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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

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Ainda haverá quem acredite que o golpe militar de 25 de Abril de 1974 se destinava a implantar uma democracia liberal? Talvez. Mas helas, o golpe destinava-se, primeiro, a acabar com a admissão, no exército, de capitães milicianos, profissionalizando-os e fazendo concorrência aos “de raiz”, e, segundo, para implantar uma “democracia de esquerda”. Mesmo os que, na hora da verdade, contribuiram para evitar a total sovietização do país, queriam, como o futuro veio a demonstrar à saciedade, dar à não-esquerda um estatuto de raminho de salsa para Europa ver, a fim de legitimar a perpetuação da esquerda, com diversos matizes.

A mais cabal demonstração disto foi a recusa dos “militares de Abril” em aceitar a legitimidade maioritária do governo Passos Coelho, recusando-se a estar presentes nas comemorações oficiais do fim da ditadura. Para eles, um governo de não-esquerda estava fora da “democracia” que queriam. As posições da chamada associação dos actuais coronéis - quantos mereceram os galões em serviço, nos quartéis? – repetidamente o demonstram. Como se tem visto, as comemorações, ou são de esquerda, ou não cabem na filosofia de tais militares,.

Em 1964, no Regimento de Infantaria de Abrantes, tive o “privilégio” de conhecer o jovem Vasco Lourenço, acabadinho de sair da Escola do Exército. Até dormimos os dois no mesmo quarto! Havia uma chusma de aspirantes milicianos à espera de embarque para Angola. O Lourenço era uma carta fora do baralho. Andava a tirar cursos de guerra em várias unidades especiais, fazia discursos ideológicos sobre a defesa do Império, e desprezava os conscritos. Quem havia de dizer onde iria parar tal fulano? Já era, na altura, bronco, abrutalhado e ignorante. No uso destas nobres e brilhantes características, viria a ser o que é hoje: proprietário de uma democracia de esquerda, com a missão de esconjurar tudo e todos que à esquerda não pertençam. Os seus entimentos democráticos, as suas convicções de defesa das liberdades, ficaram por aí: tudo o que não seja de esquerda não é democrático. O fascimo começa ao centro.

Em 1975, trabalhava eu numa fábrica que tinha à volta de 500 trabalhadores, entre operários e quadros. No meio das trapalhadas do PREC, fomos um dia invadidos por uma brilhante delegação dos Comandos da Amadora, à altura nas mãos do MFA. Comandava-os um capitão de Abril, cujo nome sei mas, de momento, me escapa. Tal capitão, numa das tempestuosas “assembleias” da época, subiu para cima da mesa e, entre uma fartura de bojardas marxistas-leninistas, declarou, tonitruante, que “os nossos irmão cubanos andam há dez anos a construir o socialismo, nós faremos o mesmo”. Este exemplar capitão de Abril é hoje, nas suas próprias plavras, um “historiador independente”.

Muito mais teria para contar, mas desta vez não me apetece. O que é triste e merece que se sublinhe é que esta brilhante gente, no fundo, continua na mesma e até tem uma “associação” destinada a promover a esquerda socialista, ao mesmo tempo que diz que lhe devemos a democracia. Não devemos. Se há credores, são os que deram cabo das maluquices ditatoriais dos “capitães de Abril”, o Povo que resistiu aos seus desmandos.

Pena é que mais de quarenta os anos tenham passado e que tais capitães/coronéis continuem na mesma. Quando o socialismo nos arruinar de vez, aí teremos realizado o seu sonho.

 

24.4.21   

4 comentários

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    Anónimo 27.04.2021

    A questão é ter estado de 1964 a 1969 à espera da Comissão.
    Nunca falei com Vasco Lourenço e quanto a almoçaradas só costumo aparecer nos almoços da rapaziada da minha Companhia da guerra na Guiné.
    Em 1970 fiz parte duma acção de combate junto à fronteira do Senegal e passamos por Cuntima. A "bandalheira" observada era a mesma de todas as instalações militares no mato da Guiné. Cuntima ainda tinha alguma actividade de população civil e as instalações militares eram bem melhores que os abrigos de muitos aquartelamentos só com abrigos espalhados por toda a Guiné.
    Dessa vez em Cuntima só se falava do capitão (Vasco Lourenço) ter estado envolvido numa operação que resultou na maior apreensão de material de toda a guerra colonial, 24 toneladas, e do desmantelamento duma rede de informações do paigc na região.
    As G3 sujas, por fora sempre iam apanhando alguma ferrugem devido à humidade do clima, mas por dentro culatra e cano tinham que estar sempre bem limpas ou tinham muita dificuldade em serem automáticas e os próprios soldados se preocupavam com a limpeza constantemente.
    O livro do Rebocho é para deitar abaixo o Vasco Lourenço e talvez por tabela os outros capitães do MFA, pois comentar Cuntima é nunca ter passado p.ex. no Xime ou na Ponte Caium, e outras tabancas/aquartelamento no leste que conheci melhor, ou no sul com as condições que os nossos soldados aguentaram foi duma "bandalheira" de viver em buracos, falta de óleo para limpar as G3, falta de abastecimento regular e ataques todos os dias.
    No livro do Rebocho bem poderia desenvolver a tese da grande "bandalheira" em toda a guerra na Guiné, que, com a excepção de Bissau, Bafatá e as Bijagós, era um autêntico "Apocalypse Now".
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    Anónimo 27.04.2021

    Caro anónimo, não percebo como chegou à conclusão que o VL esteve de 1964 a 1968 à espera de fazer a comissão, o autor diz isso?, não me parece, ou o amigo sabe isso, ou tirou essa conclusão que não está no texto, por isso o meu reparo no texto anterior.

    Não conheço o VL nem o MR, para os tratar por tu como o meu amigo, devemos ter sensivelmente a mesma idade, mas eu não posso dizer que conheço a Guiné, pois estive de passagem apenas umas horas, mas conheço a vida militar, conheço o mato e operações militares (não me estou referir aquelas patrulhas que se fazem à volta do arame farpado), que muitos apelidam pomposamente de “operações militares”.

    O meu amigo quer me fazer crer que o estado de coisas que é relatado no livro era tão comum (temos que situar estes acontecimentos no tempo e no espaço, não o podemos comparar com a qualidade de vida que actualmente), então se era tão comum, porque é que o G. Spínola distingue negativamente o comportamento do VL, da maioria dos oficiais que se encontravam na Guiné?.

    Pelo que conta da generalidade dos militares na Guiné e pela leitura do livro, até parece que as companhias nativas e as milícias pertenciam às tropas especiais, relativamente à forma como cuidavam das armas, caramba não é preciso exagerar, há casos e casos, ou será que a humidade só atacava as armas das tropas metropolitanas, isso é racismo, caramba.

    Sobre o livro, ele tem mais de 500 páginas, dessas 500 páginas só uma pequena parte (4 ou 5 páginas) são ocupadas parcialmente com este episódio entre outros, continua a achar que esta é a grande vingança do MR contra o VL?.

    Para mim este assunto acabou, cumprimentos.
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    Mário 27.04.2021

    Por lapso não me identifiquei neste último comentário.
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