Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

AMOR DE MÃE, ÓDIO DE FULANA

Contrariando o que a mais tenebrosa reacção anda para aí a dizer, dona Maria António Pala (Costa?), extremosa progenitora do Antoninho, declarou à imprensa:

Ele não é nada ambicioso.

Só uma mãe, inchada de amor, daria por isso, não é?

Logo a seguir, porém, arrependeu-se, ou o ódio sobrepôs-se:

Qualquer um seria melhor (que Passos Coelho)

Não reparou que, se Passos é assim tão mau, o filho dela passa a um qualquer. O que vale é que não é ambicioso...

 

27.11.15

MAIS UNS APONTAMENTOS

COMPETÊNCIA

Um jovem minhoto, muito conhecido em Paredes e Viana do Castelo, não deve ter dado pelo que aconteceu aos respectivos estaleiros navais, arruinados às mãos assassinas e públicas do César. Certamente por isso, escolheu o dito para seu chefe e referência.

De tal forma se desenrascou, que acabou em Ministro da Educação. Um rapaz que “não é político”, que ideia, só quer “servir”! Muito simpaticozinho, um lindo menino segundo as doutas afirmações da professora da instrução primária e do homem do talho. Popular q.b., lá nas berças. “Independente” às ordens do PSC (PS do Costa), parece que andou por Cambridge, obscuro colaborador nuns “estudos do cancro”. Foi tal a fama científica grangeada que resolveu pô-la ao serviço do PSC. Notável sacrifício pela Pátria.

Como tinha que dizer alguma coisa sobre “educação”, depressa interiorizou as NEP’s do socialismo, e resolveu declarar a sua sapiência dizendo que o serviço público é que é bom. Pode este doutorzinho ter andado por Cambridge. Mas não chegou a perceber onde estava.

 

“LIBERDADE”

Segundo os jornais, o governo do PSC/PC/BE/Arménio vai determinar que os trabalhadores não sindicalizados terão, obrigatoriamente, que aceitar as normas dos contratos colectivos em vigor, ou seja, serão abrangidos por eles, quer queiram quer não.

Eis a liberdade, em versão socialista. Eis a cartilha da “unicidade” ressuscitada, eis um sinalzinho do que aí vem, do que aí se prepara. É o que começa a ver-se, mesmo antes de a procissão chegar ao adro.

Se quiser trabalhar, o cidadão perde o direito a sê-lo. Ou entra no esquema que, sem procuração para tal, outrem lhe arranjou para o meter nos varais, ou vá-se lixar.

A cidadania de pernas para o ar. Em vez de ser a “pessoa” (palavra por aí tão ofendida pelas catarinas), a declarar se quer, ou não quer, integrar-se num contrato de trabalho comum a terceiros, o socialismo integra-a nele, e acabou-se. É a negação do Direito, da Liberdade, da existência de pessoas propriamente ditas.

 

CORAGEM

O Correio da Manhã foi, ao que vi, o único jornal que não pôs o governócrates na primeira página. Aqui fica a devida homenagem. Fica também um conselho: como esta gente, provadíssimamente, não gosta de provocações deste tipo, o CM que se ponha a pau.

 

CORRUPÇÃO ?

Um rapaz, d’Oliveira Martins, com responsabilidades de origem, declarou que o país estava a ser submetido aos “interesses pessoais” do Costa.

Vai daí, coerentemente, aparece secretário de Estado do mesmo. Chama-se a isto corrupção moral.

 

26.11.15

25 DE NOVEMBRO

 

Comemorando a data, a RTP resolveu entrevistar vários actores dos acontecimentos.

Eu, que defendo que o 25 de Novembro devia ser oficilamente comemorado como data em que, verdadeiramente, se abriu caminho a algo que se pode chamar democracia, vi, até ficar enjoado, uma parte do tal programa.

As pessoas que, com menos de cinquenta anos (mesmo eu, que assisti a tudo e até fui “sequestado” no Monsanto por uns tipos que se diziam paraquedistas), viram o programa, devem ter ficado de boca aberta. Então, os protagonistas dessas coisas – os dois 25 – eram estes? Lourenço, Otelo, Clemente, “Fitipaldi”, Andrada, o fulano da UDP cujo nome esqueci, e tantos outros, actuais coronéis de aviário, é que foram os protagonistas de tudo, para o melhor e para o pior? Que miséria, que tristeza. Tipos que, quarenta anos passados fazem da história a história das intrigas, intigretas e intriguinhas, inimizades, ignorâncias crassas, e que, valha-nos Santa Engrácia, com pesporrência a rodos ainda hoje não dão duas para a caixa sobre o que se estava a passar, sobre o que um país inteiro à beira da guerra civil ia pensando e sofrendo, é a esta gente que devemos a liberdade? É.

Para quem quer reduzir os 25 a uma questão de oportunismo corporativo, nada melhor que estes testemunhos. Terá sido isso? Um bando de profissionais da guerra a querer fugir à guerra, a odiar os que, em vez deles, davam o corpinho ao manifesto (os conscritos), a querer ganhar mais dinheiro que os outros, a ser, com a maior facilidade – a dos igorantes - apropriados pelos manda-chuva do bolchevismo, a lançar, com o seu atrabiliário poder, um país sedento de liberdade no charco da rua, para, libertos da chatice dos quartéis, das plagas de África e dos concorrentes milicianos, se “coronelizarem”. Foi isto? Foi.

O que não quer dizer que o 25 de Novembro não tenha sido uma data libertadora. Os seus intérpretes militares é que deviam estar calados, ou então, percebendo que os acasos que lhes cairam os braços acabaram por ter bom resultado, ter a delicadeza de não se gabar.

 

26.11.15

APONTAMENTOS MATINAIS

 

GALEGADAS

Costa mandou a lista dos “ministros” para as televisões e os jornais antes de a mandar ao PR.

Mais galego é impossível.

 

PRÉ-PRESIDENCIAIS BOJARDAS

O inimitável Marcelo declarou que Passos Coelho é um tipo decente (muito bem), e desejou felicidades a Costa (muito bem), assim demonstrando a “equanimidade” presidencial que o anima. Acrescentou que as felicidades do Costa são as felicidades do país, o que é o mesmo que confundir canja com estriquinina. Não precisava de ir tão longe. Ponha-se a pau, senão acaba por ter que ir à posse da Maria de Belém.

