O VERDADEIRO SOCIALISMO
O camarada Louça saiu-se com mais uma de estalo, desta vez em socorro dos sentimentos de esquerda do senhor Pinto de Sousa. Integrar o BPN na CGD, eis do que se trata. Brilhantíssima ideia.
O senhor Pinto de Sousa resolveu, do alto, ou do baixo, do seu esquerdismo balofo e ignorante, nacionalizar o BPN. Pois. Nada de falências, que o sistema bancário pode ressentir-se, etc., blá blá blá.
À altura, o buraco era de 450 milhões. Com o aval e a instâncias do senhor Pinto de Sousa, lá se arranjou o cacau. O pior é que, dias passados, os 450 passaram a 680, semanas depois já eram 1.200, indo agora em dois mil e tal milhões.
Entretanto, descobriu-se uma série de tropelias que o banco vinha fazendo há anos, sem que o camarada Constâncio desse por nada, ou melhor, sem que o camarada Constâncio, tendo conhecimento dos sinais exteriores das ditas tropelias, fizesse fosse o que fosse,.
Mandaram prender o Oliveira Costa, culpado ou não. Se o senhor Pinto de Sousa é presumível inocente em tudo o que se tem metido, por que carga de água há-de o Oliveira Costa ser presumível culpado? O Oliveira é do PSD e o Pinto de Sousa do PS. Será por isso? Não se sabe. O que se sabe é que o Oliveira é o ideal como bode expiatório. Todos o outros, do Coelho ao Machete, passando pelo Loureiro, são almas puras que andavam por lá a ver passar as miúdas na avenida. O Loureiro, no entanto, é mais suspeito que os outros. Será por ser cavaquista? Quem sabe o que não vai nos bastidores das mentes socrélfias.
Importante, agora, é saber que ninguém sabe como se há-de dar a volta ao texto. O buraco cada vez está mais fundo mas como, socialismo oblige, o banco passou a ser do Estado, não se pode deixar falir.
O Estado, transformado num monstro pelo socialismo - monstro que se alimenta do nosso sangue - em vez de usar os fundos de garantia para os depósitos que nele cabem e de deixar a coisa morrer de exaustão como mandam os bons princípios capitalistas, não senhor, nacionaliza o buraco e a sua geométrica progressão, assim arranjando maneira de nos pôr todos a pagar as asneiras do BPN e do camarada Constâncio.
É preciso tapar o buraco? Como? O camarada Louça vem em socorro do camarada Pinto de Sousa. É fácil, diz ele. Mete-se o buraco na CGD e está o problema resolvido. Ou seja, pagamos todos pelas asneiras do Oliveira, do Constâncio e do Pinto de Sousa, devidamente reforçadas com as socialistíssimas opiniões do Louça, aliás habilitado por altos canudos, ao contrário do Pinto de Sousa.
Já vimos o socialismo tratar de dominar a banca privada transferindo para ela uns craques da CGD.
Já vimos o socialismo injectar não sei quantas centenas de milhões no capital da Caixa, a fim de a habilitar a comprar não sei quantas ou quais empresas privadas.
Já vimos o socialismo, através da Caixa, servir-se de um negócio com um privado para aumentar a sua participação numa empresa onde não devia estar.
Já vimos o socialismo autorizar a Caixa a ser promotora e proprietária de um hospital a que chama “privado” para poder cobrar o que lhe apetecer.
Já vimos o socialismo meter a Caixa num negócio, meio falido, de refrigerantes.
Já vimos... etc.
Que raio, o Louça tem razão. Por alma de quem não há-de a Caixa “encaixar” o buraco do BPN?
Quem paga é o mesmo cliente, aquele que vai pagar o TGV, o aeroporto e as demais maluquices do Pinto de Sousa.
Não é isto o verdadeiro socialismo?
14.5.09
António Borges de Carvalho