SOCORRO!
A estabilidade orçamental custa uma fortuna.
O Governo, incapaz de reformar Estado, incapaz de reduzir a despesa, incapaz de incentivar a economia, incapaz de, a sério, diminuir a burocracia, incapaz de fazer seja o que for do que diz que vai fazer, trata de encontrar maneiras de passar os buracos que abriu para quem vier depois dele: outro governo, outro partido, ou, o que é pior, outra geração.
Prometeu que continuaria a monstruosa asneira socialista das SCUTS. Depois, não foi capaz de deixar de reconhecer que não tinha dinheiro para cumprir a promessa, coisa que toda a gente sabia, menos o governo. Declarou que ia taxar as tais SCUTS. Mas também não foi capaz de taxar as SCUTS. Nem para os casinhotos das portagens tem dinheiro.
As SCUTS custam 700 milhões de euros por ano aos cidadãos, e vão custá-los, correctos e aumentados, por muitos anos e maus. O governo, como toda a gente sabia, menos o governo, não tem dinheiro para pagar.
Então… então como não tem dinheiro para pagar, vai tratar de arranjar alguém que pague. Desequilibrar o orçamento é que não. E a questão, verdadeiramente metafísica é: quem há-de pagar, se a malta não tem dinheiro para pagar ao Estado para o Estado pagar a quem deve?
Mas o ministro das finanças não é parvo. Se não há, hoje, quem tenha dinheiro para pagar, é capaz de haver algum lorpa que, no futuro, o faça. Vai então de negociar com os concessionários, de reescalonar a dívida, de reestruturar os compromissos, de arranjar mais umas dividazitas junto dos concessionários, pô-los a pagar os casinhotos das portagens, etc.
Cheira a terceiro mundo que tresanda. Quem não viu já as comissões mistas a renegociar, reestruturar, reescalonar as dívidas dos PALOPS e quejandos? Trata-se mais ou menos da mesma coisa. A diferença é que, com o terceiro mundo, no fim da linha está sempre o perdão da dívida: olhem Moçambique, olhem São Tomé, para só citar dois casos! No nosso, porém, não vai haver perdão nenhum.
As contas públicas vão, gloriosamente, ter menos de três por cento de défice em 2008.
Coitados dos meus filhos!
António Borges de Carvalho