SOARES TOTALITÁRIO?
A “democracia social”, ou participativa, ou lá o que é, ganhou em Portugal mais um propagandista de peso.
Preocupado com a “modernidade”, o Presidente Soares faz o panegírico da nova filosofia, sem peias, sem rebuço, sem escrúpulo, ao mesmo tempo que condena “o mercado”, o “capitalismo” e as ténues e super controladas alterações, alegadamente de cariz “liberal”, em que a Europa e o mundo têm sido férteis.
Ocorre lembrar ao notável político, por exemplo, a “democracia cristã” do CADC, a “democracia social” do fascismo italiano, o socialismo de Hitler, a “democracia” popular da China, o centralismo “democrático” da URSS, o “estado social” da nossa II República.
Todos apostaram na luta sem tréguas contra o liberalismo, o individualismo, o capitalismo.
Todos sobrepuseram o Estado aos cidadãos, em nome do interesse da nação, da classe, da raça, das massas, ou do que muito bem entenderam, desde que em causa ficasse a primazia do homem, a sua liberdade, para além da viabilidade económica das sociedades que se viram objecto, pela esquerda ou pela direita, de tal supremacia.
Todos construíram o seu poder com a desculpa do povo, de cujas necessidades e anseios se tornaram os únicos intérpretes e encarregados, à custa de polícias políticas, censura, assassinatos, genocídios, prisões, torturas.
Ocorre lembrar ao (ex?) grande democrata que não há “democracias”, como as que vem defender, chamem-lhes populares, orgânicas, piramidais, sociais, ou o que se quiser, que não tenham redundado em ditadura.
Ocorre lembrar ao insigne cidadão que jamais, à face da Terra, houve, em sentido moderno, liberdade sem capitalismo liberal (capitalismo com primado do Direito).
Sabe-se que, em Portugal, a “democracia” participativa, tão defendida por jerónimos, louças, rosetas, alegres, “ecologistas” e quejandos, se salda, para já, na paralisação das decisões, no atraso crónico, na desautorização do Estado Democrático – olhem os professores, olhem os camionistas… Na morte, a prazo, da Liberdade.
As liberdades, essas, levam porrada todos os dias. Um detalhe importante, mas só um detalhe. O essencial virá depois, a reboque de ONG’s, movimentos “cívicos” e coisas do género.
É uma pena que o Presidente Soares, na ganância surda de se tornar notado, perca por completo a noção dos valores que, julgar-se-ia, lhe cabe defender.
António Borges de Carvalho