O QUE SE SABE E O QUE NÃO SE SABE
Não se sabe se:
· O senhor Pinto de Sousa sacou, ou não sacou, umas massas aos tipos do Freeport;
· O tio, ou o primo, do senhor Pinto de Sousa, sacaram, ou não sacaram, umas massas aos tipos do Freeport.
· Houve luvas ou não, nem para quem;
Sabe-se que:
· As satisfações às complicadas exigências do governo em relação ao Freeport foram apreciadas numas horas;
· O Freeport foi aprovado em três dias, ou dois, e o que era necessário para tal aprovação foi prontamente promulgado pelo Presidente Sampaio;
· O governo era de gestão, não tendo, evidentemente, poder para dar as autorizações que deu;
· O Presidente Sampaio sabia o que a Constituição reza a este respeito;
· À altura, alguém denunciou que haveria marosca na coisa. Esse alguém foi enxovalhado na praça pública e houve um polícia que levou 18 meses por “fuga de informação”, num país onde todos os dias há fugas de informação sem que aconteça seja o que for seja a quem for;
· O assunto foi congelado;
· Anos passados, a polícia inglesa começou a escarafunchar;
· As autoridades portugueses acordaram da sua “letargia”;
· Em meia dúzia de dias, rebentou uma série de broncas.
Pergunta o Irritado:
Não se sabia há que tempos que:
· O primeiro-ministro mentiu, sem necessidade nenhuma, acerca dos seus estudos?
· O primeiro-ministro mentiu acerca do défice orçamental?
· O primeiro-ministro mentiu acerca dos seus “projectos de engenharia”?
· Tais projectos eram (são) uma espantosa vergonha, um inominável horror, um atentado à arquitectura, às cidades e à paisagem?
· O primeiro-ministro mentiu na campanha eleitoral?
· O primeiro-ministro mentiu acerca da crise?
· O primeiro-ministro apresentou uma moção/programa que é um mar de lugares comuns e onde as únicas”medidas” dignas de nota são a criminosa regionalização e o “casamento” dos pederastas e das fufas?
· O primeiro-ministro é um mentiroso compulsivo e que o nosso futuro, nas mãos dele, é tão negro quanto se possa imaginar?
E não basta isto para nos livrarmos dele?
O que teria acontecido num país civilizado onde o primeiro-ministro fosse apanhado em metade das broncas em que o senhor Pinto de Sousa foi apanhado?
A imprensa, a rádio e a televisão continuariam a apoiá-lo?
A opinião pública deixaria passar?
Perguntai, senhores, a vós mesmos o que teria acontecido. Depois, chorai, guitarras, chorai, porque isto já morreu.
25.1.09
António Borges de Carvalho