MONS PARTURIENS
Anda para aí muita gente entusiasmadíssima com os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao BPN. As tiradas do Mèlinho, bem arrancadas de um inesgotável acervo de informação, as perguntas de um tipo do BE que alimenta o mal querer comunista com inteligência e conhecimento de causa, as posições do PSD, que não se alimentam de partidarite nem de nepotismo, o estrebuchar do PS na estulta pretensão de usar a comissão para safar o camarada Constâncio, a direcção dos trabalhos, feita, diz-se, com inesperada isenção, por aquela senhora pequenina, de vozinha irritante, que acabou de sair do cabeleireiro, tudo parece indicar que a tão louvada comissão vai “parir” um relatório cheio de substância.
No entanto, o Irritado arrisca o prognóstico contrário: a coisa vai acabar em nada. A montanha vai parir um rato.
É que, vejam, o relatório vai ser redigido por uma advogada oxigenada, que ninguém sabe quem é, apesar de ser vice-presidente do grupo de atarantados chefiados pelo senhor Martins. Sónia Sanfona de seu nome, a ilustre mulher declarou que, estando cheia de vontade de mostrar serviço, não tem dúvidas que “nunca escreverá qualquer linha embaraçosa para as posições do PS”. Segundo o chefe da dita na comissão de inquérito, “ela não é um Ventura Leite”. Esclareça-se que o tal Ventura Leite é um deputado do PS que tem por hábito não se calar e que jamais voltará a São Bento, que o chefe não aprecia o estilo.
Assim, a Sanfona será a sanfona do PS, doa a quem doer. Quem está em grande é o Constâncio do cabelo pintado, a quem a Sanfona sanfonará merecidas loas. That’s it.
23.6.09
António Borges de Carvalho