seus conhecomentos linguísticos, ou por respeito para conosco, deve aprender com quem ensina a língua. É um esforço meritório.

Porém, há excepções. Todas elas espanholas ou de língua castelhana. Somos obrigados a ver com legendas aquele espanhol do FCP, inúmeros jogadores do SLB e de outras agremiações do género. Que saudades do Ericson, do Feher e de tantos outros. Esta malta do castelhano humilha-nos, e nós (a TV, a imprensa, etc.) parece que até gostamos! Então e a Federação, a Liga, os clubes, essa gente da bola não toma providências? Se quiseres mandar as tuas bocas, aprende português! Muitos o fazem. Todos? Quase, se descontarmos os castelhanos ou aparentados. Seguem o exemplo da sinistra Pilar del Rio, que nem o nome do sinistro marido usa, certamente por ser um nome português, e que, com arrogância, desprezo e falta de vergonha, aparece em diversos fora (convidada!!!) fazendo gala do seu castelhano.

 

Não direi que a aprendizagem da língua devesse ser obrigatória. Mas, que diabo, ao menos que não se desse o microfone a esta malta.

 

12.11.14

 

António Borges de Carvalho

 

 

 

 

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