BURACAIS NOTÍCIAS
A inigualável Câmara de Lisboa anunciou que vai investir, ou gastar, na tapagem de buracos e asfaltagem de ruas, a módica quantia de sete milhões de euros. Muito bem. A vergonha que sente e os riscos que corre quem anda a pé, de carro ou de transporte público na Rua do Ouro ou nos Restauradores, dois dos milhares de exemplos que se pode ir buscar a esta cidade mártir das ruas esburacadas e dos passeios esventrados, justificam que nos alegremos com a notícia.
Antes de mais, espera-se que seja notícia, isto é, que não seja propaganda como, há anos e anos, tem sido a história da reconstrução das piscinas do Campo Grande e da Avenida de Roma, coisa “urgente” que nunca passou de enormes cartazes, os quais acabaram, eles próprios, por ser destruídos pelo passar dos anos.
Estamos perto das eleições, o que talvez explique alguma coisa. Antes das últimas, também deu à CML uma vontade fantástica de asfaltar. É claro que se tratou de uma aldrabice como tantas outras. As ruas não foram asfaltadas, foram cobertas por uma camada de alcatrão com gravilha, sem preparação nem cuidado. Aqui, à porta do IRRITADO, a tal camada, mesmo fina, foi o bastante para pôr o passeio ao nível do asfalto e para acabar com sargetas e e valetas, quer dizer, com toda e qualquer drenagem. Nas ruas vizinhas passou-se o mesmo, o que leva a crer que a porcaria foi geral.
Como declaração de interesses, diga-se que o IRRITADO, até certo ponto, gostou destas incríveis obras. É que, como as sargetas deixaram de existir mas a rua é a descer, a água da chuva vai desaguar mais longe, sabe-se lá onde. Ora isto tem colossais vantagens. É que, sempre que havia chuvas intensas e os colectores de águas pluviais já não aguentavam, a nossa bem amada Câmara tinha o caridoso hábito de ligar as águas pluviais aos colectores da caca, o que fazia regurgitar toneladas de cagalhões em todas as caves cá do sítio. Com as sargetas entupidas, mesmo num ano em que tem chovido como o raio, não aconteceram tais invasões.
Sejamos optimistas. Pode ser que, para estas eleiçõees, a CML volte a entupir tudo e mais alguma coisa, a fim de libertar as caves de cada um das merdólicas influências camarárias.
Já agora, um apelo ao camarada Costa: veja lá se arranja uns milhões para acabar com a maldita calçada portuguesa que, de tão maltratada, é causa de inúmeros pés torcidos, quedas de jovens e velhinhos, pernas partidas, desordens à pedrada, infiltrações nos prédios e outros efeitos menos desejáveis.
É claro que a asfaltagem dos passeios, como dirão os seus camaradas Fernandes e Helena, provocará essa coisa horrível que é a “impermeabilização dos solos”. A este respeito, fará o camarada o favor de ir a Paris ou Londres, por exemplo, observar o que é a tal impermeabilização e como se faz a drenagem das águas pluviais.
Com os cumprimentos do IRRRITADO.
10.4.13
António Borges de Carvalho