SACAR, SACAR!
Na voracidade paranóico-socrótica de sacar dinheiro às pessoas, a ASAE resolveu que lhe era legítimo entrar nos escritórios dos advogados e tratá-los como se fossem a Feira de Carcavelos, a Pensão Vanessa ou a tasca da esquina.
Toda a gente sabe que há uma entidade, a Ordem dos Advogados, que se ocupa de julgar os erros ou abusos de carácter deontológico dos seus profissionais. Toda a gente sabe que há outras entidades, polícias, tribunais, etc., que se podem ocupar de queixas de outra natureza.
Mas a ASAE, qual Gestapo dos nossos dias, tem a obrigação socrafúfia de arranjar mais trabalho, fabricando, bem e depressa, tantas vítimas quanto possível.
Talvez o Irritado se engane. Se calhar, a ASAE quer é verificar a qualidade das sanitas, a pureza da atmosfera dos escritórios, a concentração de CO2 nos arquivos, a presença, horror dos horrores, de cheiro a tabaco, os eflúvios dos sovacos da telefonista, a maciez do papel higiénico… ou se as cadeiras para os clientes têm a ergonomia indicada pelas normas do senhor Pinto de Sousa, se o sofá da sala de espera tem alguma mola avariada…
De uma forma ou de outra, à ASAE compete cumprir a nobre obrigação de fabricar cada dia mais multas, mais coimas, mais contra-ordenações, mais processos, tudo a bem do orçamento do Estado.
Ordens são ordens. O “espírito” do Estado do senhor Pinto de Sousa é este. Sacar, sacar, é o que está a dar.
14.1.09
António Borges de Carvalho