AI O GELO!
Miguel Portas, grande intelectual comunista de origem latifundiária, está aflito com os malandros dos canadianos porque, diz ele, se preparam para vir a tomar conta do novo continente que o aquecimento global (se houver) porá, no Ártico, à disposição da humanidade. Muito bem. O homem vê as expedições canadianas como um acto bélico, uma vez que integram soldados, por acaso os mais preparados do mundo para lidar com aqueles climas, em paz e na guerra. O homem insurge-se contra eventuais alegações em favor de “direitos de extracção” de petróleo, um crime de que os canadianos são, evidentemente, culpados, porque organizaram a tal expedição.
Esquece-se, et pour cause, que os Russos andam há dezenas de anos a fazer o mesmo, que os dinamarqueses querem alargar os seus direitos a partir da Groenlândia, que não falta quem, há anos e anos, ande a tentar abrir o “canal” do Mar do Norte através do gelo, que não há companhia de navegação que não sonhe com ir da América do Norte à Ásia pela rota polar e vice-versa.
Que interessa isso ao grande intelectual? Que interessa que haja países quem vêm como seus os territórios árticos incluídos nas suas duzentas milhas, que haja quem se proponha explorar as eventuais novas potencialidades do planeta de que a humanidade tanto precisa? Nada. Para o grande inteletual, importante é pôr em causa um país ocidental, súbdito, ainda por cima, de Sua Majestade Britânica, acusando-o de belicismo e ganância. Tudo o que sirva para pôr em causa a civilização capitalista é bom, ou seja, acha o homem, pode favorecer o socialismo. Idiota!
António Borges de Carvalho
PS. Já agora, que a língua portuguesa está na moda pelas piores razões, valerá a pena dizer ao ilustre comunista que não se diz, nem devia escrever, “fez os canadianos entrarem em polvorosa”, mas sim “fez os canadianos entrar em polvorosa”, que não se diz, nem devia escrever, “seis navios que se propõem aproveitar… para o explorarem… para construirem…” , mas sim “para o explorar” e “para construir”.
Intelectuais e língua portuguesa são coisas que, manifestamente, não jogam uma com a outra.
Nem as bordoadas na língua que o “SOL”crates dá servem de desculpa.
ABC