COBARDIAS
Como saberá quem o leu, o IRRITADO atribuiu a confusa decisão há dias tomada por Cavaco Silva a um ataque de falta de juízo. Passados dias, o IRRITADO já não sabe se foi assim. A questão é irrelevante.
A oposição de esquerda que, como é seu hábito histórico, a partir do dia em que perde as eleições desata aos gritos que é preciso dar cabo do governo, achou que a birra do Portas abria o caminho ideal para uma bela sampaiada.
Mas Cavaco não é Sampaio e, tendo muitos defeitos, não tem o da falta de respeito pelas instituições nem o topete necessário para ferrar golpes constitucionais por birra ou oportunismo.
O que fez Cavaco? Arranjou uma catraca para dar a mão ao oco. Deu-lhe a oportunidade de passar a ser importante nas negociações com a troica, de fiscalizar, via acordo, o comportamento do governo e de juntar argumentos para o vir a substituir. Ainda por cima, dizendo-lhe que se preparasse porque ia ter a sua oportunidade dentro de um ano e não de dois. Querem mais? É difícil.
O que aconteceu? O oco ou não percebeu patavina ou teve medo. Perante a ululante coorte socrélfia, perante os dislates dos cadáveres adiados – Soares, Sampaio, Alegre, por exemplo - perante os sinistros ataquinhos do Costa, perante a habitual protecção dos media e de todo este género de gente, o oco apanhou um cagaço de tal ordem que borregou. Acobardou-se.
É evidente que, se tivesse aproveitado a oportunidade de ouro que o PR lhe oferecera, teria chegado a um acordo qualquer, mas a alcateia não perdoava. Houve até um tipo que disse que o PS se partiria em dois! Se calhar, o oco acreditou na ameaça. Não percebeu que, da alcateia, poucos haveria que abandonassem o barco, única via de ter esperança de voltar a ser gente. Não percebeu que a moderação que mostrasse lhe iria grangear uma multidão de votos na área do PSD. Não percebeu nada.
E foi tão inteligente que, no mesmo dia em que os outros propunham dar continuidade à conversa, veio à praça pública dizer que não queria acordo nenhum e fazer um discurso a repetir as suas miríficas ideias, fazer promessas incumpríveis e dar aos portugueses, mais uma vez, a imagem clara do deserto de neurónios que é a sua cabecinha!
É pena. É pena que o PS esteja nas mãos de um fulano descabeçado, sem carisma, sem “alma” e, pior ainda, medroso como um passarinho, sem estaleca nem sentido do risco.
O IRRITADO confessa que não acha mal. Afastar a cáfila socialista do poder é um bem em si mesmo.
Passos Coelho mostrou qualidades opostas. Apanhado à má fila pela carta do Gaspar e pela birra do Portas, não baixou os braços. Resolveu a questão. Hoje, ao contrário do que dirão os profissionais do comentário, como que regressa ao poder mais forte do que era antes de ter sido traído. Que se ponha a pau, é o conselho do IRRITADO. Com os adversários, tudo bem. Mas os amigos…
21.7.13
António Borges de Carvalho
ET. Logo a seguir à comunicação de Cavaco, as televisões desataram a “informar”. O “serviço” público elegia os comentários do engenheiro relativo, camarada Pinto de Sousa. A SIC oferecia-nos a palavra esclarecida do idiota Marques Lopes do ofídeo Costa. A TVI brindava-nos com a histérica do PS, mais dois camaradas e, vá lá, uma rapariga com algum juízo. A fechar o ramalhete, pelo menos pelo que o IRRITADO viu e ouviu, a SIC Notícias espeta-nos com uma hora a ouvir o oco a repetir as inanidades, as aldrabices e as utopias do costume. Como pode haver opinião pública informada neste ambiente?