HÁ TRAIDORES HONESTOS?
Dona Eduarda Napoleão, passados que foram uns 12 ou 13 anos de luta nos tribunais, foi ilibada de todas as acusações perpetradas pelo espantoso Sá Fernandes. O mesmo tinha já acontecido com outro dos acusados, o Prof. Carmona Rodrigues.
Comecemos por saudar aquela senhora, que foi talvez a mais notável vereadora que, durante a III República, a CML conheceu, bem como este honestíssimo senhor, apeado da presidênciada Câmara em condições vergonhosas.
Sá Fernandes traíu a Bloca de Esquerda e o seu amigo Louçã, que o tinham promovido a vereador com a cumplicidade do Costa. Mas deixou-se ficar no lugar a que, moral mas não formalmente, tinha perdido o direito.
Depois, traíu o povo de Lisboa mandando parar as obras do túnel do Marquês. Como é sabido, isto custou à CML e aos munícipes chorudas quantidades de euros - milhões - atrasos, prejuízos comerciais, perdas de tempo, de paciência, de nervos, etc.
Promovendo uma acção popular, que perdeu, conseguiu que os milhões dos prejuízos causados ficassem por conta do povo. Pagar, indemnizar os lesados, não é com ele. A empresa construtora, na qual o buraco aberto pelo Fernandes, que eu saiba, não foi integralmente tapado, também faz parte dos prejudicados.
Por causa da história da Feira Popular e do Parque Mayer, arranjou um processo pidesco para comprometer um corruptor. Conseguiu, mas, nesse aspecto, pariu um rato. O pior é que pariu também um elefante: em plena consciência, arranjou um trinta e um à cidade, o qual, passados uns treze anos, ainda está à vista de todos em dois locais entregues à bicharada, com gigantescos prejuízos urbanos e sociais. A traição aos interesses municipais cifra-se também em centenas de milhões de euros, já pagos e a pagar, a que o tal corruptor tem inegável direito e que saem do nosso IMI, do nosso IMT, das nossas taxas e taxinhas, por obra das traições do Fernandes.
Não contente com isto, Fernandes acusou de trafulhice pessoas honestíssimas. O negócio da Feira Popular (que tinha sido aprovado, até pelo PS!, na Assembleia Municipal) foi arrastado na lama, com ele Carmona Rodrigues e Eduarda Napoleão, reabilitados mais de dez anos depois.
Estes, porém, foram vítimas de outra traição, talvez mais grave que as anteriores. O chefe do PSD à altura fez cair a Câmara. Pondo-se ao lado do Fernandes contra os seus retirou a confiança aos “arguidos” nos processos fabricados pelo, assim entregando, de mão beijada, o governo da CML ao adversário, por muitos anos e maus.
E, no entanto, o Fernandes continua, inamovível, a passear-se em sessões públicas e patacoadas várias, muito apreciadas pela acefalia dos adeptos do politicamente correcto.
O Marques Mendes, esse, impoluto e grosso, brinda o povo na televisão com “conhecedoras” arengas, bocas e bojardas, ao serviço não se sabe de quê, mas pode calcular-se.
Em matéria de moral republicana, a traição é bem paga.
18.4.16