CENTENO E O CARRO ELÉCTRICO
Tive o “privilégio” de assistir a uma parte do debate do orçamento. Um debate sui generis, já que se defrontaram duas oposições: a oposição ao chamado governo e a oposição ao governo anterior.
Explico: o camarada Centeno, que eu tenha ouvido, e ouvi quase tudo, não respondeu a uma só das questões que lhe foram postas. Limitou-se a dizer coisas sobre os “malefícios” da coligação e a dizer o que aconteceria se ela – de acordo com os resultados eleitorais - fosse governo. Numa palavra, argumentou com base na velha expressão popular que diz que “se a minha avó tivesse rodas era um carro eléctrico”. A astrologia preencheu praticamente tudo o que o fulano encontrou para, usando um imaginário futuro, defender o indefensável presente.
Muito interessante foi também o extremoso entusiasmo com que as meninas da Bloca e os soviéticos do PC alinharam na filosofia do Centeno. Foi vê-los a tremebundar exactamente a mesma narrativa, mostrando que estão tão empenhados, tão devedores da geringoncial “solução”, como a maralha do PS, composta esta, em exclusivo, pelos adeptos da geringonça e pelos vira-casacas.
Parece que a encenação continua hoje, já sem a minha presença. Estou esclarecido. E, ao contrário do Centeno, não preciso de imaginar coisa nenhuma. Ficou tudo claro, límpido, explicado. Não há volta a dar: não existe governo, o que existe são duas oposições entre as quais o diálogo é impossível. De certa forma, ainda bem.
4.11.16