 

HORROR DOS HORRORES

Aqui, à minha frente, numa mensagem electrónica, sentados num sofá de Belém, os três monstros do PS: Costa, o beiçudo, César, o sapo, e Ferro, o inominável. Já viram coisa mais hedionda? Eu sei que quem vê caras não vê corações. É verdade. Só que, desta vez, os corações conseguem ser piores que as caras.

 

TAP PARA O POVO!

Mais que não seja por uma questão de fogo de artifício, o PS do Costa insiste em que o Estado devia continuar maioritário na TAP. Havia de ser bonito. Alguém, no seu perfeito juízo, cairia nessa de gastar centenas de milhões para ficar às ordens do Costa? Xiça!

 

MINISTÓCRATES

Dos 17 “ministros” do Costa, 9 vieram dos governos do Pinto de Sousa. Um descanso, não é?

 

MAS HÁ MAIS

O ministro da economia acha que estar no euro não é um valor, é um fardo.

Pôr um trauliteiro desbocado e ultramontano a chefiar a diplomacia é o mesmo que meter a raposa no galinheiro. Eu sei que ser melhor que Machete é facílimo, mas, que diabo, a escolha não podia ser mais abstrusa.

Para a cultura, o camarada Soares (João), especialista no mais oco bláblá, conhecido e reconhecido pela fatal ignorância que as suas frequentes presenças na televisão demonstram. Por uma questão de decência, nem comentários devia merecer.

 

FAMILÓRIAS

Dona Vitorino, “ministra” do mar, muito conhecida pelas suas zangas com o tipo do jamais no caso da sucata, é cônjuge de outro “ministro”, não me lembro qual, esquerdoidíssimo, muito próximo do Costa e do Pinto de Sousa.

A “secretária de estado” de qualquer coisa é filha daquele senhor que, depois ter ter feito uma “reforma” da segurança social para 30 anos que durou 2 e que volta, agora, importantíssimo, à respectiva pasta, com certeza para premiar os serviços prestados ao Pinto de Sousa.

A “ministra” da justiça deu à costa em 1970, depois de o governo comunista angolano lhe ter mandado matar a família. Sendo pessoa discreta, até hoje, nada haveria a dizer. O problema dela talvez seja só ser consorte de um senhor Paz Ferreira (salvo erro) um dos mais zarolhos comentadores da nossa praça. Uma influência aterradora.

 

E MAIS

O “ministro” da educação talvez seja o mais promissor. Tratando-se de “especialista na área do cancro”, pode ser que ajude a dar cabo do governo.

 

O “ministro” do planeamento e infraestruturas é um rapaz que, durante o glorioso governo do Pinto de Sousa, ficou muito conhecido por estar sempre, na TV, a espreitar atrás do Lino. Lembram-se?

 

O “ministro” das finanças é o inventor do progresso económico através aumento do consumo interno, primária inversão a fazer inveja aos ensinamentos da universidade de Cacilhas.

 

Não consta que o “ministro” da defesa tenha, ou tenha tido, alguma coisa ver com o assunto.

 

ACABAR EM BELEZA MÉDICA

Fechando estes simples apontamentos, aqui vai uma de estalo, proferida pelo barbiolíneo e esquedófilo bastonário sa Ordem dos Médicos: Não há nenhuma evidência científica de que, na saúde, a gestão privada seja melhor que a pública. Significa, como diria o amigo banana, que não há nenhuma evidência científica de que, na saúde, a gestão pública seja melhor que a privada. Chuva em Novembro... Natal em Dezembro, não é, ó doutor?

 

 

Para já, é tudo. Amanhã há mais.

 

25.11.15

 

NB. O ilustres "membros do governo" são postos entre aspas por ainda não o ser. Talvez haja ainda uma hipótese...

RECONCERTO

 

Ontem à noite, via opinadores vários alinhados com a esquerda, deu-se uma notável viragem política.

Se bem me lembro, a chamada “Concertação Social” era, nos últimos anos, notória arma de arremesso contra o governo: que não tinha sido ouvida, que havia normas que contrariavam a tal concertação e o que nela fora combinado, que o governo ignorava a existência da dita quando queria tomar medidas “contra os trabalhadores e o povo”, etc.

Agora, na boca dos peroradores de esquerda, talvez por que o Presidente se lembrou da coisa, a Concertação Social passou a não interessar. O que interessa é que o governo da esquerda faça o que lhe der na gana. A Concertação é só consultiva, não toma decisões, o que nela for acordado é “lateral” à decisão política, etc., blá blá blá.

Duas razões podem estar por trás desta súbita desvalorização da Concertação Social, pinote de 180 graus:

- Os socialistas acham que os acordos nela estabelecidos podem contribuir para ajudar a contrariar alguma decisão do governo autoritário do PS;

- Os comunistas temem que tal coisa continue, como sempre tem acontecido, a aprovar acordos com o voto contra da CGTP, organismo de inspiração e prática totalitárias que, por definição, tem sempre razão.

Mudam-se os tempos...

 

24.11.15

A III REPÚBLICA ACABOU

Há quem tenha o desejo, talvez ilusório ou irrealizável, de viver num país onde as instituições são respeitáveis porque partem de ideias e normas respeitávies e são representadas por pessoas respeitáveis. As pessoas são, como em tudo nesta vida, a mais importante das condições de respeitabilidade. Acima de tudo as que com elas se comprometeram, que as afirmaram, que de tal se acham ou são referência, como é o caso de Mário Soares e de muitos outros, no que à III República se refere.

Ora a III República nasceu em Novembro de 1975, quando as mesnadas da extrema esquerda, da tropa e do PC foram derrotadas. Verdade histórica que ninguém poderá negar. É certo que o caminho foi aberto pelo golpe militar de 25 de Abril de 1974, mas não o é menos que a esperança de liberdade aí surgida foi rapidamente negada pelo PC e pelas chamadas “forças populares”, ou seja, pelos arruaceiros ao serviço do seu financiador, o PCUS. Do tempo que passou entre os dois vinte cincos, Mário Soares e o seu partido foram heróis, com muitos outros e com o povo não alistado nas tropas de Moscovo ou dos maluquinhos dos maoismos e quejandos.

