PAX IBERICA
Há uma cena que me tem feito grande confusão: a do caso da central de Almaraz, a 100 quilómetros da fronteira, com larga repercussão pelo país fora, e até ao Terreiro do Paço. É que não consta que, num raio com os mesmos 300 quilómetros haja a indignação, o medo, o burburinho de que, por cá, os zelotas e os fariseus do costume, devidamente seguidos pelo chamado governo, têm dado largas. Também não consta que, por exemplo em França, onde há mais de 50 centrais do género, tenha havido algum 14 Juillet a tal respeito, zelotas excluídos, claro. O mesmo por aí fora, em geral em países onde a energia á mais barata e mais eficaz.
Há dois argumentos fundamentais para o tremebundar das gentes: o primeiro é Chernobyl, onde as culpas vão para a central, a fim de absolver a esmagadora incompetência dos sovietes; o segundo é Fucuxima, onde as culpas também vão para a central, não para o bem amado planeta que resolveu dar cabo de vastos quilómetros quadrados.
Portugal, o maior, sempre à frente no politicamente correcto, anda orgulhosamente a pagar as incalculáveis facturas das renováveis, com evidentes consequências na economia do país e na vida de cada um. Que interessa? Somos objecto de rasgados elogios por quem não paga tais facturas. Somos os melhores do mundo, como diz Sexa!
Facto é que, como é do conhecimento geral, o chamado governo entrou, frenético e galaró, na luta contra um armazém de lixo que os hermanos vão construir em Alamaraz. Após uns episódios ridículos e humilhantes, acabou, como era de prever, com o rabinho entre as pernas. Agora, anda a passear o senhor Rajoy no Douro, com copos e jantaradas (quanto custa a brincadeira?).
É claro que o dito senhor aceitou tais honras imperialmente, isto é, fez constar que Almaraz não era assunto e que, se queriam conversa, o rabinho devia continuar entre as pernas.
E tudo acabou na mais doce Pax Ibérica. Um consolo.
2.6.17