UM MISTÉRIO
Não param por aí as discussões, apreciações, críticas, elogios e bitaites acerca do já célebre documento sobre a dívida elaborado por um grupo de “sábios” oriundos do PS e do BE, onde preponderavam altas figuras como a crónica bruxa Mortágua, o desbocado P.N. Santos, o tresloucado Galamba, o pregador Louçã, além de um desconhecido, ao que consta secretário de Estado da geringonça. Por um lado, parece que os sábios baixaram a bolinha em relação às suas anteriores posições incendiárias, chegando, como o Tripas, à conclusão de que dependem da caridade internacional.
É comum afirmar-se que o papel estipula uma data de coisas que não dependem, nem dos seus produtores, nem da geringonça, antes exigem acordo de uns 27, ou 17, países que, de um modo geral, não vão em fantasias. Também estipula algumas condições que estrão na mão do chamado governo: dessas, umas são boas, outras originais, só que as boas não são originais e as originais não são boas. Pelo menos, é isto o que sobressai do que diz a esmagadora maioria dos teóricos que sobre o caso se têm debruçado, exceptuando, é claro, as parábolas do arcebispo Louçã, da igreja de Trotsky.
O mais interessante é que ninguém, para além dos do grupinho, subscreve a coisa. O PC, por definição, está de fora. O BE afirma que aquilo não faz parte da sua política. O chamado governo, nas doutas palavras do chefe, não tem nada com isso. O PS, oficialmente, não subscreve. O respectivo grupo parlamentar ainda menos. O papel não vai ser enviado a parte nenhuma, sobretudo nem a Bruxelas nem a Belém – ainda que o ubíquo belenense seja o único a mostrar a sua proverbial satisfação, como com tudo o que venha da geringonça ou arredores, como é o caso.
Posto isto, o mistério é saber por que carga de água o papel tem feito tanto furor, já que, expressamente, à excepção dos do grupinho, não há quem o subscreva. Se, a título de palpite, quisermos adiantar uma explicação, poderemos dizer que, em matéria de documentos, como o PS jamais pariu coisa que se visse, que cumprisse, ou que fosse possível ou verdadeiro, o melhor é tirar o cavalinho da chuva antes que o escrito lhe estale na boca.
4.5.17