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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

DO AVANÇO DA BARBÁRIE

Quando, depois da sangueira da II Guerra Mundial, a paz foi restabelecida, a Europa, por um lado a braços com a gigantesca tarefa da reconstrução e, por outro, com a convicção de que jamais haveria outra guerra, pelo menos como aquela, curou do seu desenvolvimento e da criação de regimes de redistribuição que passaram a absorver cada vez mais meios e a subestimar a sua capacidade defensiva. A “corrida aos armamentos” era escopo das grandes potências, chegando a existência de armas nucleares para assegurar uma paz duradoura. À Europa livre bastava ir actualizando as suas forças, ao mesmo tempo que o Tratado do Atlântico a poupava a grandes preocupações. À excepção do Reino Unido e da França, nenhum país curou de conferir credibilidade própria, e séria, às suas forças armadas. Uma paz duradoura veio justificar esta política.

A partir pelo menos do mandato de Kenedy, os EUA começaram a fazer sentir que não era justo, ou prudente, que a Europa se mantivesse, em face dos graves problemas que enfrentava – os da guerra fria – quase exclusivamente “encostada” ao poder militar de além Atlântico. Surgiu a tese do “pilar Europeu da NATO”, desafio lançado por várias administrações americanas, com o objectivo, senão de equiparar militarmente a Europa e os EUA, pelo menos de mitigar o desiquilíbrio existente. A resposta a tal desafio foi fraca, ou quase nula. Outros objectivos “mais nobres” ou mais rentáveis eleitoralmente se sobrepunham a uma defesa que, se gravemente ameaçada, sempre teria o guarda-chuva americano. Foi, aliás, o que sucedeu na guerra da Jugoslávia - onde os americanos pouco interesse teriam - bem como noutro tipo de supervenientes conflitos em que a Europa, sem tal colaboração, teria sofrido muitos milhares de baixas.

Apesar disso, os orçamentos de defesa continuaram a conhecer generalizado e progressivo emagrecimento, vítimas das políticas sociais e da subjacente convicção de que alguém se ocuparia das tarefas mais difíceis, pagando-as, como é evidente.

Ora o que o tempo veio a mostrar foi (é) que as ameaças clássicas se têm agravado sem que se lhes vislumbre um fim. O interregno democrático ocorrido na Rússia foi rapidamente submergido pelo tradicional poder absoluto ou quase, aliás de acordo com a política secular daquela enorme e imperial país. Um candidato à NATO, a Ucrânia, viu já boa parte do deu território anexado por Putin, e está a braços com uma guerra que ninguém duvida ser muito mais um ataque do exército russo que uma revolta popular. Quando se diz, com punhos de renda, que os atacantes são “insurgentes”, “revoltosos”, “separatistas”, “russófonos”, com mais propriedade se deveria dizer que o exército russo, os meios russos, a logística russa, a política russa, etc. A diplomacia, ou o medo, têm destas coisas. Os poderes absolutos sempre se justificaram internamente com este tipo de atitudes. O Império russo, humilhado depois da queda da tirania soviética, está em vias de reconstrução. A Europa não tem vontade política para se lhe opor militarmente e, o que é pior, não tem poder capaz de, sem recurso à força, dissuadir o ressurgimento imperial que os ataques que lhe são dirigidos significam.

Acresce que o mundo civilizado está mais preocupado e focalizado pela guerra ao imparável terrorismo, passando as ameaças clássicas para segundo plano. Pode compreender-se que assim seja, mas seria de desejar que uma coisa não fizesse esquecer a outra. Ambas deveriam merecer a maior das atenções. A fim de que a contemporização das democracias com a arrancada nazi de 38/39 se não repita, nem se repitam os seus resultados. Acordar, antes a horas do que tarde demais.

 

28.2.15

 

Aantónio Borges de Carvalho

PIOR A EMENDA QUE O SONETO

Os últimos dias têm mostrado, mesmo aos que ainda tinham dúvidas, que o Costa, além de oco, é burro e mentiroso. Mais engraçado é que ninguém põe o dedo na verdadeira ferida.

Vejamos: numa prédica para chinês ouvir, a criatura faz a apologia do investimento estrangeiro, declarando, sem margem para dúvidas, que a situação do país é melhor agora que quando o 44 se foi embora. Acossado pelos tipos da maioria (muito mais que pelos media) de lhe ter fugido a boca para a verdade, decidiu desdizer-se, isto é, declarou que tinha mentido, o país está pior, eu estava a faler para chinês ouvir, não liguem ao que eu disse.

Esta “emenda” é muito pior que o “soneto”. Se não fosse burro, Costa devia ter dito que, dirigindo-se a investidores estrangeiros, lhe competia sublinhar o que, para eles, era mais importante. Devia tê-lo confirmado, dizendo que é verdade, como os factos provam, que há uma melhor atmosfera para o investimento externo do que havia há 4 anos. Não lhe competia, na ocasião, dizer o que ainda não o favorece, ou falta fazer, ou não se fez. Depois, diria que, sendo um amante da verdade, tal nada tinha a ver com a situação dos portugueses. Aí, destilaria a habitual choradeira comum a tantos Tripas e apaniguados que por aí andam.

Mas não. Meteu os pés pelas mãos, implícitamente confessando que mentiu aos chineses. Ou então, que mente todos os dias aos portugueses, quando diz que tudo está péssimo e sem outra solução que não seja pôr-lhe o poder nas mãos nas eleições do fim do ano.

Donde se conclui como se começou. O homem é burro, aldrabão, não tem nada na cabeça, não presta. Como diria Soares, célebre especialista em dislates, o PS que se cuide.

 

26.2.15

 

António Borges de Carvalho

 DESMANDOS COMISSIONAIS

 

Muita tinta corre por aí sobre o “puxão de orelhas” que levámos da Comissão. Para uns, estamos mal, muito mal, muito pior do que o governo diz. Para outros, nada mais natural, a vigilância europeia continua, está escrito, acordado, decorre dos tratados, todos os países estão na mesma situação, à excepção dos que ainda têm “programas”. A França e a Itália, fortes economias europeias, estão precisamente na mesma situação. Donde, fez a comissão muito bem, fez o seu papel, e não há conclusões de maior a tirar daí.

No meio disto, o que impressiona o IRRITADO é o que a Comissão deitou cá para fora.

Diz ela que os apoios sociais são poucos, “atingem os mais pobres”. Então não sabe que, de todos os países europeus, desde 2010, Portugal foi o que menos prejudicou os mais pobres em relação aos mais ricos ou menos pobres? Não viu que OCDE demonstrou isto por a+b? Não sabe que os mais pobres não pagam rigorosamente nenhum imposto? Que raio de opinião!

Diz ela que “receia” que a reforma do IRS vá “favorecer os ricos”. Então os “ricos” - à portuguesa, os ricos começam na classe média B - que pagam 40, 45, 50, 60 por cento, e mais, sobre o que recebem, e vão continuar a pagar (se não conseguirem inventar despesas elegívies), estão a ser favorecidos? Os economistas da Comissão são parvos ou, como ganham para fazer relatórios trimestrais, têm que dizer alguma coisa, seja o que for, mesmo que destituído de qualquer aderência à realidade?

Diz ela que acha que o aumento do salário mínimo não vai ter efeitos que se vejam. Então a Comissão, que foi sempre contra o aumento do salário mínimo, agora acha pouco? Que gente é esta?

Diz ela que está preocupada com o chamado défice tarifário, isto é, que o país não encontre forma viável de o pagar. Quer dizer, em vez de defender os interesses do país e de recomendar que façamos como os espanhóis, mandando acabar com a pornográfica mama de tal “défice”, a Comissão está com medo que a mama acabe! Raio de gente!

Diz ela... bom, há mais, mas para quê falar nisso?

O IRRITADO não é contra o “direito” que a Comissão tem de nos vigiar. Mas, que diabo, parece que seria de exigir ao vigilante que tivesse um mínimo de conhecimento do “terreno” em vez de mandar bocas idiotas e críticas sem sentido. Estará feita com o PS?

 

26.2.15

 

António Borges de Carvalho

GENTE DE BEM

Parece que, pelas mais diversas e travessas vias, esse trombone de demagogia barata e ilusões primárias que opera em Espanha e dá pelo nome de Podemos - do clube do BE/Livre/Etc. - tem andado a viver à custa do partido irmão, o do Chávez, Maduro & Cª, com sede em Caracas.

A coisa vai, que se saiba, nuns modestos 14 milhões de euros, o que nos dá conta da solidarieade entre os irmãos políticos que por aí andam, uns na cadeia de Évora, outros espalhados por syrizas, be’s, tavares, dragas e quejandos. O “verdadeiro socialismo” sempre foi assim, solidário, amigo, preocupado com os outros. Reduziu a Rússia, Cuba, Angola, Moçambique, Coreia, China, etc. à mais desgraçada miséria. No nosso jardim, em versão moderada, foram só três bancarrotas e muita, muita asneira, para não falar em trafulhice.

Em interpretação venezuelana, é o que se sabe: já não há comida nos supermercados nem dinheiro para pagar dívidas, mas o bolivarismo é óptimo. Ainda ninguém fez as contas às empresas portuguesas e, certamente, espanholas, que já não sabem para onde se virar por causa dos não pagamentos do “São Hugo”, agora em versão Maduro. Talvez os milhões do 44, perdão, “do amigo” do 44, pudessem servir para atenuar tais problemas. Mais justo não podia ser, já que foi ele, o 44, quem empurrou as empresas para os braços dos doidos.

Desta feita, uma data de empresas fantasma e agremiações equivalentes “colaboraram” com o Podemos. Se se vasculhar mais, se calhar houve mais colaborações – candidatos não faltam cá no sítio -, através de “mecanismos” normalmente tidos por próprios do capitalismo de casino, como diria o parlapatão Soares.

A ver vamos se (mais) esta servirá para abrir os olhos aos espanhóis, a tempo de não vir a ficar nas mãos do tipo do rabo de cavalo. Entre nós, talvez também pudesse esclarecer os zelotas, ainda que poucos, do socialismo radical. A ver vamos.

 

26.2.15

 

António Borges de Carvalho

POBRES CRIANCINHAS

Há muitos, muitos anos, temos por cá uma coisa que se chama Conselho Nacional de Educação, com funções de aconselhamento dos governos. Esta tenebrosa agremiação, na generalidade esquerdista, tem-se dedicado a fabricar as mais extraordinárias teses, podendo dizer-se que foi um dos principais esteios teóricos da forma atrabiliária como têm sido feitas, desfeitas e tornadas a fazer e a desfazer as mais mirabolantes “reformas” do ensino, com os catastróficos resultados que são conhecidos: perda de qualidade, instabilidade, custos estrambólicos, manuais aos pontapés, tudo sempre em nome de “estudos”, avaliações “psicológicas” e outros produtos que para outra coisa não servem senão para dar que fazer a uns senhores que se dedicam a “pensar” no assunto: a verdade é que, coitados, se não parirem coisas novas, perdem razão de ser. Muito mais ao serviço de regurgitantes e pretenciosas intelectualices do que do ensino propriamente dito, tal conselho vai ganhando a vida a dar largas a inanidaes e elocubrações.

