UMA VERGONHA NACIONAL
Rezam as notícias que entra hoje em vigor o novo estatuto dos Açores.
Depois dos avisos do Presidente, da opinião largamente expressa por todos os juristas, à esquerda e à direita (as excepções, neste caso, vêm de gente menor e só confirmam a regra), das galegadas do senhor Pinto de Sousa seguidas pela trafulhice de uns (o senhor Jerónimo), pela cobardia de outros (o senhor Rangel) e pelo oportunismo do senhor Portas (Paulo), a patacoada açoriana entra em vigor!
O senhor César, que não é augusto, deu ao Diário de Notícias uma interminável entrevista que é um rol de faltas de educação, de primitivismo ideológico e de ordinarice mental.
O senhor César, que não é augusto, quer agora que os quartéis da tropa, nos Açores, hasteiem a bandeira regional.
É certo que a bandeira dos Açores é a única que exibe as cores da Nação, não as do partido republicano do princípio do século XX. Mas, ainda que à contre coeur, temos que aceitar que a bandeira, apesar de sua vergonhosa origem, é a que existe. E não é a dos Açores. E não pode, nem deve, ser substituída ou acompanhada por ela em locais que têm, exclusivamente, a ver com a soberania. Isto é tão claro como a água pura das nascentes.
O que os tipos querem, lá nas ilhas, não é autonomia, é usurpação da soberania. Já que querem prescindir da autoridade do Estado, porque não prescindem também dos subsídios, do pagamento dos “custos da insularidade”, da gasolina mais barata, do IVA especial, dos preços de saldo nos aviões?
Os Açores que se governem com o que produzem, mais com os dólares dos emigrantes, mais com a renda das Lajes, e que vão bugiar, vão ofender a prima, vão cuspir noutra constituição, vão chatear o Atlântico!
É certo que os pontapés na Constituição começaram ao mais alto nível, quando do golpe de estado do senhor Sampaio e do alargamento das “funções” do Comandante Supremo das Forças Armadas, da autoria do mesmo senhor.
Mas, que diabo, porque é que a sede de votos insulares do senhor Pinto de Sousa e do senhor Rangel há-de levar a que as instituições políticas, com a, apesar de tudo tímida, excepção do Presidente, há-de levar a pôr em causa a autoridade do Estado e aquilo a que se quer chamar “unidade nacional”?
12.1.09
António Borges de Carvalho