NÃO SE PERCEBE
Não se percebe o que se passa:
- Na cabeça do Prof. Cavaco quando chama Passos a Belém para o encarregar de iniciar diligências para formar governo sem o indigitar como PM. É facto que ainda não era conhecido o resultado final das eleições. Mas também o é que, fosse qual fosse o número de deputados ganho pelos partidos nos círculos da emigração, tal não alteraria o resultado, isto é, a coligação ganharia sempre, o que justificava a presidencial decisão, em nome da urgência da formação do governo. Ouvia o blabla dos partidos, como manda a Constituição, e indigitava Passos Coelho, como a Constituição manda. A estas horas o governo estava formado e o PS que se amanhasse com a responsabilidade de o deitar abaixo;
- Na cabeça do Costa, dando razão a quem tem dele a ideia de um canalha político destituído de carácter, quando toma a iniciativa de levar o PS a renegar 40 anos de respeito pelos valores políticos da democracia propriamente dita;
- Na cabeça de um tal Centeno, economista dito “liberal” por muita gente, parece que de cultura harvardiana, que sai da sua obscura posição no BdP para fabricar um programa carregado de ilusões mas consentâneo com um mínimo de senso e que agora nos aparece aos beijinhos ao Jerónimo e à Catarina, cujos objectivos se diria ser absolutamente incompatíveis com os seus;
- Na cabeça de Passos e de Portas para andar de bola baixa a fazer rapapés ao Costa, como se o Costa tivesse ganho as eleições, em vez de o afrontar e denunciar.
- Na cabeça do PS, quer dizer, da sua ala democrática, para não exigir a imediata demissão do Costa, por ilegitimidade ideológica, por traição às ideias do partido, por evidente, flagrante e desonrosa desonestidade política.
Como já disse noutro local, tudo está nas mãos de Cavaco Silva. A única solução coincidente com os seus deveres constitucionais está na nomeação de um governo da coligação, pondo a batata quente de volta às mãos do PS. Se este votar a rejeição do programa, ou fizer aprovar a tal moção de censura “construtiva”, então, perante os olhos de todos, será por isso responsável. Em alternativa, dividir-se-á, e teremos, finalmente, um governo decente. O pior que poderá acontecer é que o governo caia e que venha a chamada maioria de esquerda, traindo o eleitorado e a Nação. Será, então, preciso mais tempo para acabar com o PS. Mas lá chegaremos. Resta saber com que sacrifícios. A obra do Costa já está a produzir os seus efeitos: a bolsa vai por aí abaixo, os juros, apesar da protecção do BCE, já começaram a subir, as agências de rating estão de olho nisto, o investimento entrou num impasse. Ou o PR os tem no sítio ou, por obra do Costa, ou o abismo está à vista: é só mais um passinho.
13.10.15