Destes, ainda hoje temos vestígios. Um PC troglodita, um BE radical, “fracturante”, palavroso e nefelibata, e uns resquícios mais ou menos taralhocos como o MRPP e a senhora grávida armada em coisa, entre outros.

Soube hoje que a nova maioria de esquerda (parlamentar, que é a que há) decretou que o 25 de Novembro é uma data sem importância, que não merece comemoração. O PS é a parte mais importante de tal “maioria”. O PS, nas mãos de Costa e dos seus salafrários, nega a parte nobre do seu passado. O PS nega Mário Soares, o Mário Soares democrata, nega os que com ele lutaram pela liberdade, nega uma enorme tradição de moderação e honra democrática. Mário Soares, esse Mário Soares, já não existe, vencido, ou pela idade, ou pelos monumentais defeitos pessoais de que, malgré tout, sempre foi dando provas. Ao negar o 25 de Novembro, o PS, pervertido pelo Costa, mostra-nos o que está a mudar. O que está a mudar é o que havia de mais digno na III República.

Podemos ir mais longe. Como é que pessoas tidas por seriíssimas, como Eanes ou Jaime Gama, não se erguem contra isto? Verdade é que perversão da democracia portuguesa vai bem mais fundo do que até a nova “maioria” faria prever. Os valores já o não são, as convicções passaram a papel higiénico, a democracia esgota-se em “legitimidades” ad-hoc.

Não sei onde iremos parar. Mas sei que, quando pararmos, muito sofrimento, muito atraso, muita ruína ficará poelo caminho.

Uma coisa é certa: a III República, nascida em 25 de Novembro de 1975, já morreu.

 

23.11.15

MERECIDAS HOMENAGENS

 

Se eu (ou você) tivesse sido primeiro-ministro e tivesse feito um trabalho da qualidade do do senhor Pinto de Sousa, ou recolhia a penates e ficava quietinho ou, no máximo, iria sentar-me no parlamento, de preferência na última fila. Mas eu (e você) somos pequeninos demais. Com os grandes homens, coisa diversa se passa.

Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates, também conhecido pelo carinhoso epíteto de 44/33, tomou diferente opção, certamente porque, com toda a legitimidade, não lhe apetecia trabalhar. Pediu um empréstimo à CGD, comprou um Mercedes, contratou um motorista e uma secretária, e foi viver para Paris/16ème, primeiro num andar comum, depois num prédio de super luxo porque, como é evidente, a tão alta personalidade não é um coisa mediana que se adapta. Dadas as suas insignes características intelectuais, desde cedo demonstradas nos inúmeros projectos de arquitectura que assinuou em Carcanhóis de Baixo, cursou filosofia e, pelo que diz, escreveu um livro cujos exemplares adquiriu, e muito bem, para que se esgotassem.

Coitado, como o empréstimo se ficara pela compra do Mercedes, e nem para a renda da casa chegava, pediu a um velho amigo que o sustentasse, isto é, que o ajudasse. Foi recebendo somas consideráveis (há quem diga que milhões) de tal e tâo generoso cidadão, coisa que lhe proporcionou caritativas benesses a uma amiga – isto da amizade, felizmente, propaga-se –, para além de merecidas férias em estâncias de cinco estrelas, pocket money transportado pelo seu fiel motorista, e mais tudo aquilo a que, com inteira justiça, tinha direito.

Tudo isto dentro da maior honestidade, como é de calcular. Aliás, tudo confirmado, tim tim por tim tim, pelo próprio, em notável prática de transparência e verticalidade.

Tão inimitável membro da espécie humana – um poço de altas qualidades e nobres virtudes – foi preso, vítima de miserável perseguição política (palavras do próprio).

Mas, meus amigos, felizmente o pior já passou. E o senhor Pinto de Sousa anda por aí a denunciar o mal que lhe fizeram. A imprensa e a televisão dão-lhe merecida guarida em primeiras páginas e aberturas de telejornal. Ele, coitadinho, vai a uns jantares, já não na Tour d’Argent mas na FIL, ou coisa do género. Dada a sua histórica importância, vai protegido por uma equipa de gorilas, a fim de evitar que algum malandrim (daqueles que só batem em pessoas honestas) o ataque à traição. À sua espera, os inúmeros amigos que se revêm na sua obra e no seu modesto estilo de vida. Gente do melhor: Mário Soares, Almeida Santos, António Campos, e tantos outros companheiros e camaradas, a fina flor das elites nacionais. Todos, embevecidos, o ouvem com desvelo, as senhoras, reboladas de admiração, dão-lhe beijinhos, enfim, ali há quem lhe dê o devido valor, que isto de capacidade de trabalho, honestidade, transparência, equanimidade, estatura intelectual, obra feita, etc., não é para qualquer um.

O IRRITADO, humildemente, associa-se a tão merecidas manifestações de verdadeira fé democrática e de reconhecimento pela existência de um ser tão excepcional.

 

23.11.15

O VERDADEIRO OPORTUNISMO

O senhor Ulrich, ilustre banqueiro da nossa praça, está contentíssimo com o advento da “maioria de esquerda”. Dos entrevistados de Cavaco com alguma dose de responsabilidade e de visão do que aí vem, o homem foi o único a desde já se põe a jeito para ser o primeiro da sua classe a cair nos braços do Costa e a merecer a sua alta protecção. Até o “falecido” DDT, apesar de ter andado anos pendurado no Pinto de Sousa, nunca teve a lata de confessar o conúbio.

Ulrich, esse, pede namoro desde já, antes que seja tarde. Quem sabe, sabe. O resto é o menos, sobretudo para quem deixou a espinha em casa.

