EDUCAÇÃO PARA O POVO
Anda meio mundo entusiasmadíssimo com o chamado ranking das escolas. As análises e as opiniões são aos pontapés, umas criteriosas outras não tanto, algumas estrambólicas, outras sensatas, enfim, o costume. De notar que, pelo menos que eu tenha visto ou lido, se nota uma certa contenção por parte da geringonça, dos bolchevistas e das maluquinhas do costume.
Não farei “análises”. Só uma verificação histórica, com alguns comentários.
Nos tempos da II República, época em que andei por vários liceus (todos públicos), entrava-se no ensino privado por razões económicas, de convicção religiosa, de falta dela, e de… oportunidade. Explico: algumas famílias que para tal tinham meios, aliados estes ao catolicismo ou ao seu contrário, punham os meninos em colégios do seu agrado. Mas havia outro motivo, quiçá o principal: os colégios privados, de um modo geral, eram menos exigentes. Neles, era mais fácil “passar”. A meio do ano havia um êxodo do público para o privado, êxodo integrado pelos meninos que os papás consideravam já não ter “salvação”, se no público ficassem. Não poucas famílias esticavam os cordões à bolsa e faziam os sacrifícios necessários para evitar os chumbos dos meninos, metendo-os num sistema mais “compreensivo”.
Os tempos mudaram, para bem e para mal. A universalização do ensino é, sem dúvida, positiva. Mas o “pensamento correcto”, a “modernidade”, o “progressismo”, as “teorias educacionais”, o feroz fundamentalismo da “escola pública”, entraram, como caruncho, na mobília da educação. A tal ponto que se deu a inversão total na qualidade do ensino: o que era melhor (o público), passou a pior, o que era pior (o privado), passou a melhor.
Deixemos as atrocidades de que o ensino público tem sido vítima ao longo da III República, património de exércitos de teóricos, glória da esquerda bem pensante, gozo de sindicalistas, cobardia de políticos sem alma, de tudo um pouco, ou um muito. Estamos, agora, a caminho de ainda pior, o que pareceria impossível: os meninos sem exames, os professores à vara larga, meros funcionários sem avaliações nem classificações, o ensino ferozmente estatizado, autonomia zero, descentralização zero, a CGTP a mandar em tudo, a desgraça a deixar de ser só total para ser também totalitária.
As lições do ranking serão mui inteligentemente compreendidas pelo poder e seus adeptos. Mais ou menos assim: o ranking quer dizer que há falta de Estado na educação, que o Estado tem andado a proteger negócios, que essa gente do privado anda a estragar o que é bom, precisa controlada centralmente, até à sua extinção final.
Coitados dos rapazes que aí estão e, por maioria de razão, dos que estão para vir.
13.12.15