Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

PEQUENINOS E ESTUPIDINHOS

Muita gente vai a Bilbau ver o museu que ali foi construído com desenho de Franck Ghery, estrutura que se transformou em indiscutível ex-libris da cidade, e que representa, para ela e para a região uma monumental fonte de receita, directa e indirecta.
Lá está, bem patente, ou “transparente”, como se diz em politicamentecorrectês, quem financiou o projecto, quem pagou a obra, quem a gere, os seus resultados, etc.
Assinale-se antes de mais que a magnífica construção se fica a dever a um extraordinário fenómeno de coesão regional, comum em países de tradição anglo-saxónica mas não tanto na “latinolândia”. Os grupos económicos, os munícipes, as associações, os intelectuais, os mecenas aliaram-se às autoridades e conseguiram financiar uma infra-estrutura cultural e turística que atrai milhões de visitantes e de euros.
Foi preciso visão, arrojo, capacidade de realização. Mas os resultados estão à vista. Quem se lembrava de ir a Bilbau antes de o museu estar a funcionar? Só em negócios ou de passagem se conhecia a cidade, abafada por outras bem mais interessantes.
 
E por cá? Por cá houve um homem que teve uma ideia da mesma grandeza para Lisboa. Esse homem foi Santana Lopes. O local escolhido foi o Parque Mayer. Arquitecto, o mesmo de Bilbau. O financiamento, esse, era mais simples. Chegaria um casino (como os números já provaram) para prover à realização do sonho.
O que aconteceu? Antes de mais, o Presidente da República, dr. Jorge Sampaio, não deixou passar o decreto. Não por se opor a um casino em Lisboa, como se veio a provar, mas porque não queria “aquele” casino, não gostava “daquele” presidente da câmara, não queria “aquela” solução. Ou seja, uma birra. Ou (mais) um favor com que Sampaio nos brindou a todos. Depois, nacional intelectualidade foi pelo mesmo caminho, como era de esperar. O provincianismo bacoco costuma ganhar todas as batalhas. Apesar disso, Santana Lopes perseverou. Longe da pequenez sampaísta e da arrogância intelectualóide, tratou de arranjar uma solução que mantivesse o rasgo, a ambição, a visão de futuro, o respeito pelo futuro da cidade, a sustentabilidade do projecto.
 
São conhecidas as vicissitudes políticas que se seguiram. Não vale a pena rememorá-las. O que vale a pena é notar como o socialismo camarário veio a pôr o arquitecto na rua e a pedir uns projectinhos a uns gabinetes que para aí vegetam. Os resultados já começam a estar à vista. Não se trata de dotar a cidade de uma infra-estrutura que possa ser “atirada à cara” do mundo, como aconteceu em Bilbau. Trata-se, simplesmente, de proteger um mamarracho do modernismo salazarista (o Capitólio), de fazer mais uns apartamentinhos e uns escritóriozinhos, uns “equipamentos culturais”, e de “ligar” o Jardim Botânico à avenida da Liberdade. É evidente que a coisa vai primar pela inviabilidade, pela insustentabilidade, pela degradação. Isto se a chegarem a fazer.
 
A pequenez mental triunfou mais uma vez. Não haverá remédio?
 
António Borges de Carvalho

O autor

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub