GOVERNO PARA QUÊ?
De Espanha não vem bom vento, dizem os portugas. É verdade: o caloraço que nos derrete e incendeia vem de Leste, quer dizer, de Espanha.
Mas há outros ventos, que são bons para os espanhóis e vergonhosos para nós. A Espanha está a crescer a 3,5%, cerca de cinco vezes mais que a doce Lusitânia. O desemprego, sendo maior, desce mais depressa. Não se fala em trapalhices, como os da CGD, nem em manobras cretinas como as que fazem correr tremendos risco ao BPI. Não houve “reversões” nem outros pontapés na confiança internacional. E a dívida não tem aumentado...
Porquê? Porque a Espanha está a gozar os resultados as boas políticas do governo Rajoy. E como este passou a estar “em gestão”, a Espanha não mudou de políticas. Não tem governo propriamente dito há longos meses e não se vai dando mal com isso.
Nós estamos de pernas para o ar em relação ao vizinho. Não há uma que acerte. Todas as receitas vendidas aos portugueses estavam erradas. Nem crescimento, nem investimento, nem emprego, nem nada. Subir, só sobe a dívida, sobem os atrasos nos pagamentos previstos ao FMI, sobem os calotes às empresas e aos serviços, sobem as “cativações” em massa, sobe a dívida a galope. Parece que os camaradas no poder, estes sim, querem ir além da troica, e só pensam no orçamento, coisa contra a qual tanto barafustavam no tempo dos três governos do PSD/CDS (Barroso, Santana e Passos).
A conclusão é que, em Espanha, o governo, tendo deixado de existir em pleno, não faz falta a ninguém. Por cá, grande originalidade Lusa, governam os partidos que perderam as eleições, o que é, pelo menos, a democracia do avesso.
Verdade é que mais vale não ter governo do que ter o que temos. Alguém duvida?
7.9.16