SOCIALISMO MUNICIPAL
O ilustre arquitecto, amigo de Lisboa e vereador socialista Manuel Salgado confessou aos jornais que é verdade o que o Irritado disse sobre os 2.300 processos de reconstrução de edifícios devolutos que estão a aboborar nos municipais meandros. Confessou que centenas dos edifícios abandonados são propriedade da Câmara.
Para umas coisas, está à espera do PDM. Quem julgava que havia PDM em Lisboa é parvo. Para outras, falta um decreto qualquer. Quem julgava que tinha sido publicada uma lei a este respeito por este governo, é estúpido. Para as obras da Câmara, como é sabido, não há dinheiro. Bem prega frei Tomás…
Não se percebe por que raio de carga de água não se sabe o que se pode fazer em zonas mais que estabilizadas, que é onde estão os tais edifícios. Não se percebe como é que se empata (ao quadrado!) os promotores que tiveram a desgraça de comprar os imóveis aos senhorios arruinados pelo socialismo. Não se percebe como é que a Câmara, não tendo dinheiro para recuperar os seus próprios bens, se permite fazer exigências a terceiros.
O que se percebe, e que o ilustre vereador defende com unhas e dentes, é que a Câmara quer duplicar o IMI sobre os prédios degradados. Quais prédios degradados? Os que esperam oito e dez anos pela autorização da distinta autarquia para ser reconstruídos? Os que, arruinado o senhorio pelo Estado durante quase um século, ainda não foram adquiridos por algum otário para lhos comprar? Os que, tendo sido vendidos, foram abandonados pelos otários, que se retiraram para os respectivos países, na estulta espera que isto mude?
A pancada virá, meus amigos. A ideia do aumento do IMI vai fazendo caminho na imprensa, repetida à exaustão, como as mentiras do Lenine, até ao dia em que passe a ser decreto. O senhor Costa esfrega as mãos de contente com esta justa perspectiva. Entretanto, a cidade continuará a cair, a arder por obra e graça dos marginais instalados nos prédios, com a Judiciária à procura das culpas dos especuladores, a Câmara à espera de decretos e planos, a burocracia a gozar com o povo, os inquilinos antigos a viver de borla, os inquilinos novos a pagar rendas infernais e os demais a tirar da boca dos filhos para dar à banca, vítimas da política social-financeira que os levou a enterrar-se antes da morte para pagar o apartamento.
António Borges de Carvalho