DA ABRANGÊNCIA DA COLIGAÇÃO
Está provadíssimo que o chamado primeiro-ministro e o seu testa de ferro Centímetro, perdão, Centeno, enganaram o Domingues, por duas razões de fundo: primeiro, não conheciam as leis aplicáveis (pelo menos duas) e, segundo, achavam-se indiscutíveis proprietários do poder, neste caso com alguma razão.
A marosca causou um sururu dos diabos. De todos os lados se levantaram clamores: o malandro do Domingues não quer cumprir a lei e, pecado maior, quer ganhar uma pipa de massa, coisa que o nacional-invejismo não tolera. Até as bengalas parlamentares, habitualmente tão certinhas, não contiveram a sua indignação.
O chamado primeiro-ministro, entalado e sem saída, quis atirar o assunto para o Constitucional. Mas, como o Presidente do dito muito bem avisou, o TC só age se excitado, e ninguém o excitou. Uma chatice.
Pôs-se então em funcionamento a poderosa máquina do socialismo dito democrático. Como descalçar esta bota? O chefe chamou o César e lá combinaram a coisa. Primeiro, fizeram constar que, no respectivo grupo parlamentar, havia muitas opiniões discordantes. A seguir, o César declarou que ele mesmo, imagine-se, não estava de acordo com o chefe.
Estavam criadas as condições políticas para a aceitação pública de um recuo do Costa. Não seria um recuo, mas a simples e mui democrática verificação da “vontade popular”.
Só faltava o morango no chantilly. Conversada a coisa ao mais alto nível, chegou a voz de Belém para dar uma ajudinha. A partir daí, o Costa passou, em nome da estabilidade e da cooperação institucional, a estar protegido por todos os lados. Fim da crise. O amigo do peito da geringonça, o guru da Pátria falou, está falado, resolvido, é o triunfo da abrangência, da “paz” e do afecto.
A batata fica agora a queimar a boca do enganado. Ou se despe ou se lixa.
Não sei o que o homem vai fazer. Como já disse, o que deve fazer é pôr os pontos nos is, denunciar quem o aldrabou e bater com a porta.
Faça o que fizer, já não há nada que salve a “solução” da geringonça para a CGD. Enganados somos nós.
5.11.16