DOS CRIMES DO SOCIALISMO
Há treze anos, o governo socialista do senhor Guterres mandou parar as obras da barragem de Foz-Côa, onde o Estado (todos nós) já tinha enterrado, ou escavado, uns bons milhões de contos.
À altura, entusiasmado com a descoberta de uns bonecos pré-históricos e empurrado por uma chusma de “arqueólogos” a quem cheirava a tacho, o socialismo achou politicamente correcto esbanjar o nosso dinheirinho em favor da alegada idade dos mamarrachos.
A partir daí, criaram-se não se sabe quantos lugares de directores, subdirectores, técnicos de primeira, de segunda, de terceira, administrativos, motoristas, etc., compraram-se instalações, móveis, viaturas, secretárias, maquinaria diversa, botas e luvas, equipamento científico, hardware e software, e por aí fora. Legislou-se a criação de um “parque arqueológico”, ou coisa que o valha, mais de um museu, e mais, e mais, e mais. Grandes intelectuais foram promovidos, elogiados, agraciados.
Não se sabe quantos milhões haverá a somar aos que foram para o cano com a barragem.
O que se sabe é que ninguém põe os pés na coisa. O pessoal está-se nas tintas para os alegados bonecos dos trogloditas de antanho, e ainda mais para os dos nossos dias. Pois é. Ninguém está para andar aos baldões pelas pedregosas arribas para ver uns bonecos, arriscado a partir uma perna. Só os radicais, e esses não rendem um chavo.
O pessoal da região, privado do trabalho que a barragem lhe dava e viria a dar, foi endrominado com promessas de grande progresso regional. Tudo mentira. Agora, as câmaras protestam porque o governo – mais uma vez socialista – arranjou uma tramóia tal com as contas que estão em risco uns milhões de que estavam à espera, vindos de Bruxelas.
Tudo isto leva à simples conclusão de que quem tinha razão eram os que se propunham cortar umas fatias às pedras e fazer um museu com elas. Hoje, haveria a barragem a produzir electricidade e a dar emprego, mais o tal museu, coisa cómoda e esclarecedora, em vez das picadas alcandoradas pelas ravinas que abertas foram para construir a barragem, à custa dos milhões do povo.
Poder-se-ia pensar que alguma iluminação divina cairia sobre o nobre intelecto do senhor Pinto de Sousa, e que se voltaria atrás, acabando de construir a barragem e fazendo o museu. Cais quê! Nem pensar! Iluminação é coisa que não entra no cérebro do homem. A chulice continuará, a malta pagará, e o crime ficará por expiar. Bonito!
António Borges de Carvalho