 

23.11.15

 

ET. Não resisto a publicar, com a devida vénia, um excerto de um texto ontem publicado, assinado por Alberto Gonçalves, o mais arguto comentador da nossa imprensa:

 

Cheiinho de falhas,o governo de Passos Coe-

lho e Paulo Portas ficou aquém do ideal nas re­formas

empreendidas (aliás limitadas pelo Tribunal

Constitucional e desejadas por muito

poucos) e foi além do suportável em matéria

fiscal (a consequência fatal da bancarrota de

Sócrates e dos limites citados). Alguma coisa,

porém, terá feito bem. Caso contrário, a trapa-

ça que o derrubou na AR não mereceria o silên-

cio conivente de tantos ilustres, aqueles que

nestes quatro anos perderam o acesso livre ao

banquete. Com o anunciado regresso do PS, os ilustres

esfregam as mãos: agora abrilhantada com

acompanhamento leninista,

a festa vai recomeçar. E 2011 também.

NAS MÃOS DA DESGRAÇA

 

Andando o autor a passear em terras do Norte desta tão assustada Europa – não tenham inveja, está um frio de rachar e chove a cântaros – tem o IRRITADO sido abandonado à sua sorte, isto é, esquecido.

Ver de longe a monumental trafulhice política em que estamos metidos seria risível, se não fosse triste.

Devemos a Costa duas aberrantes novidades. A primeira é que isso de ganhar ou perder eleições depende, não dos votos dos eleitores mas da capacidade de os manipular via uso de somas de bananas com pepinos. A segunda é a não aceitação pela esquerda, de algo de que sempre se orgulhou: o semi-presidencialismo à portuguesa. O regime, que a esquerda sempre defendeu como semi-presidencialista passou, por artes de bruxaria política, a ser semi-parlamentar!

Muito bem, diz esta gente, que o presidente, se for de esquerda, possa livremente (democraticamente, porque foi eleito pelo povo) usar os seus poderes como entender.

Assim:

- Eanes, da esquerda folcórico-castrense, era livre de designar governos “presidenciais”;

- Soares, socialista, podia recusar maiorias parlamentares que lhe apresentavam soluções maioritárias que não eram do seu agrado;

-Sampaio, socialista, fazia muito bem em dissolver um parlamento com maioria estável e coerente, porque não gostava do Primeiro-Ministro e tinha os seus à perna para apanhar o comboio do poder.

Tudo bem, tudo constitucional, tudo admirável, tudo legítimo.

Porém, não sendo o Presidente de esquerda, já não tem direito a exercer, sequer a ter poderes, mesmo os que estão, clarinhos como água limpa, na sacrossanta Constituição socialista que ainda nos rege.

Na cabeça dos trafulhas e de inúmeros “constitucionalistas” (cambada de aldrabões, para usar liguagem própria do cidadão comum), este Presidente é menos que os outros. Ao contrário de Eanes, Soares ou Sampaio, a única coisa que lhe cabe é ceder às pretensões da esquerda, mesmo que elas lhe não agradem, mesmo que as considere uma ameaça terrível à viabilidade do Estado, à natureza e à decência política do regime.

Facto é que o nosso constitucional esquerdismo tem algumas escapatórias. Diz a Constituição que ao Presidente cabe “garantir o regular funcionamento das instituições democráticas”. A quem cabe definir tal “regularidade”? Exclusivamente ao Presidente, uma vez que outra nenhuma instância é para tal competente. Diz a Constituição que cabe ao Presidente “nomear o Primeiro-Ministro”... “ouvidos os partidos... e tendo em atenção os resultados eleitorais”. Em parte alguma da dita Constituição consta qualquer limitação a estes poderes, muito menos que o Presidente seja obrigado a “comer” quaisquer maiorias que lhe forem propostas pelo Parlamento. Soares não “comeu” disto, Sampaio também não. No entanto, quando Cavaco parece disposto a seguir atitude da mesma natureza, passa, na boca das criaturas ordinárias e desbocadas que se querem donas do poder, a ser um “palhaço”, uma “múmia”, isto para só citar altas figuras e não entrar em linguagem ainda mais reles, tão própria dos tempos e das ambiciosas criaturas da nossa (deles) miserável esquerda.

Chegámos, por obra e graça das ilegítimas ambições do principal derrotado nas eleições, a uma situação em que todas as hipóteses são más:

  1. A nomeação de um governo totalmente inviável, instável, fruto da tal soma de bananas com pepinos e até, materialmente, anti-constitucional ;
  2. A manutenção do actual governo em gestão, com os díscolos parlamentares à perna por dá cá aquela palha;
  3. A renomeação do governo ora já em gestão, com as mesmas consequências;
  4. A indigintação de um PM exterior ao parlamento, que teria curto destino, além de ser de mais que duvidosa constitucionalidade.

Todas más soluções, todas a levar à quebra da confiança, interna e externa, todas a deitar por água abaixo tudo o que dolorosamente foi conseguido ao longo dos últimos quatro anos, todas a pôr fim ao caminho de recuperação que toda a gente já sentia. Quem acredita na “solução” Costa que leia o que se diz e escreve por esse mundo fora e que veja o que já se está passar cá por dentro.

O IRRITADO muda de opinião: a solução menos má será, apesar de tudo, a segunda. Na esperança, talvez infundada, de que o sucessor de Cavaco tenha a coragen, o respeito pelos cidadãos e a noção de Estado suficientes para convocar eleições o mais depressa que puder.

 

22.11.15

BUMBA!

 

Não, não foi mais uma bomba em Paris. Foi o camarada Bumba, ilustre cavalheiro angolano que, diz a PGR, queria fazer umas leis à la manière para ganhar uns tostões. Vai daí arranjou umas empresas fornecedoras de competências jurídicas e até quem publicasse um livro altamente técnico-filosófico sobre a gestão de certas matérias, coisa altamente credível, como é de pensar.

No meio disto tudo (que não se percebe lá muito bem, mas é o que consta na Rua da Escola) surge o alto representante da nacional magistratura Rui Rangel, criatura muito televisiva, célebre pelo seu indesmentível apoio ao camarada 44/33, a quem tem prestado relevantes serviços da sua especialidade.

Parece que – diz a PGR – havia um esquema bem montado para fazer chegar a Luanda os altos serviços técnicos necessários à defesa dos interesses do Bumba. O mui nobre juiz Rangel terá até ido a Luanda passar uns dias para dar assistência ao Bumba.

