SOLIDARIEDADE SOCIALISTA
O Presidente Soares arranjou mais um tachito no “serviço público” de televisão, organização do Estado a que o governo deitou a generosa mãozinha.
A abrir uma série de programas em que funciona como jornalista, tipo Judite de Sousa, o Presidente Soares apresentou á Nação o seu amigo íntimo (dele e do senhor Pinto de Sousa) Hugo Chávez, lídimo dirigente político da América do Sul.
Ficámos a saber, entre outras coisas, que Jesus Cristo era socialista e que o Che era uma reincarnação do Senhor em versão ateia. Apesar da insistência do senhor Soares acerca da sua crença no agnosticismo, o camarada Chávez em grande manifestação de fé, insistiu que nada seria possível sem o auxílio divino. Tivemos a dita de ouvir dizer, com a sorridente cumplicidade do Presidente Soares, que o senhor Fidel é um democrata e um justiceiro a quem o seu povo e o mundo muito devem.
Ficámos, além disso, cientes da grande obra o Chávez no plano internacional, obra que consiste em trocar vacas, bois, tractores e mais o que der jeito por barris de petróleo. Ou seja, o camarada não faz descontos no petróleo que os demais não façam nos bois. Fica ela por ela.
Nesta altura, a dos bois, fartei-me do Chávez e do Soares e mudei de canal. Não sei que mais esclarecimentos prestaram ao povo essas duas gigantescas figuras do socialismo mundial.
Facto é que, em sintonia com o senhor Pinto de Sousa (uma no cravo outra na ferradura) o Presidente Soares trata de defender o camarada Chávez perante as massas, a fim de anular algumas estúpidas dúvidas, presentes em espíritos menos bem intencionados, quanto à confiança que o homem merece para cumprimento dos ternurentos acordos que celebrou com o nosso bem-amado primeiro-ministro.
António Borges de Carvalho