DESGRAVATAL PROGRESSISMO
Uma distinta plêiade de cavalheiros, na presença do Presidente da República, do primeiro ministro e do Presidente da Comissão Europeia, reuniu na Penha Longa para tratar do ingente problema da globalização. Ninguém saberá o que discutiram, o que decidiram, se é que decidiram alguma coisa, nem se algum efeito prático ou teórico produzirá tal e tão nobre reunião.
O que ficou à vista, para além de umas declarações anodinas do Dr.Barroso, foi a vestimenta dos craques.
Alguém deve ter tido a brilhante ideia de dar ordens para que o trajo fosse informal. Daí, as importantes personalidades apresentaram-se de fato escuro, como se fossem jantar a Belém, mas... sem gravata. Todos camisa formal, nada de desportivismos, com o colarinho aberto, tipo compadre alentejano. O resultado prático desta cedência ao Louça, ao BE e ao PC, foi uma inesquecível imagem de um grupo de pirosos mal vestidos. Uma vergonha.
Sem prejuízo de fazer alguma injustiça, os únicos que trajavam com alguma decência eram Philipe de Botton e Ricardo Salgado. Casaquinhos desportivos, a dizer com ausência do pescoçal ornamento, camisas apropriadas.
A reunião, como era de esperar, além de inconclusiva, foi uma demonstração do saloiismo visceral da nossa classe dirigente. Uma tentativa idiota de “dar uma de” progressista, se é que a ausência de gravata tem alguma coisa a ver com progresso.
22.11.08
António Borges de Carvalho
PS. Viram a mesa onde decorreu a brilhante reunião? Nem na sociedade recreativa de Fortes Macucos, a tasca local apresentaria uma coisa tão miserável.