SALÁRIOS PARA O POVO!
Não há dúvida que, excluídas as conhecidas trafulhices, esta história do negócio dos bancos foi chão que deu uvas. Isto de vender dinheiro, ou seja o que for, abaixo ou muito perto do preço de custo, não dá asas a ninguém. Não admira que o sector, outrora vicejante, esteja nas ruas da amargura. Parece que se exceptuam os negregados bancos espanhóis, mas isso é lá com eles. O BPI, dizem, não estava mal de todo, pelo menos até se ver envolvido, com a ajuda dos chefes Costa e Sousa, em tricas com a EU e com a dona Isabel, espécie de rainha do Congo em versão séc. XXI. Até o Montepio, que não é um banco mas é um banco, anda para aí, é vê-lo, a ranger nas aduelas.
A isto vem juntar-se a CGD, impoluto banco do Estado, mergulhado em imparidades, tanto de minorcas populares com casa própria como de cavalheiros que lhe pediram dinheiro para comprar acções do BCP a seis euros e têm agora um ou dois míseros cêntimos por cada uma.
Uma celestial instituição pública, veja-se bem, a mendigar uns quatro mil milhões para se aguentar nas canetas! Na oportunidade, os partidos comunistas e o do chefe Costa, tão anchos em lançar os seus anátemas sobre o socorro a horríveis privados, são unânimes em aprovar seja quantos milhões for para a CGD, só não o tendo feito já porque as antidemocráticas gentes da “Europa” têm metido uns engulhos na coisa.
O que vale é que o chamado governo não hesita em, prontamente, tomar as decisões adequadas. Primeiro, aumenta o número de administradores de 12 para 19. Muito bem! Depois, trata de os remunerar comme il faut, isto é, de excluir os seus ordenadinhos de qualquer limitação legal. Ainda melhor!
É claro que, no parecer do espantoso Centeno, os novos e belos salários dos dezanove se justificam plenamente: a culpa é toda do sector privado, disse. Carradas de razão: então, se os accionistas dos outros bancos aprovam bons salários para os seus, que há-de o Estado fazer? Não é accionista, e accionista totalitário? Era o que faltava! Eis, com certeza, pelo menos no parecer do ilustre camarada, uma boa aplicação para os tais quatro mil milhões que, em Bruxelas, uma súcia de malandros e neoliberais teima em não aprovar.
Demos graças à nossa boa sorte pela existência do chamado governo.
10.6.16