RICOS TESOS
Anda por aí toda a gente escandalizadíssima com o pedido, pelo BPP, de um aval do Estado.
Acredito que o tal BPP possa não ter direito à coisa. Ou preenche as normas que regulam tal concessão, ou não preenche. É tão simples quanto isto, ainda que, dado ser o Banco de Portugal a determinar o que vai suceder, a confusão ser de tal ordem que tudo se possa esperar.
Fantástica é a razão número um apontada pelos comentadores, do inacreditável Rosas – aquele do cabelinho à menina de Odivelas – ao senhor Relvas, guru de vários Pêessedês.
Dizem eles que, como o BPP é um banco de “ricos”, não tem direito a protecção, porque o dinheiro dos ricos não é coisa que se proteja.
Viu-se o que se passou em resultado do PREC: nunca mais, em Portugal, houve dinheiro que se visse. Os ricos deixaram de ser ricos em Portugal e passaram a sê-lo lá fora, mandando para cá uns trocos de vez em quando. Agora, se se seguir os conselhos dos Rosas, Relvas e quejandos, a sangria do PREC terá continuidade. Até os trocos se vão embora.
O dinheiro é de quem dele é legítimo dono. Uma coisa é esperar-se, até exigir-se, que tal dinheiro tenha efeitos multiplicativos na economia e no bem-estar da sociedade em geral, outra é lançar sobre ele os anátemas dos partidos comunistas em geral e dos estúpidos em particular.
Se o BPP preencher as condições legais para o aval do Estado, pois que, com total objectividade, o aval lhe seja concedido. Se não preencher, que não seja concedido.
Que vá à falência, se disso for o caso. As falências são um dos mais eficazes reguladores do sistema. Se as pessoas “entesarem” por ter investido mal, que entesem. Se for por ser ricas, não.
Já agora, a título de apontamento, diga-se que os ferozes inimigos do BPP dizem que, para alé de “injusto”, o aval seria ilegal porque o banco em causa tem “uma quota de mercado ridícula”. O que só prova que, ou não há ricos em Portugal, ou que os ricos afinal não são tão ricos como a inveja do Rosas desejaria.
22.11.08
António Borges de Carvalho