CHEGA-TE A ELES, OU DOS NOVOS SOCIALISTAS
Há já muitos anos, apareceu em cena um ilustríssimo causídico, de seu nome Daniel Proença de Carvalho. Situando-se numa direita politicamente liberal, o homem foi director do Jornal Novo, grande folha de luta contra o totalitarismo do PC e o seguidismo do PS, Presidente da RTP com a AD, talvez ministro (já não me lembro), e muitas outras coisas que não saberei elencar, sempre ligado ao centro ou ao centro direita, ou à “ala liberal” da III República, ou ao que lhe queiram chamar.
Nos últimos tempos, porém, foi tal a atracção que o poder exerceu sobre o douto democrata, ou foi tal o peso da idade, o inevitável colesterol, a chatice da arteriosclerose, ou ainda, na pior das hipóteses, alguma “hipótese” que não me atreverei a formular, que resolveu, primeiro, apoiar o costo-fernandismo lisboeta, depois o regime socretino, o qual, segundo apregoou, é a única alternativa em presença, ou seja, é a desejável alternativa a si próprio.
Há mais ou menos os mesmos anos, um jovem jurista, de seu nome José Miguel Júdice, militava com fervor em áreas nacionalistas. Depois, democratizou-se. Apareceu no PSD, onde fez parte de várias alternativas tidas por de direita, colaborou no lançamento do “Semanário”, e em muitas outras coisas ligadas à direita do centro. Prosperou como advogado, armou-se em empresário, fez uma espécie de pousada em Coimbra – que não recomendo a ninguém – meteu-se na indústria dos comes e bebes e, segundo se diz para aí, até comprou um hotel no Porto.
Tal como o colega Daniel, o José, nos últimos tempos, teve um ataque de situacionismo. Primeiro, lá vai ele apoiar o emergente costo-fernandismo. Depois –honni soît qui mal y pense – aceitou uma prebenda de vastas consequências, ou seja, foi automaticamente convidado pelo senhor Pinto de Sousa para presidir à “zona ribeirinha”, ideia que parece ter ficado pelo caminho por intervenção de SEPIIIRPPDAACS. Mas o convite continua de pé.
Não se percebe bem a estrutura mental, ou ideológica desta gente. A estrutura óssea, essa, deve estar com uma tal carga de osteoporose que as espinhas dos senhores perderam a força e se deixaram possuir por uma variedade terrível da doença, a socialistose aguda, que provoca deformação colunar grave, ainda que reversível. A melhor solução para este tipo de doença é, ou seria, uma boa viragem nas caldeirinhas do poder. Este tipo de colunas vertebrais reage muito bem a esta terapêutica, segundo um estudo da universidade de Cacilhas.
O Irritado deseja as melhoras aos dois ilustres cavalheiros.
António Borges de Carvalho