Desta vez, o tal conselho resolveu que é preciso acabar com os chumbos. Os chumbos carecem de “eficácia”, são “caros” e, acima de tudo, causam “problemas emocionais” aos alunos. Bonito! Além de acabar com os chumbos, a distinta organização propõe o fim da “cultura da nota”, bem como da afixação de pautas classificativas.

Temos então que o ensino vai passar, com certeza, a ser muito mais livre e menos passível de causar às criancinhas qualquer espécie de problema “emocional”. Ninguém vai classificar ninguém, nem examinar ninguém, nem dar notas ou, se persistir em tal erro, escondê-las. Deve tratar-se de defender a “igualdade”. Um aluno bom é igual a um mau, um que estuda igual a um preguiçoso, uma besta igual a um génio, um que nada sabe igual a um marrão. Os maus alunos não serão submetidos às consequências “emocionais” de o ser, os bons deixarão de ter orgulho (uma emoção!) nos seus triunfos, mais valendo escondê-los que vir a ter algum efeito emocional naqueles que nada fizeram.

Não sei o que se há-de fazer a estes teóricos, já que há poucos lugares nas prisões do Estado. Mas, pelo menos, com o alto objectivo de poupar despesas talvez fosse de os mandar para casa deseducar os flhos deles em vez de contribuir para a destruição dos dos outros.

 

24.2.15

 

António Borges de Carvalho

ENTÃO, Ó PORTAS?

Era mentira, essa da diplomacia económica. A dona Cristas eriçou a crista e proibiu a presença das empresas portuguesas na mais importante feira mundial de alimentação. A senhora passa a vida a dar “alento” aos produtores, a dizer que têm que se internacionalizar, que têm que vender mais, que a balança de pagamentos tralala tralala. Mas, quando chega a altura de actuar a sério, alto e pára o baile que isso custa oito milhões.

A atitude, de tão estúpida, não merece comentários de maior. Mas, que diabo, ó Portas, que incoerência, que descoco, dás cobertura à crista da Cristas?

 

24.2.15

 

António Borges de Carvalho

GREGUICES

Quando a Macedónia se tornou independente, os gregos entraram em paranóia. Nem pensar. Macedónia não podia ser o nome do novo país, porque Macedónia era grega. E o Filipe? Então o Filipe não era grego? Uma afronta, uma falta de respeito, uma inaceitável ofensa. Os gregos moveram montanhas para evitar que a Macedónia se chamasse Macedónia.

Conseguiram! Facto é que, por exigência grega, a Macedónia, nos documentos oficiais, passou a FYROM (Former Yugoslav Republic of Macedonia), na formulação em inglês. Em português dir-se-á ERJDM (Ex República Jugoslava da Macedónia), ou coisa que o valha.

Os gregos deram, assim, mais um grande exemplo ao mundo. E, dada a prática que ganharam, conseguiram agora chamar à Troica mais ou menos CIPFPG (Conjunto de Instituições Políticas e Financeiras Parceiras da Grécia).

A Macedónia continua Macedónia. A Troica continua Troica. Mas os gregos estão muito mais satisfeitos. Devem achar que, com isto, se mostram dignos do Aristóteles. Este, na cova, deve chorar amargamente.

 

24.2.15

 

António Borges de Carvalho

IMPERDOÁVEL ESQUECIMENTO

 

Anda a ONU, a UE, mais o mundo quase inteiro, a gastar triliões por causa do aquecimento global. Andam os político-burocratas da “ciência”, empregados pela ONU, a fazer cálculos e mais cálculos, todos unanimemente conduzidos para concluir a favor do tal aquecimento. Anda o ministro, dito do ambiente, por conta do aquecimento global, a arruinar as pessoas com moinhos de vento e impostos “verdes”. Andam os povos atemorizados com o destino do planeta por causa do aquecimento global. Anda o Costa a dar cabo da vida a quem tem carros velhos por causa do aquecimento global. Anda tudo minha gente à nora por causa do aquecimento global.

E vem o São Pedro, totalmente incorrecto, a arrefecer esta coisa cada vez mais. Por cá, está mais frio que de costume. Na Rússia também. Nos Estados Unidos é uma desgraça, um frio do caneco, tudo parado, tudo afogado em neve e gelo. Em Montreal, menos vinte centígrados já é muito bom. E assim por diante.

Ó São Pedro, vê lá se tomas conta das coisas, em vez de andar para aí a atacar a “ciência”. E se fizéssemos uma petição aos céus para que deixem de contradizer tantas e tão nobres instâncias? Esqueceram-se de nós? Imperdoável.

 

24.2.15

 

António Borges de Carvalho

O IRRITADO ENGANOU-SE!

 

É verdade. Ontem, escreveu o IRRITADO cobras e lagartos sobre o acordo entre o governo do Syriza e a União. Enganou-se redondamente.

Hoje, o grande chefe do ramalhete da nossa esquerda radical, o inigualável Tavares, veio esclarecer, contar a verdade, dizer de sua alta justiça.

Citemos o fantástico líder:

Com a publicação de um mero comunicado entre(sic!) a Greécia e o Eurogrupo, foi o momento em que a crise do euro começou a acabar (atente-se na maravilha de português);

A Europa recuou na sexta um passo do precipício;

O fim da toika vai muito para além da nomenclatura;

As reformas serão adoptadas sem o direito de veto da Alemanha e, mais importante, são propostas pelos próprios gregos;

No mundo real, toda a Europa deve um grande agradecimento à razoabilidade e à imaginação de Varoufakis.

Postos assim os pontos nos is pelo ilustre condotieri, ao IRRITADO mais não resta que pedir desculpa pela sua irreflexão.

