QUE MAÇADA!
É com o mais profundo pesar que o Irritado observa o estado a que chegaram as relações entre o Louça e o Fernandes.
Tão amigos que eles eram!
Quanta esperança se esvai ao ver a incompreensão e o desentendimento apoderar-se de tão profícua sociedade!
O Fernandes,
impoluta figura de caloteiro, homem de princípios, corredor de fundo que prejudica mas não paga, ignorante que, a coberto das fantasiosas teorias do inacreditável Ribeiro Telles, se propõe “gerir” o vale de Alcântara mediante o seu entupimento definitivo por um túnel, genial descobridor das espantosas cheias que, a cada passo, se verificam no tal vale sem que ninguém dê por isso, herói que, patrioticamente, em Alcântara, se põe ao serviço do camarada Coelho e, na Praça do Município, do camarada Costa, esquerdista que se repoltreia, brilhante e denodado, nas cadeiras do poder autárquico e que se prepara para a aliança eleitoral com o PS a fim de resguardar o tacho,
foi infiel ao mestre Louça,
espécie de arcebispo trotskista, de fala mansa e explicada, verrinoso inquisidor, inimigo fatal da liberdade económica - e não só -, que assim se viu encornado - passe a vernácula expressão -, viu postas de lado as suas propostas, viu em causa a vassalagem a que tem inegável direito e metido no cesto dos papéis o genial programa que concebera para Lisboa.
Que azar, que tristeza!
Estão bem um para o outro. É o que vale.
27.11.08
António Borges de Carvalho