PEIXEIRADA DA FINA
Toda a gente compreende, e até acha graça, às discussões das peixeiras. Têm justa fama pela forma, a linguagem, a casca grossa, os disparates. A tais “diálogos” soe chamar-se peixeiradas.
Mutatis mutandis, há outras peixeiradas, mas sem piada nenhuma. Aqui há tempos, o Prof. A. C. Silva queixou-se dos exageros do palavreado, “verborreia frenética”, que por aí campeia. Vai daí, sem mais nem menos, o Prof. M. R. de Sousa enfiou a carapuça, deu à casca, e desatou aos gritos contra o colega. Começou a peixeirada, da fina, da universitária, da presidencial. MRS, sem mais nem menos, decretou que CS tinha dado posse a mulher e marido, a pai e filha. É claro que CS não os nomeou, foi um tal Costa; CS, contrarido, deu posse. MRS tripudiou sobre conceitos que bem conhece. CS foi culpado, ele, MRS, mais não fez que aceitar o que ele, CS, tinha feito! Mas, pobre dele, nunca mais aceitou nepotismos, nem “nomeou” ninguém. Pois não, só aceitou promover a ministra a filha de um ministro. Chateado, CS ripostou, com razão, que as suas “nomeações” e a experiência internacional não têm nada de comparável com o que se passa com o governo da geringonça. Caso arrumado? Não. A peixeirada está, ou já estava, instalada. MRS veio declarar que CS não tinha “sentido de Estado” (caso PGR). Toma! O CS não tem nada a ver com a nomeação da nova PGR, só eu, só eu, eu é que sou Presidente, ha ha! Acrescentou então que não comenta ex-presidentes, uma questão de cortesia, sentido de Estado e respeito pela função. Coerentemente... comentou mesmo, e de que maneira! E não perde ocasião para comentar mais ainda. Coerentemente, pediu “contenção”, “bom senso”, “educação”, “equilíbrio”, “respeito”, tudo “pelo prestígio da democracia”. Tudo, entenda-se, virtudes que CS não tem. Por outras palavras, MRS auto-atribui-se o direito de comentar o que lhe vier à cabeça, de enfiar as carapuças que entender, de dar à casca quando lhe apetecer, mas nega a CS tais direitos.
E aqui temos, ao mais alto nível, uma vergonhosa peixeirada.
2.4.19