Aprová-lo, aqui fica uma outra citação, desta vez dum esquerdista menos esquerdista que o Tavares e por isso tão burro como o IRRITADO: Vital Moreira. Diz ele, com certeza com alguma infecção no cerebelo:

Na iminência do colapso do sistema bancário, por causa dos maciços levantamentos de depósitos, o novo Governo grego teve de abandonar todos os seus objetivos "antiausteritários": nem corte na dívida, nem fim da austeridade orçamental, nem reversão das medidas tomadas, nem novo empréstimo à margem do programa de resgate em vigor (que o Syriza tinha declarado morto e sepultado), nem fim da supervisão da troika (que só perde o nome).

Coitado do Vital, certamente sob influência das asneiras do IRRITADO, pôs-se a repeti-las por palavras suas.

 

23.2.15

 

António Borges de Carvalho

NÃO É COM VINAGRE...

A rapaziada grega levou uma tunda das antigas. Não se diga que foi a Alemanha que a pôs nos varais. Foi a Europa inteira, a Europa com euro e a Europa sem euro.

Por cá, ficou o socialismo nacional “moderado”, representado pelo Costa-cata-ventos-e-marés, a titubear inanidades; o socialismo radical, esse, manteve gloriosamente os mesmos “paradigmas”, esperneando como de costume, sempre com o fiel apoio dos pornográficos trombones da “informação”, tanto pública como privada.

Os heróis gregos não queriam a troica, levaram com a troica nas fuças. Não queriam austeridade, comeram-na sem batatas. Não queriam falar com funcionários, vão vê-los desembarcar em Atenas não tarda nada. E vão levar com muito mais, ou seja, com a triste desgraça em que se afundaram e com os únicos “remédios” existentes na farmácia da política. A fantasia dos extremismos falhou.

Nada do sucedido tem a ver com “crueldade”, “dignidade”, “soberania nacional”, “abusos dos mercados e dos bancos”, “tirania germânica, “egoismo nórdico”, embora tenha a ver com isso tudo. Explico: essas coisas existirão mas nada se fará por via revolucionária ou por incumpríveis promessas maximalistas, como as da troica grega, isto é, do Tripas, do Faquis e da extrema direita, unidos por miríficos objectivos e por desbragado populismo.

 

Entre outras, por duas razões.

 

A primeira é que a perda de soberania nacional é um facto insofismável. O que resta a quem quiser reavê-la será sair da União. Mesmo o conceito de “soberania partilhada” não serve para resolver a questão. Ou foi transferida ou não foi. Pode contestar-se, com razão, que o sistema carece de boas condições de funcionamento, que a burocracia e a lógica financeira ultrapassaram a política, que há défice de legitimidade... Mas o que há, há, e é o que há. Os Estados-Nação já não têm, por exclusiva vontade própria, outra forma de resolver certas questões que não seja contratualizá-las com todos os outros, sendo estulto pensar que os governos nacionais fazem o que lhes der na cabeça ou, na liguagem do novo nacionalismo – tão perigoso como o velho –, exercem o poder da forma que os eleitorados decidiram, sejam quais forem as medidas que escolheram ou que foram internamente vendidas ao eleitorado pelos políticos de serviço. Quem percebe isto, que se deixe ficar. Quem não percebe, quem não aceita, que se vá embora.

O Syriza jogou com o medo: os parceiros não podiam suportar a ideia da hecatombe que a sua saída – do euro ou da União – provocaria. Por isso, oa outros comeriam a papa que os gregos lhes dessem. Mas as coisas mudaram e a ameaça não encontrou eco, isto é, os outros perceberam que não haveria hecatombe nenhuma, só mais uma grande chatice.

 

A segunda tem a ver com a negregada austeridade. A austeridade é um inelutável must, na Grécia, na Alemanha ou seja onde for. Quando as economias deixam de dar para a despesa, nos países como cá em casa, há que ser austero. Não há volta a dar. A economia, na Grécia, na Alemanha e cá em casa, está pelas ruas da amargura. As soluções financeiras são precisas mas não são tudo. As economias tradicionais não funcionam porque se deixaram ultrapassar por terceiros, o emprego desce porque a tecnologia o substituiu, as despesas aumentam com a esperança de vida, os empresários não arriscam porque, ou não têm confiança ou lhes não ocorrem ideias novas. Quando, há anos, a crise começou, ouvia dizer-se “é preciso mudar de vida”. Toda a gente estava de acordo, sobretudo se quem mudasse de vida fossem os outros. Quando toca a cada um, 'tá quieto!

Sem dúvida que se pode repensar tudo o que se tem feito, que se pode melhorar o funcionamento das coisas, que se pode evoluir no sentido de as tornar mais suportáveis, mais legítimas, mais aceitáveis, mais produtivas, mais sérias. Ninguém duvida. Mas que ninguém duvide, igualmente, que as soluções radicais ou revolucionárias só as tornarão muito piores do que já são, na Grécia, na Alemanha e cá em casa.

 

O Syriza bateu na rocha, e vai continuar a bater. O mesmo sucederá ao Podemos, se tivermos a desgraça de o ter pela frente. O mar não se acalma com azeite. Ainda menos com vinagre.

 

22.2.15

 

António Borges de Carvalho

HOMENAGEM A EUSÉBIO

Um rapazito moçambicano, à altura português, apareceu por aqui com jeito para dar uns chutos na bola. Transformou-se num jogador de excelência, diz-se que um dos melhores do mundo. No auge da fama, é levado aos EUA no âmbito de um contrato de exibições do seu clube, o Benfica. Tinha um joelho deitado abaixo. Mas as obrigações comerciais da trupe fizeram com que fosse obrigado a jogar. O joelho jamais recuperou e o nosso rapaz ficou com a carreira arruinada. Diz-se que passou, então, as passas do Algarve, levado que foi a vender electrodomésticos de porta em porta e a outras actividades de parco ou nenhum prestígio. Tinha família para sustentar, foi um mau bocado. Parece que, a páginas tantas, o clube caíu em si e, ou por amizade ou porque achou que o homem podia ser útil como uma espécie de mascote, deu-lhe o emprego que veio a ser seu até à morte, nas relações públicas corporativas. Tornou-se indispensável à imagem do clube – que até lhe ergueu uma estátua – e à do futebol nacional. Sempre simpático, colaborante e trabalhador, Eusébio foi vivendo. Até que, lá para os setenta, se finou.

