BOYS
Já há uns dias circulava, nos mentideros da política, a história daquilo que talvez seja o mais grave escândalo do socialismo socrélfio: o terminal de contentores de Alcântara.
Falou-se, á boca cheia e com a propaganda do costume, na grande obra que o estado socretino iria realizar na zona. Túneis ferroviários, requalificação urbana, “abrir” o rio aos cidadãos, etc. blá, blá, blá.
A Câmara Municipal de Lisboa não era tida nem achada para a coisa. Os planos do governo não tinham nada a ver com os da CML.
O senhor Costa não esteve presente na cerimónia em que o desbocado Lino, na presença do senhor Pinto de Sousa, anunciou urbi et orbe (leia-se para RTP ecoar), mais esta grande realização do governo.
A “revolta” do senhor Costa ficou-se por aí. Deve ter sido aconselhado a calar-se como um rato, o mesmo acontecendo ao caloteiro Fernandes e á grande líder dos Cidadãos por Lisboa, dona Helena. O poder é o poder, o resto são cantigas.
Facto é que, diziam os mentideros e veio a confirmar-se, a “abertura” do rio aos cidadãos se consubstanciou num mega terminal de contentores laboriosamente negociado com a empresa para a qual, cirurgicamente, tinha há pouco sido designado um novo líder: nada menos que o número dois do PS!
Podiam pôr os contentores em vários outros locais. O estuário é largo e tem mais espaços. Setúbal agradecia a coisa. Em Sines estão milhares de milhões enterrados á espera de oportunidades. Cais quê? Nem pensar. A coisa tinha que ser colocada num local onde já havia uma concessão, a fim de evitar concursos públicos (que chatice!). Era só “alargar” a concessão, em espaço e em tempo, e estava feita a coisa, ou seja, estava realizado o primeiro grande triunfo do senhor Coelho na sua excelsa e eficaz qualidade de CEO. Para as más-línguas, ficava explicada a razão da nomeação deste extraordinário “gestor”, muito conhecido, como tal, lá em casa, isto é, no Largo do Rato.
Qualquer empresa privada, da tasca da esquina à grande indústria, antes de gastar dinheiro consulta o mercado à procura das melhores condições. O estado socialista não pratica esta regra básica. A regra básica é a do favorecimento dos boys. Doa a quem doer.
Mais um exemplo da moral republicana.
8.10.08
António Borges de Carvalho