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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

SARKOZICES

A confirmar as impressões, as previsões e as opiniões do Irritado (passe a imodéstia), o senhor Sarkozy, em matéria de política externa, afina, com pequenas nuances, pelo diapasão da dona Segolène. 
* 
O Presidente Kenedy, já lá vai um ror de anos, desafiou a Europa a não ser mais a parceira passiva da NATO. Lançou a doutrina do European pilar of NATO. Em duas palavras, a ideia era a de que a Europa deveria abandonar a sua posição de "protectorado militar" dos EUA, e tornar-se um parceiro do mesmo nível, com responsabilidades similares e uma voz própria. Passados vinte anos do fim da II Guerra Mundial, parecia a Kenedy que já não se justificava a posição europeia de deixar os grandes problemas à guarda do chapéu de chuva americano, antes devendo a Europa tomar uma posição pro-activa (como se diz agora) na defesa comum do espaço euro-atlântico.
A Europa respondeu com o seu habitual nim, e tudo ficou na mesma. Inventores de uma "independência" impossível e irracional, os franceses, que já tinham retirado as suas forças da Aliança, foram os campeões da oposição à doutrina Kenedy. O desafio, ou o apelo, de Kenedy, continuou, de uma forma ou de outra, a ser repetido ao longo de décadas. Com a mesma resposta.
 
Os resultados desta postura são conhecidos. Os europeus, que só se lembram dos EUA quando deles precisam para fins próprios, deixaram-se arrastar, atrazar, desarmar.
As coisas funcionaram enquanto durou a guerra fria. A partir daí, passou a viver-se com uma única super-potência. Só que a Europa, por vontade própria, não participa, nem em pé de igualdade - que era o que Kenedy almejava - nem em pé nenhum, do poder com super-potência. Ficou de fora. Os EUA actuam como entendem, às vezes dão satisfações, mas não “têm que” as dar, na Europa, seja a quem for. A Europa, ou parte dela, pode não estar de acordo, mas perdeu a oportunidade de, para além da semântica diplomática, ter voz activa, ou "pesada", em questões que, directa ou indirectamente, lhe dizem respeito. Os EUA, por seu lado, não se sentem na obrigação de ouvir, ou depender das opiniões de um parceiro que, tendo sido instado a pôr-se de par com eles, a rejeitou.
E, no entanto, a carência europeia em termos de defesa mantem-se e assume inquietantes contornos. Quando toma decisões bélicas, não pode deixar de pedir meios aos EUA - caso do Kosovo, por exemplo - mas, ou lhes nega solidariedade quando a pedem, ou nem sequer é ouvida, por não mais para tal ser credível.
 
*
 
É nesta floresta de falta de senso, ou como campeã dela, que se insere a política francesa. Pior. É nesta floresta de mau senso, que a política francesa vai continuar, ganhe Segô, ganhe Sarkô.
De mão dada com a sua rival, diz o ilustre senhor que quer “uma França livre, uma Europa livre (eu leio uma Europa livre sob a hegemónica batuta francesa). “Peço – continua o artista - por isso, aos nossos amigos americanos que nos deixem livres, livres para sermos seus amigos, pois amizade não é submissão”.
 
Gostaria de perguntar ao senhor Sarkozy:
 
a)      Quando é que os americanos “obrigaram” a França, ou a Europa a fazer fosse o que fosse?
b)      Em que momento é que a França não foi “livre” para dizer que não aos americanos?
c)      Quando é que os americanos deixaram de ajudar a França, ou a Europa? Na II Guerra Mundial? No affaire da ex-Jugoslávia?
d)      Os americanos impediram a França de se desligar dos seus compromissos militares no seio da NATO?
e)      Alguma vez os americanos “tutelaram”, ou quiseram tutelar a França nas suas decisões?
f)        Alguma vez, em momentos graves, falharam os americanos na sua solidariedade para com a França?
g)      O libertador sangue americano em solo francês já secou?
h)      Tem a França (ou a Europa) autonomia militar para dispensar o auxílio americano em tempo de crise?
i)        A França sente-se, ou sente a Europa “submetida” aos EUA? Em quê?
j)        Não é por exclusiva culpa da Europa, e principalmente da França, contra a vontade americana, que a Europa e a França se encontram na situação de atrazo que lhes provoca permanente dependência da América?
k)      Não são declarações como as citadas o que pode justificar que os americanos, numa próxima oportunidade, digam aos europeus que se amanhem quando o problema for só deles?
 
Se o senhor Sarkozy - e a senhora Ségolène - respondessem a estas perguntas com alguma honestidade, facilmente concluiriam que andam a dizer asneiras, e a prejudicar-nos a todos.
Mas, como o Irritado não se tem cansado de repetir, a política externa francesa, à esquerda e à direita, é sempre a mesma: a da estúpida e contraproducente graaaaannndeur de la Fraaaannnceeee.
 
António Borges de Carvalho

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