A sua ida provocou enorme comoção. À excepção de Mário Soares, indivíduo sem escrúpulos nem qualidade, que lhe chamou bêbado, todo o país chorou. Puseram a estátua rodeada de oferendas mortuárias, dentro de uma redoma. Deram-lhe o nome de uma rua.

Até aqui tudo bem. Compreenda-se algum exagero. O pior é que a coisa não ficou pela lógica do sentimento. Entrou na política. E, quando um alarve qualquer resolveu propor, no Parlamento, que se lhe metesse o cadáver no Panteão da República, não houve um só deputado que levantasse a dúvida. Tudo minha gente votou a favor. Pudera! E os votos dos doentes do Benfica? Assim, Eusébio vai mesmo ocupar uma caixa no tal Panteão. Que noção tem esta gente do que seja um panteão é coisa que escapa à compreensão de quem pensar um bocadinho no assunto.

Declarações de interesse:

  1. O IRRITADO nada tem que lhe diminua a consideração, a admiração, a muita estima que tem pela memória do grande futebolista e bom cidadão que Eusébio foi;
  2. O IRRITADO presta a Eusébio a devida homenagem;
  3. O IRRITADO não é “adepto” do Panteão da República, onde repousa muita gente que bem poderia estar a fazer tijolo noutras paragens;
  4. O IRRITADO acha que razoável bom senso e um pouco de consciência cívica e cultural deveriam ter assento que se visse entre os “pais da Pátria”.

 

21.2.15

 

António Borges de Carvalho

MAIS UMA NOITE PARA ESQUECER

Imaginem o desespero de um cidadão que ainda tem a desdita de gostar de ver e ouvir os relatos do dia - normalmente mal feitos mas é o que há - ao ser, uma noite inteira, vezes sem conta, bombardeado pela mesma gente, gente que pouco, nada, ou ninguém representa, a regurgitar as mesmas asneiras, os mesmos slogans, as mesmas mirabolantes teorias.

Dona Ana Drago, com seu semi-sorriso enjoado, por conta do Dr. Balsemão e seus capangas (o do lacinho à cabeça) repetiu ad nauseam a cassete do costume. O que disse não interessa, já se sabe, já se viu, já se ouviu milhares de vezes. O raio da mulher marcou presença na SIC Notícias em pelo menos dois longos programas, noticiários - estes toda a noite, de hora a hora - e “expresso da meia noite”.

Dona Catarina, essa, teve direito a pelo menos vinte repetições de insultos, processos de intenção e fados da desgraçadinha.

O horrível estafermo da secção verde do PC meteu medo ao diabo em outras tantas repetições.

O tipo do lacinho, agente encartado do Costa, tratou de ajudar à festa calando um fulano que tentava dar alguma lógica ao diálogo e trazer algum esclarecimento ao debate, desde o princípio envenenado pelo chispante Drácula Galamas, outro agente do super oco, a baralhar os dados e a espirrar diatribes e invenções.

Uma noite “informativa” mais repugnante que de costume. Com certeza por engano, ou porque o IRRITADO não viu, faltou a augusta presença desse desbragado propagandista do socialismo “democrático” que se chama Adão da Silva, para dar ainda mais cor ao nosso pobre serão.

Sabe-se, no que respeita a “informação”, do que gastam as diversas “casas”. Mas, que diabo, até para dar um arzinho de seriedade, deviam ter um pouco mais de pudor.

Resta a esperança de que estes exageros tenham efeito perverso, isto é, que a generalidade das pessoas seja capaz de distinguir entre informação e propaganda.

 

21.2.15

 

António Borges de Carvalho

PRESIDENCIAL BOTÂNICA

O jardim das presidenciais acaba de receber um reforço notável. Ao canteiro de pretendentes junta-se o fanado brilho de mais uma flor, as pétalas da pouco pujante corola sustidas por quantidades de laca a fazer inveja a outra do mesmo nome, o frágil caule a dobrar sempre a favor do vento, os espinhos visivelmente eriçados, todos a arranhar na mesma direcção. Diz-se, no mundo das flores, que o ódio faz bem à osteoporose e que a maledicência é, para o colesterol, melhor que sinvastatina. Possivelmente é daí que deriva a feroz vitalidade do que se julgaria ou sazonal ou caduco, como no caso do exemplar em apreço.

Raivonuela vulgaris socialicencis, como é cientificamente conhecida, a nova aquisição do jardim foi oferecida por um aspirante a botânico oriundo da firma Plantações Costa, horto onde se criam plantas carnívoras e venenosas, o ideal para o presidencial jardim. Já por lá havia um anão, mitológica decoração, um indispensável cata-vento, há quem queira lá pôr um rio e, à espreita, quase a ser adoptado, um cacto expressamente produzido pela Universidade para o efeito, ao que consta malcheiroso. Outras espécies são aguardadas, uma certamente provinda do que resta das estepes, outra, quem sabe, oriunda de mutações nelas ocorridas.

Um jardim pouco recomendável, cuja produção futura, a haver alguma, muito contribuirá para a alimentação de ofídeos e escorpiões.

