GENTE SÉRIA
Dizem os craques do Casino de Lisboa que não pagaram, nem vão pagar, os quatro milhões que saíram, nas máquinas, a dois felizes jogadores. Isto, porque as tais máquinas têm um máximo de prémio de cem euros.
Onde é que isto está escrito? Como é que as pessoas podem saber qual é o prémio máximo? Os funcionários que vendem os créditos avisam as pessoas disso?
Em poucas palavras: as pessoas gastam o seu dinheirinho a jogar numas maquinetas que, às vezes – é com isso que as pessoas contam, senão não jogavam – dão uns prémios do arco-da-velha.
Estão enganadas. Se o prémio que a máquina dá é maior que aquilo que o Casino está disposto a pagar, são mandadas dar uma curva para não prejudicar a benemérita instituição.
Isto é: ninguém sabe qual é o máximo que o Casino paga. Se suas excelências decidirem que aquela máquina só paga x, os jogadores que se lixem. É que a máquina, se declarar maior que x, estará, obviamente, dizem elas, com um “problema informático”. O que quer dizer que, sempre que achar que os jogadores lhe estão a entrar no bolso, o Casino alega avaria e não paga. Como se não fosse obrigatório ter as máquinas a funcionar em condições! Como se, se um tipo comprar um automóvel que não anda, seja na mesma obrigado a pagá-lo!
Se as pessoas, ao jogar, assumem os respectivos riscos, porque não há-de o Casino assumir os seus?
Que se saiba, nunca casino algum se preocupou com a ruína dos jogadores que, de bestunto “avariado” pelas tentações que o casino lhes põe à disposição, jogam mais do que deviam. Mas, se o que se “avariou” foi o miolo da maquineta, ai Jesus, que o casino não pode ser prejudicado!
Haverá alguém, algum juiz, algum fiscal, alguma ASAE, que se debruce sobre isto e meta o Casino na ordem?
14.1.09
António Borges de Carvalho