TALVEZ, UM DIA...
Tenho achado muito estranho o facto, relatado e não desmentido, de haver funcionários da PT/MEO/Altice que estão sem funções, ou seja, não têm nada que fazer. Manda a mais elementar das lógicas pensar que tais pessoas não são precisas e que constituem um encargo inútil para a empresa onde trabalham. Se fossem americanas, iriam, com uma indemnização no bolso, procurar emprego. Mas isto por aqui não é a democracia americana, é a portuguesa.
A tal PT/MEO/Altice propõe-lhes uma solução, isto é, arranja-lhes outro emprego, sem prejuízo, como é lógico, de propor uma rescisão amigável. Tenho lido que a MEO, por exemplo, tem três vezes mais funcionários que as concorrentes prestadoras dos mesmos serviços. Pode ser exagero, mas tem muito de verdade. Nestas circunstâncias, mandaria a lógica e a sustentabilidade empresarial que se encontrasse uma solução. Parece que é o que a organização anda a fazer, no sentido de pôr as coisas no são da forma menos dolorosa possível.
Não está em causa desconsiderar os inconvenientes, nalguns casos dramáticos, para os atingidos pela reorganização da empresa. O que está em causa é saber se se caminha para outro elefante branco, destinado, mais cedo ou mais tarde, ao estouro, ou se se precisa de uma empresa sustentável e prestadora de serviços em boas condições. Evidente se torna que quem pagará os excessos de pessoal será o consumidor final dos produtos. E o consumidor final somos todos nós.
A situação não é fácil. Daí que a extrena esquerda tenha desatado aos gritos, desta vez com a preciosa ajuda de um primeiro ministro bronco, demagogo e desbocado. Daí a greve.
Interessante, esta greve. A empresa garante que nenhum serviço ao consumidor foi afectado por ela, o que, a ser verdade, aponta para ridículos efeitos da iniciativa, parecendo, numa perspectiva ultra-crítica, que, afinal, os grevistas pouca falta faziam. A empresa diz que a adesão à greve foi de 17% dos funcionários. O Arménio garante que foram 75% ou coisa que o valha. Ambos mentem? É provável. Uma, porque contabiliza os serviços prejudicados (17%), outro porque mente por formação, ideologia e vício (75%).
Espera-se que, mais cedo que tarde, as coisas vão ao sítio.
Talvez, um dia, o país venha a ter sindicatos decentes, à procura de soluções viáveis, não de guerras obsoletas. Sonhar é fácil.
22.7.17