TANTO FAZ
Uma coisa abominável que se chama Conselho Nacional para a Educação, ou coisa do género, acaba de propor o fim dos exames até ao nono ano.
Como os nove anos são obrigatórios, argumenta a dita coisa, tanto faz fazer exames como não fazer. Nesta ordem de ideias, os exames são uma perda de tempo e de dinheiro. A sua ausência, além disso, poupa trabalho à nobre classe dos professores, que têm ao dito um ódio de morte.
Tanto faz estudar como não estudar. Tanto faz ser bom aluno como médio ou mau. Tanto faz que os professores ensinem como que não ensinem. Tanto faz que os alunos os insultem ou batam, como que não os insultem nem batam. Tanto faz que cheguem mais além como que não cheguem. Tanto faz que fiquem bem preparados como que não fiquem. Tanto faz tanto faz.
Os exames, para os intelectuais da treta que têm por ofício mandar bocas avulsas sobre a “educação”, devem ser uma inútil violência que se exerce sobre as meninas e os rapazinhos. Não será de admirar, no entanto, que o tipo dos bigodes aplauda, em nome dos sindicatos, e que o governo adopte a repulsiva proposta.
Já nada espanta, nesta terra de burros profissionais que querem aplicar aos outros a sua brutal ignorância.
Um apontamento: conheço vários casos de ucranianos e russos, estabilizados em Portugal, que mandam os filhos para a terra quando chegam à idade escolar. Não os sujeitam ao “ensino” que temos, aos “pedagogos” que temos, aos “professores” que temos, aos “programas” que temos.
Fazem eles muito bem. O problema é que nem isto mete um grão de vergonha que seja na cabecinha desta gente.
30.10.08
António Borges de Carvalho