Mas, uma chatice, parece que não podia, legalmente, ir passear com tais objectivos. Agora, pelo menos o CSM, entidade que manda nestas coisas, se vai pronunciar. Isto sem prejuízo das investigações da PGR.

 

O IRRITADO a todos deseja as maiores felicidades.

 

18.11.15

A PELE DO LOBO

Os tratadistas, os juristas, a liguagem política comummente aceite, atribui ao termo “guerra” um significado que não se confunde com “manutenção de ordem pública por meios violentos” ou com “resposta civil a actos de terrorismo urbano”. Guerra é mais precisamente luta armada, militar, contra um inimigo, seja ele estado agressor ou guerrilheiro armado.

O Presidente e o PM franceses (como há anos o Presidente Bush) declararam guerra ao terror, ou com significado meramente semântico ou como efectiva declaração de guerra contra outro estado. No caso presente não podem alegar a não territorialidade do inimigo, sabido que é onde ele está, e não sendo os ataques a Paris outra coisa que não uma sua, aliás declarada, manifestação extra-territorial.

Quando ouvi Hollande declarar guerra ao Daesch, pensei que o anúncio seguinte, para além da caça policial ao homem em França, seria o do lançamento de ferocíssimos ataques da força aérea francesa ao território do inimigo, com o objectivo de o destruir, de aniquilar as suas fontes de financiamento (poços de petróleo, locais e estradas por onde circula a sua clientela, facilities de comunicação informática e de obtenção de divisas, etc.), de aniquilar a sua administração pública e a sua rede de transportes – que existem e funcionam -, de ferir de morte a sua inegável organização política, civil e militar. Pode discutir-se, com argumentos de peso, se tal seria aconselhável. O que não se pode, ou não devia poder, é declarar “guerra”, não fazer guerra nenhuma, e ficar à espera não se sabe bem de quê.

O caso é super complicado. Basta dizer que considerar que a França foi atacada por um inimigo externo bem identificado é o suficiente para obrigar ao desencadeamento de uma reacção armada dos países da NATO, em conformidade com a célebre e nunca usada disposição do Tratado do Atlântico que obriga à reacção de todos quando um for atacado. Tal teria imprevisíveis consequências, eventualmente catastróficas.

Será esse o objectivo das declarações oficiais dos franceses? Não sei. O que sei é que quem não quiser ser lobo que não lhe vista a pele.

 

15.11.15

 

Adenda: já este texto estava publicado, soube-se que a aviação francesa tinha bombardeado posições do Daesch. Parte do escrito fica prejudicada. Mas, com este eclarecimento, não vejo razão maior para o alterar.

DA INDIGNAÇÃO DO BE

 

Com o seu habitual ar tristonho e compungido, o careca do BE deu um salto a Paris para manifestar as suas condolências e aparecer na televisão. Muito bem.

Atrás dele, discreto, o camarada Fazenda, ainda mais compungido, não se sabendo lá muito bem a que título. Se calhar estava a lembrar-se dos tempos em que berrava PTA, PTA! (Partido do Trabalho da Albânia), em sincera homenagem a um dos maiores carniceiros da história do século XX, o senhor Enver Hoxha.

Nunca abjurou das suas aberrantes preferências e convicções, pelo que é lícito pensar que estaria ali cheio de problemas, isto é, a pensar se os ataques do Daesch, não serão, afinal, justa reacção contra o imperialismo, o capitalismo, a democracia burguesa e outros públicos sinais do domínio da direita. Lá que estava compungido, estava. Porquê, repito, não se sabe ao certo.

 

15.11.15

INCURSÃO AUTOMOBILÍSTICA

 

A pura aldrabice irrita que se farta. Olhem o que se passa com o novo DS5, invenção da Citroën.

Diz a marca que este carro (não ponho em causa a sua qualidade, que não conheço) é uma recriação do velho DS, correcta e aumentada.

Como antigo apreciador e proprietário de um belíssimo DS, protesto energicamente contra este miserável embuste. Primeiro, porque o primeiro da classe a nascer não foi o DS, mas o ID19, coisa que parece que os novos publicitários desconhecem. Demos isso de barato. O ID e o DS foram, no design e na tecnologia, astronómicos avanços em relação ao seu tempo. O arrojo daquele e as novidades deste não têm paralelo em nenhum outro veículo. O design, sessenta anos depois, ainda não teve paralelo. A tecnologia era espantosa: o volante de um só raio, a suspensão hidropneumática ajustável, o travão de pé sem curso, a ausência de corcunda central, a abolição (anos 60) do pedal de embraiagem, a recuperação eléctrica da direcção, o incrível espaço interior, etc., tudo era novo, funcional, revolucionário, fantástico.

Nada de parecido no novo DS5. Nada, menos ainda a carroceria, se pode considerar herdeiro de tal maravilha. Nada. O novo “DS” será um carro cheio de qualidades e de modernices, mas nada que seja revolucionário, nada que tenha seja o que for que lhe permita assumir-se como continuador do propriamente dito. Nem parente afastado será.

A publicidade, os lançamentos, etc., podem recorrer aos mais rebuscados ardis. Mas, se houvesse decência mercantil, não se usava de tais e tão falsos e tão irritantes argumentos.

 

14.11.15

PRINCÍPIOS E DIREITOS

 

Há um direito, ou um princípio, mais ou menos universal, que ninguém põe em causa: o direito ao sigilo da correspondência. Entre gente mais ou menos civilizada, a mulher não abre a correspodência do marido, nem o marido a da mulher. Terceiros não mexem naquilo que é de dois.

A universalidade deste princípio anda a ser posta em causa. Por exemplo, o senhor Assanje, pedófilo e violador de menores no parecer dos suecos, que fez da violação de tudo e mais alguma coisa modo de vida, é incensado pela esquerda universal e docemente acolhido por uma embaixada sulamericana.

Os assanjes, violadores de mais coisas além das de que os suecos se queixam, são maus se chatearem ou confundirem os outros, mas óptimos, no parecer da esquerda, se contribuirem para a “transparência” dos feitos de quem lhes não agrada. É uma espécie de censura de pernas para o ar, tão censura como a pior das censuras. Dirá a moderna bempensância que tal gente mais não faz que pôr a nu eventuais impunes malfeitorias. Talvez. Mas, pelo menos outrora, os fins não justificavam os meios.

