DESCULPEM VOLTAR AO ASSUNTO
“A decisão de Carlos Martins (secertário do ambiente) é digna, como é digna a aceitação pelo governo dessa decisão. O que se passou foi feio. Mais feio ainda seria o governo fechar-se numa pose esfíngica, indiferente à pressão da imprensa e alheio à sensibilidade dos cidadãos.”
Estas frases sintetizam, em particular, a posição de quem as escreveu -o novo e proto-geringoncial director do “Público”, senhor Manuel Carvalho, e, em geral, a posição comum da chamada comunicação social.
De acordo, até à primeira vírgula da citação supra. O resto é tudo miséria. Como é possível considerar digna a posição do governo, se tem lá uma dúzias de “primos”, e só este é que fez bem em ir-se embora? Se o governo fosse digno, ou fazia como o César (“sapo”, para alguns amigos), e achava que tudo estava no maior dos “conformes”, ou teria que, em boa coerência, demitir dezenas de afilhados.
Devo dizer que não estranho que, para cargos de confiança pessoal, a caducar com o governo, se nomeie primos, nem tão-pouco acho que tal nomeação seja um mal por aí além. Já no caso da administração pública a coisa fia mais fino, e aí a geringonça devia ser escrupulosa, em vez de pôr a CRESAP na prateleira. E também acho que, na nomeação de membros do governo, devia haver uma boa dose da bom senso. Mas não há.
O que é verdadeiramente nojento é o chamado governo ter legiões de primos no seu entourage, e vir cá para fora dizer que acha muito mal. O que é verdadeiramente nojento, é que arranje um bode expiatório para se “justrificar”. O que é verdadeiramente nojento é que o senhor Carvalho em particular, e a imprensa em geral, achem isto maravilhoso, digno, sensível, louvável, e cheio de respeito pela “sensibilidade dos cidadãos”.
Enfim, é o esplendor da moral republicana.
8.4.19