 

20.2.15

 

IRRITADO

INCURSÃO NA BESTIALIDADE POLÍTICA

Costa, o ultraoco, saiu-se ontem com uma com mais uma demonstração da sua ingente categoria moral, social, política e educacional. Querendo, ao que parece, condenar a política do governo em relação aos dinheiros da UE, lembrou-se de dizer que o Poiares Maduro não percebe nada do que se passa, é incompetente, etc., porque, imagine-se, fez carreira no estrangeiro e não conhece o país. Ora, como toda a gente sabe, o Doutor – por extenso – Poiares Maduro teve, no estrangeiro, uma brilhantíssima carreira, a qual, se alguma coisa poderia merecer ao saloio Costa, seria elogios. Como toda a gente sabe, Maduro precisava tanto de voltar a um lugar como este - cheio de costas e costófilos - como de ter uma pneumonia. Como toda a gente sabe, Maduro precisava tanto do lugarzinho no governo como de um corte nos rendimentos. Ou seja, é daqueles que, goste-se ou não da sua obra, se pode dizer que apareceu por aí para servir sem se servir. Fica assim, mais uma vez, demonstrada a natureza abaixo de cão do Costa, miserabundo e rasca politicão, talvez guiado por alguma industânica inspiração. Esta última é para entrar, se me perdoam e dão licença, no género de argumentação do fulano.

Imagine-se agora que, a propósito do repugnante incidente, o jornal socialista “Público”, sobre ele, nem uma palavra. Vem dizer-nos que o Maduro vai respondendo ao Costa “em vez de esclarecer o eleitorado”. Isto é, em matéria de argumentos, põe-se ao nível do intragável socialista. Ao mesmo tempo que o ministro anda por toda a parte a explicar a quem o quiser ouvir, e nos media a toda a gente, o como da aplicação dos dinheiros da União, o Costa diz que ele não conhece o país que percorre sem descanso, e o “Público” que ele não esclarece o eleitorado”.

Ainda há quem diga que isto não é uma piolheira. Talvez tenha razão, mas que há por aí piolhos, e dos malcheirosos, com fartura, disso não restam dúvidas.

 

19.2.15

 

António Borges de Carvalho

DA HONESTIDADE INTELECTUAL

Um tal Viriato (o do Diário de Notícias, não o dos Montes Hermínios), habitual debitador de “soluções” mitológicas e de dislates esquerdóides, veio decretar que a dona Maria Luís “cometeu um grosseiro lapso freudiano” ao dizer que os governos dos países do euro “tinham decidido, por unanimidade”, a favor do prolongamento da austeridade. - Esta do prolongamento da austeridade é da cabeça do Viriato, não correspondendo ao que a ministra terá dito. Adiante. - O “grosseiro lapso freudiano” – seja lá isso o que for – consistia em pôr a Grécia “fora do eurogrupo”. Quereria o regurgitante intelectual significar que, sendo a Grécia membro do eurogrupo, não podia ter havido “unanimidade”. Se este pensador de vão de escada fosse sério perceberia que, sendo a recusada proposta feita pela Grécia, aos outros competia julgar, e julgaram por unanimidade. Quando a um tipo destes faltam razões, entra na especulação barata e na aldrabice sem peias. Talvez seja grosseiro e freudiano, mas não é lapso, é assim mesmo.

O homem queria razões para concluir o que segue: a maioria portuguesa está possuída de “cegueira servil e obediente” que a faz “trocar o interesse nacional pela satisfação imediata do seu egoísmo de ‘fação’ eleitoral”. Conclusão esta com certeza integrada na incessante campanha oposicionista que vem levando, de braço dado com o DN. E pronto.

Interessante é verificar que a tal “cegueira servil e obediente” é partilhada por mais 18 governos, pelos vistos todos eles cegos, servis e obedientes. Uma epidemia. Um caso de saúde pública? Não. Um caso individual de falta de saúde mental crónica, agressiva e, é de ver, paga.

E também não deixa de ser interessante que, no parecer do fulano, tal cegueira seja nada menos que, em português coxo e ortográfico, a dita “satisfação imediata do egoísmo de ‘fação’ eleitoral” do governo. Esta é de cabo de esquadra, já que é evidente que, no seu “imediato” interesse eleitoral, seria mais cómodo e interessante para o governo se, nesta matéria, se pusesse a dar uma no cravo outra na ferradura, mais que não fosse para ir buscar uns votinhos às zonas por onde andam os indecisos que tendem a ir na conversa proto-Varofaquiana do Costa. Se o PM opina como opina, não é, gritantemente, porque sacrifique o interesse nacional aos votos votos mas, simplesmente, porque é um tipo sério.

Concluamos nós: seriedade não é coisa que faça parte dos costumes nas florestas de enganos onde vicejam os viriatos do nosso tempo.

 

18.2.15

 

António Borges de Carvalho

A CANÇÃO DO BANDIDO

 

Segundo escreve o nosso já tão conhecido Fraldadeforakis, o culpado é o Kant. O ilustre autor da Crítica da Razão Pura está na base das elocubrações dos governantes gregos, pelo que estes seus nóveis seguidores acham que a União deve fazer-lhes as vontadinhas porque Kant ensinou que “o racional e o livre escapam ao império da conveniência, fazendo o que é correcto”.

Temos que concordar. Há 18 governos, todos certamente dominados pela Ângela, pelos mercados, pelo capitalismo de casino, pelo neoliberalismo e, porque não, pelo próprio Diabo, que acham que deve haver um prolongamento do “programa” para dar à tripalhada tempo para fazer alguma coisa de jeito. Possuídos por kantianas "conveniências", votam em bloco contra o kantianamente "correcto" que, com toda a razão, lhes é proposto pelo Fraldadeforakis. Que propõe ele que tanto contraria tal gente? Que haja um “programa intercalar”, a substituir o outro, que o seu país tinha subscrito em plena liberdade, responsabilidade e legitimidade. Não lhes serve um novo prazo, que lhes permita fazer alguma coisa de jeito. Como, até ver, só fizeram coisas sem jeito, há que acabar com o outro programa, principal culpado de nunca terem feito nada de jeito. Cristalino!

