O REGRESSO DE SAMPAIO
Pergunta a ignorância do Irritado por que carga de água o “Diário de Notícias” se vem dedicando ao relançamento político do ex-Presidente Sampaio.
No espaço de uma semana, o dito meio dedica-lhe, por duas vezes, as suas páginas centrais. É obra.
Um dia, o Dr. Sampaio ocupa tais páginas com um interminável artigo sobre “estratégias” para Portugal, um conjunto de análises e propostas. Dando de barato alguns impróprios erros de ortografia, a enorme artigalhada reflecte um trágico vazio de novidade, repetindo palavreado que o amigo banana não desdenharia subscrever.
Poucos dias depois, o DN dedica o mesmo espaço a uma resenha “histórica” de “como o ‘sampaísmo’ chegou ao poder”. Ao dizer que o Dr. Sampaio saiu, em 1979, do MES - Movimento de Esquerda Socialista, talvez por só nessa altura ter descoberto o PS, o DN esquece-se de dizer o que era o tal MES. Para esclarecimento dos nossos leitores mais novos, é bom que se refira que o MES, de que o senhor foi fundador e destacadíssimo militante, era coisa extremista que agrupava esquerdistas caviar e tresloucados marxistas, maoístas e quejandos. Como obra maior desta gente temos a campanha a favor do adiamento sine die das primeiras eleições democráticas, uma vez que era preciso deixar o “processo revolucionário” seguir o seu curso sem ser perturbado por coisa tão imprópria dele como as eleições.
O DN esquece-se, et pour cause,do consulado de Sampaio na CML onde foi talvez o seu mais anquilosante presidente. Esquece-se de que Sampaio, como PR, talvez a continuar a sua “obra” na Câmara, impediu, com argumentos completamente idiotas, a construção do casino no Parque Mayer, assim tendo conseguido a grande façanha de evitar que o dito fosse recuperado e que nele fosse erguido um projecto urbano de altíssima qualidade a nível mundial. Esquece-se de que foi Sampaio quem consagrou, com argumentos que sabia falsos, um conteúdo novo para a sua qualidade de Comandante Supremo da Forças Armadas, coisa que sabia contrariar o espírito e a letra da Constituição. Esquece-se, finalmente, de sublinhar a sua mais que ilegítima intervenção na vida política do país através da dissolução de um parlamento onde havia uma maioria estável, estando o governo em funções há quatro meses e não havendo nem insegurança pública nem riscos quanto ao funcionamento das instituições, assim utilizando abusivamente os seus poderes a favor da sua família política.
É conhecida a tendência política do jornal “independente” que se chama “Diário de Notícias”. Por isso que talvez não seja inteiramente estúpido responder à pergunta com que o Irritado abre este post concluindo que este súbito ataque de propaganda do Dr. Sampaio não é mais que o começo da campanha eleitoral para o seu regresso a Belém.
Sampaio outra vez Presidente? Xiça!
16.1.09
António Borges de Carvalho