Aznar na Parvónia
O senhor Aznar (RTP, 25/09) não trouxe propriamente nada de novo. O que disse já se sabia. Era a verdade. A Parvónia ouviu-o, mas duvido que tenha aprendido alguma coisa.
Consta que o senhor Aznar cobra $25,000 (vinte e cinco mil dólares dos EUA) por cada aparição pública. Para a Parvónia, porém, foi de borla.
A Espanha chegou onde chegou através da política de liberalização do senhor Aznar (diga-se, por razões de justiça, que, timidamente, o senhor Gonzalez já tinha, neste sentido, aberto algumas portas). A Espanha chegou onde chegou porque o senhor Aznar teve a coragem de não ter medo do desemprego – que chegou a números incríveis – e soube separar o trigo do joio, deixar morrer o que não servia para nada, melhorar a competitividade, aumentar a produção, fazer subir todos os índices de crescimento, positivar estes e outros parâmetros que, na Parvónia, enchem inutilmente a boca dos dirigentes e dos intelectuais.
Ou seja, o senhor Aznar percebeu o que estava em causa e agiu em conformidade. Na Parvónia também se percebe o que está em causa. Mas não se aje em conformidade.
Para a Parvónia, as cartilhas do socialismo (de esquerda e de direita) continuam a dominar o “pensamento”. As circunstâncias não interessam. A experiência e os resultados dos demais são negligenciáveis. Importante é ser-se anti-liberal, mesmo sabendo de ciência certa que a cartilha não enche a barriga a ninguém.
O senhor Aznar não tem medo de assumir as suas posições, nem de ser fiel ao seu passado e aos seus amigos. Quando a representante da Parvónia procurou arranjar desentendimentos entre ele e o senhor Bush, Aznar respondeu que sim, que o Bush era um chato porque não o deixava fumar ao almoço.
O partido do senhor Aznar perdeu as eleições em Espanha. No entanto, toda a gente sabe, embora não o diga, que quem as ganhou foi a Alcaida. Ou não?
O senhor Aznar vê com tristeza as consequências. Um país democrático que negoceia com terroristas, uma Catalunha que se “desprende”, um povo entretido com querelas “fracturantes”, um governo que, em vez de unir, desenterra fantasmas há décadas esquecidos.
A Parvónia, esparvoada, admira. Até é capaz de achar que o senhor Sapateiro é um génio. Até é capaz de achar que dar cabo da obra do senhor Aznar é um feito.
A Parvónia é capaz de tudo, menos de deixar de ser Parvónia.
António Borges de Carvalho