Sinais dos tempos. Os princípios já não o são. Mas voltam a sê-lo quando convier. Neste caso, até se cria uns novos, se for preciso. Se não perceberam, perguntem ao Tribunal Constitucional

 

14.11.15

O QUE EU ACHO

Acha que os comunistas comem criancinhas? Não? Ainda bem. Eu também acho.

A não ser... a não ser que tomassem o poder e que, como em tempos sucedeu na Rússia e na China, o resultado das suas salvíficas ideias e políticas se cifrasse nas vagas de fome e de miséria que são a sua consequência lógica e inevitável. O canibalismo, com estranhas e selváticas excepções, é, as mais das vezes, fruto da fome.

Hoje, mutatis mutandis, o ambiente não é propício a tais práticas. Desde há umas décadas, tal fome e tal miséria não são de magnitude que as justifique. Mas lá estão, com grandeza proporcional ao zelo e à eficácia com que as ideias e políticas comunistas são seguidas. Veja-se Cuba, veja-se a Venezuela, veja-se a Coreia do Norte: mais comunismo, mais fome: directamente proporcionais. Não digo isto por ser anticomunista, ainda que o seja, e com muito orgulho. É só olhar à volta e ver o que se passa e tem passado. Sempre! Mera observação dos factos, que a ninguém pode causar dúvidas. Em Cuba, passadas décadas e décadas de miséria e de total ausência de liberdade, bastou uma aberturazinha na ortodoxia do PC para se observar um pequeno alívio. Na Venezuela, à medida que o socialismo “bolivariano” se vai afirmando, vão-se esvaziando as prateleiras dos supermercados e enchendo as prisões. A Coreia do Norte, apesar do Bernardino e do nosso PC dizerem que é uma democracia (!?), a ideologia, aplicada com grande rigor, resulta em evidente e generalizada fome - é certo que minorada pelas ajudas humanitárias do capitalismo. Mas não é certo que não haja por lá quem que, à míngua de salsichas, coma criancinhas.

Em novo, achava que os comunistas não comiam criancinhas... se o partido tal não mandasse. Um exagero imperdoável. Exagero aparte, se o poder comunista se implantasse entre nós, o PC, sendo muita a fome, acabava por ter compreensão para com tal prática “dos trabalhadores e do povo”. Tudo, como é óbvio, por “culpa do capitalismo e do imperialismo”. Na versão mais suave do BE e do Pedro Nuno Santos, a “culpa” seria da Merkel e dos mercados.

Não me parece que, por cá e apesar de tudo, alguém venha a alimentar-se de tão desumana forma. Coisa que, se os comunas mandarem (já estiveram mais longe, não é, ó Costa?), se ficará a dever aos nossos brandos costumes.

 

14.11.15

DO HORROR DOS DIAS

A coisa já começou a mexer. Dois juízes já tomaram decisões em conformidade, um a favor do 44/33, outro contra o Correio da Manhã.

Ontem, a TV do Estado brindou-nos, antes do jantar, com meia hora de Catarina Martins. Depois do jantar, com uma hora de Centeno.

O que virá a seguir, só Deus saberá. Mas lá que a tramóia está funcionar não há dúvida nenhuma. Quem ouviu a transmissão do debate do programa do governo legítimo, com certeza reparou que, quando os tipos da coligação estavam no seu melhor, eram interrompidos pelas “informações comentatórias” das harpias televisivas de serviço na AR. O mais importante de todos os discursos ali proferidos – o do Luís Montenegro - foi rapidamente metido no caixote do lixo das televisões e dos jornais, o que quer dizer que já andam todos a tirar os cavalos da chuva, borradinhos de medo. Até os compreendo. Em matéria de liberdade de informação vamos ficar pior do que no tempo do 44/33, pai espiritual desta gente.

*

O Féfé (outrora fiel membro da chamada bufa) já teve ocasião de demonstrar à saciedade que não passa de um carroceiro, coisa que já se sabia mas vale a pena lembrar. Toma partido na conferência de líderes, não para o habitual voto de desempate, mas para “mostrar que manda”, ou que quem manda é o partido. E manda mais, manda calar quem diz o que lhe não agrada, não lhe bastando os dislates que vomitou no discurso de posse, sem dúvida o discurso mais ordinário de um presidente do Parlamento desde que há Parlamento em Portugal, ou seja, desde há quase duzentos anos. Um record absoluto, uma estreia promissora, isto é, ameaçadora.

*

O ódio profundo que esta gente tem à Liberdade começa a ser manifestar-se. A Catarina vociferava ontem contra as pessoas que fazem seguros de saúde, como se as pessoas não fossem livres de fazer seguros de saúde. Uma fulana que passa a vida a falar de “pessoas”, acha que a saúde, se for privada, é doença, e que as pessoas só têm o direito de depender do Estado, e mais nada. Ou seja, as pessoas que usam a liberdade para, com o pouco do que é seu e o Estado ainda não levou, comprar seguros ao mesmo tempo que pagam com língua de palmo as maravilhas do SNS, não são “pessoas”. Tem razão, a palavra pessoas, na filosofia da mulher, ou é nome de quem tem a “liberdade” de estar ao serviço do Estado, ou não é de gente. São “pessoas”.

E ai de quem recorrer a IPSS’s. Esses são adeptos do tenebroso assistencialismo, quer dizer, um aparelho de gesso colocado na Misericórdia de Viana do Castelo é muito pior que o mesmo aparelho colocado numa loja do Estado. As pessoas que se tratam fora do Estado estão a ceder, ou ao “capitalismo” ou ao “assistencialismo”. Não têm esse direito! Essa liberdade não existe, ou não devia existir. E o Estado, se pagar serviços prestados por IPSS’s, está, criminosamente, a “negociar” com a saúde de cada “pessoa”. Para que se seja “pessoa” merecedora de cuidados, tanto faz que seja multimilionário como indigente. Todos, de borla, têm o direito à saúde que o Estado oferece depois de sacar a cada um o que quiser. É a igualdade, é a liberdade, no subido conceito da mulher e da filosofia troglodita que a anima. Em todos os regimes, sem excepção, onde impera a filosofia da fulana, as “pessoas”, à excepção das que integram a “autoridade”, quer dizer, o partido, são igualmente famintas e igualmante doentes. Mas o Estado, esse, é intocável. Tal é a “liberdade” que Catarina deseja para todos nós: direitinhos, contribuintes líquidos, servos do Estado. É o que está em preparação.

