SARAMAGAL OPINIÃO
Na vertigem da senilidade, o senhor Saramago saltou das salsas paragens da Castela marítima para as páginas dos jornais.
Não, não ganhou mais nenhum prémio, não está outra vez com os pés para a cova, não se desfiliou do PC, não publicou outro livro, não fez nada que se visse. Resolveu, sim, escrever para dar um conselho à dona Hilária Clinton. Nada mais nada menos que exortá-la a abandonar o nome do marido, cujo uso, na sua opinião, não passa de um sinal de “submissão”, um “fato usado com os cotovelos rotos”.
Pelo que se conhece da senhora, julgo que ninguém, a não ser a saramagal criatura, a considerará “submissa”. Nem seja quem for, para além do senhor Saramago, acha Clinton parecido com um casaco velho com os cotovelos rotos.
Dona Hilária, que foi Clinton uma vida inteira - de estudante, de advogada, de primeira dama, de senador, de candidata à nomeação para a presidência e, agora, de secretária de estado - para seguir o douto conselho do senhor Saramago devia abandonar o capital próprio que tal nome é.
Diga-se, em abono da Justiça e da Equidade, que o homem tem desculpa. Nem a todos acontece apaixonar-se, ainda por cima depois de velho, por uma jararaca castelhana como a dele. A tipa, que, em manifestação da mais analfabética ignorância, quer ser “presidenta” em vez de presidente (da casa dos Bicos, que é nossa, não dela, apesar dos desmandos do Costa), deve-o ter ameaçado com o rolo da massa caso ele não desse uma de fundamentalismo feminista. E o pobre do velhote – pobre uma gaita – obedeceu servindo-se da brilhante ideia de dar conselhos estúpidos à dona Hilária.
Registe-se o triste fim de um triunfador.
28.1.09
ABC