BOCAS FUNERÁRIAS
Nesta coisa do passamento de Mário Soares, não há quem não se chegue à frente com elogios. A morte tem as suas vantagens, sobretudo para quem a aproveita para se chegar à frente.
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Um senhor qualquer, se calhar por não ter nada de jeito para declarar, veio revoltar-se publicamente contra o facto (facto, diz ele) de os livros de História só dedicarem 10% do seu espaço a Mário Soares.
Longe de mim achar que Mário Soares não deve ter jugar nos livros de História! Mas, que diabo, numa história de quase mil anos, Mário Soares ocupar 10%, acham pouco? E os outros? Qual História?
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É sabido que o sisudo General Eanes fez o que permitia a força humana para dar cabo de Mário Soares, do PS, da Revisão da Constitução, etc..
Ao ponto de se servir de Belém para lançar um partido (sim, ele presidente de “todos os portugueses”) destinado a ocupar o lugar do de Soares: PRD, o partido da “ética” (qual ética?) – um saco de gatos ridículo e oco, mas que cumpriu a sua “eanética” missão: dar cabo do PS nas eleições seguintes.
É com a maior ternura que, hoje, ouvimos as palavras de “reconhecimento da pátria” a Mário Soares, na boca do General.
10.1.17