*

Sabem o que fiz no dia 27 de abril de 1974? Fui ao mangas de alpaca dos ordenados e dei-lhe instruções para deixar de pagar o 1% do meu salário para o sindicato obrigatório. Achava-me livre. Nunca mais, ao longo de mais e quarenta anos, deixei que fosse quem fosse me integrasse num contrato colectivo, assinado por tipos que jamais me representaram e a quem jamais entreguei a gestão da minha vida. Ou seja, vendi o meu trabalho como pessoa, não como “pessoa”, que é o que a república das catarinas quer que eu seja, com o nobre objectico de sobre mim erguer o seu maldito Estado.

Como é possível que haja sindicatos que obrigam pessoas a aceitar contratos que não assinaram nem para tal deram procuração fosse a quam fosse? Eu explico: não são pessoas, são “pessoas” sem liberdade nem poder, porque tal lhes foi usurpado pelas catarinas deste mundo.

*

Mal ficaria se não dissesse umas coisas sobre o inacreditável Centeno. O obscuro burocrata do BdP, subitamente alcandorado a guru do Rato e, se o diabo quiser, futuro ministro das finaças do socialismo nacional, veio, com o sorriso alarve que o caracteriza, macaquear as suas “soluções” na TV do Estado. Horribile visu! Se resumirmos a substância da sua “solução” em meia dúzia de palavras, teremos o seguinte : mais dinheiro (já!), mais consumo; mais consumo, mais produção; mais produção, mais emprego; mais emprego, mais felicidade. Um monumental buraco nas contas do Estado? Com certeza, mas o buraco é pago pelas empresas, via impostos, pelas “pessoas”, via contribuições para a Segurança Social, pela classe média, que é onde está o dinheiro, pelo IRS cheio de escalões e escalõezinhos, pois então, não são pessoas, são “pessoas” a quem compete tapar os buracos que o socialismo vai, uma vez mais, abrir. Tudo isto acrescido do fim da “precarieadade”, que a malta, quando tiver empregos vitalícios, vai trabalhar mais e melhor, como se está mesmo a ver.

Se estes raciocínios fossem só fruto de ignorância, podia haver para eles algum perdão. Mas não são. Trata-se de puras formas de domínio da sociedade civil, para a fazer vir a aceitar o poder absoluto de uma clique de degenerados.

*

Há muitos anos, a minha Mãe, com quase noventa anos, chegou a casa e declarou que ia votar no Dr. Mário Soares. Porquê?, foi a pergunta. Porque me disseram na paróquia que ele se converteu ao catolicismo!, foi a resposta. A propaganda tem destas cioisas. O dolicocéfalo Centeno fez constar que era “liberal”. Terá ganho votos com isso. O Fidel também fez constar que era democrata...

 

12.11.15

SABEDORIA POPULAR

 

Esta é de velhos tempos, mas parece feita agora:

“ Um Costa matou o Rei,

Outro Costa o Presidente.

E um Costa que eu cá sei,

É a desgraça da gente!”

 

Acrescento, com o talento disponível, uma actualização:

O Costa que foi Afonso,

Agora chama-se António.

Palavra honrada tem tanta

Que faz inveja ao demónio.

 

12.11.15

NO MAR DA LATA

 

Há latas de conserva, coisa útil e boa, ainda que dependendo do que lhes põem dentro. Há latas óptimas para fazer assadores de castanhas. Há latas que, à falta de melhor, abrigam da chuva. Apesar do triunfo dos polímeros, ainda há latas insubstituíveis a vários títulos.

Vem isto a propósito das quantidades industriais de lata, da estanhada, que por aí andam em várias versões. Não estou a falar da enjoativa lata do Costa, que essa toda a gente conhece, cheira mal e suja tudo.

Ontem, ao assistir a um programa de RTP3 - bom canal, sim senhor, parabéns – veio-me à cabeça esta história da lata. O plantel de economistas presentes é composto por três socialistas e um PSD, o que desde logo causa alguma estranheza. Adiante. É suposto tratar-se de um programa meramente “técnico”, sem política pelo meio. E é-o, sobretudo para quem não está com muita atenção à coisa.

Demos isto de barato, que este post é sobre lata, não sobre teoria económica ou critérios de escolha da RTP3.

Um dos trutas do programa é um senhor muito feliz porque tem família, diz ele, e porque não está doente, diz ele, o que, de um ponto de vista macroeconómico, é interessantíssimo, como calculam. Além disso, trás ao programa sinais evidentes das toneladas de lata de que é feliz proprietário. Trata-se, como já devem ter percebido, do ilustríssimo economista Fernando Teixeira dos Santos.

Imagine quem me lê o que lhe aconteceria se tivesse sido, durante seis anos, ministro das finanças dos governos que nos levaram à ruína financeira, ao descrédito universal, à paralisia económica, à crise social. Imagine que os seus concidadãos olhavam para si e o viam na qualidade de avalista “técnico” de um aldrabão, mitómano, demagogo, ordinário – para dizer o menos – que nos levou onde chegámos. Imagine que tinha levado seis longos anos até perceber para onde íamos parar, só tendo reagido quando já não havia outra coisa a fazer senão pedir esmola. Imagine.

Que faria você? O mínimo seria meter-se em casa, bola baixa, deitar fora os espelhos, procurar seguir a sua vidinha com a devida discrição. Você saberia que, depois do que tinha feito, a última coisa que poderia avocar em seu favor era competência política e económica.

Mas Teixeira dos Santos não é você. Tem a lata de arranjar um tachinho na RTP para nos dar os seus avisados conselhos. Tem a lata de se achar com autoridade técnica, política e pessoal, como se os seis anos de socialismo socretino não lhe tenham obliterado toda e qualquer autoridade.

Grande latoeiro!

 

11.11.15

ELES AÍ ESTÃO!

