MACHOS E FÊMEAS
Já que estamos em maré de sexo, ou dos seus desvios, perguntemos:
Podem os homens ser feministas?
Esta magna questão ocupou um sem número de impolutos intelectuais durante umas horas, dizem os plumitivos de serviço.
Um castelhano afirmou que “há muitos machos mas poucos homens”. Não se percebe bem o que isto quer dizer. O notável pensador encarrega-se, porém, de esclarecer o assunto. Afirma que há “distintas masculinidades”, delas destacando a “subordinada e marginalizada dos homossexuais”.
Não é estranho que, numa conferência levada a efeito para defender o feminismo, o competente orador tenha resolvido defender os homossexuais, atribuindo-lhes inegável “masculinidade”? Julgo que as lésbicas devem ficar ofendidíssimas com esta descriminação. Então, e elas? O que serão?
O extraordinário “nuestro hermano” esclarece que, contrariando os conselhos do papá, cada vez tem menos “respostas de homem”. Presumo que estará a dizer a verdade. Por isso, o homem (homem?) opina que “devíamos todas e todos ser feministas”. Não diz se se inclui a si próprio nas todas ou nos todos, mas a resposta a esta importante pergunta não deve ser lá muito difícil.
Por sua vez, na mesma brilhante reunião, a dona Sónia Alvarez, muito conhecida lá em casa, opina que, na América latina, é preciso desenvolver uma “radicalização dos feminismos”, de forma a integrá-los na “resistência ao neo-liberalismo”. Até porque a senhora acha que “a agenda global do género interessa à tendência global para o neo-liberalismo".
Estão a perceber? Eu também não.
António Borges de Carvalho