OS MAIORES!
A senhora e o senhor McCann não formam um casal que suscite qualquer sombra de simpatia.
Se são, ou não, culpados da morte da filha, não faço a mais pequena ideia. Certo é que são especialistas em comunicação e em manipulação da opinião pública, que dispõem de importantíssimos meios financeiros, que utilizam profissionais de várias especialidades para comunicar as suas ideias, que dispõem de protecções a altíssimo nível, sabe-se lá porquê, que viajam em grande por toda a parte, que se permitem mandar os seus bitates a propósito ou a despropósito de tudo, etc.
Nada disto infunde sombra de confiança, antes implica o contrário. Qualquer observador desinteressado é levado a crer que se trata de oportunistas sem escrúpulos, sedentos de fama, de propaganda, de visibilidade, tudo à custa do desaparecimento da pobre criança sua filha e de financiadores que transformam o drama numa forma de enriquecimento não só indevido, mas imoral.
Por muito inocentes que estejam, é evidente o seu feroz empenho em desacreditar a Judiciária e o sistema de investigação português, os quais tiveram a “lata” de pôr as suas excelsas pessoas na lista dos principais suspeitos.
Agora, a senhora meteu água, e meteu água a sério. Veio confessar que a filhinha se queixava do abandono a que era votada pelos pais. No propósito de, à trouxe-mouxe, meter escolhos na investigação, vem acusar a Judiciária de revelar o que terá confessado no inquérito – o tal abandono.
A mulher afirma que disse isso no inquérito, e mais, que depois das queixas da filha “decidiu ficar mais atenta às crianças”. De tal maneira mais atenta ficou que, no dia da morte ou do rapto, as abandonou em casa para ir a uma jantarada com os amigos e recusou os serviços de baby sitting. É de presumir que, antes de ficar “mais atenta”, as abandonava todo o dia a chorar em casa, materializando-se as boas intenções através de um abandono mais suave: só à hora do jantar. Não restam dúvidas de que o famoso casal é culpado, mais que não seja de negligência parental. Não sei se é crime, mas, se não é, devia ser.
É evidente que os McCann e o seu staff usam e usarão todos os pretextos, por mais idiotas e rocambolescos, para cá não voltar. E têm razão, coitadinhos. Nunca se sabe o que a investigação pode dar. Nem se acabam no banco dos réus. Nem se vão parar ao xilindró. Mais vale prevenir que remediar. Se esses selvagens do Sul nos quiserem julgar, que o façam à revelia. Por cá (no UK), somos os maiores!
António Borges de Carvalho