O respeito pelas intercalares propostas justifica-se, diz o kantiano Fakis, “ao olhar nos olhos dos esfomeados nas ruas das nossas cidades ou ao contemplar a nossa classe média ou tendo em conta os interesses do povo trabalhador em cada aldeia e cidade europeias dentro da nossa união monetéria”, diz o homem. E, em corolário desta choraminguice, lá vem que “a Europa só reencontrará a sua alma quando recuperar a confiança do povo, colocando os seus interesses em primeiro plano”.

O homem propõe-se “salvar”, não só o “seu” povo, como o povo de cada aldeia e cidade da Europa! E aquela malandragem não deixa que a ajudem! Já viram isto? Desalmados! Em vez de ir à procura da própria “alma”, sob a alta direcção do Fraldadeforakis, não senhor, negam por unanimidade a oportunidade que lhes é generosamente oferecida.

O homem não percebe que o simples facto de a União, via os seus mais altos representantes nacionais e multilaterais, ter a infinita pachorra de os andar a aturar há uma data de dias, é, em si, mais do que mereceria a “confiança” que o seu país e os seus governos merecem. Antes do advento do Syriza, ainda havia alguma esperança nos esforços do Antonis, que perecia estar disposto a fazer alguma coisa. Vem o rapaz Tripas e põe tudo de pernas para o ar, com certeza na estulta esperança de vir a encontrar aliados entre os colegas. Nem um. Estala-lhes a castanha na boca, como não podia deixar de ser.

Cuidem-se, rapazes, ainda estão a tempo de evitar que o “vosso” povo sofra ainda mais, já não por causa da Ângela, dos mercados, do capitalismo de casino, do neoliberalismo e, porque não, do próprio Diabo, mas por causa... do Syriza, dos fascistas seus aliados, do Tripas e do Fraldadefrorakis.

 

17.2.15

 

António Borges de Carvalho

A QUESTÃO GREGA

Uma história:

A Academia das ciências da Índia, desejosa de valorizar o seu património natural, resolveu convidar algumas congéneres para fazer um ensaio sob o Tema “Elefentes”.

Algumas respostas ao convite:

Os franceses apresentaram um dossier intitulado “Les éléfants et la bataille d'Indochine”;

Os ingleses enviaram um estudo subordinado ao tema: “The elephant and the British Empire”;

Os portugueses debruçaram-se sobre “Os elefantes e o Senhor Dom Manuel I”;

Os espanhóis não mandaram nada, porque não perceberam a pergunta:

Os alemães contribuiram com uma obra em 14 volumes intitulada: “Algehmeineelephantenlehre”;

Os polacos deram à estampa um volume com o título “Os elefantes e a questão polaca”.

*

Estamos hoje, mais ridículos que os polacos da anedota, reduzidos à “questão grega”. A questão grega mobiliza as gentes, ou melhor, imobiliza as gentes. A intensa propaganda da esquerda tem base em dois argumentos fundamentais: o primeiro é que a Grécia tem que ser ajudada nos termos que entender, o segundo é não se poder “abandonar o berço da democracia”. Começando por este, direi uma coisa absolutamente incorrecta: não sei se a democracia ateniense pode ser chamada “mãe” da actual. Estou em crer que não. Mas o argumento é equivalente a dizer que Portugal tem que ser ajudado porque o Vasco da Gama foi à Índia ou porque o cante alentejano é património de uma coisa qualquer. Poupem-nos aos argumentos históricos: absurdos e, se falássemos de história não sei onde iria parar a argumentação. O segundo é que quem determina o como, o quanto e o quando da nova ajuda é o Syriza, não quem abre os cordões à bolsa. Porque o Sytiza foi eleito e é essa a vontade da maioria do povo. Não é bem assim. O Syriza e os fascistas que o apoiam não são a Grécia, a Grécia já existia antes deles e, como tal, tinha feito acordos, contraído empréstimos, tomado compromissos, subscrito tratados. Mal ou bem, o Syriza herdou tudo isso, está obrigado por tudo isso. E se nada cumpriu, se nada reformou, se nada pagou e, ainda por cima, se levou com dois resgates, um perdão de mais de cem mil milhões e juros de brincadeira e carências a la manière, com que direito quer agora mais privilégios?

Diz-nos o cinismo político (sem cinismo não há política) que a moral, a palavra, o compromisso escrito e outras parvoíces não fazem parte da diplomacia. Talvez seja verdade. Mas há limites.

Parece que hoje, 16 de Fevereiro, o Syriza e os seus amigos fascistas recusaram todas as propostas da União. Estarão a meter a União numa camisa de onze varas? Talvez. 

Mas o problema não é deitar a Grécia (o Syriza) pela borda fora, que cá nos havíamos de aguentar. É o de passar a Grécia para os carinhosos braços do senhor Putin, coisa que o Syriza prepara cuidadosamente. A União não pode, não deve, sob pena de total descrédito, amochar às estúpidas exigências do Syriza.

Solução? Parece que o senhor Obama está muito sensível à “questão grega”. Se assim é, ele que se disponibilize, precedendo um acordo qualquer com a União que, salvaguardando o interesse estratégico de todos e alivie a Europa do pesadelo grego, ou syriziano.

Mais troça, mais pesporrência, mais recursos a sentimentalismo baratos e a soluções que nada solucionam, mais fraldas de fora? Isso é que não!

 

16.2.15

 

António Borges de Carvalho

ESTUPIDEZ ACADÉMICA , TERRORISMO INTELECTUAL

O santo padroeiro do Bloco de Esquerda veio informar o povo com esta extraordinária revelação: “Portugal tem pela primeira vez um governo que nos representa, é um governo grego, não é um governo português”.