Ainda o governo não tinha caído, já o camarada Arménio cumpria a sua palavra levando um batalhão de estivadores e umas velhotas choramingonas a berrar por mais dinheiro à porta de São Bento. Coitados dos estivadores: toda a gente sabe que são mal pagos, não é? E o Arménio, que já disse que, mesmo com o governo dele no poder, ou à porta, tem instruções do comité central para continuar a chatear meio mundo. Cumpriu a palavra, dele ou do comité central.

Com o PC a apoiar o governo minoritário do PSC, as coisas continuarão, na rua, como sempre foram: banzé, banzé, desprezo por quem ganha pouco, por quem não tem privilégios sindicais, movidas por quem saiu do proletariado para a pequena burguesia lumpen. Como já não há proletários, nem coisa que o valha, os arménios continuarão com outras carnes humanas. O PC é o que é, fará exigências por dentro da miséria governamental que apoia, ao mesmo tempo que as tropas, na rua, farão o costumeiro papel. O bigodes, dito “professor”, coisa que jamais foi, saltará, rua fora, aos berros. Se o PSC admitir mais dez mil “professores”, ele exigirá vinte, com cartazes, bandeiras, slogans e discursos aprendidos nos manuais da “luta”. O PC lavará daí as mãos, porque a “indignação do povo” (o povo do Arménio) não pode ser coarctada.

O Arménio tem uma enorme “vantagem moral” sobre o Costa e o seu recauchutado partido: cumprirá a palavra dada, coisa que o Costa não fará, porque isso de “palavra honrada” é coisa que desconhece, ou conhecerá em versão marciana.

Resta esperar que se engalfinhem outra vez. E que, passados uns meses, perdida toda a credibilidade do país, gastas as economias da dona Maria Luís, antes que volte a troica haja quem vá a votos acabar com isto.

As miúdas do bloco, essas continuarão por aí, cheias de talento e má consciência, a repetir a sua algarviada sem sentido nem lógica outra que não seja a do seu próprio quão folclórico gozo. Não interessam a ninguém, nem ao Arménio.

 

10.11.15

MOMENTO HISTÓRICO

Ontem à noite, várias e “autorizadas” altas figuras, leia-se figurões, ainda que já titubiantes – isto da idade nem aos malandros perdoa – declararam à Nação que este “é um momento histórico”. E acertaram. Almeida Santos, João Cravinho, Manuel Alegre, entre outros, por uma vez, acertaram!

É claro, não esclareceram a Nação sobre o que é um momento histórico. Convirá dar corpo à expressão, usando alguns exemplos. Já que estamos no São Martinho, digamos que momento histórico foi o do Armistício, ou o da chegada dos americanos à Lua, o da queda do muro, o 1º de Dezembro. A vitória eleitoral do nazismo, o Anschluss, a revolução de Outubro (em Novembro), a queda de Constantinopla ou Alcácer Quibir, também foram momentos históricos. Quem duvida?

Os “momentos históricos” tanto podem ser indiscutivelmente bons como horrivelmente maus. Razão pela qual as afirmações da velha macacagem do PS valem o que valem, ou seja, não valem um caracol.

Incensar o momento histórico em que o PC anuncia que vai dar cabo de um partido outrora tido por democrático (o PS) sem tomar compromisso outro que não seja apear um governo eleito e substituí-lo por um não eleito (é este, e mais nenhum, o “compromisso” do nacional-bolchevismo, aprovado sem votos, à cause des mouches, no comité central), será um momento histórico, sem dúvida o mais triste, o mais pernicioso, o mais grave momento histórico da história da III República. Elogiar o momento em que um bando de irresponsáveis e palavrosas raparigas, oriundas dos bas-fonds dos mais diversos comunismos, se propõem arruinar o país, talvez seja um momento histórico, mas de momentos históricos destes, raio, ninguém precisa.

*

O particular entendimento da democracia e dos seus caminhos ora posto em curso já está a produzir resultados:

diz-me o funcionário de um banco que as médias poupanças começaram a migrar para longes terras;

os grandes investidores da nossa praça - uns tesos em termos europeus - já disseram que, para investimento, nem mais um tostão nem mais uma responsabilidade, enquanto outros sugerem que o melhor será emigrar fiscalmente;

a única agência de rating que nos mantinha fora do lixo já avisou que vai “rever” a classificação;

o buraco da TAP, em vez de passar a mãos alheias, vai ficar por nossa conta;

os transportes públicos já têm garantida a continidade do sorvedouro de impostos que todos conhecemos;

o défice orçamental, com a garantia da “palavra” do Jerónimo, vai derrapar – e a culpa será, não de quem deu cabo das contas (o Costa), mas da coligação, que as fez mal feitas;

como dizia o Tripas, “a austeridade vai acabar”, sendo substituída por “outra política”(?), como se a austeridade fosse uma política, não uma necessidade; viu-se no que deu na Grécia, acabaremos por ver do mesmo cá no sítio.

É o que está na calha, sem apelo possível.

Alguns prognósticos:

os jornais e os jornalistas vão ser objecto (já há sinais disso) de perseguição;

vai haver Manuelas Mouras Guedes aos pontapés, ao belo estilo socrélfio;

a RTP vai voltar a ser trombone do governo;

acabados os exames e a avaliação de professores, o ensino vai recuar décadas;

acabadas as turmas de mais de vinte alunos, vamos meter mais uns milhares de funcionários, ditos professores, a quem será preciso pagar;

a “ciência” e a “cultura” (nunca houve tanta oferta cultural em Potugal como nos últimos anos) vão voltar a ser pasto, não de critérios de qualidade, mas das exigências dos penduras e das influências políticas;

quem tiver dois tostões passará a ter só um; os que nem um têm, passados uns curtos tempos de euforia, passarão a devê-lo.

Entretanto, a bolsa, no primeiro dia em que se teve a certeza que ia haver acordo - quatro acordos! - caíu 5%.

E assim por diante, até que, mais uma vez, assistamos a mais um dos “momentos hitóricos” em que a esquerda é especialista: a chegada, com fanfarra e charamelas, da doce e atenciosa troica ou de quem, generosamente, a substituir.

 

9.11.15

Pág. 1/2

O autor

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub