MUNDIALISMOS
Aqui há uns anos, o PS, pela mão do senhor Pinto de Sousa e do Engº. Guterres, embarcou num dos mais inacreditáveis “investimentos” dos últimos 100 anos: a faraónica construção de uma caterva de estádios de futebol. É claro que, à altura, o senhor Pinto de Sousa garantiu ao povo que o Euro 2004 iria amortizar os investimentos e dar imenso lucro. Como é habitual no personagem, era tudo ou burrice ou mentira. O país ficou pejado de elefantes brancos que ninguém sabe como se vão pagar, mas que se sabe quem vai pagar: nós.
Agora que aparece pela primeira vez uma oportunidade de ganhar uns tostões que possam aliviar o buraco, o senhor Pinto de Sousa, pela voz do ministro Santos, acha que não senhor, não nos vamos meter em campeonato nenhum. No mesmo dia em que o senhor Sapateiro oferece o apoio do governo castelhano à federação lá do sítio para a organização, com Portugal, de um mundial de futebol, o senhor Santos diz que nem pensar. Será porque, quando era preciso construir os estádios, havia montes de dinheiro a circular à conta, e agora, com os estádios construídos, a massa já não corre da mesma maneira?
A "esclarecer" o povo, surgiu aquele rapazola gordinho que ocupa a secretaria dos desportos, ansioso por agradar ao chefe. Com invulgar inteligência política e não menos sentido de oportunidade, o social-desportivo senhor fez esta extraordinária declaração: “O topo das prioridades é outro. Temos de (sic) resistir a uma crise nacional e global, esse é que é o topo das nossas prioridades. O Mundial pode ser o relançamento do país em 2018.”
Não é fácil fazer a exegese deste sábio raciocínio. Dir-se-ia que o rapaz não quer o Mundial porque não é prioritário. Mas acrescenta que, em 2018, o Mundial pode “relançar” o país. Será que, afinal, é a favor da coisa? Talvez, mas mais tarde. Ora, como toda a gente sabe, menos o secretário de estado, as candidaturas para 2018 começam agora a ser tratadas. Em que ficamos? Ou será que o rapaz foi encarregado de informar a Nação que o “relançamento do país só terá lugar em 2018?
Não sei porquê, mas tenho a sensação de que esta última interpretação é a mais consistente. Se o senhor Pinto de Sousa continuar no poder, ai, meus amigos, podem ter a certeza de que o rapaz tem razão.
21.1.09
António Borges de Carvalho