Dando de barato a formulação da sentença, digna de um tipo com a 4º classe mal amanhada, atente-se no democraticidade do pensamento da criatura. Não se sente representado pelo governo (mau ou bom) que foi eleito no seu país, mas por um irmão ideológico eleito por estrageiros. Nada mais claro, vanguardista até ao tutano: a legitimidade é função da ideologia, não do voto, não das maiorias políticas. Nada disso. Uma legitimidade cubana, soviética, coreana, venezulana, nazi é que é bom! Pior: as vanguardas, que serão "legítimas" se pensarem como o Louça, não precisam, sequer, de ser “nacionais”. Quaisquer estrangeiros são melhores para “nos representar”, desde que sejam “progresistas”, comunistas, chavistas ou equivalente. Que importa que o comunismo, o “progressismo, o chavismo, tenham provocado miséria por toda a parte em se implantaram? Nada. Que importa que, na Venezuela, já não haja fraldas nem sabontetes? Nada. Desde que haja socialismo, do bom, do revolucionário, tudo o resto é detalhe.

E, diz-se, este black friar é professor numa universidade!

 

16.2.15

 

António Borges de Carvalho

NOTAS DE UMA MANHÃ DE SÁBADO

 

Ele há coisas espantosas. A chamada descentralização, boa ou má ou assim assim, não sei ao certo, foi e é bandeira do Costa, do Rio, do PC, do BE et alia. Uma “fé” mais ou menos generalizada. Mas, atenção! Se for feita pela coligação já não presta. Foi ver as meninas do BE, os novos rapazolas do PC, os velhos jacobinos do PS, tudo aos gritos, que se trata de uma desgraça, que o governo o que quer é alijar responsabilidades, o caneco.

Em que ficamos? Ficamos em que tudo o que for tirar, ou delegar competências do sacrossanto Estado, é mau, mesmo quando, na véspera, de braço dado com o “excelente” poder local, era o máximo. O que, aliás, está de acordo com o “projecto” de tal gente: quem dominar o Estado, domina tudo, e quem põe esse tudo em causa está a tirar à matilha a “unicidade” de que precisa para as suas tirânicas ambições.

*

O PR, afinal, está feito com o PS. Até condecorou um autarca socialista que foi acusado das maiores tropelias pelo Tribunal de Contas. Que descoco!

*

O ultra oco Costa chegou à conclusão que a TAP, tal como existe, é “garantia da soberania nacional”. Fantástico, não é? É o que diz a experiência, pelo menos na cabeça do fulano: a Espanha, o Reino Unido, a Alemanha e muitos outros estão em franca crise de soberania desde que privatizaram as companhias de bandeira, não é? Se a estupidez fosse de ouro, tínhamos reservas com fartura...

 

Bom fim de semana.

 

14.2.15

 

António Borges de Carvalho

CORTAR O MAL PELA RAIZ?

Li não sei onde que a “guerra” já não é entre esquerda e direita, mas entre os que “têm” e os que “não têm”. Uma generalização como outra qualquer, portanto errada. Num país como Portugal, os que “não têm” vão sobrevivendo, o que é pouco, os que “têm”, têm pouco - dinheiro a sério é coisa que não há desde os idos de 75 -, isto é, ou não chega para investir a sério ou tem medo do risco. As tiradas proto-marxistas não resultam nem têm a esperteza entre as suas qualidades.

Dizem as mesmas “fontes” que esquerda e direita se afastam no esquema, conforme se vão afastando do centro. Nada mais errado. O espectro político não é um segmento de recta, é um círculo onde as ideias, a partir do ponto A, se vão afastando e depois se aproximam até se tocar lá no extremo B do diâmetro traçado a partir de A. Por outras palavras: a “narrativa” dos dois extremos que se tocam em B é mais ou menos a mesma: populismo, nacionalismo, não aceitação da realidade, criação do inimigo externo, apelos à “dignidade”, à “consciência nacional”, à recusa de “tutelas”, "apelos à 'História' ", etc.. Assim se explica, por exemplo, a aliança grega entre os dois extremismos, a confessa admiração do Syriza por tarados tipo Chávez, aliás objecto dos mais rasgados elogio por parte do sr. Tripas. Assim se explica a admiração dos fascistas gregos pelo nacionalismo agressivo do sr. Putin, bem como a ameaçadora aproximação à Rússia e à China por parte da coligação grega. Imaginar que os sorrisos e os beijinhos do Vakis aos seus colegas europeus encerram alguma sombra de sinceridade é um erro crasso. O homem está ali com o seu sorriso alarve para encantar isabéis moreira (“porra!”), ao mesmo tempo que trabalha para o desmembramento da União e para o fim do euro, ao mesmo tempo que tece loas à invasão da Ucrânia e se opõe às sanções à Rússia, o que quer dizer que sabe que tem respaldo garantido por parte de quem comunga dos seus objectivos. Entre o proto-fascismo imperante na Rússia e o orgulhoso nacionalismo democrático do Syriza (ambos são poderes eleitos), venha o mais sábio descobrir as diferenças.

O problema é que, se a União ceder demenos, sabe-se o caminho russo-venezuelano que a Grécia tomará. Se a União ceder demais, condenar-se-á a adiar o problema. Já se viu como o Syriza encara os seus compromissos: tomando medidas que não tem dinheiro para pagar, certamente à espera dos euros da União ou dos rublos do vizinho. Tanto faz: parece que a rectaguarda está protegida.

Será possível acreditar em tal gente? Tudo indica que não. Por isso, bem vistas as coisas, parece que a União deveria considerar a hipótese de cortar o mal pela raiz. Quanto mais tarde, quanto piores serão as consequências.

 

13.2.15

 

António Borges de Carvalho

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